O fim da rota da seda

Pois é, chegamos em Delhi, e assim terminava a nossa rota da seda. Na verdade nunca existiu uma única rota da seda. A rota da seda eram diversas rotas comerciais utilizadas entre o ocidente e o oriente. Muitos desses caminhos são utilizados ha muito, mas muito tempo, e as próprias condições geográficas e climáticas foram moldando eles.

O período áureo destas rotas comerciais aconteceu na época do império mongol. O maior império de toda a historia, tinha controle sobre toda a região que passava a rota, tornando segura a viagem da Europa para China e/ou India, e vice-versa. Constantinopla era ligada a Xian (China) por uma destas rotas e a Delhi (Índia) pela outra. Não por acaso, depois de viajarem metade do mundo, Marco Polo ficou trabalhando na China, e Ibn Batuta na Índia.

Os europeus levavam ouro, marfim, joias, figos e buscavam porcelana, chá  laranja, pêssego  pólvora  especiarias (muito utilizadas para preservar os alimentos) e seda, e claro.

A rota da seda alem de produtos, passou a levar ideias, cultura e arte, em ambas as direções  O papel moeda foi inventado na China, por exemplo.

Ao contrario do que se imagina, os europeus não eram mais sofisticados que estes povos, muito pelo contrario. Os europeus sempre tiveram concorrentes a altura, que possuíam conhecimentos mais refinados de ciências  tecnologia, dentre outras coisas. Só após a revolução industrial é que os europeus passaram a avançar mais rapidamente.

O declínio da rota da seda aconteceu por diversas rasões  O colapso do império mongol, a chegada do islamismo na região  e principalmente, a descoberta da rota marítima ate a India pelos portugueses. A rota da seda não era mais importante comercialmente, mas sempre teriam os que prefeririam viajar pelas diversas culturas remanescentes em vez de ver mar por todos os lados (ou ar, no caso dos aviões agora). E nos eramos uns destes!

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Quem tem boca vai a Roma!

A Itália não e Itália a tanto tempo assim. Ate o final do seculo 19 eram diversos reinados, com línguas e costumes diferentes. A região do norte fazia parte do Império Austro-Húngaro, e nem todos deram muita bola quando falamos que tínhamos parentes naquela região. Era como se fosse outro pais. Assim como no Brasil, o norte e o sul são muito distintos, porem aqui e o contrario. Na Itália o sul que e menos desenvolvido, e onde o povo e bem mais simpático e comunicativo. Como esta no hemisfério norte, o sul da Itália e mais quente também. Tudo igual, só que invertido. Já tinha viajado pelo norte da Itália, mas a expectativa era como se fosse um novo pais. A Bibi também tem ascendência italiana, e estava sonhando com a comida. Difícil pensar em outra coisa quando se tem cidades com nomes que lembram Napolitana, Bolonhesa, Calabresa, Milanesa, Siciliana, Toscana, Pesto, Parmesão, e por ai vai…

Chegamos cedo em Bari, e teríamos que esperar algumas horas para pegar o trem, para fazer conexões ate Napoli e de la ate Sorrento. Parecia perda de tempo. Resolvemos ir ate a saída da imigração dos carros e esticar uma plaquinha que dizia: “Siamo due brasiliani che cherchamo una corsa per Napoli!” A maioria dos carros estavam lotados, com famílias inteiras, bicicletas, barco e cachorros. Os poucos carros vazios iam para outra direção. Nao deu nem tempo de pensar em um plano B e parou um carro com dois italianos que estavam indo para Pompei, ainda mais perto de Sorrento que Napoli. Fomos conversando e a viagem foi rápida, apesar de um pequeno problema com o carro. Em Pompei fomos conhecer os pais dele e não tivemos como escapar de um delicioso almoço. Ao nos referirmos da família como italiana logo fomos corrigidos, Napolitana, não italiana! Macarrão com frutos do mar, muzzarella de bufala, vinho, licor e expresso! Excelente recepção na Itália (ou melhor, na região de Napoli)! Nem todos falavam Inglês, então logo colocamos o Portulhano para funcionar, e deu certo!

Os bonus de pegar carona!

Já havia escutado muito sobre Pompeia, quando era pequeno, e a historia me impressionava. Para ser sincero não havia planejado esta etapa da viagem, e apesar de saber que Pompeia estava no sul da Itália, não estava nos planos. Ha 1900 anos atras o vulcão Vesúvio entrou em erupção (ele e ativo ate hoje) e suas cinzas com altíssimas temperaturas cobriram a cidade, matando todos os moradores, e petrificando as coisas. Desta maneira ate hoje o local esta bem conservado, sendo possível observar em detalhes como eram as cidades romanas da época. E muito bonita, grande, impressiona ate quem já viu dezenas de ruínas romanas, pois deve ser uma das principais delas. Mesmo Sorrento não estando longe, decidimos dormir num camping por ali mesmo, e pegar um trem urbano no dia seguinte.

Ruas de Pompeia

Pessoas petrificadas

A região de Sorrento e toda uma península, e seguimos a dica do nosso amigo napolitano e tentamos ficar um pouco mais afastados. Acabou sendo uma roubada. Caminhamos um monte, tava tudo cheio, e o custo beneficio do que estava disponível não era nem um pouco bom. Voltamos para o trem, e fomos para Sorrento mesmo, que apesar de mais turístico, tem bem mais opções. Não procuramos muito, e apesar do nosso hotel não ser uma pechincha, achamos um ótimo custo beneficio. Saímos para andar pela cidade e logo paramos para comer. De barriga cheia e com um vinhote, não deu para ir muito longe depois. hehe

Passear pela costa amalfitana de ônibus não da, ou melhor, não tem graça, então alugamos uma scooter. Fiquei meio decepcionado em ser uma Honda e nao uma Vespa, mas fazer o que. Andamos por toda a península, e depois pela Costa Amalfitana propriamente dita. E uma estrada cheia de curvas, na beira de penhascos, com o mar mediterrâneo la embaixo. Não conseguíamos nos conter e cantávamos “ Quel mazzolin di fiori” o caminho todo. Existem varias cidadezinhas, que dão todo o charme para o lugar. Nosso passeio virou uma rota gastronômica. Em cada lugar achava um restaurante ou cafe gostoso para comer. Num dia acertamos em cheio na comida, tava maravilhosa!! Alem do lugar super gostoso. Nem deu para reclamar que o preço tava salgado. Mas empolgados com o feito do dia anterior, erramos feio num outro dia. Tava bom, mas o preço não compensava, alem de ser pouca comida. Para balancear comemos um pizza grande de 3 euros no jantar!hehe

Já estávamos ate decorando as curvas, sabíamos onde tinha o melhor visual. Arriscamos um banho de mar, que para descansar e bom, mas mesmo a água sendo azul, não e o forte da região. O bom e passear, curtir a paisagem e comer. Complicado e ta de moto e lidar com o vinho. Logo decidi que não precisaria ficar com a moto tanto tempo assim…

Aproveitamos um pouco mais a cidade e também fomos para a ilha de Capri. Dizer que toda esta região e muito turística é pouco, é extremamente turística. Nos irritamos profundamente ao descer do barco e ter que enfrentar filas para comprar passagens de ônibus, e lutar por um pequeno espaço com tanta gente. Nossa visita a ilha acabou se resumindo a um banho de mar. Chegamos a pensar em não ir, mas todo mundo falava, “veio até Sorrento e não vai para Capri? Tem que ir…” Tem que ir nada!! Se arrependimento matasse…

Pegamos o trem para Napoli, deixamos as bagagens num guarda volumes para passarmos so um dia la. Ate pensamos em ficar mais tempo (e valeria a pena), mas Roma seria nosso ultimo destino e queríamos ir com calma. Caminhamos pela cidade, e logo de inicio ja associávamos bastante com o Brasil. Se falávamos que os italianos do sul eram simpático, conhecemos algumas outras especies, os grossos. Tem bastante por aqui. Não por maldade, pelo jeito de ser mesmo. Napoli e bonita (apesar de muito suja), com um centro histórico bacana. Andamos um monte por casarões, praças, monumentos e igrejas. Estávamos em contato com o Augusto, que havia nos dado carona dias antes, ele viria de Pompeia para almoçar com agente. Acabou demorando um monte e fomos ate uma tratoria recomendada. Nos empenhamos um monte para achar e chegar la, e na porta tinha um bilhete, “finalmente de ferias!!”. Iria reabrir somente dois dias depois. A saída foi achar uma pizzaria que também tinham nos indicada, e comer uma pizza napolitana, mesmo que o sabor fosse outro. O Augusto não chegou para o almoço, mas nos encontramos depois e ele mostrou mais a cidade. Algumas regiões legais, todas bem explicadas, já que os Napolitanos são extremamente orgulhosos, e não entendem como a cidade não e mais visitada. Unica coisa que não gostamos foi que ele insistiu em irmos num castelo, que não estávamos nem um pouco a fim. Final das contas quase nos atrasamos para pegar o trem. Descemos correndo do ônibus, fomos retirar a bagagem, e entramos no vagão três minutos antes de sair. Existem trens metropolitanos que são relativamente baratos, cinco vezes menos que os trens nacionais (mas não se pode comprar estas passagens na internet).

Napoli

A viagem e um pouco mais lenta, mas o trem e confortável. A Thaisa, ex flatmate da Bibi em Floripa mora em Roma, e foi nos buscar com o namorado (Rafaelli), que e de Roma. O apartamento deles e bem gostoso, na parte norte da cidade. Ja era tarde, e ficamos conversando madrugada a dentro, coisa que se repetiu todos os dias que ficamos la.

Com Rafaeli e Thaisa

Já no primeiro dia, pegando um ônibus para o centro, nos surpreendemos com a cidade, que parece um museu a céu aberto. Se por um lado nos encantávamos com a arquitetura, monumentos, piazzas, por outro questionávamos o nosso final de viagem. E esta sensação se repetiu por todos os dias. Adoramos Roma, mas é um destino de ferias, não um lugar para se terminar uma jornada como a nossa. Estávamos toda hora ocupados, vendo coisas, fazendo planos. Claro que parávamos para tomar aquele cafe, comer uma torta ou um sorvete, mas não tínhamos o tempo necessário para nos mesmos. Teatro Marcelo, Gueto, Pantheon, Victtorio, Coliseu, Foro, Palatino, Campidoglio,Villa Borgghese, Basilicas, parques, Banhos, praças, vias, fontes, (…) só para ver o “básico” de Roma se gasta um tempo (imagine se ainda for em museus!). Tiramos um dia para visitar o Vaticano, que e o menor pais do mundo. Alem da imponente Basílica de São Pedro (a praça eu achava que seria maior), gastamos um bom tempo no museu, que possui obras muito bonitas. São intermináveis corredores, mas não adianta, a Capela Sistina e com certeza o ponto alto. Pena que tava lotada e o pessoal sem noção fazia muito barulho. As pinturas parecem que tem terceira dimensão, as vezes tem que esfregar o olho para ter certeza que não e uma escultura, tamanha e a sensação de profundidade. O tal Michelangelo mandou bem mesmo. Alias, tem obras dele em tudo que e canto de Roma, sejam praças, fontes, esculturas…

Roma!

Uma noite fomos jantar no Trastevere bairro boêmio da cidade. E ali que fica uma das igrejas mais antigas de Roma, e estavam cantando e tocando órgão quando chegamos, muito bonito.

Vaticano

Fomos muito bem recebidos, e fora os altos papos que eles tiveram com a gente, ainda nos levaram para passear pela cidade em lugares que não tínhamos ido durante os dias. Nos sentimos acolhidos, e com tantas programações os dias passaram voando. A Bibi achou uma injustiça, mas devido ao preço da passagem, teríamos que voltar para o Brasil por outros destinos, portanto viajaríamos separados. Ela ficaria um dia a mais com a Thaisa, e eu iria encontrar minha irmã em Londres, e finalmente conhecer meu cunhado (o ultimo da família a conhecer). Assim nos despedimos, e depois de tanto tempo 24 horas grudados, nos separaríamos, para se encontrar novamente só no Brasil.

Republica Shqiperia e um novo pais!

Alguem gosta de ler Brazil com “Z”? Que tal Brasile, Bresil ou Brasilien? Todo mundo quer o Brasil assim como chamamos no nosso pais! Por isto o titulo: Republica Shqiperia, a forma como os Albanese chamam o seu pais! A lingua albanesa vem dos ilirios (assim como o proprio povo) uma das grandes potencias europeias do passado. E um povo muito orgulhoso (nao tanto quanto os macedonios, que chegam a “niveis argentinos”) e citam facilmente nomes dos albaneses que foram Papas, lideres Otomanos e pessoas importantes na politica mundial atual. Foi um pais fechado, muito fechado, um comunismo fortissimo, que chegou a romper com a Iuguslavia, URSS e China por achar que eles estavam pegando leve. Durante muito tempo foi o pais mais pobre da Europa, e todo o isolamento parece ainda nao ter acabado. Dizem que 9 entre 10 mafiosos do mundo sao albaneses, inclusive na Italia!

Mesmo com a pouca frequencia e falta de transporte da Macedonia para a Albania, nossa viagem foi super tranquila. O candidato a Dervishe (Hussem), veio com um motorista nos buscar em Ohrid, e nos levou ate a fronteira, onde o Baba estava nos esperando. Toda historia comecou quando ainda estavamos em Tetova, e falamos que iriamos para a Albania. O Baba não gostou quando falamos que iriamos sozinhos e de onibus. Preocupacao tipo de pai. Ele afirmava que um pais que não teve religiao por tanto tempo não tinha coracao, e de nada adiantou narrarmos diversas das nossas aventuras em outros paises. Para ele, que viveu a repressao, a questao da Albania e incomparevel. Como ele vai todas as semanas para la, para cuidar dos monasterios, dar consenhos, fazer vizitas e trabalhar, se ofereceu para nos mostrar o pais. Claro que aceitamos, pois teriamos uma outra perspectiva. Ainda perto da fronteira, proximo ao lago Ohrid, mas do lado albanes, paramos na primeira Tekke, e o Baba se mostrou muito abil com as plantas arquitetonicas da reforma e comandando o pessoal. Depois de outras paradas, chegamos a Korca, uma cidade um pouco maior da regiao, onde nos hospedariamos. La nos despedimos deles, pois tinham que ir a outros Tekkes alem de encontrar com mais pessoas. Ficamos com um motorista a nossa disposicao, alem de estarmos num dos melhores hoteis da cidade. Insisti em pagar, mas nao deixaram. Na verdade eles tambem nao estavam pagando, eram trocas de favores, e como existem muitos bektaishis na Albania, vimos que nao teriamos muito o que nos preocupar. Ainda fomos ate Voskopoja, vila que ja foi uma importante cidade dos Balcas, onde existem duas duzias de igrejas, monasterios, alem de casas de pedra e um clima que nada nos lembrava a Europa, pelo menos nao a dos dias de hoje.

Auto estrada europeia!!

A europa nao e so Paris...

Este clima nao mudou nos primeiros dias de viagem. Seguimos por uma pequena estrada, sem acostamento, passando pelo meio de altas e impressionantes montanhas, com campos, pastores e regioes extremamente rurais. Pequenas vilas, e uma ou outra cidade, como Erseka e Permeti, que mesmo assim nao tinham nem meia duzia de ruas paralelas. O que nao faltavam eram os antigos blocos de apartamentos comunistas e estatuas de altos e fortes soldados, mostrando que a “propaganda” nao era fraca. Ao lado da estrada centanas de “bunkers iglus” estavam colocados em posicao estrategicas. Em todo o pais chegou a ter 700.000 bunkers destes, sendo que a populacao da Albania chega somente a tres milhoes de pessoas. Feitos de concreto pesado, teriam sido bem mais uteis se utilizados para a infraestrutura do pais, mas hoje estao abandonados parecendo mais como OVNIS. No mapa a viagem parecia que seria curta, mas devido a tantas montanhas, eram muitas curvas e sobe e desce, portanto foi bem demorado. Mas adoramos, um super visual!! Dormimos em Girocastra, antiga cidade (da Unesco), com suas casa de telhado de pedra e arquitetura tipica, alem de um grande forte no topo de uma montanha. Tinha um guia nos esperando (bektaishi e claro) e nada de pagar entradas nem hotel! Tiramos varias duvidas, aprendemos sobre a regiao e visitamos a casa onde morou o Hoxha, ditador da Albania por mais de 40 anos. Pegamos uma praia em Saranda, lugar que poderia estar na Grecia, e na verdade quase esta. Enseada em forma de ferradura, mar adriatico, bem astral, quase na frente da ilha grega de Corfu. Ficamos algumas horas ali, e ainda fomos mais para o sul, no Parque nacional de Butrini, que tambem e da Unesco. La existem restos de cidades que um dia foram dos Ilirios, Romanos, Gregos, Otomanos e por ai vai. Tinha mais turista de cruzeiros de navios do que pedra sobre pedra dos sitios arqueologicos. Iniciamos nossa subida rumo a Vlora, por um litoral todo recortado, cheio de curvas e uma super subida numa montanha que tinha uma otima vista. Viagem gostosa, do lado voltado para o mar era quase so pedras e bunkers e do outro tinham florestas de pinus cobrindo de verde todas as montanhas.

Bunkers por todos os lados!

Girocastra

Mar Adriatico

Vlora nao nos seduziu. Cidade praiana movimentada, feiona, onde foi proclamada a independencia do pais em 1912. Incrivel a quantidade de bandeiras dos EUA em todo o pais. Sao os grandes aliados da Albania, desde a independencia, e depois do comunismo, e claro. Outra mania nacional sao as casas de apostas. Sao como casinos, mas basicamente para jogos esportivos. Tem em tudo que e canto! A proxima parada foi em outra cidade da Unesco, Berati. Provavelmente um dos lugares que mais gostamos da Albania (tirando a parte da natureza). Cidade antiquissima, com diversos bairros, arquitetura, igrejas e mesquitas por todos os lados. Mais uma fortaleza na montanha (viraram piada, pois quase toda cidade tem!), mas esta tem dentro um bairro onde as pessoas ainda moram nos casaroes antigos. Comemos um carneiro com iugurte ao forno sensacional. Na praca principal, uma igreja de um lado e uma mesquita do outro. As religioes parecem se darem bem aqui, e ate se dao, mas o problema e que nao tem forca nenhuma. Com tantos anos de proibicao, hoje poucos sao religiosos.

Berati

50 anos sem direito a propriedade! Agora 7 a cada 10 carros sao Mercedes!!

Dentre suas andancas pelos monasterios da Macedonia, Kosovo e Albania, encontramos com o Baba novamente e fomos juntos ate o Monte Tomori, local sagrado para os Bektaishis. Mais um monasterio esta em reforma la, e a 2500 metros e o mais alto do pais. No topo da montanha tem uma “capela” para um dos Imans muculmanos. Na mesma caminhonete que estavamos, foi uma ovelha amarrada, que logo descobrimos que seria oferecida para sacrificio. Ela foi degolada, e depois do sangue escorrer, um pouco foi passado nas nossas testas, seguido de oracoes. A carne nao e desperdicada, e cada parte e doada a um grupo da sociedade. A carne de ovelha estava saborosa, mas pareceu estrana depois de ter presenciado o sacrificio da “prima” dela…

Sacrificio

Com o Baba

Vista do Monte Tabor

Demos uma esticada ate Tirana, com paradas em Durresi e outros lugares para o Baba se encontrar e orienter pessoas. Desde doentes ate pessoas que necessitavam de conselhos espirituais. Nao preciso nem falar que todo o tempo de viagem que tinhamos com ele aproveitamos bastante para conversar sobre o assunto. Tirana tem uma mistura interessante, com predios de colonia Italiana ao lado dos monstros comunistas. La nos despedims do Baba que nao parou, eram quase meia noite quando nos deixou num hotel e seguiu viagem por mais algumas horas ate seu proximo destino. Fomos ate Kruja, outra cidade antiga, com forte, e que uma familia estava nos esperando para mostrar a regiao e onde tivemos um super almoco. Acabamos ate recebendo um convite para o casamento antes de irmos embora. Aprendemos um pouco mais sobre o Skanderbeg, heroi Albanes, que depois mais de 20 anos como soldado escravo dos otomanos se rebelou e desertou, para voltar e proteger seu pais. Mais algumas cidades e fortes, mas so de passagem. Mesmo em Shkodra, que parecia interessante, acabamos nao explorando muito. O final de tarde se aproximava, e a estrada ate a fronteira com Montenegro era demorada e esburacada. Nos despedimos do simpatico motorista (cristao ortodoxo) que nos acompanhou, e deixamos uns presentinhos para todos. Inicialmente era para termos so passado pela Albania, mas acabamos estendendo nossa estada.

A Tirana italiana...

e a Tirana Comunista

Predio velho, pintura nova!

Propganda

Montenegro e um dos paises mais novos. Ate pouco tempo fazia parte da Servia-Montenegro, que nada mais era que a Iuguslavia, depois de ter perdido Eslovenia, Croacia, Bosnia e Macedonia. Sabiamos que era um pequeno pais, com magnificas paisagens naturais, mas nos surpreendemos com a sua rapida caminhada para a Uniao Europeia.

Mesmo sendo uma fronteira da Europa, e ate que desafiadora. Nada de transporte publico, e uma estradinha vagabunda. O oficial da imigracao de Montenegro estava com dor de barriga ou bravo por causa da profissao de sua mae, e nao foi nem um pouco simpatico. A noite ja chegava, e nao tivemos outra opcao a nao ser esticar o dedao e pedir carona. Vantagem que com a parada para mostrar passaportes, ja tinhamos selecionado alguns carros, e tentato conversar com alguns deles.

Um cara muito simpatico iria ate 10 km antes de Podgorica, capital e nosso destino. Ao chegar em sua cidade, acho que se comoveu, e sabia que nao teria onibus no dia, e nos levou ate Podgorica. Ate iamos ficar la, mas quando vimos a qualidade do quarto que estavam nos oferecendo por um preco nem tao amigo assim, resolvemos emendar a viagem ate a Baia de Kotor, onde teriamos um descanso merecido. Chegamos em Kotor ja era quase uma da manha, e para agravar, e epoca de carnaval la. O pessoal na rua, festando, e nos com as mochilas, procurando algum lugar para dormir. Sabiamos que nao achariamos o melhor lugar, entao caminhamos para dentro da cidade velha murada, andamos pelos corredores estreitos e pegamos a primeira opcao que nao estava lotada, para procurar um lugar com calma no outro dia.

Ficamos novos depois de uma longa noite de sono. Nem parecia que estavamos tao perto do “carnaval” deles. Saimos a procura de uma casa, e conseguimos mais um “achado” daqueles. Como temos sorte com isto. Uma casa bem perto da cidade velha, mas num lugar super calmo. Um jardim com arvores frutiferas, e uma varanda coberta com um “parreiral de kiwi”, onde tomavamos cafe da manha todos os dias. Descobrimos uma pequena praia, e nossa rotina foi praia-casa-praia, durante uns dias, esquecendo que estavamos perto da cidade antiga. A bahia de Kotor e cercada por altas montanhas, dando todo um contorno diferente. Inacreditavelmente navios de cruzeiros chegam ate ali, e o movimento era grande por isto.

Tudo aqui ja foi parte dos venezianos, portanto o carnaval deles e mais original que o nosso.

Um final de tarde, depois de andarmos pela cidade, resolvi enfrentar a caminhada ate o topo de uma montanha, acampanhando as muralhas da cidade, onde existe um antigo forte. E uma boa caminhada, mas a vista vai melhorando a medida que se sobe, o que e um otimo incentivo. La de cima e que se tem ideia da dimensao dos fiords, e a (maravilhosa!) vista fica completa. Fiquei la ate quase o anoitecer, e na descida as badaladas dos sinos das igrejas davam o clima para o lugar. Em outro dia subi novamente, mas desta vez com a Bibi. Andamos mais pela cidade velha, que e muito pequena, entao acabavamos dando voltas e voltas pelos mesmos lugares. Para acalmar o calor, so na base de sorvete e cerveja.

Kotor Bay

A algum tempo atras tivemos que marcar nossa passagem de volta. Como vamos utilizar milhagem, nao tivemos muita opcao, entao nos restou antecipar um pouco a volta. Com isto Kosovo e Servia estavam descartados, pois mesmo que fosse rapido tirar o visto, perderiamos um tempo precioso de final de viagem. Queriamos ir para o parque nacional de Durmitor, no norte de Montenegro, mas ao descobrir que tinha um onibus direto para Sarajevo de Kotor, achamos melhor ir para a Bosnia-Herzegovina e deixar o norte do pais para a proxima viagem para a regiao, junto com o que faltou dos Balcas. Apesar de na placa da rodoviaria mostrar dois horarios, so queriam me vender para o primeiro deles, nao adiantou insistir. Era complicado, pois chegariamos no meio da madrugada, mas nao tivemos o que fazer. Depois de aproveitarmos nosso ultimo dia, fomos para a rodoviaria, e nos surpreendemos ao saber que nosso onibus estava lotado! Tiraram nossas mochilas do bagageiro e foram embora nos deixando com os bilhetes na mao. Simples assim! Uns noruegueses falaram que o mesmo aconteceu com eles dias antes. Achamos que teriamos que esperar o outro dia, quando o pessoal achou uma solucao depois de alguns telefonemas. Nos colocaram no onibus mais tarde, aquele que eu nao quiseram me vender a passagem. De quebra me devolveram um pouco do dinheiro, pois era mais barato!! Que beleza!

Expresso do Ocidente!

A Turquia tem uma localização que foi muito importante ao longo da historia. Sempre foi a porta de entrada do “oriente”, do desconhecido, dos “outros” que não eram da Europa. Longas rotas comerciais, como a China, iniciavam ali. Passou a ter grande importância quando o imperador romano Constantino mudou a capital romana para a renomeada Constantinopla. Com o tempo o Império Romano se separou, e a parte oriental passou a se chamar Império Bizantino, e manteve seus domínios por muito, muito tempo. Chegaram os otomanos e turcos, e outro poderoso império se estabelecia. Mudava nome, povo e religião, mas não a importância da região. A Turquia propriamente dita, se formou apos a primeira grande guerra, e muito tempo depois, continuava fazendo parte das grandes rotas. Os hippies não gostavam só de sexo, drogas e rock and roll, eles gostavam também de uma grande viagem. Uns iam em suas kombis coloridas, outros pegavam o famoso trem Expresso do Oriente, que ligava a Europa a Istambul. Nos viemos na contramão desta rota. Ao invés de Istambul ser a porta de entrada para o “oriente”, para nos era a porta de saída.

Estávamos um pouco na duvida se realmente valia a pena enfrentar tantas horas de estrada para ir ate Palmukale. Sim, era mais um lugar listado como patrimônio da Unesco, porem metade da Turquia ‘e, alias, o pais todo devia ser listado, daí já acabava com esta historia. Chegamos depois de uma conexão, e ficamos num hotel gostoso na pequena cidade. O calor era grande, e só a piscina e a brisa do gostoso terraço para aliviar. Do próprio hotel tínhamos vista para as montanhas brancas. No dia seguinte, já bem no final de tarde ‘e que nos aventuramos ir ate la, e a temperatura continuava castigando. Pelo menos o caminho todo se anda com água escorrendo das piscinas naturais e artificiais. Nem todos os Travertines estão ativos. Algumas áreas cortaram a água por motivos de conservação. A vista la de cima ‘e muito bonita. De um lado montanhas com a pequena Pamukale, na nossa frente todas aquelas formações brancas com água escorrendo, e do outro as ruínas de Hierapolis, antiga cidade Romana. Caminhamos, nos molhamos bastante, mas claro que o ponto alto foi com o sol se pondo, já bem depois das oito, com as mudanças de cores. Descemos com calma e ainda fomos jantar num restaurante de frente para a montanha, que recebe toda uma iluminação a noite. Muito gostoso!

De la fomos para Selcuk, que fica perto da praia novamente, mas nosso interesse era outro. Iriamos visitar as ruínas da cidade de Efeso. Ruínas romanas em bom estado de conservação, citada na Bíblia diversas vezes, inclusive tendo um trecho do novo testamento que ‘e a “Carta aos Efesos”. Pegamos um ônibus para uns poucos quilômetros, mas mesmo assim ainda teríamos que caminhar sob um sol escaldante. Por nossa sorte um motorista de uma van parou, nos deu carona e garrafas de água!! Claro que algum turista estava pagando por isto, mas muito simpático da parte dele. Do que restou da cidade, duas partes chamam mais atenção: o teatro, que apesar de ser o quinquagésimo teatro romano que vemos, tinha capacidade para 25000 pessoas, e a arquitetura do que sobrou da biblioteca, muito bonita. Mesmo com o sol forte tava lotado de gente, inclusive brasileiros. Aproveitamos para ir ate a casa de Nossa Senhora, que fica numas colinas não muito longe dali. Ela teria vindo com o Apostolo João para a região depois da morte de Jesus. Uma pequena capela onde acharam escavações, clima tranquilo, fonte de água e parede com muitos agradecimentos e pedidos enrolados em guardanapos.

Efesos

Nossos pedidos e agradecimentos estao juntos!

Nos aventuramos mais pela culinária turca, e caminhamos pelas ruas de Selcuk. Existe uma imponente cidadela numa montanha, e em frente os restos da Basílica de São João, onde o Apostolo teria escrito o Evangelho e sido sepultado depois de morto.

Selcuk

Estávamos tentando achar alguém no couchsurfing para nos hospedar, mas não estava dando muito certo. Todos que entravamos em contato já tinham algum para os próximos dias. Resolvi apelar para o “emergency couch” e surgiram duas pessoas. Uma que deixaria o apto para nos pois iria viajar, e outro que disse que não nos deixaria ir para outro lugar, pois estava largando o emprego em duas semanas e indo para o Leste da Africa e depois para o Brasil. A sorte estava lancada. Na longa viagem noturna ate Istambul, usei o wi-fi do ônibus para acertar os últimos detalhes do encontro. Chegamos pela manha e ficamos tomando um café ate nosso anfitrioa chegar. Pegamos um trem ate a casa dele onde comemos um café da manha Turco. Nos que vinhamos nos impressionando com o desenvolvimento da Turquia, estranhamos a quantidade de lixo acumulada nas ruas, e os transportes não serem tao modernos (talvez por serem existirem a mais tempo que nas cidades que passamos antes). Logo vimos que desta vez havíamos acertado em cheio no couchsurfing. Nosso anfitrião era muuito gente boa!!! Demos uma descansada e depois ficamos conversando o dia todo com o Mehmet e dois de seus amigos. Saímos só para comprar algumas coisas, mas comemos e passamos o dia todo em casa. Quando nos demos conta já era madrugada!!

Nosso primeira volta pela cidade foi com o Mehmet, pois ele estava de folga, e foi bom para nos localizarmos e aprendermos sobre o transporte. Fomos com ele na Universidade de Istambul, pois precisava pegar um documento. Lembrou muito a UFPR. Caminhamos ate o Grand Basar, mas já de cara não nos seduziu. Depois de tantos souqs autênticos, este não teve a menor graça. Fomos ate a grande Mesquita Azul, com todos os seus minaretes, e continuamos caminhando. Pulamos varias “atracões” pois sabíamos que voltaríamos outro dia. Ainda no Sultanahmet tomamos uma bebida que parecia a água avinagrada de conservas de pepino e de sei la o que (nabo?). Não da para falar que e bom, mas valeu para saber que existe. Atravessando a ponte, já subindo sentido a Galata Tower, já dava para ver que era a parte mais moderninha da cidade. Lojas estilosas, alguns cafés, ate chegar no grande calcadão Istiklal Caddesi. Ali tem de tudo, butecos nas ruas laterais, mercado de peixe, restaurantes mais caros, outros simples e gostosos. Da para comer cabeça de bode em qualquer canto. Algumas lojas de roupas e quinquilharias antigas bem estilosas e o trenzinho antigo ainda funcionando. Tudo lotado, de turista mas também de turcos. Fomos no cafe/bar preferido da turma do Mehmet e ficamos um bom tempo la. Ainda passamos pelo bairro dos artistas, onde compramos algumas coisas e paramos num gramado no topo de um barranco, com vista para toda a Istambul, com seus prédios e mesquitas iluminados. Muito show.

Mesquita Azul

Galata

Sultanahmet

Istiklal

Com o Mehmet trabalhando nos dias seguintes (ele dorme no trabalho), ficamos com a casa só para nos. Ele nos deu sua própria chave. A Bibi matou a saudades de cuidar de casa, cozinhou, limpou como se fosse dela. Fomos em alguns lugares básicos que não havíamos estado, como a impressionante Aya Sofia, Igreja que virou mesquita e depois museu. Pena que esta tendo o “Istambul, capital europeia da cultura 2010” e tava em reforma. Interessante ver os antigos mosaicos cristãos (que no passado estavam encobertos) junto com escritas muçulmanas. A construção e muito bonita, e por dentro e incrível. A basílica cisterna e bacana, consigo me imaginar empolgado la, com as colunas e barulho de gotejamento, caso tivesse menos gente, mas infelizmente estava muito craudeado! Domingo e dia de parque, então fomos ao Topkapi, onde estendemos um lençol de baixo das arvores, em frente ao Palácio, e curtimos o lugar. Ainda retornamos para a região do Taksim, mas não para caminhar, só para sentar num café de frente para a rua e ficar vendo o movimento. Istambul e a maior cidade da Europa, mas depois de tanto caminhar, pegar ônibus e trem, nos sentíamos em casa, e nem parecia estar numa metrópole tão grande.

Aya Sofia

Basilica Cisterna

Domingo no parque!

nhanham…

A nova folga do Mehmet chegou, e resolvemos ir para o lado asiático da cidade. Como viajaríamos a noite, saímos com as mochilas e deixamos na casa do Erai, um amigo que mora na parte mais central da cidade. Pegamos o ferry e fomos curtindo a vista. Andamos por cafés, lojinhas e mercados. Definitivamente a parte de Anatólia e bem mais “pura” que a parte europeia de Istambul. Caminhamos ate um bairro chamado Moda, onde fizemos um piquenique. Nos perdemos no tempo conversando, pois o sol se poe perto das nove horas, e tivemos que correr na volta para não perder o trem. O nome do trem era outro, mas não tínhamos como não pensar que estávamos pegando o Expresso do Ocidente!

OBRIGADO AMIGOS!

Muro para se lamentar!


Quando eu tinha nove anos fui estudar de manhã ia de carona com a família do Chico, um amigo da rua. Ele tinha um irmão mais velho, daqueles que influenciava sem ter a menor ideia que esta fazendo isto. Foi através dele que conheci os Ramones, andei de skate pela primeira vez, dentre outras coisas. Lembro dele contando as fantásticas aventuras de uma viagem que fez para a Alemanha, de como era o muro de Berlim e a burocracia que teve para passar de um lado ao outro, por ter um sobrenome alemão  Não muitos anos depois, lembro muito bem das noticias sobre a queda do muro, no dia Três de outubro de 1990 (aniversario do meu tio Nicolau, por isto nunca vou esquecer).
Nesta viagem vi muitas injustiças  Daquelas que você senta e fica pensando: “como e que não fazem nada a respeito disto”. Sera que vai ser mais uma historia que no futuro vamos lamentar e lembrar: “nossa, tao pouco tempo atras e tava acontecendo isto…”Aparthaid Africa do Sul, Genocídio Ruanda, Servia, para não falar dos atuais… Novamente estive frente a frente com um destes lugares. Espero num futuro não distante poder ver o muro de Israel cair, e poder visitar a região novamente com meus filhos, com outro ambiente.
A historia dos Israelitas não foi fácil  Povo perseguido desde os velhos tempos, citadas na Bíblia  Foram escravizados na Babilônia  no Egito; ate que chegaram na “terra prometida”. Dividiram a região com outros povos por muito tempo. A região foi dominada por diversos impérios poderosos, que controlavam a região mesmo a distancia, com uma administração local que recolhia impostos, ditava leis, etc. Ainda no primeiro seculo depois de cristo, teve uma grande revolta Judaica contra os Romanos. Eles buscavam independência  já estavam produzindo suas próprias moedas e queriam mais liberdade. Foram brutalmente reprimidos, massacrados e expulsos da região, tendo que migrar para diversas partes do mundo (Europa, Marrocos, Egito, Babilônia, Pérsia, Etiópia, Iêmen, Índia…).
A sequencia da historia não foi mais fácil  Foram declarados escravos na Espanha (tendo terras confiscadas e religião proibida, perseguidos nas Inquisições  expulsos da Inglaterra , da Franca e Espanha. Foram perseguidos por toda a Europa, massacrados e segregados. Na segunda guerra mundial foram perseguidos e depois exterminados, num dos maior genocídios da historia. Sob a acusação de serem “a raiz de todo o mal da humanidade”, Hitler comandou o extermínio de 6 milhões de Judeus, sendo que 1,5 eram crianças  Quem já foi visitar um campo de concentração, museu, ou ate mesmo a casa de Annie Frank sabe do embrulho que da no estomago.
A comunidade internacional se sentiu culpada pelo que aconteceu, e decidiu achar uma área para o povo judeu. Tentaram oferecer áreas em diversas regiões, sendo que Uganda foi ate aceita por um período  Já tinha um movimento Zionista desde o final do seculo 19, e seguindo a pressões  acabaram decidindo por uma partilha da Palestina onde era a Terra Prometida. Ai que iniciam os problemas. Devido a problemas basicamente Europeus, quem teve que ser penalizado foi o povo Palestino.

Free Palestine

Antes e depois dos romanos a região da palestina passou pelo domínio de diversos Impérios  Ate a primeira guerra eram os Turcos (Império Otomano). Com a revolta árabe  incentivada pela Inglaterra, os turcos foram expulsos; e segundo o tratado de 1914 (McMahon) a região seria entregue aos árabes  Tratados controversos foram assinados posteriormente, dividindo o Oriente Médio entre Franca e Inglaterra em 1916 (desonrando o anterior) e depois visando a partilha da região  criando um Estado Judeu (Balfour Declaration).
Independente dos domínios, o povo nativo de la, os palestinos, com mais de 10000 anos de ocupação continua, foi o grande perdedor novamente. O Estado de Israel ocuparia 56,5% da região para somente 31% da população de judeus. Isto porque no inicio do seculo 20, pre-guerra, teve um altíssimo fluxo imigratório de judeus. Ate o final do seculo 19 eram só 4%. Claro que o povo local não iria concordar, depois de 2000 anos ocupando praticamente sozinhos a terra. Sem entrar na questão que judeus-etíopes (falashas) comentam que os judeus-europeus são na sua maioria convertidos ou miscigenados, o que diminuiria ainda mais um direito hereditário.

Mapa da ocupação

Vamos imaginar no Brasil. Imaginem que os Tupi-Guaranis ocupassem parte do estado do Parana, junto com outras tribos, como os Tingui por exemplo. Chegam os portugueses, eles são expulsos, mas outras tribos ate mais antigas que eles, permanecem. Eles fogem para vários países da America do Sul onde permanecem por centenas de anos. Chegam novos povos, muita coisa muda. Acontece um massacre dos Tupi-Guaranis na Venezuela e a comunidade internacional resolve achar uma terra para eles, e decide dividir o estado do Parana, dando a maioria da terra para os tupi-guaranis que estavam na Venezuela (ou Paraguai para ficar mais realista). Vocês acham que o povo que e dono da terra a centena de anos, iria entregar tudo de mão beijada por causa de um problema que aconteceu na Venezuela? Ha quem fale do direito divino, tendo em vista que no livro sagrado esta escrito que e a “Terra Prometida” e que foi dada por Deus. Se as Cataratas do Iguaçu fossem sagradas para os índios  dai entregaríamos  Isto que, no nosso caso, estamos falando de imigrantes, e não do povo local, habitante da região por muuuito mais tempo. Transforme décadas, seculos, em milhares de anos.
Houve a independência de Israel e com isto a guerra com as nações árabes vizinhas, pois somente a Palestina não teria a menor chance. Israel venceu ficando com quase 80% do território Palestino, mas o Egito conseguiu ocupar uma parte chamada de Gaza e a Jordânia de Cisjordânia  Vinte anos depois acontece nova guerra – Guerra dos Seis Dias, e Israel ocupa estas duas regiões  alem do Sinai (depois devolvido ao Egito) e Golan (Síria, ainda em disputa). Mais de sete milhões de palestinos passam a viver no exílio.
Ai começa o conflito Israel/Palestina propriamente dito. Ocupação Israelense indevida = resistência Palestina = mortes de civis Israelenses = morte de muito mais civis inocentes palestinos = perda para todos e violação de direitos humanos
Os palestinos eram chamados de terroristas, e praticaram atos (que devem) e foram condenados pela comunidade internacional, mas a sua causa é digna (apesar dos meios não serem). Quando os judeus fizeram a revolta contra os romanos, se fosse nos dias de hoje seriam chamados de terroristas. E uma questão de direito. Os palestinos tem direito a maior parte da terra (segundo fatos dos últimos 2000 anos, quase toda). A comunidade internacional passou a dar certo apoio a causa depois das Intifadas (revoltas populares) onde jovens, estudantes e população comum armada com paus e pedras foram massacrados por tanques e metralhadoras.
Hoje os palestinos vivem em péssimas condições nas áreas ocupadas. Um muro esta sendo construído  e logo devem terminar os seus quase 800 km. Ele tem o dobro da altura do Muro de Berlim.

Muro da vergonha!

Como se fossemos animais, passamos pelos corredores de grades, arames, coisa que só palestinos privilegiados podem fazer. Sabia que seria chocante, mas não esperava tanto. Existem diversos pontos de controle, barreiras. As principais estradas dentro do território ocupado não podem ser utilizadas por palestinos. Áreas são desapropriadas e ocupadas pelo exercito ou assentamento de judeus (o que e proibido segundo a Convenção de Genebra). A ocupação vem aumentando e a situação vai se tornando cada vez mais irreversível  A região e desértica  e regiões de poucas florestas foram cortadas para assentar mais judeus, alem de estradas exclusivas para estes. Controle da criação de industria só aumenta o desemprego entre os palestinos. No verão existe racionamento de água nas regiões palestinas, para que o abastecimento seja continuo em assentamentos judeus. Israel estrategicamente toma conta das áreas produtivas férteis, alem de mais de 80% da água.

Não parece um abatedouro?

Flores? Só de um lado…

Os palestinos não tem direito de ir e vir. Mesmo os que tem cidadania israelense, tem um documento especial, discriminatório  não tendo os mesmos diretos. Existe ate controle sobre casamento, assim como existia no aparthaid da africa do sul. Segundo julgamento em tribunal internacional, o muro deve ser derrubado, áreas entregues, inclusive Jerusalém Oriental. Mas ate agora nada.
Não estive em Gaza, onde a situação e ainda pior. Superpopulosa, com um índice de desemprego altíssimo  Agora com o bloqueio a situação so piorou. Estávamos aqui quando o barco de ajuda internacional foi interceptado e pessoas mortas. Alguns dos corpos possuíam 4 tiros na cabeça disparado a queima roupa. Uma semana depois mais mortos. Conversei com um israelense que foi piloto de tanque na guerra contra o Líbano em 2005. Na sua opinião Israel over reacted. Ele ficava abismado de como as informações eram distorcidas dentro de Israel, e de como a propaganda e forte e controladora. A maioria dos israelenses esta cansada do conflito, e quer paz, apesar de não ver isto acontecer tao cedo.
Quanto aos palestinos? Eles vão sofrendo com a repressão  lutando como podem por algo que tem direito e esperando a hora que terão a sua palestina de volta. A sua Pazlestina…

PAZlestina!

Para quem quiser mais informação:
http://www.btselem.org/english/statistics/Index.asp
http://www.btselem.org/English/list_of_Topics.asp
http://www.hrw.org/en/publications/reports/11/related
http://www.palestineremembered.com
http://www.stopthewall.org
http://www.eletronicintifada.net
http:// http://www.alternativenews.org
http://www.nakbinhebrew.org
http://www.atg.ps
http://www.passia.org
http://www.pacbi.org”>
http://www.palsolidarity.org
http://www.icahd.org
http://www.pinv.org
http://www.givathaviva.org
http://www.rachelcorrie.org

Stop the wall!