Suazilândia, a última monarquia absolutista da África.

Nas regiões rurais do continente africano ainda existem centenas, talvez milhares de pequenos reinados. Apesar da população local se submeter às decisões dos monarcas, as leis oficiais dos países são regidas por governos centrais. A “realeza” em muitos destes lugares é somente um titulo. Não que não exista um status financeiro e político gigantesco comparado com a população em geral, mas não existe abundancia como em um reinado imaginário.

São poucos os reinados absolutistas no mundo todo, mas existe uma pequena nação no sul da África que funciona desta maneira. A Suazilândia, um dos menores países da África, está espremida entre a África do Sul e o Moçambique. Lá o Rei Mswati III é literalmente “Rei”, tendo o direito de escolher o primeiro ministro, mudar leis e fazer o que bem entender do seu reinado. Não que estas ações não sejam feitas por ditaduras em outros países, mas neste caso isto é oficial, a forma de governo escolhida.

Todos os anos, no Festival Umhlanga (que dura 8 dias), também chamado de Swazi Reed Dance, o rei pode escolher uma nova noiva. O rei tira seu terno e se veste com roupas tradicionais para ver milhares de mulheres virgens dançando de top-less. Para muitas meninas é a forma de mudar completamente o seu futuro. Assim ele escolhe uma nova esposa para fazer parte do seu harém. Ele só se casa depois que elas engravidam, provando a sua fertilidade.  Hoje são quinze esposas e pelo menos trinta filhos. Após a cerimonia ele pendura as roupas tradicionais e vai para casa brincar com sua coleção de carros de luxo e cuidar da sua fortuna de mais de 200 milhões de dólares (segundo a Forbes).

Para chegar na Suazilândia eu pequei uma “Kombi” em Durban. Impressionante como o transporte publico é subestimado na África do Sul. Estrangeiros pagam fortunas por serviços como o Baz buz, micro-onibus que te levam de hostel em hostel em dias marcados, quando existem lotações muito mais baratas. As vezes parece difícil para as pessoas saírem da bolha…

A estação YMCA em Durban não é muito movimentada, e tem até uma ou outra barraquinha vendendo sanduíches de ovo enquanto você aguarda a van sair. A que ia para a Suazilândia era uma Sprinter novinha, bastante confortável. As estradas nesta parte da África do Sul são perfeitas, pistas largas nos dois sentidos, com asfalto de qualidade. Infraestrutura muito melhor do que no Brasil.

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No controle de passaporte da saída da África do Sul tive um problema com meu passaporte. Eu tinha carimbado a entrada do país, mas o oficial não havia lançado no sistema. Acabou demorando um pouco, mas nada demais. Isto chamou a atenção de outro estrangeiro que estava na van e começamos a conversar.  Inicialmente em inglês mas depois rimos quando descobrimos que os dois éramos brasileiros. O Jaime mora nos EUA faz muito tempo, e estava iniciando sua viagem de dois meses pela região sul da África. Inicialmente iria somente atravessar a Suazilândia a caminho do Moçambique, mas resolveu seguir comigo para conhecer um pouco do país.

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Vales da Suazilândia

A Suazilândia fica perto do Kruger, safari mais famoso da África do Sul. Isto faz com que o país receba uma quantidade razoável de turistas, pelo menos os que tem uns dias a mais. Desde a época do Apartheid, quando o turismo na África do Sul era boicotado, a Suazilândia já vinha se desenvolvendo nesta área. Estava meio sem saber para onde ir quando cheguei na pequena Manzini, cidade que é o centro econômico da Suazilândia. O Vale Ezulwini pode ter boas caminhadas, mas sabia que me irritaria demais com todos os casinos e spas que tem na região. Acabamos indo para o Vale Malkerns, onde nos hospedamos no Sondzela Backpackers. Um casarão colonial,antigo dentro da reserva particular Mlilwane Wildlife Sanctuary.

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Mlilwane wildlife Sanctuary

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Faltou o calor, mas tinha até uma piscina

Café da manhâ

Café da manhã

Existem algumas trilhas para caminhadas tranquilas na companhia de antílopes, zebras, gnus e javalis, tudo isto com jacarandás floridas e belas colinas ao fundo. Os macacos ficam ali perto da casa mesmo, nos arredores da piscina, talvez buscando algum resto do jantar que é servido ao redor da fogueira. Por falar em jantar, os próprios animais da reserva são abatidos e antílope foi o prato da primeira noite.

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Zebras

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África

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Jacarandá

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Visual

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Wild Beast

Existiam outros hospedes, dentre eles o Thomas e sua família. Ele é belga, mas se criou na França. Trabalha para o Medico sem Fronteiras e morou em diversos países, como Afeganistão, Burkina Faso e Haiti. Ficou fascinado pelas minhas viagens e pelo meu ultimo livro, “Uma Viagem pelos Países que não existem”.  Sua esposa é taiwanesa, e pedia para que ele traduzisse o que estava escrito. Ele lê português, então deixei um livro de presente. Segundo eles, seus filhos estão bem adaptados à vida na Suazilândia. A sogra veio de Taiwan para ajudar com o recém-nascido, que tem 3 meses.  Ao jogar pingue-pongue com eles falaram que eu segurava a raquete como os chineses. Não sei bem o que isto quis dizer.

Pose para a foto com os livros

Pose para a foto com os livros

Na Suazilândia existem diversas “Vilas Tradicionais”, locais montados para os turistas irem tirar fotos com swazis com suas roupas típicas e quem sabe tentar dançar musica folclórica. Já fui a lugares parecidos com estes em outros países, mas agora normalmente passo este tipo de “experiência”.

Numa noite, após o jantar, me avisaram que uma van nos aguardava para levar a um Lodge que fica dentro do mesmo parque. Teria uma apresentação de musica e dança típica. Eu e o Jaime nos juntamos à família belga-taiwanesa e outros turistas (sul-africanos e europeus) que vinham de uma excursão da África do Sul. O motorista colocou uma musica eletrônica, psy-trance a todo o volume. No caminho deu carona para sua irmã e outros dois rapazes, que caminhavam pelas ruas de terra que davam acesso ao Lodge. Eles eram os dançarinos que se apresentariam naquela noite. Vestidos com roupas comuns, levavam as “Roupas tradicionais” numa mochila da Adidas, provavelmente fabricada na China. Viva a globalização.

Sentamos nos troncos ao redor da fogueira e esperávamos os hospedes do Lodge terminarem seus jantares a luz de vela para a apresentação começar. Iniciou uma ventania forte e o tempo mudou completamente. Nuvens chegaram rápido e cobriram as estrelas e a lua que estava quase cheia. Acabou a luz. Torcemos para a van chegar antes da chuva, e foi o que aconteceu. Voltamos para nosso dormitório e a musica mais tradicional que escutamos foi a do (provável) Dj israelense, que fez a trilha sonora daquela noite, combinando com os raios e trovoadas.

No domingo, antes do Jaime seguir para o Moçambique e eu para o Zimbábue (via Joanesburgo), decidimos passar na igreja. Segundo o Thomas, nada mais típico na Suazilândia que um domingo na igreja. Já no transporte publico podíamos observar mulheres com seus melhores vestidos e pastores (os de pessoas, não de animais) com seus cajados. Queríamos ir a uma missa da Igreja de Zion, mas acabamos em uma Igreja Anglicana mesmo. Igreja lotada e o coral muito bonito. Os hinos africanos em geral são muito bonitos. Foi uma boa despedida da Suazilândia. Pegar transporte foi fácil, o pátio parecia que tinham mais “Kombis” que pessoas.

Igreja

Igreja

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Patio dos transportes

Na ultima parada antes da imigração fui num quiosque gastar meus últimos Emalangeni. Ele tem o valor equiparado ao Rand (que também é aceito na Suazilândia), mas não é aceito fora do país. Comprei dois bolinhos e a moça me deu um terceiro, o ultimo (que já estava meio quebrado). O seu irmão apareceu nesta hora. “Você não vai tomar café?” Expliquei que só estava gastando o restante de dinheiro antes de entrar na África do Sul. Eu te pago, disse ele antes de me servir. Ele tinha acabado de voltar de uma temporada de trabalhos no Canada. Juntou dinheiro e voltou para a Suazilândia para empreender. Me conte, como é viajar com a mochila nas costas, insistia. A conversa não se prorrogou muito, pois o meu transporte estava para sair. Trocamos os contatos de facebook e parti.

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Muro para se lamentar!


Quando eu tinha nove anos fui estudar de manhã ia de carona com a família do Chico, um amigo da rua. Ele tinha um irmão mais velho, daqueles que influenciava sem ter a menor ideia que esta fazendo isto. Foi através dele que conheci os Ramones, andei de skate pela primeira vez, dentre outras coisas. Lembro dele contando as fantásticas aventuras de uma viagem que fez para a Alemanha, de como era o muro de Berlim e a burocracia que teve para passar de um lado ao outro, por ter um sobrenome alemão  Não muitos anos depois, lembro muito bem das noticias sobre a queda do muro, no dia Três de outubro de 1990 (aniversario do meu tio Nicolau, por isto nunca vou esquecer).
Nesta viagem vi muitas injustiças  Daquelas que você senta e fica pensando: “como e que não fazem nada a respeito disto”. Sera que vai ser mais uma historia que no futuro vamos lamentar e lembrar: “nossa, tao pouco tempo atras e tava acontecendo isto…”Aparthaid Africa do Sul, Genocídio Ruanda, Servia, para não falar dos atuais… Novamente estive frente a frente com um destes lugares. Espero num futuro não distante poder ver o muro de Israel cair, e poder visitar a região novamente com meus filhos, com outro ambiente.
A historia dos Israelitas não foi fácil  Povo perseguido desde os velhos tempos, citadas na Bíblia  Foram escravizados na Babilônia  no Egito; ate que chegaram na “terra prometida”. Dividiram a região com outros povos por muito tempo. A região foi dominada por diversos impérios poderosos, que controlavam a região mesmo a distancia, com uma administração local que recolhia impostos, ditava leis, etc. Ainda no primeiro seculo depois de cristo, teve uma grande revolta Judaica contra os Romanos. Eles buscavam independência  já estavam produzindo suas próprias moedas e queriam mais liberdade. Foram brutalmente reprimidos, massacrados e expulsos da região, tendo que migrar para diversas partes do mundo (Europa, Marrocos, Egito, Babilônia, Pérsia, Etiópia, Iêmen, Índia…).
A sequencia da historia não foi mais fácil  Foram declarados escravos na Espanha (tendo terras confiscadas e religião proibida, perseguidos nas Inquisições  expulsos da Inglaterra , da Franca e Espanha. Foram perseguidos por toda a Europa, massacrados e segregados. Na segunda guerra mundial foram perseguidos e depois exterminados, num dos maior genocídios da historia. Sob a acusação de serem “a raiz de todo o mal da humanidade”, Hitler comandou o extermínio de 6 milhões de Judeus, sendo que 1,5 eram crianças  Quem já foi visitar um campo de concentração, museu, ou ate mesmo a casa de Annie Frank sabe do embrulho que da no estomago.
A comunidade internacional se sentiu culpada pelo que aconteceu, e decidiu achar uma área para o povo judeu. Tentaram oferecer áreas em diversas regiões, sendo que Uganda foi ate aceita por um período  Já tinha um movimento Zionista desde o final do seculo 19, e seguindo a pressões  acabaram decidindo por uma partilha da Palestina onde era a Terra Prometida. Ai que iniciam os problemas. Devido a problemas basicamente Europeus, quem teve que ser penalizado foi o povo Palestino.

Free Palestine

Antes e depois dos romanos a região da palestina passou pelo domínio de diversos Impérios  Ate a primeira guerra eram os Turcos (Império Otomano). Com a revolta árabe  incentivada pela Inglaterra, os turcos foram expulsos; e segundo o tratado de 1914 (McMahon) a região seria entregue aos árabes  Tratados controversos foram assinados posteriormente, dividindo o Oriente Médio entre Franca e Inglaterra em 1916 (desonrando o anterior) e depois visando a partilha da região  criando um Estado Judeu (Balfour Declaration).
Independente dos domínios, o povo nativo de la, os palestinos, com mais de 10000 anos de ocupação continua, foi o grande perdedor novamente. O Estado de Israel ocuparia 56,5% da região para somente 31% da população de judeus. Isto porque no inicio do seculo 20, pre-guerra, teve um altíssimo fluxo imigratório de judeus. Ate o final do seculo 19 eram só 4%. Claro que o povo local não iria concordar, depois de 2000 anos ocupando praticamente sozinhos a terra. Sem entrar na questão que judeus-etíopes (falashas) comentam que os judeus-europeus são na sua maioria convertidos ou miscigenados, o que diminuiria ainda mais um direito hereditário.

Mapa da ocupação

Vamos imaginar no Brasil. Imaginem que os Tupi-Guaranis ocupassem parte do estado do Parana, junto com outras tribos, como os Tingui por exemplo. Chegam os portugueses, eles são expulsos, mas outras tribos ate mais antigas que eles, permanecem. Eles fogem para vários países da America do Sul onde permanecem por centenas de anos. Chegam novos povos, muita coisa muda. Acontece um massacre dos Tupi-Guaranis na Venezuela e a comunidade internacional resolve achar uma terra para eles, e decide dividir o estado do Parana, dando a maioria da terra para os tupi-guaranis que estavam na Venezuela (ou Paraguai para ficar mais realista). Vocês acham que o povo que e dono da terra a centena de anos, iria entregar tudo de mão beijada por causa de um problema que aconteceu na Venezuela? Ha quem fale do direito divino, tendo em vista que no livro sagrado esta escrito que e a “Terra Prometida” e que foi dada por Deus. Se as Cataratas do Iguaçu fossem sagradas para os índios  dai entregaríamos  Isto que, no nosso caso, estamos falando de imigrantes, e não do povo local, habitante da região por muuuito mais tempo. Transforme décadas, seculos, em milhares de anos.
Houve a independência de Israel e com isto a guerra com as nações árabes vizinhas, pois somente a Palestina não teria a menor chance. Israel venceu ficando com quase 80% do território Palestino, mas o Egito conseguiu ocupar uma parte chamada de Gaza e a Jordânia de Cisjordânia  Vinte anos depois acontece nova guerra – Guerra dos Seis Dias, e Israel ocupa estas duas regiões  alem do Sinai (depois devolvido ao Egito) e Golan (Síria, ainda em disputa). Mais de sete milhões de palestinos passam a viver no exílio.
Ai começa o conflito Israel/Palestina propriamente dito. Ocupação Israelense indevida = resistência Palestina = mortes de civis Israelenses = morte de muito mais civis inocentes palestinos = perda para todos e violação de direitos humanos
Os palestinos eram chamados de terroristas, e praticaram atos (que devem) e foram condenados pela comunidade internacional, mas a sua causa é digna (apesar dos meios não serem). Quando os judeus fizeram a revolta contra os romanos, se fosse nos dias de hoje seriam chamados de terroristas. E uma questão de direito. Os palestinos tem direito a maior parte da terra (segundo fatos dos últimos 2000 anos, quase toda). A comunidade internacional passou a dar certo apoio a causa depois das Intifadas (revoltas populares) onde jovens, estudantes e população comum armada com paus e pedras foram massacrados por tanques e metralhadoras.
Hoje os palestinos vivem em péssimas condições nas áreas ocupadas. Um muro esta sendo construído  e logo devem terminar os seus quase 800 km. Ele tem o dobro da altura do Muro de Berlim.

Muro da vergonha!

Como se fossemos animais, passamos pelos corredores de grades, arames, coisa que só palestinos privilegiados podem fazer. Sabia que seria chocante, mas não esperava tanto. Existem diversos pontos de controle, barreiras. As principais estradas dentro do território ocupado não podem ser utilizadas por palestinos. Áreas são desapropriadas e ocupadas pelo exercito ou assentamento de judeus (o que e proibido segundo a Convenção de Genebra). A ocupação vem aumentando e a situação vai se tornando cada vez mais irreversível  A região e desértica  e regiões de poucas florestas foram cortadas para assentar mais judeus, alem de estradas exclusivas para estes. Controle da criação de industria só aumenta o desemprego entre os palestinos. No verão existe racionamento de água nas regiões palestinas, para que o abastecimento seja continuo em assentamentos judeus. Israel estrategicamente toma conta das áreas produtivas férteis, alem de mais de 80% da água.

Não parece um abatedouro?

Flores? Só de um lado…

Os palestinos não tem direito de ir e vir. Mesmo os que tem cidadania israelense, tem um documento especial, discriminatório  não tendo os mesmos diretos. Existe ate controle sobre casamento, assim como existia no aparthaid da africa do sul. Segundo julgamento em tribunal internacional, o muro deve ser derrubado, áreas entregues, inclusive Jerusalém Oriental. Mas ate agora nada.
Não estive em Gaza, onde a situação e ainda pior. Superpopulosa, com um índice de desemprego altíssimo  Agora com o bloqueio a situação so piorou. Estávamos aqui quando o barco de ajuda internacional foi interceptado e pessoas mortas. Alguns dos corpos possuíam 4 tiros na cabeça disparado a queima roupa. Uma semana depois mais mortos. Conversei com um israelense que foi piloto de tanque na guerra contra o Líbano em 2005. Na sua opinião Israel over reacted. Ele ficava abismado de como as informações eram distorcidas dentro de Israel, e de como a propaganda e forte e controladora. A maioria dos israelenses esta cansada do conflito, e quer paz, apesar de não ver isto acontecer tao cedo.
Quanto aos palestinos? Eles vão sofrendo com a repressão  lutando como podem por algo que tem direito e esperando a hora que terão a sua palestina de volta. A sua Pazlestina…

PAZlestina!

Para quem quiser mais informação:
http://www.btselem.org/english/statistics/Index.asp
http://www.btselem.org/English/list_of_Topics.asp
http://www.hrw.org/en/publications/reports/11/related
http://www.palestineremembered.com
http://www.stopthewall.org
http://www.eletronicintifada.net
http:// http://www.alternativenews.org
http://www.nakbinhebrew.org
http://www.atg.ps
http://www.passia.org
http://www.pacbi.org”>
http://www.palsolidarity.org
http://www.icahd.org
http://www.pinv.org
http://www.givathaviva.org
http://www.rachelcorrie.org

Stop the wall!

Kalahari

Depois de viajar muitos KMs, acampamos pouco depois de Kuruman, numa Game farm, fazenda com animais selvagens. Era importante para ver se não havíamos esquecido nada, e se estava tudo em ordem. Acordamos com macacos pulando nas barracas, e pudemos nos familiarizar com outros animais que veríamos daqui para frente. Novos problemas com a Landy resolvidos, viajamos mais alguns km e paramos no meio do Deserto do Kalahari (que já não é mais o mesmo). Acampamos no topo de uma duna. Agora sim!! Pode parecer cliché, mas o por do sol foi fantástico, como sempre é na Africa. O céu estrelado no meio do deserto nem se fala… Íamos ficar só uma noite, mas não conseguimos partir, tava muito show. Problemas na Landy superados, rodamos mais vários KMs e sérios problemas apareceram. O Piter montou a Land Rover inteira, tinha muitas peças de reposição, mas desta vez precisava de um mecânico  Passamos horas numa cidade no meio do nada, esperando a landy ficar pronto. Por sorte tinha um Lodge legal, e almoçamos lá. Tudo pronto, seguimos viagem no escuro mesmo, para não perder tempo. As duas e meia, já cansados, paramos e acampamos na beira da Estrada, que não passava uma alma. O bonitão aqui ficou com preguiça de montar a barraca e dormiu no carro, mesmo sem ter o vidro nas janelas traseiras. No deserto a temperatura varia mais de 40 graus em um só dia, portanto a noite fica temperaturas negativas. Calculem o frio… Pelo menos a Landy parecia estar em ordem agora.

Frio no Kalahari

Frio no Kalahari

Road Trip 2? Não, Off Road!!

Inicialmente eu e o Grahan iríamos comprar um carro velho e vender na Zâmbia ou quem sabe na Tanzânia  Por causa da burocracia nas fronteiras, desistimos da idéia. Um pouco depois conheci o Piter, um sul-africano que ia via jar com sua namorada por alguns países e buscava cia para dividir custos. Perfeito!! Era o que precisávamos para viajar pela Namíbia e Botsuana, onde não existe muito transporte público nas áreas de maior interesse. O Tomas que vinha viajando com agente desde Coffee Bai iria junto. Encontramos o Piter em  Joburg e fomos direto para Klerksdorp, cidade pouco jurística, mas que pudemos observar o way of life dos Africaners. Esperamos 2 dias até a Land Rover ano 71 sair da oficina, e enquanto isto compramos os mantimentos. Tudo pronto, e no dia que iriamos sair, o carro não funcionou. Não seria fácil.

Antes de Sair

Antes de Sair

Road Trip

Minha idéia inicial era de sair de CT e seguir pela Garden Route, até uma praia bacana, e ficar largado até a hora de ir para a Namíbia  Não tinha muito tempo, pois minha carona sairia logo. O Grahan insistiu para alugarmos um carro e eu acabei cedendo. Conseguimos um bom negocio, e para aproveitar decidimos rodar bastante.

Rodamos mais de 2500 km.

Lugares Preferidos:

Nature Valleys, Garden Route.

Como o nome já diz, um vale, parque nacional, na beira da praia, com direito a cachoeiras, lagos, rios. Trilhas bacanas, braia bonita, e um Backpacker rústico, bonito, com um ótimo astral e uma vista inacreditável. Muito bom para quem quer tranquilidade. Bastante gente natureba, batendo papo em volta da fogueira.

Cafe na Varanda

Cafe na Varanda

Cintsa, Wild Cost.

Lugarzinho de frente para a praia, somente com uma lagoa na frente. Lembra a vista da casa do Liberato no Rosa. Pena que estava ventando de mais. Ao lado tem um balneário com umas casas mais estruturadas. Tem que seguir por uma pequena estrada de terra, o que não foi muito comum nesta viagem. Chegamos a noite e nos perdemos um pouco. Lugar para passar um bom tempo, curtir uma temporada.

Vista do Quarto

Vista do Quarto

Coffee Bai, Wild Cost.

Este é meu cantinho. No meio de montanhas, meio isolado, junto a uma comunidade Xhosa. Praias lindas, rios que desembocam no mar, ondas, montanhas, cliffs. Dizem que fica cheio de gente, mas tava super tranquilo. Lugar bem rústico, até com poucas opçães para comer. Mas pela manhã já se pode separar uma dúzia de ostras para comer ao forno depois…

Caminhadas pela comunidade, ou até o “buraco na parede”, que é muito bonita. Infelizmente o contato do turismo com a pobreza faz com que qualquer criança de 1 ano já saiba estender a mão para pedir esmola.

Coffe Bai!!!

Coffe Bai!!!

Inthewall

Sani Pass, Drakensberg

Nas montanhas, divisa com o Poderoso reino do Lesoto. A vista é totalmente diferente do que estávamos acostumados. Outono de verdade, com folhas mudando de cor, frio. Muito astral. No Backpacker que ficamos, tinha uma vaca, que qualquer um podia ordenhar. Free Milk! hehe

Não me deixaram entrar no lesoto sem visto, que custaria caro e não era emitido na hora, nem na fronteira. Para um dia de hiking nao valeria a pena. No início fiquei meio puto, mas quando soube que não deixaram filmar “O Senhor dos Aneis” lá, vi que não era pessoal… Acabei fazendo treking por ali mesmo, 5 horas de caminhada e quase fui picado por uma cobra, por muito pouco.

Outono em Sani Pass

Outono em Sani Pass

Dberg

Rodamos muito, mas muito mesmo. Perecia meus cunhados João e o Marco indo para a Patagonia. Para passar o tempo mais rápido, pegávamos caroneiros das comunidades locais. Muito divertido, ficávamos tentando aprender a falar Xhosa, e rimos muito.

Em Coffe Bai um outro Brasileiro passou a viajar com agente. O Grahan conheceu ele no festival de Jazz de Cape Town.

Depois de Sani Pass, e de uma esticada de 600 km, chegamos a Jburg, já depois da meia noite. No radio começou a tocar: para pa pa pa pa… funk do tropa de elite, mixado, no estilo do popero dos townships. Nos divertimos…haha Tivemos ainda que achar a casa onde nos ofereciam sofá, e não foi fácil…

Pra variar, outro sul-africano apaixonado pelo Brasil.