Kosovo: Não-País ou Quase-País?

Dos países com reconhecimento parcial, Kosovo tem uma posição privilegiada. Digamos que está mais para um Quase-País do que para um Não-País. Tem o reconhecimento de 108 estados membros da ONU (Só perde para a Palestina, que tem o reconhecimento de 134 membros, além de ser Estado Observador da ONU), faz parte do FMI, do Banco Mundial dentre outras associações internacionais. Sua grande força é que a maioria dos membros da União Européia o reconhecem como país (somente 5 não reconhecem). Para o governo brasieirol, se você for para o Kosovo, estará indo para a Sérvia, que já não tem nenhum controle sobre a região.

O Kosovo proclamou independência no início de 2008. Os albaneses, maioria da população do Kosovo, vinham sendo massacrados pelos Sérvios, comandados pelo louco do Milosevic. O Exército de libertação do Kosovo já foi taxado de terrorista pelo ocidente no passado, mas em uma espécie de nova guerra fria (Servia tinha a Russia como grande aliada), EUA e a OTAN (se sentindo culpados por terem deixado os Sérvios massacrarem os Bósnios anos antes), resolveram apoia-los. Com os bombardeios da OTAN, as forças Sérvias recuaram e desde então a região tem autonomia e busca o reconhecimento como país. Para conseguir o feito existem algumas barreiras. A Russia, membro do conselho de segurança é extremamente contra. Países europeus, querem a garantia de que minorias servias na região sejam protegidas e tem medo do sentimento de vingança que os kosovares-albaneses possam ter, já que  milhares de albaneses foram expulsos de suas terras (quase 1 milhão de refugiados) e tiveram suas famílias massacradas (tentaram fazer uma limpeza étnica).

Eu já havia visitado todos os vizinhos do Kosovo, inclusive ensaiado uma ida para lá. Nunca escondi meu interesse pelos Bálcãs, na minha opinião uma das regiões mais interessantes da Europa! Depois de uma noite (mal) dormida no aeroporto de Istambul, cheguei em Pristina, capital do Kosovo. O avião sobrevoou  as belas montanhas, todas enrugadas, como se buscasse um vale para poder pousar. Depois da imigração, revistaram toda a minha mochila, fizeram algumas perguntas e perguntaram quanto dinheiro eu tinha. Acostumado com oficiais corruptos, fiquei com medo mostrar muito dinheiro, mas não era o caso. Eles acharam pouco, ainda perguntaram um “mas você tem um cartão de crédito pelo menos, né?!” antes de me liberarem e solar um “somente rotina, bem vindo ao Kosovo!”

Tinha sido alertado sobre a “síndrome do carro branco”, referencia à cor dos carros da ONU, que fazem o preço dos produtos e serviços subir consideravelmente devido à presença de expatriados com altos salários. Como não existe transporte público do aeroporto para o centro, o jeito foi atravessar a saguão do aeroporto desviando dos taxistas, passar por outro grupo deles lá fora e ficar parado como se esperasse alguém. Ofereceram táxi e eu disse que já tinha um pré agendado. Apos uns minutos disse que iria com um deles se cobrassem o valor que eu já havia combinado (com o táxi que não existia), 30% do valor que estavam pedindo. Aceitaram na hora!

O aeroporto não era tão perto e deu para conversar bastante com o motorista no caminho. Ele não falava inglês muito bem, mas era comunicativo e foi bastante proveitoso. Conheceria Pristina depois, meu foco naquele momento era Prizren, cidade cerca de duas horas de distância. Na verdade não fica muito longe, mas a estrada passa por pequenas vilas e muitas curvas entra as montanhas. Ótimo para ver o dia a dia pela janela alem de poder bater papo com os outros passageiros. Os kosovares estão acostumados com estrangeiros, que normalmente estão a trabalho lá, então não iniciam tanto as conversas, mas se você puxa papo, não param de falar! Como eu já havia viajado pela região albanesa da Macedônia (Tetovo) além da Albânia, eles me viam com bastante curiosidade e tínhamos bastante assunto.

Interior

Interior

Prizren foi uma antiga capital do reino da Servia. Tem sua maioria esmagadora da população kosovar-albanesa, sendo que os poucos sérvios que moravam lá fugiram após o conflito. A cidade velha está muito bem preservada, somente o bairro sérvio e as igrejas que foram bastante destruídos. Mas os tempos de guerra ficaram para trás e quem quer reconhecimento interacional tem que buscar outra postura. Com muita ajuda internacional, o lugar estava pulsando. Cheio de turistas, muitos deles do próprio Kosovo mas também bastante estrangeiros, se espalhavam nos cafés ao redor do Shadervan, antiga fonte de água em um calçadão. Cheguei em pleno festival de filme da cidade e o dia a dia parecei ainda mais vivo.

Centro

Centro

Prizren

Cidade velha com a cidadela ao fundo

Prizren

Prizren

Longas caminhada entre os diversos prédios históricos, mesquitas e igrejas eram intercaladas com repouso em algum café para olhar o movimento e a viada acontecer ao redor. Uma cidade muito gostosa, adorei o tempo gasto por ali. A quantidade de gente, que por um lado dava vida ao local, com o tempo irritou um pouco, queria ter sentido o lugar em um dia comum também. Para compensar isto caminhei bastante por bairros um pouco mais afastados. Comi um delicioso Tave e tomei uma bebida tipica chamara Boza, feita do milho.

Ponte de pedra com a mesquita ao fundo

Ponte de pedra com a mesquita ao fundo

Minaretes

Minaretes

Igrejas destruídas e protegidas com arame farpado

Igrejas destruídas e protegidas com arame farpado

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Acabei nem indo para Peje, cidadezinha mais ao norte do Kosovo, pois acabaria ficando muito corrido. Segui pela mesma estrada de volta para Pristina, passando pelos diversos memoriais de guerra e pela bandeiras do Kosovo ao lado das da Albânia.

Apesar de ser a capital, Pristina não tem tantas atrações. É um lugar movimentado, com tantos estrangeiros e ajuda interacional acabou desenvolvendo uma série de opções de lugares para sair e comer. Um contraste de lugares sofisticados com apartamentos em forma de blocos da era comunista. Um enorme calçadão, chamado Madre Teresa, é uma das regiões mais movimentadas da cidade.

Blocos

Blocos

Calçadão Madre Teresa

Calçadão Madre Teresa

A Madre Teresa nasceu em Skopje, que hoje fica na Macedônia mas na época fazia parte do Kosovo, uma subdivisão do Império Otomano. Existe um grande santuário para ela no centro de Pristina, na esquina das avenidas George Bush com Bill Clinton.

Santuário

Santuário Madre Teresa

Pode parecer estranho um antigo país comunista, de maioria muçulmana, ter esta proximidade com os EUA, mas ela é visível por todos os lados. Bandeiras americanas ao lado das albanesas e do Kosovo sã bem comuns. Eles se mostram muito agradecidos pela decisão dos EUA liderarem a Otan no ataque contra os Sérvios (contrariando a ONU). Pertinho da loja “Hilary Clinton” pude ver a estátua que ergueram em homenagem ao Bill Clinton, no minimo curioso.

Estatua Bill Clinton

Estatua Bill Clinton

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Outdoor

Mesquitas e igrejas

Mesquitas e igrejas

Depois de explorar bem a cidade, tanto a parte nova como a antiga, estava pronto para seguir viagem. Seguiria minha jornada pelos #PaísesQueNãoExistem com a certeza de que o Kosovo não só existe, como já foi descoberto pelos turistas!

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Eslovênia, uma grata surpresa!

A Eslovênia sempre foi a região mais rica da Iugoslávia. Era uma nação bastante industrializada, o que contrastava com a Macedônia por exemplo, que era basicamente rural na época. Com a crise dos anos 80, estas diferenças foram ficando mais marcantes. Sem a figura do Tito como lider e com a Sérvia querendo cada vez mais centralizar o poder (além da queda do comunismo no mundo todo), o futuro da Iugoslávia estava marcado. A Eslovênia foi a primeira a se declarar independente e conseguiu o feito com certa facilidade. Foi também a primeira das ex-republicas da Iugoslávia a entrar para a União Européia.  Fácil de entender porquê, o país é impecável, deve agradar os mais exigentes, até mesmo aqueles que só viajam pela Europa Ocidental.

Vinhamos de carro por uma fronteira secundária com a Croácia. Paisagens rurais, com pequenas cidades e igrejinhas no topo de montes davam todo um charme. Chegando em Liubliana, capital do país, não foi difícil ir até o nosso hostel.  Mesmo sendo a capital do país, sua população não chega a 300 mil habitantes.

Interior da Eslovênia

Interior da Eslovênia

Ficamos hospedados no Metelkova Mesto, um bairro, ou melhor uma pequena  “cidade” (Mesto)  independente. Tudo começou com o a independência da Eslovênia da Iugoslávia, quando um quartel do exercito iugoslavo abandonado foi invadido. Anarquistas criaram um centro cultural autônomo, com regras e leis próprias. Existem galerias de arte, estúdios, escritórios e muitos bares. No local onde era a cadeia hoje fica um hostel, muito bom por sinal! Não ficamos nos quartos com grades pois eram mais caros, mas estão lá para quem quiser ter a experiência!

Metelkova

Janelas de Metelkova Mesto

Ansiosos, saímos de noite mesmo para o centro histórico, sem mapa nem nada. Impossível de se perder, com um castelo no alto de uma colina, que pode ser visto de toda a cidade. A região antiga, impecável, com luzes no chão na sua praça principal (Preseren). As famosas três pontes refletindo no canal, a igreja de São Francisco e o castelo iluminado, dão todo um clima para a cidade.

Três pontes vistas de longe

Três pontes e igreja de São Francisco a noite

De dia deu para ter uma outra perspectiva. Ao lado das pontes e prédios históricos, muito grafite, arte de rua. Jovens andando de bicicleta, cafés e fios de luz com muitos tênis pendurados. A cidade é charmosa, muito simpática. Apesar do estilo moderninha, me pareceu que falta um pouco de vida, sei lá. De qualquer forma uma delícia de caminhar e explorar a pequena cidade. Encontramos com uma amiga da minha irmã que mora lá, e fomos tomar um café no terraço de um prédio. Vista incrível  para toda a cidade, o castelo e os Alpes Julianos do outro lado.

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Liubliana e seus canais

O castelo e o centro histórico

O castelo e o centro histórico

De Liubliana passamos rapidamente pela pequena Skofia Loka,  evitamos novamente as auto estradas, subimos as montanhas, atravessamos passes e pequenos vilarejos até chegar no Lago Bohinj, no Parque Nacional Trigav. Paramos em diversos pontos, caminhamos pelo bosque que tinha um tapete de folhas. Lugar lindo, calmo, somente com patos e algumas canoas para dar algum movimento para a paisagem. Poucos quilômetros dali fica Bled, uma das maiores atrações do país. É praticamente um cartão postal, uma pintura que saiu de um livro de conto de fadas. Um lago, onde tem uma ilha com uma igreja. Um penhasco com um castelo no topo. Tudo isto cercado por montanhas nevadas. Uma paisagem perfeita! Claro que um lugar destes vai atrair muitos turistas, tem uma boa infraestrutura, mas ainda é possível percorrer trilhas para ter uma vista incrível de cima da montanha sozinho!

Ponte em Skofia Loka

Ponte em Skofia Loka

Bohini

Bohinj

É possível dar a volta completa no lago, apreciando por todos os ângulos, subir no castelo e ir até a ilha. Mas o melhor visual vai ser de cima mesmo (trilha ao lado do camping é ótima, acho que é a #6). Além disto, ainda tem outras grandes atrações na região, como Vintgar Gorge. São quase dois quilômetros de passarelas estreitas ao longo de uma fenda na rocha, com corredeiras. Muito legal!!

Paisagem perfeita de Bled

Paisagem perfeita de Bled amanhecendo

Vintgar Gorge

Corredeiras e passarelas de Vintgar Gorge

Uma noite fomos jantar e com um inglês macarronico a garçonete perguntou de onde eramos. Ao responder, ela falou o obvio: “Brazil?! Cool, football!” e saiu. Choramos de dar, risada. Com influencia da boa cerveja eslovena foi muito mais engraçado.

A Eslovênia não terminou por aí. Como o país é pequeno, é bem rapidinho de ir de um lugar para outro. Fomos até Kranjska Gora, estação de esqui já ao lado da fronteira com a Áustria e Itália. Depois de intermináveis curvas e um zigue-zague, chegamos ao topo do passe, com uma excelente vista dos Alpes Julianos.  Pessoas subiam as montanhas com esquis na costas para depois aproveitar o remanescente de neve que ainda tem. Passamos por campos floridos e lindos lagos até chegar na fronteira com a Áustria que pretendíamos utilizar. Estava fechada devido a obras na pista. Tivemos que fazer um pequeno desvio via Itália, quinze quilômetros para frente, onde deixamos este lindo país!

Montanhas

Alpes Julianos

Montanhas

Montanhas e campos floridos

 

Lago em Kranjska Gora

Lago em Kranjska Gora

Reencontro com a Croácia

Quando surgiu a oportunidade de eu voltar para os Bálcãs, meu foco era Sérvia e Eslovênia, os países que eu não tinha viajado anteriormente. Pensava em pegar um trem ou ônibus direto de Belgrado para Liubliana. Como meu cunhado Jony, também estava viajando por aquela região, tentamos unir os roteiros. Ele estava de carro, então não foi tão difícil de inverter a sequencia da sua viagem e marcamos de nos encontrar em Zagreb, capital da Croácia. Na minha ultima viagem pela Croácia, tinha estado basicamente pelo sul/litoral do país (clique aqui).

Peguei um ônibus noturno de Belgrado para Zagreb (trens só durante o dia) e acabou demorando bem mais que o esperado. Atravessei a porção sul da província autônoma de Volvodina até chegar na imigração, que foi bem demorada, mesmo de noite. Cheguei só na manha seguinte, o que não foi ruim. Como já estava claro, pude pegar um tram direto para o centro antigo, onde tinha combinado de encontrar o Jony na frente da catedral.

Rodoviaria

Autobusni

Jovens bêbados caminhavam pela rua e tentavam roubar frutas na feira que estava sendo montada. Pelo jeito a noitada havia sido longa! Caminhei aleatoriamente pela cidade até achar um pequeno café aberto. Fiquei batendo papo com um Croata que apostava fortemente na sua seleção na copa do mundo. Avisou para tomarmos cuidado, senão seríamos surpreendidos. Conversamos um pouco de Zagreb, Croácia, Tito e Iugoslávia, mas já estava na hora de eu encontrar com meu cunhado. Mesmo sem estarmos com celular, tudo ocorreu perfeitamente como o combinado. Demos mais algumas voltas pela cidade e já pegamos a estrada sentido Plitvice, uns 150 km dali.

Apesar de ser uma das grandes atrações do país, parte do trajeto é feito por estradas bem simples (apesar de boas), cortando o interior do país. Belas paisagens fizeram o tempo voar. O tempo não estava dos melhores, mas pelo menos não estava chovendo. De certa maneira ajudou a não ter tenta gente no parque, que normalmente é lotado.

Plitvice

Lindas cachoeiras

Existem diversas trilhas, para rodar todo o parque demora cerca de 4 horas. Devido as chuvas fortes que caíram na região, algumas partes das trilhas estavam interditadas, pois a água passava por cima da passarela.

Passarelas

Passarelas

São incontáveis cachoeiras e lagos. O mais legal é que a água corre no meio das arvores e plantas e não só por pedras. Isto da todo um clima para a região. Lindo o parque, que é patrimônio da Unesco. Mais no final das nossas trilhas fomos brindados com o sol, que saiu de trás das nuvens! Os lagos, com suas águas límpidas, não chegaram a dar aquele tom azulado, mas a beleza do lugar é tão grande, que independe disto.

Plitvice

Plitvice

Lago e água escorrendo entre as arvores.

Missão cumprida, tínhamos que pegar estrada para mais uma esticada, agora até Liubliana, capital da Eslovênia. Mas não sem antes parar para comer alguma coisa. Diversas placas mostravam um animal, que não conseguíamos identificar, espetado em um rolete. Estávamos ansiosos para experimentar algo novo. Mas no final das contas era só ovelha e porco. No lugar que paramos já tinha até acabado a ovelha, então não tivemos muita opção. De qualquer maneira a comida estava saborosa e a refeição custou cerca de 5 Eur por pessoa, junto com bebida.

Optamos por não pegar a estrada principal,  e cortamos caminho pelas secundárias. Apesar de mais perto, tornaria a viagem um pouco mais longa, por outro lado bem mais bonita. Não nos arrependemos!! Não demorou muito para chegarmos na pequena fronteira com a Eslovênia.

 

 

Eslavos do Sul

As nações da região dos Bálcãs, ficavam bem no meio da encruzilhada oriente x ocidente, sempre sob domínio de grandes impérios (ficava bem no meio do Império Austro-Húngaro e Otomano).  No final do seculo 19 começaram a ter certa autonomia, mas depois das grandes guerras que seu futuro mudou drasticamente. Após a primeira guerra mundial, conquistaram territórios dominados pelos Otomanos e formaram o Reino dos Servos, Croatas e Eslovenos, mais tarde alterado para Reino da Iugoslávia, que significava “Reino dos eslavos do sul”. Foram invadidos por Nazistas e Fascistas na segunda guerra e sua força de resistência liderada pelo Josip Tito, os Partisans, instaurou uma republica socialista após os Nazi-Fascistas serem derrotados.

A figura de Tito se mistura com a da Iugoslávia. Quando ele era vivo, o país formado por diversas nações, era unido e tinha importância no senário mundial. Lembram aquela história do mundo ser dividido entre primeiro mundo e comunistas, além do terceiro mundo que não era alinhado com ninguém? Pois é, a Iugoslávia era um dos países que lideravam o “Terceiro mundo”ou países não alinhados (mesmo sendo comunista).

Com a morte do Tito, iniciaram vários movimentos nacionalistas, e os Sérvios, centro do poder e com minorias em diversas nações foram cruéis. A Iugoslávia ainda se manteve por uma década, mas com o fim do comunismo, novas guerras sanguentas acontecerem e ela foi se despedaçando ao longo da década de 90. O líder da Sérvia Milosevic foi acusado de diversos crimes de guerra e genocídio e Belgrado foi bombardeada elos sérvios terem desafiado até a ONU. Na minha ultima viagem pela região (clique aqui) não não fomos para Sérvia. Já não tínhamos muito tempo (passagem para o Brasil comprada) e naquela época brasileiros precisavam de visto para entrar no país. Facinado pela região dos Bálcãs, quando a Bibi decidiu participar de um congresso em Viena-Áustria, não tive duvida em marcar meu voo para Belgrado, para só depois encontrar com ela.

No aeroporto de Belgrado, um taxista simpaticíssimo me levou até o Hostel. Em meio a conversas sobre Tito e a Iugoslávia, ao saber que eu era brasileiro, me mostrou um adesivo no carro  escrito “AS”. Ele tinha acabado de voltar de Ímola, onde foi prestar homenagens no aniversário da morte de Ayrton Senna. Não era um fanático por F1, era um fanático por Ayrton Senna! Não preciso nem dizer que a conversa sobre a Iugoslávia-Tito se encerraram…

Nas notícias eu lia que a Sérvia passava por uma das maiores enchentes dos últimos tempos. Quando cheguei a chuva não estava pesada e para minha sorte a previsão era de dar uma trégua. Por causa do mau tempo o hostel estava vazio. Nada mal ter um quarto só para você por 12 EUR com café da manhã!

Belgrado não é um grande centro turístico, mas é uma cidade agradável, daquelas que você vai descobrindo e vai gostando cada vez mais. É uma cidade grande, movimentada e está se reinventando. Famosa por sua vida noturna, dizem que a cidade bombardeada está “Bombando”.

Da para percorrer boa parte da cidade a pé, mas se cansar o tram 2 faz um circulo na parte mais central (compre o bilhete antes de entrar). Caminhei muito, já no primeiro dia de viagem estava com bolhas no pé. Fui conhecer a cena independente que está florescendo na cidade. O BIGZ, antigo prédio, daqueles blocos gigantes comunistas, foi invadido e hoje tem artistas, pequenos espaços para shows e até um centro cultural brasileiro. Incrível como a pratica do Squat é popular na Europa. Com paredes todas pichadas,  difícil de acreditar que atrás das portas tenham lojas, artistas, pequenos empreendedores e até jazz no terraço. O mesmo acontece atrás das portas metálicas da região de Savamala.

Grafites

Grafites

A gigantesca catedral ortodoxa de St Sava, é muito bonita por fora, mas quem quer observar os ícones ortodoxos deve passar pela St Mark’s Chunrch, pois St Sava ainda esta em obras no seu interior. Caminhando pela avenida Kneza Milosa, onde estão as embaixadas, você vai dar de cara com prédios bombardeados, que foram propositalmente deixados no meio da cidade reconstruída. Independente da terrível posição/ação da Sérvia nos conflitos com seus vizinhos, numa guerra muitos inocentes vão morrer e isto também aconteceu em Belgrado.

Catedral ortodoxa

Catedral ortodoxa

Prédios bombardeados

Prédios bombardeados

A larga avenida Kralja Milana te leva de volta para o centro histórico, Stari Grad, com a praça da república, o museu e o teatro nacional no seu limite. No calçadão Kneza Mihaila, lojas, muita gente e até uma exposição apresentando as cidades sede da Copa do Mundo no Brasil.

#vaitercopa

#vaitercopa

Mas a grande coroa de Belgrado é o parque Kalemegdan, com vista para o encontro dos rios Danúbio e Sava. O antigo forte, uma grande Cidadela, possui diversos monumentos, belos portões, torres, museus e  igrejas. Os locais gostam de passear por ali e se misturam com os turistas. Barraquinhas vendendo velharias, crianças brincando e pessoas fazendo exercício mostram que a vida diurna da cidade também é intensa.

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Clock Gate e tower

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Kalemegdan

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St Petka

Se o tempo tiver bom, vale alugar uma bicicleta ao lado da academia do tenista Djokovic, um pouco para fora do estremo norte do parque. Dá para percorrer as ciclovias até a região de Zenun. Como o tempo não estava dos melhores, resolvi ir de ônibus mesmo (ônibus 84, perto de Mc Donalds). É um alívio andar pelas calmas ruas de pedra ao redor da Millenium tower. Só não ache que vai conseguir informação fácil perguntando por este nome. Só quando falei “Gardosu”é que as pessoas na rua entendiam onde eu queria ir. Aquele clima mais de bairro, com senhoras ortodoxas com lenço na cabeça, parecia interior, mesmo estando na capital do país.

ruas de pedra

ruas de pedra em Zenun

Torre

Torre Gardosu

Construída ainda no final do seculo 19, em cima de fortificações mais antigas. A região é habitada há pelo menos 7000 anos! De cima da torre tem uma bela vista para Belgrado e os rios Sava/Danúbio. Ótimo lugar para um final de tarde.

vista

Vista para o Danúbio

Nas minhas andanças pela cidade acabei perdendo o horário e não fui no mausoléu do Tito e no Museu da Iugoslávia, que fecha as 16hs. Uma pena! (É só pegar o tram 41 em frente ao parque dos estudantes).

Gostei de Belgrado, cidade acolhedora, comida boa e barata (um Pljeskavica custa pouco mais que 1 EUR), fácil de se locomover. Pena o pessoal do Couchsurfing não ter aparecido na minha ultima noite, antes de eu pegar o ônibus para Zagreb. Achei um barzinho/restaurante bem bacana, com um jardim interno e cobertores para espantar o frio e o tempo passou voando, até a hora de  eu caminhar para a rodoviária e embarcar para meu próximo destino.

Pa-pa (até logo) Belgrado!

Pela (ex)Iugoslavia.

Lá na Bósnia! Quem já não usou esta expressão para se referir a algo que esta muito longe? Virou referencia para a faculdade que era longe, o trabalho ou o lugar que alguém morava. A gíria surgiu nos anos 90, quando teve a guerra na região.  Não tínhamos muita informação (ou não buscávamos , eram questões complicadas que poucos tentavam esclarecer ou entender. Pareciam ser coisas terríveis,  genocídio, campo de concentração (a poucos anos do seculo 21!), mas tudo parecia estar muito distante, lá na Bósnia…

Mapa da Ex-Iugoslavia

De Kotor fomos acompanhando a magnifica bahia e algum tempo depois estávamos na imigração.  O oficial da Bósnia-Herzegovina recolheu passaportes de todos e ao olhar o meu me pediu o visto. Eu falei que não precisava, e ele mandou eu o acompanhar. Já devia ser mais de meia noite, e só me faltava dar algum problema. Ele foi ate uma salinha, e me mandou esperar do lado de fora. Depois de um tempo voltou e me mandou para o ônibus.  Os passaportes foram distribuídos novamente quando chamaram o “brasila” para ajudar a identificar os dados no meu passaporte. Ufa, deu tudo certo!

Muitas curvas e dava para ver um pouco de mato no meio da escuridão da estrada. Tinham bancos sobrando e deu para se esticar para dormir. Chegamos quase de manha na rodoviária  que e longe do centro de Sarajevo. Não tivemos outra opção a não ser pegar um táxi. Uma discussão quando nos levaram num albergue onde estavam indo os noruegueses, e o lembrei de que o acordo era outro. Quando nos afastávamos do centro velho, resolvemos mudar de ideia – para desespero do motorista- e pedimos para nos deixar no centro que nos viraríamos  Muita gente deve achar loucura ir procurar lugar para ficar as seis da manha. Ok, concordo que os quinze minutos de caminhada foram perrengue, mas se vissem o quarto que achamos (sorte ou faro?) qualquer um ia querer trocar seu hotel ou albergue por ele!! Muito show, uma casa antiga 4 quadras do centrinho, quarto gigante, tudo limpo, muito bacana.

Ja na nossa chegada nos encantamos por Sarajevo. Que cidade bonita, que estilo (mistura de prédios Otomanos e Austro-Hungaros só podia sair algo único!). Difícil imaginar que 15 anos atrás estava em ruínas. A guerra foi feia por aqui, e a cidade ficou sob estado de sitio por quase 3 anos. Um gigantesco túnel foi cavado para que alimento e água pudesse chegar a cidade, pessoas saíssem e soldados se movimentarem. Muita coisa já foi reconstruída, mas os buracos de bala em muitos prédios mostram que as feridas dentro das pessoas ainda estão abertas, muito abertas.

Podem reconstruir, mas marcas vão ficar…

Sarajevo já foi chamada de Jerusalém da Europa, por ter as três religiões monoteístas bem representadas ali. Cristãos Ortodoxos e Católicos, Muçulmanos e Judeus. Os Judeus foram acolhidos quando esta região ainda fazia parte do Império Otomano, e haviam sido expulsos dos reinados cristãos de Portugal e Espanha. Viveram pacificamente com as outras crenças ate a segunda guerra mundial, quando fascistas croatas passaram a persegui-los, e com o domínio da Alemanha tudo se desandou, e vocês sabem a triste historia. Hoje existe uma pequena comunidade judaica, mas muito reduzida considerando o tamanho que já foi. Andamos pelo antigo bairro judeu, sinagogas, que ficam quase ao lado das Igrejas e Mesquitas. Alias as mesquitas são a maioria, e os minaretes dão todo um charme para o lugar. O centro velho e formado por calçadões, lotados de cafés, restaurantes e lojas. Em muitas paredes a foto do Tito, ex-líder da Iugoslávia, era exposta com orgulho e saudosismo, mostrando que assim como nos outros países da região, ele e muito querido. A continuação da Ferhadija, um dos principais calçadões, e a Tita, onde já iniciam as lojas e cafés mais moderninhos. Tava muito movimentado, cheio de turista (até demais), cidade muito viva. Mas algumas cenas nos chocavam. Num entardecer vimos algo refletir no topo das colinas verdes ao redor da cidade, e ao repararmos melhor, eram varias criptas! Tudo virou cemitério. Qualquer metro quadrado serviu para enterrar alguém. No centro, em uma praça publica, crianças jogavam bola entre as tumbas. Inacreditável!  Incompreensível!!

Cristãos

Judeus

Muçulmanos

Que a nova geração seja mais tolerante!

Sarajevo sempre foi uma cidade pobre, estava tentando se erguer, inclusive com os jogos olímpicos de inverno de ’84, mas ai tudo se desandou de vez nos anos 90. Agora, finalmente parece ter achado seu caminho, mas as marcas continuam. Estávamos ali no primeiro dia de Ramadam. Fomos a uma mesquita no anoitecer, para ver o final do jejum diário, e acabamos ganhando doces também. ( A Bibi escreveu um artigo muito legal sobre o Islamismo.  http://tambemsai.wordpress.com/2010/07/10/compreendendo-o-islamismo/ )

Todos estes povos que lutaram na guerra civil, Bósnios-sérvios (cristãos ortodoxos); Bósnios-Croatas (cristãos católicos) e Bósnios-Muçulmanos são da mesma “raca”, os Eslavos. Portanto esta historia de limpeza étnica quando os sérvios mataram os muçulmanos e a maior balela! Foi uma guerra ou politica ou religiosa, com cristãos massacrando muçulmanos em plenos anos 90, inclusive com campos de concentração!  Se um louco muçulmano mata gente por algum motivo e por causa da religião,  mas se e um cristão, sempre tem que inventar outro motivo. Não estou defendendo que todas são guerras religiosas, muito pelo contrario, mas não se pode usar dois pesos e duas medidas. Porque todos lamentam só o 11 de setembro e não o que aconteceu na Bósnia?

A Bósnia respira conflitos, e foi ali que se iniciou a primeira guerra mundial, apos o assassinato do Franz Ferdinand (não a banda!) herdeiro do império Austro-Húngaro, a guerra foi declarada contra a Servia e a partir dai as alianças da WWI foram se formando. No exato local do disparo fizeram um pequeno museu a respeito da época Austro-Hungara de Sarajevo. Caminhamos bastante pela cidade, que e relativamente pequena. A rotina de sorvete e o prato tipico que parece um pão com linguiça e cebola estava incorporada ao nosso dia a dia.

Nosso próximo destino ficava na parte Herzegovina do pais. Fomos de trem, pelas belas e muito verdes montanhas. O trem e cedo, mas vale o esfôrço de sair da cama ao amanhecer. São curvas e tuneis intermináveis  numa super paisagem ate chegar em Mostar. A cidade ficou famosa por uma bonita ponte, que foi destruída nos conflitos, dividindo a cidade entre Bósnios-Croatas e Bósnios-Muçulmanos (eles lutaram lado a lado no inicio da guerra contra os Bósnios-Sérvios, mas depois acabaram guerreando entre si). Cada um para um lado da cidade. Se por acaso estivesse do lado errado, azar o teu, ficaria assim por anos, ate o conflito acabar. A cidade foi posta ao chão, mas assim como a ponte, foi reconstruída. O turismo (a proximidade com a Croácia facilita) tem trazido dinheiro para a região, mas o assunto da guerra ainda e um tabu. Novamente obtivemos poucas respostas para nossas perguntas.

Cidade e bem pequena, com um bairro antigo legal, mas muitas lojinhas e muita gente. O calor tava grande e fomos tomar banho de rio (que e gelado!) bem próximo a ponte histórica. Ha, não preciso nem falar que conseguimos uma casa super legal, né?! Caminhamos só mais pelo final de tarde, quando o sol já estava mais fraco. Apesar da altura, alguns locais pulam da ponte em troco de algumas moedas. Jantamos de frente para o rio, tentando entender muita coisa que aconteceu ali, mas como nos falaram, só quem estava ali para saber, pois por mais detalhes que se tenha, e impossível de imaginar.

A destruição da ponte na foi só física, mas simbólica. Que a reconstrução também seja!

Mostar

Nosso ônibus era de Mostar para Split-Croácia, mas parou uma hora em Medugorje, um pouco mais ao sul. Cidade de grande peregrinação cristã, pois supostamente Nossa Senhora apareceu para algumas crianças ali nos anos 80. Assim como nas cidades de Lourdes e Fátima, a Igreja Católica ainda não confirma a aparição. Os fieis só aumentaram com a guerra, pois mesmo estando na área de conflito, a região foi surpreendentemente muito pouco afetada.

Na fronteira com a Croácia foi rapidinho e logo estávamos passando por lagos no meio de montanhas ate chegar no famoso litoral croata. A estrada ia beirando o mar, num relevo todo recortado ate chegarmos a Split. Rodoviária, estação de trem e porto são todos juntos. Desistimos de passar a noite ali ao ver o calor, a muvuca e os preços não muito amigáveis. Tinha alguns nomes de ilhas, mas o planejamento final ainda estava para ser feito.

A Croácia e a sensação do verão europeu. Escutamos de varias pessoas que a Grécia e coisa do seculo passado, que já faz 10 anos que todo mundo só quer vir para a Croácia (imaginem com a crise e os protestos atuais da Grécia). Deu para perceber, tava tudo lotado, ferry cheios (principalmente italianos), cartazes de festas. O barco que passa em diversas ilhas durante uma semana estava descartado. Queríamos achar um lugar sossegado, então foi fácil descobrir as ilhas que não iriamos – as das festas e Djs. Algumas horas navegando entre as ilha croatas, já anoitecia quando chegamos a Korcula. Tínhamos ouvido falar bem da ilha, mas ainda não tinha a paz que buscávamos. Tinham me recomendado duas ilhas mais afastadas, bem para dentro do Mar Adriático. O mesmo barco estava indo para uma delas, Lastovo (a outra era Bisevo), e ao confirmarmos as informações sobre a ilha com um jovem casal italiano, seguimos viagem. O tempo passou rápido pois fomos conversando com o casal, que ate tentou arranjar uma casa com a pessoa que tinha alugado para eles. Não deu certo, mas na frente do porto tinha um centro de informação, que com um telefonema arranjou um apartamento de frente para o mar, e com um precinho especial! Trocamos contatos com os italianos e depois de jantar, fomos dormir sem colocar despertador para o dia seguinte!

Nos surpreendemos ainda mais no dia seguinte, quando pudemos desfrutar da vista do lugar! Fantástico! Na frente da onde estávamos não tinha praia, só uma “lage” com as pedras e aquele mar azul. Aproveitamos bastante ali, e não tínhamos horário para nada. Um dia fui caminhar para uma vila ali perto, onde já tinha um movimento um pouco maior, mas que mesmo assim se restringia a umas casas, um hotel e uma duzia de barcos. Um final de tarde incrível, e com o sol se pondo na frente da nossa janela. Caminhamos também para o outro lado, onde tem uma enseada calma, no final de uma pequena trilha. Encontramos com os italianos para um happy hour com o sol se pondo e combinamos de passear um dia. Fomos no ponto mais alto da ilha, com vista para toda a região e ilhas. Passamos por enseadas tao fechadas que ate pareciam lagos. Todas elas tem pelo menos um barco a velas. Íamos parando e mergulhando, gastando mais tempo nas que gostávamos mais. A noite resolvemos fazer um peixe na grelha e camarão com macarrão e a festa foi ate tarde. Estávamos de ferias, e nossa maior preocupação do dia a dia era ir ate o mercado para comprar alguma coisa para comer. O tempo ia passando devagar, cada dia íamos para uma praia diferente, mergulhávamos das pedras, caminhávamos e o tempo foi passando. Nos despedimos dos nossos amigos italianos, e nos incomodávamos com o fato de que a viagem estava no final. Algumas vezes quando caminhava vinha o filme da viagem na cabeça, e pensava, “porque voltar”?! Conversamos um pouco sobre o assunto também. Por mais que tentássemos curtir o presente, a proximidade da data nos atrapalhava.

Vista do quarto, da varanda ainda tinha outra!

Ok, acho que deu para ter uma ideia da “nossa” ilha..!

Bibi com barquinho que alugamos!! hehe

Ficamos muito contentes com a nossa ilha. Era bem o que buscávamos. Alugamos uma scooter e percorremos as poucas estradas que existem lá. Bahias e lagoas azuis, muitas delas desertas. O que é a paisagem da Croácia…

Nossa ida para Dubrovnik não foi tao simples como imaginávamos, pois não tinha ferry direto para la. Tivemos que ir para Vela Luka, esperar os poucos ônibus e muitas curvas ate Korcula, atravessar de ferry até Orebic e seguir pela península, e bonita costa toda recortada ate Dubrovnik. Mesmo a viagem não sendo curta, o corredor do ônibus estava lotado de pessoas viajando a pé. Na rodoviária tinham varias pessoas oferecendo quartos, mas logo vimos que muitos deles eram bem afastados. Conseguimos um num casarão antigo, muito gostoso e com o quarto todo reformado. Estrategicamente entre a cidade velha e o ferry que pegaríamos para ir para a Itália. Temos visto muitas cidades velhas, mas Dubrovnik e muito linda! Murada, na beira do mar, realmente impressionante. Ainda tivemos a sorte de ser lua cheia na segunda noite que fomos la. Andamos pelas ruazinhas meio que sem direção, tomamos sorvetes para aliviar o calor e curtimos uma musica ao vivo. O lugar tava cheio de gente, mas lotado mesmo. Tava tendo um festival de verão, com atrações, musica e programações diferentes. Fomos numa exposição fotográfica chamada War Photo Limited  (  http://www.warphotoltd.com/ ), que achávamos ser sobre a guerra dos Balcãs. Na verdade também era, tinha uma cobertura super boa sobre os tristes eventos da região (Servia X Bósnia e Croácia, MacedôniaXAlbania…), mas era ainda mais completa. Tinham bonitas e horríveis fotos sobre Paquistão, Afeganistão, Iraque, Líbano X Israel, Palestina X Israel, Sudão, Serra Leoa, Uganda (e outros lugares com crianças soldados), Maoistas da Índia, tudo com as informações dos pontos de vista dos fotojornalistas que acompanharam estes eventos. Muito impressionante e chocante.

Lua cheia em Dubrovnik

Mais alguns cafés, cervejas e restaurantes e estávamos nos despedindo de Dubrovnik. Embarcamos no ferry para Bari, na Itália, e a oficial da imigração fez até piada com o passaporte da Bibi, que já ta com todas as folhas lotadas (eu fiz um novo na Malásia), e tem que procurar lugar para estampar. Ficamos no deck, alem de mais barato, as cabines já estavam lotadas mesmo. A Bibi capotou no chão, entre um banco e uma mesa, só com um cobertor e lençol, e eu tive que acorda-la na hora que chegamos. O que um bom tempo de viagem não faz!!!haha. Eu acordei um pouco antes, com o nascer do sol, e fiquei tomando um cafe e olhando nossa lenta aproximação até a Itália!!

Confortável!