Para muitos o Borneo deve lembrar a infância, naqueles jogos de tabuleiro WAR, que acompanharam tantos dias de chuva. O Borneo era a porta de entrada para conquistar a Oceania. Para outros, aquela imagem de uma selva tropical fechada, cheia de tribos (aqui os Head-Hunters não eram caca talentos!) e animais. Na verdade não e mais bem assim.
Assim como alguém que vai para a Amazônia brasileira, chegando em Manaus vai ter que se distanciar bastante para ver a selva, na Malásia, muito mais desenvolvida que a região norte do Brasil, e preciso percorrer um longo caminho.
Chegamos em Kota Kinabalu, capital de Borneo, ja tarde da noite. Os ônibus não estavam mais operando e teríamos que pegar um táxi. Logo conhecemos um casal que estava na mesma situação que a gente, e dividimos o táxi. Ele e do Zimbábue e ela da Índia, mas os dois moram faz algum tempo na Inglaterra. Acabamos procurando hotel juntos e nos encontrando para jantar e tomar uma cerveja. Eles tiraram um tempo para dar a volta ao mundo, e chegamos a pensar em viajar com eles por aqui, portanto combinamos de tomar cafe da manha juntos para discutir sobre Borneo. Falando sobre os roteiros vimos que eles estavam com um pouco mais de tempo, e tinham interesses um pouco diferentes, apesar de alguns lugares em comum. Resolvemos não viajar juntos, mas tínhamos a impressão que acabaríamos nos encontrando em algum lugar.
Kota K é uma cidade moderna, super bem estruturada. Não estávamos com vontade de ficar em cidade, portanto já pegamos um barco para a ilha Mamutik, uma das 5 ilhas que ficam logo a frente de KK e fazem parte de um parque nacional. Areia branca, alguma estrutura e um local muito bom para fazer snorkling. Ficamos largados na praia ate o final do dia, quando pegamos o ultimo barco de volta para KK. Em KK me informei sobre o ônibus que iria ate Sandankan, nosso próximo destino. Eu queria pegar o ônibus cedo, mas depois de um longo cafe da manha, e discutirmos sobre pontos da viagem, saímos só próximo do almoço. Caminhamos até a rodoviária, e as blusinhas coloridas da Bibi (que ela não tinha levado para a Africa) fizeram um peso desgraçado. Ou vocês achavam que ela que carregaria a bagagem extra?
No trajeto passamos pelo monte Kinabalu, um paredão de rocha de mais de 4000 m. Queria escalar, mas demoraria alguns dias, e não daria tempo desta vez. A Bibi também ficaria meio sem ter o que fazer. Passamos por muitas plantações de palmeiras, que são utilizadas para extrair óleo, e esta incentivando muito o desmatamento por aqui…
Em Sandankan, chegamos na rodoviária que fica longe da cidade, pratica muito comum por aqui. Fomos para o centro e pegamos um hotel sem pesquisar muito. Caminhando pela cidade a noite, descobrimos outra opção melhor e mais barata, alem do ônibus que levaria ate Sepilok. Saímos cedo para Sepilok, onde fica um centro de reabilitação para Orangotangos. La treinam Orangotangos órfãos a se alimentar, se locomover, se readaptar a floresta. Vimos muitos macacos, somente dois Orangotangos, um deles bem rapido. O que ficou mais tempo, chegou a subir na passarela que estávamos. E um animal muito tranquilo e inteligente. Tinham muitos, mas muitos turistas. Nem a chuva que deu um clima ainda maior para a “floresta tropical”, incomodou o pessoal. Não tivemos muita sorte. Falamos com outras pessoas depois que viram muito mais Orangotangos. Tem um clima meio de zoológico, mas como eu já sabia, não me decepcionei. Impressionante como os Orangutans (pessoas de floresta) são parecido com os Humanos, sendo muito mais inteligentes que muitas pessoas…

Lembram de piada do Morangotango?
Na volta conhecemos um casal australiano, já na terceira idade, que estava viajando a quase 3 anos no seu pequeno veleiro. Fiquei com vontade de pedir carona ate as ilhas ao sul mas acabou não dando certo. De volta a Sandakan, acertamos de ir para o rio Sungai Kinabatangan, onde finalmente teríamos a oportunidade de ver um pouco da floresta original de Borneo. No dia seguinte, quilometros de asfalto, depois um pouco de estrada de terra ate chegar nos simples chales de frente para o rio. Placas já nos avisavam sobre o perigo de deixar as coisas a vista, devido a quantidade de macacos na região. Os macacos estavam lá, só de olho, e se desse mole, entravam ate no restaurante. Final de tarde saímos de barco pela região, e um casal de franceses nos acompanhou. Rio bonito, com mata fechada, e o primeiro bicho que vimos foi um Orangotango, no topo de uma arvore bem alta, espichando seus longos bracos para alcançar mais folhas. Alguns pássaros, mas nada comparado com o pantanal, alias nem perto. Falaram que tem muitos crocodilos, mas nesse dia não estavam a vista. Vimos também muitos macacos comuns, além dos exóticos Probocis Monkeys, macacos endêmicos desta região, barrigudos e narigudos. Sempre estavam em bandos, e conseguimos ver vários grupos. Muito bacana, totalmente diferentes e com tracos e cores bem marcantes. O por de sol no rio tava muito bom também.

Macaco “narigudo”!

Linha do dia/noite
De volta ao chale, um banho de balde para lembrar da Africa. Que delicia! Não pelo banho, e claro, mas pelos lugares que estes banhos representam. Depois do jantar uma caminhada noturna, tipo engana turista. Tava incluso, mas acho que só vimos um sapo!haha De manha, antes do cafe saímos para o rio novamente. Não existem estradas para entrar na floresta, portanto o rio e o melhor meio de locomoção. Não tivemos tenta sorte como no dia anterior, mas vimos mais macacos probocis.

Rio
Tínhamos que ir ate o cruzamento da estrada principal para pegar o ônibus la. Sorte que tínhamos arranjado tudo antes, pois chegamos atrasados, mas o ônibus tava la nos esperando. Fomos até Semporna, cidade meio sem graça, mas porta de partida para varias ilhas, dentre elas Sipadan. Sipadan e uma ilha vulcânica, com alguns paredões consecutivos de mais de 600 mts de profundidade, chegando a 2000 metros. Um dos melhores lugares do mundo para se mergulhar. Infelizmente e preciso se inscrever com uma boa antecedência, pois o numero de mergulhadores e controlado.
Tínhamos ficado bem amigos dos franceses, que tpossuíam planos parecidos com os nossos. Em Semporna ficamos buscando a melhor opção de hospedagem, que variavam desde hotéis simples com passeios diários, ate super resorts em cima da água. Como eu era o único que ia mergulhar, todos acharam melhor ficar numa ilha, onde teriam mais liberdade, e não em hotéis em cima de palafitas. Acertamos com um lugar na ilha Mabul, mas o transfer seria só no outro dia cedo. Como tinha tempo ainda, fomos ate uma opção barata de resort sobre a água, e acertamos de ir neste dia e voltar cedo para ir para a ilha.

No meio do mar!
Chegamos naqueles chales sobre água transparente, vendo corais e peixas no fundo, e tínhamos certeza de que valeria a pena. Ainda deu tempo de fazer um snorkling numa piscina natural cheia de peixes, antes de curtir um por de sol, com água por todos os lados. De noite estávamos prontos para comemorar o aniversario do francês, quando começou mais uma tempestade tropical, com ventos, muita chuva e ondas. Tivemos que correr para o quarto e ficar la. Todo mundo mudou de opinião sobre ficar só neste lugar, mas tudo ja estava agendado para a ilha de Mabul.

Bibi com os “peixinhos”

Final de tarde
A ilha de Mabul fica um pouco mais longe, e deu para curtir o visual do lugar. Incrível como em qualquer pedaço de terra, ou coral mais raso, constroem casas ou resorts sobre palafitas. Nossa ilha não era diferente. Muitos resorts, alguns muito sofisticados, contrastavam com casebres tipo “favelinha” logo ao lado, pertencentes aos pescadores. Acho que o dinheiro do turismo ta indo para outro lugar…

Ilha Mabul
Nosso hotel era totalmente orientado para mergulhadores. Chegamos, deixamos as coisas e já saímos, sem nem nos afastarmos do barco. O mergulho foi show! O melhor que já fiz, dez a zero do mar vermelho. Paredões com corais e esponjas de tudo que e tipo, cores, tamanhos. Muitos peixes, todos eles diferentes. Aproveitei muito e a água tava quente e com uns 15 m de visibilidade. Pra Bibi e o pessoal que fez snorklling, talvez não fosse o melhor lugar, devido a profundidade. De volta ao hotel, tivemos que esperar o check in, pois teoricamente estaria fazendo o segundo mergulho. Eu pulei este e deixei para fazer outro so de tarde. Estrutura do lugar boa, mas cheio de piazada europeia fazendo estilo…
De tarde fiz outro mergulho, muito bom também. Este foi mais perto da ilha, e a visibilidade não tava tao boa. Muitos corais, mas nada comparado com o primeiro mergulho. Desta vez foram mais peixes, alem de 7 tartarugas, peixe escorpião, até começar o banquete: Muitas lulas, Lagosta, Camarões… Hehe
Lugar bem legal, com redes, lugar para leitura, e ate um bar. No jantar conhecemos um casal de belgas bem gente fina, que passou a gastar um tempo com a gente e com os franceses. Como não íamos mergulhar de manha, ficamos só nos conversando, com todo o salão vazio.

Tchurma
De manha fiz snorkling com a Bibi e franceses. Ali na frente do hotel era bem melhor que o lugar que levaram eles de barco. A Bibi parecia que mergulhava a tempo, e ficou mais de uma hora na água. Voltando para o quarto, encontramos os ingleses, que fizeram outro trajeto mas acabaram por aqui também. Difícil era escutar as historias do pessoal que mergulhou em Sipadam, junto com uns 20 tubarões, alem de tudo o que é imaginável num mergulho.
Voltamos para Semporna no final de tarde, onde passaria pouco tempo, aguardando o ônibus noturno de volta para KK. Quando comprei a passagem só tinham 5 lugares, foi por pouco. Ate que dormimos bem no ônibus, apesar do ar condicionado geladíssimo. Eta costume de m…! Chegamos bem cedo e pegamos um hotel, onde acertaríamos algumas coisas da viagem e passaríamos o dia ate pegar o voo para a Indonésia.