Armênia, o primeiro país cristão do mundo!

A Armênia foi o primeiro país a adotar o cristianismo como religião oficial do estado, algumas décadas antes de Roma. A Igreja Apostólica Armênia (que não tem ligação com Ortodoxa ou Apostólica Romana) está diretamente ligada à cultura da região e talvez por isto, além da natureza e das pessoas, Igrejas e Monastérios são as grandes atrações do país.

A “Armênia Histórica” já foi muito maior. Em certos períodos chegou a ocupar grande parte da Turquia e oriente médio. Por falar nisto, o bairro antigo de Jerusalém é dividido até hoje em quatro partes:  Cristão, Muçulmano, Judeu e Armênio.  Durante a primeira guerra mundial, os armênios foram vitimas do primeiro genocídio do seculo XX, onde mais de 1,5 milhões de pessoas foram mortos. Era o colapso do império Otomano, e os armênios buscavam uma maior independência e autonomia (eram um dos muitos povos do Império Otomano). O que conhecemos hoje como Armênia, eles consideram ser a “Armênia Oriental”. O Grande simbolo nacional, o Monte Ararat, fica do outro lado da fronteira (que alias é fechada), poucos quilômetros dali. O Monte Ararat está em estampado em posteres e calendários em qualquer estabelecimento comercial do país. É onde a Arca de Noé teria encalhado após o dilúvio. Dizem que Erevan, a capital da Armênia, foi fundada por um trisneto de Noé. Me fez lembrar que contavam Sana, capital  do Iêmen, foi fundada por Sham, filho de Noé.

Monte Ararat

Monastério Khor Virap com o Monte Ararat ao fundo. Poucos Km de Erevan

Sabia que era possível tirar o visto na fronteira, mas como meu passaporte estava “passeando”para pegar outros vistos, acabamos pegando o da Armênia (ainda no Brasil), já que antecipado era gratuito ena fonteira paga. Achamos que estaríamos agilizando nossa entrada no país e ganhando mais uns minutos de sono no trem noturno. Doce ilusão! Fomos os últimos a ser atendidos, ficamos numa fila gigante onde todos pegaram e pagara os seus vistos. Valeu a tentativa…

Erevan é uma cidade bem diferente do que eu imaginava. Não sobrou muito da parte antiga, ainda tem muitos aspectos soviéticos, por outro lado é toda moderninha com estatuas e arte na rua, além de cafés e parques lotados. É impressionante como as capitais do sul do Cáucaso Baku, Tibilisi e Erevan não tem nada a ver uma com a outra.

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Uma das grandes atrações é o monumento chamado Cascade, cheio de obras de arte por fora e por dentro. Lá de cima uma ótima vista para a cidade, com o monte Ararat ao fundo.

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Erevan com o Mt Ararat ao fundo

Erevan as 6:30 da manhã, com o Mt Ararat ao fundo 

Fomos até o memorial do Genocídio que fica no alto da montanha Tsitsernakaberd. O museu ainda está em reformas, para a cerimonia de 100 anos que acontece em 2015, mas tem uma pequena exposição. Um grande monumento, que representa as 12 províncias da “Grande Armênia”com uma chama eterna queimando no meio. Alguns jovens de uma escola se empolgaram ao nos ver e se aproximaram para matar a curiosidade, conversando, tirando fotos e aproveitando para praticar inglês.

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O cetro da Igreja Armênia fica em Echmiadzin, nos arredores de Erevan. Divertido ir até lá de lotação, quando não entendiam uma palavra do que falávamos. Muita gente, dentre fieis e turistas, caminhavam pelos jardins floridos e tentavam se proteger nas sombras, já que o calor estava muito forte. Presenciamos alguns batizados, onde famílias festivas soltavam pombos brancos. No museu, diversas relíquias, sendo a mais importante, a lança que teria furado Jesus quando ele estava na cruz.

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Confesso que nesta viagem tivemos uma overdose de igrejas e monastérios. Em todos os cantos do país tem muitos deles. Se desconsiderarmos a parte natural e o conjunto (que também era muito bonito) o monastério que mais gostamos foi Geghard. Visitamos no domingo, estava cheio de fieis. A igreja possui varias entradas para a luz, cavernas e o pessoal estava cantando, estava incrível,  dando todo um clima para o lugar! Na frente varias barraquinhas vendiam pão com nozes entre outras guloseimas.

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A ruína greco-romana de Garni ( Sec 1 ac) não fica muito longe e tem uma super vista para o belo cânion.

 

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Outra região que chama a atenção por sua beleza é o Lago Sevan. O monastério Sevanavank (ano 874) com o lago ao fundo, pequenos vilarejos, Noratus com as Khachkar, famosas cruzes tradicionais armênias.

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De lá fomos para o Nagorno-Karabakh, mais um dos Países Que não existem. Paramos em Vardenis, uma vila toda empoeirada, onde compramos mantimentos antes de encarar a longa estrada pela montanha. Mas isto eu conto mais para frente, em outro post.

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Depois de visitar o Nagorno-Karabakh, fomos até Goris, cidadezinha perdida no meio de um cânion. Nosso destino final era um monasterio alguns quilômetros mais para frente, o Tatev.

Goris

Goris

Para chegar lá, precisa pegar o Wings of Tatev, que afirmam ser o teleférico mais longo do mundo. Confesso que já estava um pouco de saco cheio de visitar igreja. Queria ter mais contato com pessoas, escutar histórias, fazer amizade. Por outro lado a natureza de toda a Armênia é belíssima, então forma todo um ambiente, um conjunto especial para todos estes monastérios. Por dentro o Tatev não se difere tanto dos outros que visitamos, mas fica pendurado na beira de um penhasco, num visual incrível!! Ficava só imaginando como seria a época em que foi construído, no século 9, e na idade média, quando funcionou como universidade.

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Tatev

Tatev

Me despedi do Leo, Khouri e Marcelo que seguiriam para o Irã, país que visitei anos atrás. Eu peguei estrada para Erevan, de onde iria para Tibilisi-Geórgia, para pegar o voo para casa.

Armênia

Pegando estrada

A viagem até Erevan era longa, cheia de curvas. Já anoitecia quando paramos para rebocar um senhor com o carro estragado. Indaguei o motorista se não era perigoso parar na beira da estrada. Ele sorriu e disse:  “não estamos no Brasil, este senhor precisava de ajuda”. Já bem mais tarde, passamos ao lado do enclave de Nakhchivan, um pedaço do Azerbaijão que fica entre a Turquia e Armênia. Paramos o carro para ele me mostrar uma “parede”, um monte de terra de metros de altura que beirava a estrada. Para os “Snippers”(atiradores) não atacarem os carros, dizia. Logo soldados apareceram, mas me autorizaram a ver a vala que acompanha esta muralha. Um buraco gigantesco para impedir a invasão de tanques. Um pouco para frente está a fronteira com a Turquia, também bastante sensível, e que até hoje é controlada pelos Russos (o tratado é herança soviética, mas recentemente foi prorrogado). Realmente não é Brasil, mas em ambos os casos, sempre fica mais fácil apontar o problema dos outros…

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