Pelas montanhas de Nagorno-Karabakh

Alguns conflitos entre a Armênia e Azerbaijão na disputa pelo Nagorno-Karabakh quase adiaram minha ida para lá. Um helicóptero derrubado, atiradores fazendo suas vitimas e campos de refugiados completando 20 anos… A região é mais um daqueles conflitos congelados. Historicamente o Nagorno-Karabakh – também chamada de Alto Karabakh em português – já teve autonomia, mas culturalmente é muito ligada à Armênia. Geograficamente para quase todo o mundo  faz parte do Azerbaijão, que dominava a região desde o final da primeira guerra mundial (dizem ter ligações étnicas com o povo original da região, mas isto é outra história). Já tiveram azeris morando lá (como minorias), mas desde a guerra de independência, quase todos foram expulsos ou mortos.

Um pouco de estudo e vimos que se não nos aproximássemos da “linha de frente”, divisa com o Azerbaijão, não teríamos problemas. Se é para explorar, resolvemos fazer bem feito. Nada de entrar pela “popular” rota Goris-Stepanakert. Usamos um caminho vindo do norte, atravessando o passe Sotk, por uma nova estrada que atravessa as montanhas. Nagorno significa “montanha” em Russo, Kara “Negro” em turco e Bakh “jardim”em persa, então com certeza valeria a pena o visual da “montanha do jardim negro”.

Nova estrada pelo Passe Sostk

Nova estrada pelo Passe Sostk

Nagorno-Karabakh

Nagorno-Karabakh

Desde o inicio já percebemos a influencia que a Armênia exerce na região. É como se fosse uma província armênia, idioma, placas, povo. Talvez tenha faltado um pouco o contato com karabakhs separatistas para ter uma ideia mais geral (com azeris já tínhamos conversado). Nem mesmo controle de imigração tivemos para entrar no país por esta estrada. Contornamos belas montanhas, seguimos pequenos riachos e uma hora ou outra aparecia um amontoado de casas. Tanques abandonados na beira da estrada e pequenos memoriais lembravam um pouco da guerra não tão distante.

Memoriais na beira da estrada

Memoriais na beira da estrada

Mas foi em Dadivank que fizemos nossa primeira parada mais longa. Um monastério incrível, construído entre os séculos 9 e 13, perdido no meio das montanhas! Foi fundado pelo Santo Dadi, que está sepultado na igreja principal. Existe um lento trabalho de restauração, mas parece meio abandonado. De qualquer maneira foi uma grata surpresa.

Primeira vista de Dadivank

Primeira vista de Dadivank

Monastério

Monastério

Mais estrada de terra, viajando por regiões remotas do norte do Nagorno-Karabakh (provincia de Shahumian). Já estávamos “quebrados” da viagem quando chegamos em Vank, uma das grandes atrações de NK. Lá que está o monastério Gandzasar (significa tesouro da montanha), um dos mais sagrados do país. Encontramos inclusive outros turistas estrangeiros por lá. A igreja principal é em homenagem ao São João Batista e possui algumas figuras talhadas na pedra.

Gandzasar

Gandzasar

No passado um morador local tentou a sorte na Russia e se deu bem. Quer dizer, mais ou menos. Enriqueceu muito, mandou dinheiro para a região, construiu um hotel bizarro, mas acabou sendo preso por se envolver na Mafia russa. Não preciso nem falar que por aqui ele é herói né?! Alem do hotel, restaurante e quase um “parque temático” ele ajudou na infraestrutura local. É possível de se observar novamente as marcas da guerra. Um longo muro coberto com as placas dos carros azeris é exposto com orgulho. Estes sinais aparecem em todos os lugares.

Placas dos carros azeris exibidas como troféus

Placas dos carros azeris exibidas como troféus

Algumas das bizarrisses do mafioso Karabakh-Russo

Algumas das bizarrices do mafioso Karabakh-Russo

Já bem mais perto de Stepanakert, capital de Nagorno-Karabakh, cabos aéreos ligam uma montanha a outra para impedir que aviões voem abaixo do radar. Mas o clima não é tenso, pelo menos não na capital. Uma cidade pequena, ruas arborizadas, praças floridas com wi-fi gratuito e cheia de pessoas.

A capital Stepanakert

A capital, Stepanakert

Chegada em Stepanakert

Chegada em Stepanakert

Depois de passar no Ministério de Relações exteriores para nos registrarmos e pegarmos o visto, pudemos caminhar tranquilamente e até tomar uma cerveja curtindo o entardecer de Stepanakert. Nosso motorista, Arman, é um franco-armênio, mas não conseguimos achar muito de francês nele. Tinha ideias bem radicais, quase fascistas eu diria. Tenho certeza que ele não gostou muito de algumas perguntas provocativas que fiz, mas bem ou mal acabava respondendo.

Ministério das relações exteriores

Reconhecido por poucos, mas é um país! Ou não?!

Florida

Flores e o palácio presidencial

Acabamos indo dormir na casa dele em Shushi, poucos quilômetros dali. Shushi já foi uma grande cidade, mas foi destruída na guerra. Lá era o centro da cultura azeri no Nagorno-Karabakh, portanto a sua população reduziu drasticamente. Algumas atrações como o antigo forte, igrejas e até uma mesquita valem a visita.

O apartamento do Arman é em um bloco soviético, estava meio que caindo aos pedaços, mas ele via como uma grande oportunidade. Tinha outros apartamentos e pretendia reformar para turistas. Morava com sua mulher a a pequena filha, que era um terror. Maltratou um gato da hora que chegamos até irmos embora, uma verdadeira peste! Dava pena. Ao contrario do gato, fomos bem tratados e alimentados. Um bom jantar regado a vinho era o que precisávamos para fechar o longo dia.

Jantar em Shushi

Jantar em Shushi

Vista do nosso quarto em Shushi

Vista do nosso quarto em Shushi

Mas nossas aventuras não tinham terminado. Logo cedo tentamos convencer o Armen a nos levar até Agdam. Não foi nem uma discussão longa, ele dizia Não, Não e Não. Impossível! Agdam é uma cidade fantasma, totalmente devastada e saqueada. Fica bem próxima da fronteira, na linha de combate, portanto proibida para estrangeiros. Ele alegava se nos pegassem ele poderia se complicar. Tentamos montar um plano B e falamos com um taxista. Ele aceitou nos levar, mas no inicio do caminho já começou com as regras: não pararia, não poderíamos baixar a janelas e não poderíamos tirar fotos. Regras demais para nosso gosto! Pedimos para nos deixar no patio dos transportes em Stepanakert mesmo. Lá fui negociar com o motorista do Lada mais velho que encontrei. Com certeza ele gostaria de fazer uma corrida mais longa. E eu estava certo! A comunicação não foi muito fácil, mas já ofereci um preço justo e fechamos negocio. Saindo de Stepanakert passamos por mais tanques abandonados, uma ou outra base militar e não demorou muito até nosso motorista nos avisar que estávamos em Agdam. Serio? Não tinha nada, só uns montes de pedra. Ele entrou no meio da “cidade” e existiam poucos vestígios das construções. Uma cidade de mais de 100 mil habitantes foi colocada abaixo. Saquearam as ruínas e retiraram tudo que poderia ser aproveitado em outro lugar. Sobrou pouco até mesmo do parque de diversões. Passamos por um ou outro posto de controle mas não nos pararam. A hora de maior adrenalina foi quando a nosso pedido ele nos levou até a antiga mesquita. Está destruída, mas os dois minaretes (Torres da mesquita) se mantem em pé, e podem ser visto de longe. Uma base militar fica logo atrás, portanto ele me vetou quando na empolgação pedi para descer. Eu queria escalar o minarete, mas realmente talvez não fosse uma boa ideia.

Mesquita

Mesquita de Agdam, uma das poucas construções em pé

Adgan, a cidade fantasma

Adgan, a cidade fantasma

De volta a Stepanakert, paramos novamente no monumento Papik Talik, e demos mais uma passeada pelo centro. Mais uma rápida passagem por Sushi e pegamos a estrada para a Armênia. Um zigue-zague pelas belas montanhas, novas discussões com nosso motorista radical, e chegamos no controle de imigração, onde entregamos nosso registro e fomos liberados.

Papik-

Papik-Talik, uma homenagem aos povos ancestrais das montanhas de NK

Stepanakert

Stepanakert

Stepanakert

Stepanakert

Propaganda por todos os lados

Propaganda por todos os lados

Registro

Registro

Depois de voltar para o Brasil, publiquei algumas fotos do Nagorno-Karabakh na internet. Não demorou muito para eu fazer parte de uma “lista negra”de pessoas que viajaram para lá. Oficialmente o Azerbaijão proíbe visitar a região que não controla. A fronteira que utilizamos é considerada ilegal. Seria a mesma coisa que entrar na Abecásia via Russia e a Geórgia ficasse sabendo. Uma pena, espero que não atrapalhe futuras visitas para lá, pois gostaria de conhecer o enclave Nakhchivan, que fica entre Armênia e Turquia.

Marcado

Na lista negra!

Armênia, o primeiro país cristão do mundo!

A Armênia foi o primeiro país a adotar o cristianismo como religião oficial do estado, algumas décadas antes de Roma. A Igreja Apostólica Armênia (que não tem ligação com Ortodoxa ou Apostólica Romana) está diretamente ligada à cultura da região e talvez por isto, além da natureza e das pessoas, Igrejas e Monastérios são as grandes atrações do país.

A “Armênia Histórica” já foi muito maior. Em certos períodos chegou a ocupar grande parte da Turquia e oriente médio. Por falar nisto, o bairro antigo de Jerusalém é dividido até hoje em quatro partes:  Cristão, Muçulmano, Judeu e Armênio.  Durante a primeira guerra mundial, os armênios foram vitimas do primeiro genocídio do seculo XX, onde mais de 1,5 milhões de pessoas foram mortos. Era o colapso do império Otomano, e os armênios buscavam uma maior independência e autonomia (eram um dos muitos povos do Império Otomano). O que conhecemos hoje como Armênia, eles consideram ser a “Armênia Oriental”. O Grande simbolo nacional, o Monte Ararat, fica do outro lado da fronteira (que alias é fechada), poucos quilômetros dali. O Monte Ararat está em estampado em posteres e calendários em qualquer estabelecimento comercial do país. É onde a Arca de Noé teria encalhado após o dilúvio. Dizem que Erevan, a capital da Armênia, foi fundada por um trisneto de Noé. Me fez lembrar que contavam Sana, capital  do Iêmen, foi fundada por Sham, filho de Noé.

Monte Ararat

Monastério Khor Virap com o Monte Ararat ao fundo. Poucos Km de Erevan

Sabia que era possível tirar o visto na fronteira, mas como meu passaporte estava “passeando”para pegar outros vistos, acabamos pegando o da Armênia (ainda no Brasil), já que antecipado era gratuito ena fonteira paga. Achamos que estaríamos agilizando nossa entrada no país e ganhando mais uns minutos de sono no trem noturno. Doce ilusão! Fomos os últimos a ser atendidos, ficamos numa fila gigante onde todos pegaram e pagara os seus vistos. Valeu a tentativa…

Erevan é uma cidade bem diferente do que eu imaginava. Não sobrou muito da parte antiga, ainda tem muitos aspectos soviéticos, por outro lado é toda moderninha com estatuas e arte na rua, além de cafés e parques lotados. É impressionante como as capitais do sul do Cáucaso Baku, Tibilisi e Erevan não tem nada a ver uma com a outra.

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Uma das grandes atrações é o monumento chamado Cascade, cheio de obras de arte por fora e por dentro. Lá de cima uma ótima vista para a cidade, com o monte Ararat ao fundo.

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Erevan com o Mt Ararat ao fundo

Erevan as 6:30 da manhã, com o Mt Ararat ao fundo 

Fomos até o memorial do Genocídio que fica no alto da montanha Tsitsernakaberd. O museu ainda está em reformas, para a cerimonia de 100 anos que acontece em 2015, mas tem uma pequena exposição. Um grande monumento, que representa as 12 províncias da “Grande Armênia”com uma chama eterna queimando no meio. Alguns jovens de uma escola se empolgaram ao nos ver e se aproximaram para matar a curiosidade, conversando, tirando fotos e aproveitando para praticar inglês.

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O cetro da Igreja Armênia fica em Echmiadzin, nos arredores de Erevan. Divertido ir até lá de lotação, quando não entendiam uma palavra do que falávamos. Muita gente, dentre fieis e turistas, caminhavam pelos jardins floridos e tentavam se proteger nas sombras, já que o calor estava muito forte. Presenciamos alguns batizados, onde famílias festivas soltavam pombos brancos. No museu, diversas relíquias, sendo a mais importante, a lança que teria furado Jesus quando ele estava na cruz.

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Confesso que nesta viagem tivemos uma overdose de igrejas e monastérios. Em todos os cantos do país tem muitos deles. Se desconsiderarmos a parte natural e o conjunto (que também era muito bonito) o monastério que mais gostamos foi Geghard. Visitamos no domingo, estava cheio de fieis. A igreja possui varias entradas para a luz, cavernas e o pessoal estava cantando, estava incrível,  dando todo um clima para o lugar! Na frente varias barraquinhas vendiam pão com nozes entre outras guloseimas.

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A ruína greco-romana de Garni ( Sec 1 ac) não fica muito longe e tem uma super vista para o belo cânion.

 

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Outra região que chama a atenção por sua beleza é o Lago Sevan. O monastério Sevanavank (ano 874) com o lago ao fundo, pequenos vilarejos, Noratus com as Khachkar, famosas cruzes tradicionais armênias.

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De lá fomos para o Nagorno-Karabakh, mais um dos Países Que não existem. Paramos em Vardenis, uma vila toda empoeirada, onde compramos mantimentos antes de encarar a longa estrada pela montanha. Mas isto eu conto mais para frente, em outro post.

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Depois de visitar o Nagorno-Karabakh, fomos até Goris, cidadezinha perdida no meio de um cânion. Nosso destino final era um monasterio alguns quilômetros mais para frente, o Tatev.

Goris

Goris

Para chegar lá, precisa pegar o Wings of Tatev, que afirmam ser o teleférico mais longo do mundo. Confesso que já estava um pouco de saco cheio de visitar igreja. Queria ter mais contato com pessoas, escutar histórias, fazer amizade. Por outro lado a natureza de toda a Armênia é belíssima, então forma todo um ambiente, um conjunto especial para todos estes monastérios. Por dentro o Tatev não se difere tanto dos outros que visitamos, mas fica pendurado na beira de um penhasco, num visual incrível!! Ficava só imaginando como seria a época em que foi construído, no século 9, e na idade média, quando funcionou como universidade.

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Tatev

Tatev

Me despedi do Leo, Khouri e Marcelo que seguiriam para o Irã, país que visitei anos atrás. Eu peguei estrada para Erevan, de onde iria para Tibilisi-Geórgia, para pegar o voo para casa.

Armênia

Pegando estrada

A viagem até Erevan era longa, cheia de curvas. Já anoitecia quando paramos para rebocar um senhor com o carro estragado. Indaguei o motorista se não era perigoso parar na beira da estrada. Ele sorriu e disse:  “não estamos no Brasil, este senhor precisava de ajuda”. Já bem mais tarde, passamos ao lado do enclave de Nakhchivan, um pedaço do Azerbaijão que fica entre a Turquia e Armênia. Paramos o carro para ele me mostrar uma “parede”, um monte de terra de metros de altura que beirava a estrada. Para os “Snippers”(atiradores) não atacarem os carros, dizia. Logo soldados apareceram, mas me autorizaram a ver a vala que acompanha esta muralha. Um buraco gigantesco para impedir a invasão de tanques. Um pouco para frente está a fronteira com a Turquia, também bastante sensível, e que até hoje é controlada pelos Russos (o tratado é herança soviética, mas recentemente foi prorrogado). Realmente não é Brasil, mas em ambos os casos, sempre fica mais fácil apontar o problema dos outros…

República da Geórgia

A Georgia funcionou como hub para eu visitar os países vizinhos e acabei entrando e saindo quatro vezes no país. De certa maneira isto fez com que eu me sentisse meio que intimo, quase em casa por ali. Até o formato todo original das letras do alfabeto georgiano não me eram mais estranhas.

Georgiano

Hã?!

 

Comentei que a região que mais gostei na Geórgia foi Svaneti, que fica no meio das montanhas. Mas tem muitas outras coisas interessantíssimas no país. A capital, Tbilisi, é bonita, interessante e cheia de contrastes. Prédios em blocos soviéticos no seus subúrbios, uma cidade velha que esta sendo restaurada rapidamente no centro, e cercada por construções modernas. Bem no meio da Geórgia, ótimo ponto de apoio para visitar outras atrações. E os turistas sabem disto. Impossível não observar nas ruas vários estrangeiros. No metro sempre tinham vários grupos de jovens com suas mochilas. Se no Brasil a Georgia não é um destino tão popular, os europeus já descobriram…

A cidade velha é um charme. Apesar do grande investimento que fazem no país, ainda é relativamente autentica. Uma parte bem turística, contrasta com casas lindas caindo aos pedaços poucas quadras dali. No meio de tudo isto, dezenas de casas sendo reformadas para se tornarem hotéis, restaurantes e cafés. Tem tudo para se tornar um destino turístico muito popular.

 

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O forte Narikala fica no topo de Tbilisi, onde é possível chegar de teleférico e ter uma ótima vista da cidade. Um pouco mais para o lado tem um funicular. Diversas pontes, de diversos estilos, atravessam o rio Mtkavari que corta a cidade. O palácio presidencial e a catedral Sameba também tem seu destaque em Tbilisi.

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Carros modernos nas ruas e jovens que baixíssimos salários. Cafés descolados na rua Rustaveli e mulheres tradicionais nas igrejas. Tudo parece um verdadeiro conflito de ideias e ideais.

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Mulheres cobrem a cabeça para entrar nas Igrejas Ortodoxas

Bem perto de Tbilisi fica a antiga capital do “Reino da Ibéria”, Mtskheta. Pequena, charmosa com suas ruas de pedra, é um lugar muito agradável e bonito para se visitar. Lugar sagrado para a Igreja Ortodoxa, é onde a Sta Nino (que saiu da Capadócia) teria convertido o Rei Mirian III no início do seculo 4. Logo após a conversão, o Rei Miriam III tornou o cristianismo a religião oficial de toda a região.

 

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O cristianismo está diretamente ligado com a cultura e a história da Geórgia. Muitos dos atrativos da região tem relação com a religião. Pegamos um microonibus até a região desértica de Kakheti, bem perto da fronteira com a Azerbaijão. Lá está o Monastério David Gareja, ativo até hoje, que possui um complexo de centenas de células monásticas em cavernas. Na verdade parte do complexo deste monastério está em terras azeris, o que gera uma disputa territorial até hoje. Simpáticos soldados azeris controlam a linha da divisa para que nenhum maluco saia caminhando deserto a dentro.

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Quando comentei em outro post que subi a Military Highway sentido Kazbegi e Ossétia do Norte, acabei não colocando nenhuma foto do caminho.  O forte Ananuri e suas duas igrejas são só mais um na lista dos monumentos da Geórgia que fazem parte do patrimônio da Unesco.

Ananuri

Ananuri

 

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Painel com ótima vista na beira na Military Highway

Num lugar tão único e interessante como a Geórgia, não poderia faltar uma boa comida tipica!

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Gostei muito da Geórgia. Belezas naturais, cultura fortíssima, história, povo simpático e bons preços. Tipo do lugar que agrada os mais diversos estilos de viajantes. A Bibi já tinha muita vontade de ir para lá, e depois que contei algumas histórias para ela, tive a certeza de que vou voltar! O legal é que existem diversas opções de destinos. Eu adorei a região de montanhas de Svaneti, mas ainda existe Mutso, Shatili e Tusheti. Se conheci David Gareja, tem as cavernas monásticas de Vardzia, e assim por diante. Posso voltar e fazer uma viagem completamente diferente desta, mas não me incomodaria nem um pouco repetir alguns lugares tão legais 😉

Dargavs, a cidade dos mortos!

Se Dargavs, a cidade dos mortos, ficasse em algum outro país europeu, seu dia a dia seria diferente. Existiriam filas de turistas, lojinhas vendendo cartões postais, imãs de geladeira e camisetas. Barracas de comida nas proximidades disputariam os turistas a tapa. Hotéis com vista para a “cidade”, tours diários direto de Vladikavkaz, passes especiais para visitas noturnas em dias de lua cheia. Com certeza estaria listado na lista do patrimônio da Unesco e figuraria entre as principais atrações de qualquer país. Mas (para nossa sorte) não está! Ela esta perdida no meio do cáucasos, isolada, parada no tempo, cercada por montanhas de pelo menos 4 mil metros…

Saindo de Vladikavkaz, fomos sentido sudoeste, como quem iria para a Ossétia do Sul. Não tinha como não lembrar com frustração que estava tão perto deste “não-país”, mas que não poderia visitar por ter perdido a data de entrada. O Marcelo me incomodava dizendo que esta seria uma grande “mancha no meu currículo”. Depois de diversos contatos e burocracia com as autoridades da Ossétia do Sul, agora os planos eram outros.

Arredores de Vladikavkaz

Igreja ortodoxa nos arredores de Vladikavkaz

Dezenas de guindastes se destacavam nas obras de novos conjuntos habitacionais sendo construídos nos arredores de Vladikavkaz. Igrejas ortodoxas e memoriais de guerra montavam a paisagem que se tornava rural, com as imponentes montanhas do cáucasos atrás. Na parada para abastecer, carros da Ossétia do Sul nos mostravam o quanto estávamos perto deste “País que não existe”. Já conformado que não iriamos para lá, agora tentávamos achara o caminho para Dargavs.

RSO- República da Ossétia do Sul

RSO- República da Ossétia do Sul

Venda de mel

Produção e venda de mel na beira da estrada

Uma estrada simples, pequena mas relativamente bem conservada ia acompanhando uma corredeira que trazia água de desgelo. Nosso motorista, chamado “Guia” estava animado. Nunca tinha ido para “temida” Dargavs – a cidade dos mortos. Diz a lenda local que quem visita a cidade não volta vivo. Não sei se foi por isto, mas um pouco para frente paramos num local para fazer oferendas. Ele nos deu moedas e nos chamou para jugarmos numa espécie de poço. Nem pensamos duas vezes, poderíamos estar garantindo as nossas vidas, era melhor seguir o script.

Não custa nada deixar umas moedinhas

Não custa nada deixar umas moedinhas

Fomos viajando entre as belas montanhas, quando passamos por uma cidadezinha, Koban (?), relativamente bem estruturada. Fortes antigos e diversas torres tradicionais ao longo da colina. O “Guia” tentava nos explicar que era um lugar turístico, onde “muitos estrangeiros” vinham. Ok, quem sabe (como osseta) ele estava se referindo aos Russos como estrangeiros. Ele escutava animado musicas internacionais, e enquanto tocou Sting, nos questionou se não era musica brasileira. Não nos parecia muito bem informado…

Ruinas do Forte

Ruínas do Forte

Torres tradicionais

Torres tradicionais

Mudamos os trajeto, agora não seguíamos entre as montanhas e sim montanha acima. Avistamos pela primeira vez o Monte Kazbegi, o mesmo que tínhamos visto dias antes do lado Georgia. Entre uma e outra encruzilhada ficamos na duvida para onde seguir. Fomos atendidos por um simpático casal de ossetas. Mesmo Dargavs sendo tão incrível, não tinham a menor ideia de onde queríamos ir. Tivemos que mostrar uma foto para nos apontarem a direção. Antes disso a senhora fez questão de me levar até uma pequena casa de madeira próxima do rio. O Marcelo, Leo e Khouri não entendiam porque eu tinha entrado no “banheiro” com ela e demorado tanto. Na verdade era o local onde ela produzia pão para toda a vila, acho que ficaram aliviados ao saber disto. O marido, provavelmente depois de ter tomado umas doses de vodka, nos abraçava e sorria sem parar.

Monte Kazbegi visto do lado osseta-russo da fronteira

Monte Kazbegi visto do lado osseta/russo da fronteira

Esqueça

Esqueça politica, conflitos e fronteiras, o mundo é feito de pessoas!

Indicações turisticas

Sinais do turismo na região

Não estávamos longe de Dargavs, e quando chegamos ao próximo vilarejo, decidimos ir caminhando, para observarmos melhor o ambiente todo. O rio Gizeldon estava tímido, com pouca água, mas todo o vale e as montanhas dão um clima especial para o lugar.

Rio

Rio Gizeldon

Primeira vista de Dargavs

Primeira vista de Dargavs

Dargavs, a cidade dos mortos, na verdade é um cemitério. São cerca de 100 criptas, construídas entre os seculos 12 e 16. Todas as necrópoles tem uma arquitetura bem singular e uma torre solitária se destaca um pouco mais a direita.

Dargavs

Dargavs

Torre

Torre solitária

Dargavs

Criptas com as montanhas ao fundo

Vista de cima da torre

Vista de cima da torre

O silencio tomava conta do lugar. Teias de aranha comprovavam o abandono, mas a beleza de todo o conjunto nos impedia de achar algo de assustador. Até mesmo os caixões abertos e os esqueletos pareciam estar em harmonia. Moedas nas entradas de algumas tumbas são a unica marca de que existe visitação por ali.

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Uma das lendas é de que uma praga assolou a Ossétia centenas de anos atras. Dargavs teria sido construída para servir de abrigo para os doentes, que teriam vivido lá enquanto aguardavam a sua morte. Dai viria a história de que quem vai para Dargavs não volta com vida. Arqueologistas comprovam que as construções são bem mais antigas que a praga de poucos seculos atrás, que dizimou grande parte da população. De qualquer maneira não é difícil de imaginar que a praga tenha dado origem a esta superstição de não sair vivo de lá.

Dargavs

Dargavs

Teias e aranhas por todos os lados

Teias e aranhas por todos os lados

Cemitério tem que ter flor!

Cemitério tem que ter flor!

Dargavs

Dargavs

Dargavs

Dargavs

Depois de explorar toda a região por horas, procurar curiosidades, subir na torre e apreciar a vista fantástica do local, decidimos voltar. Durante o longo trajeto não fazíamos piada sobre não voltar de lá com vida. Não queríamos dar chance para o azar. Com tantas curvas, precipícios e motoristas com hábitos suicidas, demoramos para relaxar.

Visual na beira da estrada

Visual na beira da estrada

Poucas horas depois, contornamos Vladikavkaz e  nos aproximamos da fronteira da Rússia com a Geórgia. Uma fila de caminhões apareceu, nos mostramos que não teríamos tarefa fácil. Se na ida para a Ossétia o “Zico” deu um show de habilidade/contatos/proatividade, agora era a vez do “Guia” mostrar seus talentos. Furava fila, desafiava “caras de poucos amigos” e só parava quando aparecia um carro de polícia. Também tinha uns contatos por ali, o que claro que facilitou muito. Depois de varias situações, chegamos a imigração russa. Furando novamente a fila descaradamente, questionei porque ninguém reclamava. Ele só fez sinais mostrando telefones, armas e outras coisas que não entendi direito. A mafia estava conosco novamente, não seria desta vez que nos impediriam. A oficial da imigração se frustrou quando não entendemos nenhuma das perguntas que fez. Perdemos uns minutos mas logo fomos liberados.

A equipe! Agora parados em um congestionamento na "terra de ninguém", entre Ossétia (Rússia) e Geórgia

A equipe! Agora parados em um congestionamento na “terra de ninguém”, entre Ossétia (Rússia) e Geórgia

Mas não chegaríamos com tanta facilidade à Geórgia. ainda tinha toda a “Terra de ninguém”entre as duas fronteiras. Nosso motorista fez o possível e impossível, ultrapassou filas dentro de tuneis e tudo, mas uma hora tudo parou. Ficamos um bom tempo parados em congestionamentos, só observando a “mafia dos fura fila”. Nos aproximando da República da Geórgia a situação foi se normalizando. Na imigração nos olharam com certa suspeita, fizeram meia duzia de perguntas e nos liberaram. O transito fluiu e não demorou muito para chegarmos próximo de Kazbegi. A noite se aproximava e não imaginávamos ter que enfrentar um novo congestionamento, quando de repente cruzamos com milhares de ovelhas!! Uma situação no minimo inesperada, mas para falar a verdade nada mais nos surpreendia…

Congestionamento na chegada na Geórgia

Congestionamento na chegada na Geórgia

Na terra dos Vainaques

A história e costumes dos Chechenos e Inguches são muito interessantes. Eles são do povo Vainaque, descendente nos Naks que vieram da região da Mesopotâmia para o Cáucaso, mais de 10 mil anos atras. Viveram isolados nas montanhas por milhares de anos e foram se desenvolvendo como sociedade. Claro que por estarem no caminho entre o ocidente e oriente, foram influenciados pelos diversos povos que passavam e conquistaram a região, mas pertenceram com características muito únicas.

A estrutura social é bem forte. Consiste no individuo, família, grupo, clan, ramificações, alianças e a “nação”  propriamente dita (nação não tem a ver com país neste caso). Existe uma característica e um código de moral forte e definido nos povos descendentes dos Vainaques. O primeiro valor destes povos é a liberdade, depois vem a igualdade e em terceiro lugar a hospitalidade. Na republica de Inguchétia, um anfitrião é completamente responsável pelo seu hospede perante a sociedade, precisando não só proteger como atender todas as suas necessidades básicas. As estruturas democráticas destas sociedades chamou muito a atenção dos conquistadores russos, mas não os impediu que invadissem a região.

Partimos de Vladikavkaz, que hoje fica na Ossétia do Norte, mas já fez parte da Inguchétia (esta disputa já causou grandes problemas). Um pouco adiante atravessamos Beslan, cidade que teve um grande massacre dez anos atrás. Era o aniversario da data onde mais de 300 pessoas (a maioria crianças) foram mortas por terroristas em uma escola. Fomos parados para mais um controle de passaportes e acabamos desistindo de visitar o memorial. O clima estava tenso demais e não queríamos ser confundidos com jornalistas.

Vamos para onde?

Vamos para onde?

A  Inguchétia é uma das menores e mais pobres subdivisões da Federação Russa. Viajávamos por paisagens rurais e quase não percebemos quando passamos pela maior cidade, Nazran. Nazran foi a capital até o ano 2000, quando construíram o centro administrativo nos seus arredores, aproximadamente no local da histórica Magas, que havia sido destruída em 1239 pelos mongóis. Hoje a pequena Magas é a capital da República da Inguchétia.

Bem vindos à Inguchétia

Bem vindos à Inguchétia

Quando passamos por mais um memorial, não nos aguentamos e paramos. Durante a segunda guerra mundial, os inguches e chechenos foram acusados de colaborar com os nazistas. Stalin deportou quase metade da população para a Ásia Central e Sibéria, o que ocasionou a morte de muitos deles . Um memorial muito bem montado, com as devidas homenagens aos heróis e aos mortos, com a chama eterna bem na frente de uma torre tradicional Inguch. Tanques, estatuas, fotografias e lista de nomes completavam o senário.

Torres Inguches

Torres Inguches

Heróis de gerra

Heróis de gerra

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Praça no memorial

Praça no memorial

Seguimos nossa viagem pela pequena estrada cheia de agricultores vendendo seus produtos no acostamento. Nosso motorista ia em alta velocidade, ou tinha pressa ou gostava de correr. Tudo ia bem, até que apareceu uma mureta dividindo as pistas, marcando o inicio de uma auto estrada. Poderia ser bom, caso nosso motorista não tivesse entrado a 130 por hora na contramão. Desespero geral!! Alguns caminhões vinham no sentido oposto, estavam longe, mas também  em alta velocidade. Nosso ” Rubinho” freou, foi controlando o carro, deu um cavalo de pau, seguiu acelerando e fez nova curva forte para contornar a mureta (na frente de outros carros) e pegar a estrada no sentido correto. Eu na frente tentava falar para ele ir tranquilo e ele só olhava com uma cara de “deixa comigo”. As pessoas tem medo de atentado terrorista nestas regiões, mas é muito mais fácil morrer de acidente de carro por ali, com certeza!

Agricultores

Agricultores

Começaram a aparecer placas com a figura de Akhmad Kadyrov, líder Checheno que assinou um acordo com a Russia após a internacionalmente chamada “guerra da Chechênia”. Nos aproximávamos de Grozny, capital da Chechênia com as lembranças de imagens de uma cidade devastada por duas grandes guerras de independência. O conflito só terminou em 2009 e esperávamos ainda encontrar algumas ruínas, já que para muitos é uma das cidade mais bombardeada da história. Foi um choque. Os subúrbios são um pouco pobre, mas longe de terem entulhos e resquícios da guerra. Já o centro da cidade está completamente reconstruído. Avenidas largas, praças com jardins, shopping moderno e prédios novos. Difícil de imaginar que tão pouco tempo atras estava tudo destruído. Para ver que quando se tem vontade politica e dinheiro, as coisas andam. Falam em um investimento de mais de 5 bilhões de dólares na região. Pelo jeito a Russia não quer perder a Chechênia de forma alguma. Conversando com amigos russos, eles diziam que Grozny era uma das cidades mais seguras de toda a Russia. Senário completamente diferente dos períodos de guerra quando centenas de milhares de pessoas morreram, ou da curta independência, quando 176 pessoas foram sequestradas somente em 1998.  Apesar da informação de segurança, não deixava de ter uma certa tensão no ar, talvez até pelo nosso inconsciente.

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Herói para uns, traidor para outros.

Igreja Ortodoxa

Igreja Ortodoxa

Shopping

Shopping e mulheres chechenas

Avenidas

Difícil de imaginar que a poucos anos a cidade estava toda destruída.

Uma igreja ortodoxa era protegida por soldados, estes também espalhados por regiões estratégicas da cidade. Saímos para conhecer a cidade e nosso motorista parecia bem animado, era a primeira vez dele por ali também. Tentávamos tirar fotos discretamente para não acabarmos na delegacia como na Ossétia do Norte, mas nosso problema ali foi outro. Eu e o motorista eramos os únicos de calça comprida. Devido o calor o Leo, khouri e Marcelo estavam de bermuda. Eu lembro muito bem quando fui atravessar o continente africano que me recomendaram usar calça. Na época eu não entendi direito, pois pareceria um estrangeiro de qualquer maneira. Mais para frente compreendi que a bermuda chama muito a atenção, e pode ser considerada ofensiva em algumas sociedades. No Paquistão em pleno Ramadã, para meu desespero, meu cunhado insistia em usar bermuda. Nunca tivemos nenhum problema, mas não foi o caso na Chechênia. Mal iniciamos nossa caminhada e um grupo de jovens gritou alguma coisa de forma agressiva de dentro de um carro. Como não entendemos nada, ignoramos. Mais adiante, atravessando a ponte, já próximos da mesquita, um cara parou o Marcelo e apontava para a perna dele. Gesticulava de forma não muito amigável e mostrava a sua calça. O recado estava dado. Circulamos entre os chafarizes e pela bonita praça ao redor da mesquita. Quando nos aproximamos, guardas falaram que não era permitido estar de bermuda ali. Eu e o nosso motorista entramos, não sei quem estava mais empolgado. O resto do pessoal teve que se afastar um pouco. Rodamos mais a cidade, levamos outros xingões, mas agora já sabíamos qual era o motivo. Interessante que é uma cidade bem moderna, e as pessoas que se incomodavam também aparentavam uma vida moderna, normalmente jovens. Julgamos ser muito mais uma espécie de fascismo do que uma questão religiosa ou tradicional. Talvez até uma xenofobia, algo impossível em uma região tradicional inguche ou chechena.

Teatro

Teatro Nacional

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prédios novos vistos da mesquita

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Prédios modernos

Mesquita cm a bandeira Chechena

Mesquita com a bandeira Chechena

Grozny

Grozny

Soube que existem gangues que atiram com paintball em mulheres que não cobrem a cabeça, algo que teoricamente não é obrigatório. Mas não imagine mulheres com chador ou roupas pretas. Até mesmo os lenços ou hijabs são bem coloridos. Achei muito interessante como o islamismo se desenvolveu na região, absorvendo elementos da cultura Vainaque. No interior, conservam elementos das religiões pré-islâmicas, e chamam até hoje Allah de “Dela”, nome do principal deus da religião ancestral deles.

Arredores de Grozny

Mesquita nos arredores de Grozny

O grupo separatista da Chechênia perdeu a força, principalmente devido a todos os investimentos e repressão brutal que a Russia exerce na região. A própria integração da Chechênia à Russia foi via referendo, mostrando que existe um certo apoio popular. Apesar de não existir muitos crimes urbanos, não deixa de ser uma região um pouco volátil. Atualmente os conflitos migraram mais para os vizinhos Daguestão e Inguchétia, mas confesso que não me surpreendi quando um mês depois que voltei para casa, li sobre um novo atentado a bomba no centro de Grozny, onde 5 pessoas morreram.

Entendi melhor o que nosso motorista tentava nos explicar na volta para Vladikavkaz. Ele gesticulava e falava em osseta, mostrando que Grozny era mais ou menos. Interessante ver a reconstrução, modernidade, mas segundo ele, o bom mesmo era “Goris, shashlik…”. O pessoal se divertia quando eu traduzia que ele queria nos levar para as montanhas para fazer um churrasco, que isto sim seria divertido! Pelo jeito nosso motorista tinha o mesmo gosto que eu. Apesar das cidades serem interessantes, o interior é bem mais legal! Muito bacana como é possível conversar tanto tempo e se dar bem com uma pessoa que não fala uma palavra na mesma língua que você. Eu tinha anotado umas frases em russo, mas fica a dica, as palavras em osseta, inguch ou checheno que vão arrancar sorrisos no norte do cáucaso!

Quase me matou, mas é meu amigo! ;)

Quase me matou, mas é meu amigo! 😉