A Eslovênia sempre foi a região mais rica da Iugoslávia. Era uma nação bastante industrializada, o que contrastava com a Macedônia por exemplo, que era basicamente rural na época. Com a crise dos anos 80, estas diferenças foram ficando mais marcantes. Sem a figura do Tito como lider e com a Sérvia querendo cada vez mais centralizar o poder (além da queda do comunismo no mundo todo), o futuro da Iugoslávia estava marcado. A Eslovênia foi a primeira a se declarar independente e conseguiu o feito com certa facilidade. Foi também a primeira das ex-republicas da Iugoslávia a entrar para a União Européia. Fácil de entender porquê, o país é impecável, deve agradar os mais exigentes, até mesmo aqueles que só viajam pela Europa Ocidental.
Vinhamos de carro por uma fronteira secundária com a Croácia. Paisagens rurais, com pequenas cidades e igrejinhas no topo de montes davam todo um charme. Chegando em Liubliana, capital do país, não foi difícil ir até o nosso hostel. Mesmo sendo a capital do país, sua população não chega a 300 mil habitantes.
Ficamos hospedados no Metelkova Mesto, um bairro, ou melhor uma pequena “cidade” (Mesto) independente. Tudo começou com o a independência da Eslovênia da Iugoslávia, quando um quartel do exercito iugoslavo abandonado foi invadido. Anarquistas criaram um centro cultural autônomo, com regras e leis próprias. Existem galerias de arte, estúdios, escritórios e muitos bares. No local onde era a cadeia hoje fica um hostel, muito bom por sinal! Não ficamos nos quartos com grades pois eram mais caros, mas estão lá para quem quiser ter a experiência!
Ansiosos, saímos de noite mesmo para o centro histórico, sem mapa nem nada. Impossível de se perder, com um castelo no alto de uma colina, que pode ser visto de toda a cidade. A região antiga, impecável, com luzes no chão na sua praça principal (Preseren). As famosas três pontes refletindo no canal, a igreja de São Francisco e o castelo iluminado, dão todo um clima para a cidade.
De dia deu para ter uma outra perspectiva. Ao lado das pontes e prédios históricos, muito grafite, arte de rua. Jovens andando de bicicleta, cafés e fios de luz com muitos tênis pendurados. A cidade é charmosa, muito simpática. Apesar do estilo moderninha, me pareceu que falta um pouco de vida, sei lá. De qualquer forma uma delícia de caminhar e explorar a pequena cidade. Encontramos com uma amiga da minha irmã que mora lá, e fomos tomar um café no terraço de um prédio. Vista incrível para toda a cidade, o castelo e os Alpes Julianos do outro lado.
De Liubliana passamos rapidamente pela pequena Skofia Loka, evitamos novamente as auto estradas, subimos as montanhas, atravessamos passes e pequenos vilarejos até chegar no Lago Bohinj, no Parque Nacional Trigav. Paramos em diversos pontos, caminhamos pelo bosque que tinha um tapete de folhas. Lugar lindo, calmo, somente com patos e algumas canoas para dar algum movimento para a paisagem. Poucos quilômetros dali fica Bled, uma das maiores atrações do país. É praticamente um cartão postal, uma pintura que saiu de um livro de conto de fadas. Um lago, onde tem uma ilha com uma igreja. Um penhasco com um castelo no topo. Tudo isto cercado por montanhas nevadas. Uma paisagem perfeita! Claro que um lugar destes vai atrair muitos turistas, tem uma boa infraestrutura, mas ainda é possível percorrer trilhas para ter uma vista incrível de cima da montanha sozinho!
É possível dar a volta completa no lago, apreciando por todos os ângulos, subir no castelo e ir até a ilha. Mas o melhor visual vai ser de cima mesmo (trilha ao lado do camping é ótima, acho que é a #6). Além disto, ainda tem outras grandes atrações na região, como Vintgar Gorge. São quase dois quilômetros de passarelas estreitas ao longo de uma fenda na rocha, com corredeiras. Muito legal!!
Uma noite fomos jantar e com um inglês macarronico a garçonete perguntou de onde eramos. Ao responder, ela falou o obvio: “Brazil?! Cool, football!” e saiu. Choramos de dar, risada. Com influencia da boa cerveja eslovena foi muito mais engraçado.
A Eslovênia não terminou por aí. Como o país é pequeno, é bem rapidinho de ir de um lugar para outro. Fomos até Kranjska Gora, estação de esqui já ao lado da fronteira com a Áustria e Itália. Depois de intermináveis curvas e um zigue-zague, chegamos ao topo do passe, com uma excelente vista dos Alpes Julianos. Pessoas subiam as montanhas com esquis na costas para depois aproveitar o remanescente de neve que ainda tem. Passamos por campos floridos e lindos lagos até chegar na fronteira com a Áustria que pretendíamos utilizar. Estava fechada devido a obras na pista. Tivemos que fazer um pequeno desvio via Itália, quinze quilômetros para frente, onde deixamos este lindo país!