Depois de rodar mais de 4000 km na África do Sul, cheguei ao parque Kalagadi, na tríplice fronteira A.Sul-Botsuana-Namíbia. Ficamos alguns dias fazendo Games (Safaris) e logo vimos que não era tao fácil ver os principais animais. Tem que ter muito paciência, principalmente nestes parques grandes onde não tem uma superpopulação de animais.

Kalagadi Park
Entramos na Namibia pela fronteira Mata-Mata, e após rodar alguns KM, acampamos ao lado da estrada mesmo.

Camping na estrada
Atravessamos o que restava do Kalahari, todo o deserto do Karoo acampando onde dava, pois praticamente não tinham cidades. A Namíbia é um pais muito grande, com uma população de pouco mais de 2 milhões de habitantes. As poucas cidades que tinham, eram minúsculas, portanto não podia fazer nenhum contato com o Brasil, o que me deixou preocupado.
O deserto do Karoo é um plato, onde o horizonte se perde em todas as direções, e que muda muito ao se aproximar do deserto da Namibia, todo montanhoso e com dunas. Já no deserto da Namíbia acampamos o mais perto possível de Sossiusvlei, um dos cartões postais mais famosos da Namíbia, com suas dunas vermelhas intermináveis. Show de bola!!!

Dunas

Dunas
Depois de passar um tempo nesta região, saímos rumo a Swakopomund, mas a Landy estragou novamente (estava indo tão bem…) perto de Solitaire (procurem no Google Earth). Uma “cidade” com umas 5 casas, um Lodge, um posto de gasolina e uma padaria. Tinha uma lua cheia incrível, e não foi tao ruim ficar no Deserto mais uma noite.

Lua Cheia em Solitaire
Agoniado pois não tinha como passar notícias para a Bibi, pensei em abandonar a “expedição” pela primeira vez, tinha decidido que se não saíssemos no dia seguinte (parecia um problema sério) seguiria de carona, pois não tinha transporte coletivo. Inacreditavelmente deu tudo certo, o que surpreendeu até ao Piter.
Passamos por uns Pass muito bonitos, e chegamos a uma reta interminável, totalmente plana, mas ainda com estrada de terra. Rodamos muitos KM até chegarmos em Swakopomund. Os ventos gelados do atlântico sul, ao encontrarem com o deserto, causam um fog muito forte. Ficou tudo nublado, e frio, parecendo o leste europeu em Janeiro.
Mas as coincidências não param por aí. Até a primeira guerra mundial, a Namíbia era parte da Alemanha, e se chamava German South West Africa (ficou sob o domínio da Af. do Sul depois disto até a independência em 1990), portanto possui incríveis semelhanças com a Alemanha. Entendi plenamente o que o Lula quis dizer ” … Nem parece Africa,” quando se referia a Namíbia.
Arquitetura toda europeia, ruas todas limpas, tudo organizado. Claro que nao se pode generalizar ” Africa ” como um todo, mas muitas cidades aqui parecem com a Europa e não com a Africa. Ou vcs acham que Blumenau é a cara do Brasil?

Swakopomund
Dizem que Luderitz e ainda mais tradicional, mas acabamos não passando por lá. Foi de lá que Almyr Klink saiu com seu barco a remo para atravessar o atlântico (Cem dias entre o céu e o Mar).
Termino este post com uma frase dele, inspiração para qualquer viajante:
“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”
Amyr Klink