Expresso do Ocidente!

A Turquia tem uma localização que foi muito importante ao longo da historia. Sempre foi a porta de entrada do “oriente”, do desconhecido, dos “outros” que não eram da Europa. Longas rotas comerciais, como a China, iniciavam ali. Passou a ter grande importância quando o imperador romano Constantino mudou a capital romana para a renomeada Constantinopla. Com o tempo o Império Romano se separou, e a parte oriental passou a se chamar Império Bizantino, e manteve seus domínios por muito, muito tempo. Chegaram os otomanos e turcos, e outro poderoso império se estabelecia. Mudava nome, povo e religião, mas não a importância da região. A Turquia propriamente dita, se formou apos a primeira grande guerra, e muito tempo depois, continuava fazendo parte das grandes rotas. Os hippies não gostavam só de sexo, drogas e rock and roll, eles gostavam também de uma grande viagem. Uns iam em suas kombis coloridas, outros pegavam o famoso trem Expresso do Oriente, que ligava a Europa a Istambul. Nos viemos na contramão desta rota. Ao invés de Istambul ser a porta de entrada para o “oriente”, para nos era a porta de saída.

Estávamos um pouco na duvida se realmente valia a pena enfrentar tantas horas de estrada para ir ate Palmukale. Sim, era mais um lugar listado como patrimônio da Unesco, porem metade da Turquia ‘e, alias, o pais todo devia ser listado, daí já acabava com esta historia. Chegamos depois de uma conexão, e ficamos num hotel gostoso na pequena cidade. O calor era grande, e só a piscina e a brisa do gostoso terraço para aliviar. Do próprio hotel tínhamos vista para as montanhas brancas. No dia seguinte, já bem no final de tarde ‘e que nos aventuramos ir ate la, e a temperatura continuava castigando. Pelo menos o caminho todo se anda com água escorrendo das piscinas naturais e artificiais. Nem todos os Travertines estão ativos. Algumas áreas cortaram a água por motivos de conservação. A vista la de cima ‘e muito bonita. De um lado montanhas com a pequena Pamukale, na nossa frente todas aquelas formações brancas com água escorrendo, e do outro as ruínas de Hierapolis, antiga cidade Romana. Caminhamos, nos molhamos bastante, mas claro que o ponto alto foi com o sol se pondo, já bem depois das oito, com as mudanças de cores. Descemos com calma e ainda fomos jantar num restaurante de frente para a montanha, que recebe toda uma iluminação a noite. Muito gostoso!

De la fomos para Selcuk, que fica perto da praia novamente, mas nosso interesse era outro. Iriamos visitar as ruínas da cidade de Efeso. Ruínas romanas em bom estado de conservação, citada na Bíblia diversas vezes, inclusive tendo um trecho do novo testamento que ‘e a “Carta aos Efesos”. Pegamos um ônibus para uns poucos quilômetros, mas mesmo assim ainda teríamos que caminhar sob um sol escaldante. Por nossa sorte um motorista de uma van parou, nos deu carona e garrafas de água!! Claro que algum turista estava pagando por isto, mas muito simpático da parte dele. Do que restou da cidade, duas partes chamam mais atenção: o teatro, que apesar de ser o quinquagésimo teatro romano que vemos, tinha capacidade para 25000 pessoas, e a arquitetura do que sobrou da biblioteca, muito bonita. Mesmo com o sol forte tava lotado de gente, inclusive brasileiros. Aproveitamos para ir ate a casa de Nossa Senhora, que fica numas colinas não muito longe dali. Ela teria vindo com o Apostolo João para a região depois da morte de Jesus. Uma pequena capela onde acharam escavações, clima tranquilo, fonte de água e parede com muitos agradecimentos e pedidos enrolados em guardanapos.

Efesos

Nossos pedidos e agradecimentos estao juntos!

Nos aventuramos mais pela culinária turca, e caminhamos pelas ruas de Selcuk. Existe uma imponente cidadela numa montanha, e em frente os restos da Basílica de São João, onde o Apostolo teria escrito o Evangelho e sido sepultado depois de morto.

Selcuk

Estávamos tentando achar alguém no couchsurfing para nos hospedar, mas não estava dando muito certo. Todos que entravamos em contato já tinham algum para os próximos dias. Resolvi apelar para o “emergency couch” e surgiram duas pessoas. Uma que deixaria o apto para nos pois iria viajar, e outro que disse que não nos deixaria ir para outro lugar, pois estava largando o emprego em duas semanas e indo para o Leste da Africa e depois para o Brasil. A sorte estava lancada. Na longa viagem noturna ate Istambul, usei o wi-fi do ônibus para acertar os últimos detalhes do encontro. Chegamos pela manha e ficamos tomando um café ate nosso anfitrioa chegar. Pegamos um trem ate a casa dele onde comemos um café da manha Turco. Nos que vinhamos nos impressionando com o desenvolvimento da Turquia, estranhamos a quantidade de lixo acumulada nas ruas, e os transportes não serem tao modernos (talvez por serem existirem a mais tempo que nas cidades que passamos antes). Logo vimos que desta vez havíamos acertado em cheio no couchsurfing. Nosso anfitrião era muuito gente boa!!! Demos uma descansada e depois ficamos conversando o dia todo com o Mehmet e dois de seus amigos. Saímos só para comprar algumas coisas, mas comemos e passamos o dia todo em casa. Quando nos demos conta já era madrugada!!

Nosso primeira volta pela cidade foi com o Mehmet, pois ele estava de folga, e foi bom para nos localizarmos e aprendermos sobre o transporte. Fomos com ele na Universidade de Istambul, pois precisava pegar um documento. Lembrou muito a UFPR. Caminhamos ate o Grand Basar, mas já de cara não nos seduziu. Depois de tantos souqs autênticos, este não teve a menor graça. Fomos ate a grande Mesquita Azul, com todos os seus minaretes, e continuamos caminhando. Pulamos varias “atracões” pois sabíamos que voltaríamos outro dia. Ainda no Sultanahmet tomamos uma bebida que parecia a água avinagrada de conservas de pepino e de sei la o que (nabo?). Não da para falar que e bom, mas valeu para saber que existe. Atravessando a ponte, já subindo sentido a Galata Tower, já dava para ver que era a parte mais moderninha da cidade. Lojas estilosas, alguns cafés, ate chegar no grande calcadão Istiklal Caddesi. Ali tem de tudo, butecos nas ruas laterais, mercado de peixe, restaurantes mais caros, outros simples e gostosos. Da para comer cabeça de bode em qualquer canto. Algumas lojas de roupas e quinquilharias antigas bem estilosas e o trenzinho antigo ainda funcionando. Tudo lotado, de turista mas também de turcos. Fomos no cafe/bar preferido da turma do Mehmet e ficamos um bom tempo la. Ainda passamos pelo bairro dos artistas, onde compramos algumas coisas e paramos num gramado no topo de um barranco, com vista para toda a Istambul, com seus prédios e mesquitas iluminados. Muito show.

Mesquita Azul

Galata

Sultanahmet

Istiklal

Com o Mehmet trabalhando nos dias seguintes (ele dorme no trabalho), ficamos com a casa só para nos. Ele nos deu sua própria chave. A Bibi matou a saudades de cuidar de casa, cozinhou, limpou como se fosse dela. Fomos em alguns lugares básicos que não havíamos estado, como a impressionante Aya Sofia, Igreja que virou mesquita e depois museu. Pena que esta tendo o “Istambul, capital europeia da cultura 2010” e tava em reforma. Interessante ver os antigos mosaicos cristãos (que no passado estavam encobertos) junto com escritas muçulmanas. A construção e muito bonita, e por dentro e incrível. A basílica cisterna e bacana, consigo me imaginar empolgado la, com as colunas e barulho de gotejamento, caso tivesse menos gente, mas infelizmente estava muito craudeado! Domingo e dia de parque, então fomos ao Topkapi, onde estendemos um lençol de baixo das arvores, em frente ao Palácio, e curtimos o lugar. Ainda retornamos para a região do Taksim, mas não para caminhar, só para sentar num café de frente para a rua e ficar vendo o movimento. Istambul e a maior cidade da Europa, mas depois de tanto caminhar, pegar ônibus e trem, nos sentíamos em casa, e nem parecia estar numa metrópole tão grande.

Aya Sofia

Basilica Cisterna

Domingo no parque!

nhanham…

A nova folga do Mehmet chegou, e resolvemos ir para o lado asiático da cidade. Como viajaríamos a noite, saímos com as mochilas e deixamos na casa do Erai, um amigo que mora na parte mais central da cidade. Pegamos o ferry e fomos curtindo a vista. Andamos por cafés, lojinhas e mercados. Definitivamente a parte de Anatólia e bem mais “pura” que a parte europeia de Istambul. Caminhamos ate um bairro chamado Moda, onde fizemos um piquenique. Nos perdemos no tempo conversando, pois o sol se poe perto das nove horas, e tivemos que correr na volta para não perder o trem. O nome do trem era outro, mas não tínhamos como não pensar que estávamos pegando o Expresso do Ocidente!

OBRIGADO AMIGOS!