Expresso do Ocidente!

A Turquia tem uma localização que foi muito importante ao longo da historia. Sempre foi a porta de entrada do “oriente”, do desconhecido, dos “outros” que não eram da Europa. Longas rotas comerciais, como a China, iniciavam ali. Passou a ter grande importância quando o imperador romano Constantino mudou a capital romana para a renomeada Constantinopla. Com o tempo o Império Romano se separou, e a parte oriental passou a se chamar Império Bizantino, e manteve seus domínios por muito, muito tempo. Chegaram os otomanos e turcos, e outro poderoso império se estabelecia. Mudava nome, povo e religião, mas não a importância da região. A Turquia propriamente dita, se formou apos a primeira grande guerra, e muito tempo depois, continuava fazendo parte das grandes rotas. Os hippies não gostavam só de sexo, drogas e rock and roll, eles gostavam também de uma grande viagem. Uns iam em suas kombis coloridas, outros pegavam o famoso trem Expresso do Oriente, que ligava a Europa a Istambul. Nos viemos na contramão desta rota. Ao invés de Istambul ser a porta de entrada para o “oriente”, para nos era a porta de saída.

Estávamos um pouco na duvida se realmente valia a pena enfrentar tantas horas de estrada para ir ate Palmukale. Sim, era mais um lugar listado como patrimônio da Unesco, porem metade da Turquia ‘e, alias, o pais todo devia ser listado, daí já acabava com esta historia. Chegamos depois de uma conexão, e ficamos num hotel gostoso na pequena cidade. O calor era grande, e só a piscina e a brisa do gostoso terraço para aliviar. Do próprio hotel tínhamos vista para as montanhas brancas. No dia seguinte, já bem no final de tarde ‘e que nos aventuramos ir ate la, e a temperatura continuava castigando. Pelo menos o caminho todo se anda com água escorrendo das piscinas naturais e artificiais. Nem todos os Travertines estão ativos. Algumas áreas cortaram a água por motivos de conservação. A vista la de cima ‘e muito bonita. De um lado montanhas com a pequena Pamukale, na nossa frente todas aquelas formações brancas com água escorrendo, e do outro as ruínas de Hierapolis, antiga cidade Romana. Caminhamos, nos molhamos bastante, mas claro que o ponto alto foi com o sol se pondo, já bem depois das oito, com as mudanças de cores. Descemos com calma e ainda fomos jantar num restaurante de frente para a montanha, que recebe toda uma iluminação a noite. Muito gostoso!

De la fomos para Selcuk, que fica perto da praia novamente, mas nosso interesse era outro. Iriamos visitar as ruínas da cidade de Efeso. Ruínas romanas em bom estado de conservação, citada na Bíblia diversas vezes, inclusive tendo um trecho do novo testamento que ‘e a “Carta aos Efesos”. Pegamos um ônibus para uns poucos quilômetros, mas mesmo assim ainda teríamos que caminhar sob um sol escaldante. Por nossa sorte um motorista de uma van parou, nos deu carona e garrafas de água!! Claro que algum turista estava pagando por isto, mas muito simpático da parte dele. Do que restou da cidade, duas partes chamam mais atenção: o teatro, que apesar de ser o quinquagésimo teatro romano que vemos, tinha capacidade para 25000 pessoas, e a arquitetura do que sobrou da biblioteca, muito bonita. Mesmo com o sol forte tava lotado de gente, inclusive brasileiros. Aproveitamos para ir ate a casa de Nossa Senhora, que fica numas colinas não muito longe dali. Ela teria vindo com o Apostolo João para a região depois da morte de Jesus. Uma pequena capela onde acharam escavações, clima tranquilo, fonte de água e parede com muitos agradecimentos e pedidos enrolados em guardanapos.

Efesos

Nossos pedidos e agradecimentos estao juntos!

Nos aventuramos mais pela culinária turca, e caminhamos pelas ruas de Selcuk. Existe uma imponente cidadela numa montanha, e em frente os restos da Basílica de São João, onde o Apostolo teria escrito o Evangelho e sido sepultado depois de morto.

Selcuk

Estávamos tentando achar alguém no couchsurfing para nos hospedar, mas não estava dando muito certo. Todos que entravamos em contato já tinham algum para os próximos dias. Resolvi apelar para o “emergency couch” e surgiram duas pessoas. Uma que deixaria o apto para nos pois iria viajar, e outro que disse que não nos deixaria ir para outro lugar, pois estava largando o emprego em duas semanas e indo para o Leste da Africa e depois para o Brasil. A sorte estava lancada. Na longa viagem noturna ate Istambul, usei o wi-fi do ônibus para acertar os últimos detalhes do encontro. Chegamos pela manha e ficamos tomando um café ate nosso anfitrioa chegar. Pegamos um trem ate a casa dele onde comemos um café da manha Turco. Nos que vinhamos nos impressionando com o desenvolvimento da Turquia, estranhamos a quantidade de lixo acumulada nas ruas, e os transportes não serem tao modernos (talvez por serem existirem a mais tempo que nas cidades que passamos antes). Logo vimos que desta vez havíamos acertado em cheio no couchsurfing. Nosso anfitrião era muuito gente boa!!! Demos uma descansada e depois ficamos conversando o dia todo com o Mehmet e dois de seus amigos. Saímos só para comprar algumas coisas, mas comemos e passamos o dia todo em casa. Quando nos demos conta já era madrugada!!

Nosso primeira volta pela cidade foi com o Mehmet, pois ele estava de folga, e foi bom para nos localizarmos e aprendermos sobre o transporte. Fomos com ele na Universidade de Istambul, pois precisava pegar um documento. Lembrou muito a UFPR. Caminhamos ate o Grand Basar, mas já de cara não nos seduziu. Depois de tantos souqs autênticos, este não teve a menor graça. Fomos ate a grande Mesquita Azul, com todos os seus minaretes, e continuamos caminhando. Pulamos varias “atracões” pois sabíamos que voltaríamos outro dia. Ainda no Sultanahmet tomamos uma bebida que parecia a água avinagrada de conservas de pepino e de sei la o que (nabo?). Não da para falar que e bom, mas valeu para saber que existe. Atravessando a ponte, já subindo sentido a Galata Tower, já dava para ver que era a parte mais moderninha da cidade. Lojas estilosas, alguns cafés, ate chegar no grande calcadão Istiklal Caddesi. Ali tem de tudo, butecos nas ruas laterais, mercado de peixe, restaurantes mais caros, outros simples e gostosos. Da para comer cabeça de bode em qualquer canto. Algumas lojas de roupas e quinquilharias antigas bem estilosas e o trenzinho antigo ainda funcionando. Tudo lotado, de turista mas também de turcos. Fomos no cafe/bar preferido da turma do Mehmet e ficamos um bom tempo la. Ainda passamos pelo bairro dos artistas, onde compramos algumas coisas e paramos num gramado no topo de um barranco, com vista para toda a Istambul, com seus prédios e mesquitas iluminados. Muito show.

Mesquita Azul

Galata

Sultanahmet

Istiklal

Com o Mehmet trabalhando nos dias seguintes (ele dorme no trabalho), ficamos com a casa só para nos. Ele nos deu sua própria chave. A Bibi matou a saudades de cuidar de casa, cozinhou, limpou como se fosse dela. Fomos em alguns lugares básicos que não havíamos estado, como a impressionante Aya Sofia, Igreja que virou mesquita e depois museu. Pena que esta tendo o “Istambul, capital europeia da cultura 2010” e tava em reforma. Interessante ver os antigos mosaicos cristãos (que no passado estavam encobertos) junto com escritas muçulmanas. A construção e muito bonita, e por dentro e incrível. A basílica cisterna e bacana, consigo me imaginar empolgado la, com as colunas e barulho de gotejamento, caso tivesse menos gente, mas infelizmente estava muito craudeado! Domingo e dia de parque, então fomos ao Topkapi, onde estendemos um lençol de baixo das arvores, em frente ao Palácio, e curtimos o lugar. Ainda retornamos para a região do Taksim, mas não para caminhar, só para sentar num café de frente para a rua e ficar vendo o movimento. Istambul e a maior cidade da Europa, mas depois de tanto caminhar, pegar ônibus e trem, nos sentíamos em casa, e nem parecia estar numa metrópole tão grande.

Aya Sofia

Basilica Cisterna

Domingo no parque!

nhanham…

A nova folga do Mehmet chegou, e resolvemos ir para o lado asiático da cidade. Como viajaríamos a noite, saímos com as mochilas e deixamos na casa do Erai, um amigo que mora na parte mais central da cidade. Pegamos o ferry e fomos curtindo a vista. Andamos por cafés, lojinhas e mercados. Definitivamente a parte de Anatólia e bem mais “pura” que a parte europeia de Istambul. Caminhamos ate um bairro chamado Moda, onde fizemos um piquenique. Nos perdemos no tempo conversando, pois o sol se poe perto das nove horas, e tivemos que correr na volta para não perder o trem. O nome do trem era outro, mas não tínhamos como não pensar que estávamos pegando o Expresso do Ocidente!

OBRIGADO AMIGOS!

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Terra Santa, terra de disputas e guerras.

Israel/Palestina, estão sempre nas noticias sobre disputas religiosas e territoriais. A terra santa e disputada a seculos. Algumas cidades da região são habitadas a 6,8 mil anos, onde muita historia se passou. Muitos povos e religiões diferentes alternaram o domínio da região, dependendo do período histórico. Ate houveram alguns períodos onde se viviam lado a lado sem problemas, mas o mais comum foram as disputas. Jerusalém e sagrada para Judeus (terra prometida, onde foi erguido o templo de Salomão, do qual resta o muro das lamentações), Cristãos (onde Cristo foi crucificado e ressuscitou) e Muçulmanos (terceira cidade mais sagrada para os muçulmanos, depois de Mecca e Medina. Foi aqui que Maomé subiu aos céus para falar com Alah num sonho).

Pegamos um táxi para a fronteira com Israel/Palestina com aquela apreensão, e a certeza de que se tudo desse certo, teríamos que no minimo ficar algumas horas ali. Acabamos tendo que esperar mais tempo do lado da Jordânia que em Israel/Palestina. Chegamos junto com dezenas de palestinos, e fomos nos posicionando para despachar a bagagem que seria vistoriada, passamos por raios-x e tivemos o passaporte verificado algumas vezes. Quando toda a previsão parecia se concretizar pegamos uma fila de não mais que 3, 4 pessoas e nos apresentamos na imigração. Foi rapidíssimo! Não se importaram quando respondi que não tinha hotel reservado nem passagem de volta. Comentei que iriamos ate a Turquia passando pela Síria (a Bibi ainda lembrou do Líbano, sem causar nem uma mudança no tratamento) e a simpaticíssima agente da imigração ofereceu para carimbar a entrada num papel separado. Eu e a Bibi só nos olhamos tipo: “ta bom, tão fácil assim!?!” Dali até Jerusalém foi rapidinho, passando pelas auto-estradas que cruzam o território da Cisjordânia (mas que palestinos não podem usar).
O primeiro contato com a cidade também nos surpreendeu. A estrutura física da cidade antiga e bem mais legal que eu imaginava, porem a banalização e comercio turístico muito pior. Jerusalém era quase uma unanimidade entre as pessoas que encontrava na estrada. Só um amigo meu brasileiro que não gostou muito, todos amavam, falavam que era um lugar único e da forte energia do lugar…
Os preços também assustaram, mesmo sabendo que seriam caros. Opção barata só dormindo em colchoes nos terraços. Quarto com banheiro uma fortuna, e a qualidade ainda não era boa. Deu saudades dos hotéis da Índia!!! Os primeiros dias foram calmos, para reconhecer o lugar mesmo. Nada de ir ate alguma atracão especifica. Circulávamos meio que sem destino e elas iam aparecendo. Se bem que as ruas estreitas, portões, arquitetura desta cidade já são uma grande atracão. Pena estar poluída com camisetas da coca-cola escrito em hebreu, alem de outras quinquilharias que turista gosta. Fico imaginando se fossem só lojas de frutas e legumes, artigos religiosos, temperos…
Teve um dia que fomos tomar café da manha cedo e conhecemos um novaiorquino que esta fazendo um filme independente. Iniciamos assunto de religiões (ele e de origem judia, mas hoje ateu), e logo surgiu um alemão louco. Não ele não era louco, era doido varrido! Aplicava suas teses matemáticas para explicar tudo, mas tinha um bom conhecimento geral. Passamos por diversos tópicos, mas quando o assunto se voltou para família, o choro do novaiorquino frustrado foi grande. Sei que quando fomos ver já eram umas três e meia da tarde!!! Como sabíamos que iriamos voltar para Jerusalém, fomos bem com calma, experienciando o local. Claro que fomos na igreja do Santo Sepulcro, no muro das lamentações e outros pontos famosos, mas gastamos muito tempo andando para cima e para baixo e conversando com o pessoal.

Bairro Judeu

 

Ruas da cidade velha

 

mercados

Depois de um certa chantagem emocional de que não ia mais voltar para o Brasil, consegui que a mãe e o Clau viessem me visitar novamente!! Claro que eles adoram viajar, mas em cima da hora não e tão fácil. Tinha falado para nos encontrarmos na Síria, mas o feriado de corpus cristi emendado foi a solução que acharam. Desta vez deu certo da Mara, minha sogra vir junto! Não, não achei ruim tá!!! Minha sogra e gente boa!!
Israel/Palestina é pequeno, então para chegar a Tel Aviv foi rapidinho. Ficamos num hostel na Bem Yehuda, a duas quadras da praia. Curtimos o sol e o mar mediterrâneo um dia, mas depois o tempo virou e deu uma esfriada. Demos uma rodada pela cidade, que nada tem a ver com Jerusalém. Ela e moderna, descolada, tá mais para americana com influencia europeia que para oriente médio. Isto pode ser um elogio ou uma critica, dependendo do gosto de cada um. Uma cidade nova, mas com muitos prédios com cara de não cuidados. Na parte yemenita da cidade (lembram do post que contei sobre os judeus yemenitas?), perto do carmel market, é a unica região onde de longe lembra o oriente médio. Muito mais fácil e encontrar clubes tocando musica eletrônica, cafés descolados e lojas de decoração. Na praia que seria longa e reta, criaram molhes paralelos a areia, o que fez com que se criassem diversas praias. Muitos jovens, pessoal praticando esportes. Em uma parte cercada, no canto da praia, esta marcado numa placa os dias que homens e os dias que mulheres podem frequentar, contradizendo tudo que esta ao redor. No período do Shabbat (por de sol de sexta até por de sol de sábado), dia sagrado para os judeus, tem muita gente festando e bebendo em Tel Aviv. Não estou falando como errado, apenas apontando a diferença entre Tel Aviv e Jerusalém (e não que o inverso não aconteça, mas são proporções muito menores). No Brasil se festa e se bebe em qualquer feriado sagrado, mas o Brasil não e parâmetro…

Beira mar em Tel Aviv

Com a chegada da mãe, Clau e Mara, o estilo da viagem mudou um pouco. Eles tinham 9 dias para aproveitar ao máximo. Demos umas caminhadas, matamos a saudades, atualizamos um pouco os assuntos no dia que chegaram e já no dia seguinte alugamos um carro para sair por ai. Passamos pelo bairro bíblico de Jope, e depois pelo museu de design, que estava fechado, mas o prédio em si já valeu. As estradas são excelentes, e logo estávamos em Cesareia, ruínas de uma cidade romana que já foi a capital de controle nas terras palestinas. Dentre as ruínas, chamou a atenção o hipódromo bem de frente para o mar. Que vidinha que eles tinham! Passamos pelas colinas de Carmel até chegar em Haifa, onde tem um bonito jardim Bahari (religião persa). Estava tudo fechado por causa do Shabbat, mas dizem ser a cidade com melhor convivência entre os povos/religiões. Um pouco mais para o norte esta Akko, também na beira do Mar Mediterrâneo. A parte velha da cidade e muçulmana, e estava aquela bagunça, cheia de vida. Mercados, mesquitas, igreja, ruas medievais. Tinham muitas bandeiras do Brasil por todos os lados, mas uma casa se destacava. Fomos ver se não era nenhum brasileiro que morava la, mas eram só os locais se preparando para a Copa!!! Aposto que esta região ta mais enfeitada que muitos lugares do Brasil. De la uma esticada ate Tiberíades, onde ficamos numa pousada muito gostosa, afastada da cidade.

Joppe

 

Cesaria

 

Haifa

 

Akko

 

O Brasil em alta por aqui!!

Tiberíades fica na região da Galileia, e usamos de base para explorar vários locais bíblicos. Alias, não precisávamos de guia, já que em cada lugar que íamos abríamos a Bíblia e liamos a passagem que ocorreu na região. Para se seguir os caminhos bíblicos, tem que se ter consciência que nem todos os pontos indicados são originais, mas isto pouco importa, importa o que se passou e a mensagem que ficou. Porem, isto não parece ser percebido pela maioria (inclusive muuuitos grupos brasileiros que vimos), pois descem do ônibus, tiram trocentas fotos no pouco tempo que ficam no local e vão embora. Pouco importa se a igreja construída na região esta no exato local ou algumas dezenas de metros do ponto onde realmente ocorreu algo importante. Sendo cristão ou não, e impossível negar o Jesus histórico, que viveu nesta região. Depois de tanto tempo viajando por islamismo, budismo, janeísmo, sikhismo, hinduísmo, e tantas outras, foi bom chegar no berço do cristianismo.
Foram muitos locais como Igreja do Primado; Cafarnaum; Migdal; Monte das Bem Aventuranças; Nazaré e a Igreja da Anunciação; Canaã; Monte Tabor e a Igreja da Transfiguração; Rio Jordão…
Aproveitamos também para conhecer Tsafat, cidade judaica ortodoxa, conhecida pela parte do misticismo judaico, como a Cabala, por exemplo. Passeamos pela rua principal, que fica em cima das colinas (com ótima vista), e ficamos vendo as roupas, cabelos e estilo dos moradores. Nos chamou a atenção a quantidade de crianças/bebes, se confirmando o que meu amigo israelense secular havia falado sobre a taxa de natalidade entre os judeus ortodoxos.

\”Mar\” da Galileia

 

Barco da epoca de Cristo encontrado

 

Cidade Ortodoxa, centro do misticismo judaico

Bibi no rio Jordao

Comemos muito bem na pousada e o casal proprietário fazia questão de cuidar de detalhes. Antes de sairmos sempre perguntavam se tínhamos passado protetor, se tínhamos boné e avisavam para tomar muita água!!! Nos alertaram que Nazaré era “meio complicado”, para deixarmos carro em estacionamento (não vimos nada de mais), e para que não nos preocupássemos ao seguir sentido sul pela Cisjordânia, pois a auto-estrada era só para Israelenses Judeus (carros com placa amarela) e que os postos de gasolina eram de Judeus e não de palestinos (que preconceituosa!).
Atravessamos a Cisjordânia sem ver muito da região, pois os check-points e barreiras são colocados em lugares estratégicos para isto. Durante quilômetros viajamos ao lado de cercas elétricas. Voltamos a território Israelense perto do Mar Morto e seguimos ao sul ate chegar em Massada. E uma região bem desértica, com cânions e ruínas de uma grande fortaleza no topo. Na revolta dos Judeus no seculo I, eles tomaram a fortaleza dos Romanos e se defenderam como puderam. Quando viram que estavam sem saída, e que a fortaleza seria invadida, cometeram suicídio em massa. Cerca de mil pessoas morreram. No final eram 10 judeus matando o pequeno numero remanescente, e o ultimo matando os nove colegas antes de se suicidar. O local foi declarado patrimônio da Unesco e e de grande importância para os Judeus. La encontramos um simpático israelense fã de Formula 1 (Senna e Piquet) e futebol. Sabia detalhar ultrapassagens, detalhes de GP de F1, alem da escalação do time brasileiro de 70. Ficamos brincando que ele era parente da jovem oficial da imigração. Esta piada virou muito comum. Sempre que achávamos um israelense simpático falávamos que eram parentes dela, que deveriam ser da mesma família. Esta piada foi porque, na nossa experiencia, normalmente não são nem um pouco simpáticos.
De Masada ate uma praia no Mar Morto foi rapidinho. Tentamos um resort particular mas achamos que não valia a pena. Achamos uma publica que tinha toda a estrutura de chuveiros e ate vestiários, que cumpriu super bem o papel. Enquanto o pessoal foi se trocar eu já fui nadar, ops, boiar. O Mar Morto e o local mais baixo da terra, a 416 metros abaixo do nível do mar. Ele e tao salgado que o empuxo faz você boiar. Muito divertido!! Da para ver pedaços de pedras de sal. O gosto da água e horrível, e se for nos olhos você terá problemas.

Boiando no mar morto

Ficamos até o final da tarde, e quando estávamos quase saindo sentido Jerusalém, 4 jatos de guerra passaram voando super baixo, fazendo aquele barulho, e nos lembrando que estávamos em área onde a segurança pode mudar de uma hora para a outra. Poucos dias antes um navio de ajuda humanitária a Gaza tinha sido interceptado em águas internacionais, e os israelenses mataram alguns dos tripulantes.
Os dias em Jerusalém foram muito proveitosos, apesar de corridos. Fomos no Monte das Oliveiras onde tem a Igreja da Acensão (onde Jesus subiu aos céus); Igreja do Pai Nosso (com a oração escrita em 234 línguas); Basílica da Agonia; tumba da Virgem Maria, Igreja onde Jesus chorou (sempre lendo os trechos da bíblia referentes ao local).
No monte Sião, a Igreja da Negação; Igreja da Dominação, tumba do rei Davi, e o local da Santa Ceia. Levamos o pessoal pelas ruas da cidade velha, e já tínhamos ate os caminhos na cabeça de tanto que rodamos por ali. Fomos novamente ao Muro das Lamentações, e andamos pelos bairros Judeu, Cristão, Armênio e Muçulmano. Nosso hotel e antigo, mas muito bacana. Bati altos papos com o dono que fazia questão de sempre vir me cumprimentar.

Pai Nosso em Kiswahili


Cidade armada

Muro das lamentacoes

Fomos a Belém, que fica na Cisjordânia, e pudemos ver a realidade do povo palestino mais de perto. Sabíamos do muro que Israel esta quase terminando, mas de perto foi chocante. Passamos pelos corredores de grades, controles de passaporte, arames farpados ate estar em território palestino. Do outro lado do muro não tem as flores plantadas para mascarar a situação, e sim protestos em grafites na parede. Foi chocante, muito mais que imaginávamos.
Visitamos um Monastério Cristão Ortodoxo mais afastado e deu para conhecer a parte fora da cidade, que é um deserto. Muito bonito, no meio de um cânion. Tentava conversar com o motorista para entender um pouco mais a situação, mas não consegui tanta informação quanto queria. Fomos no campo dos pastores perto de Bet Sahur, onde anjos avisaram sobre o nascimento de Jesus (Lucas 2:8-21). Em Belém estivemos na Basílica da Natividade, local onde Jesus teria nascido. Igreja bem grande, e com todos os tipos de fieis, sendo que grande parte era de russos.
A cidade árabe crista-muçulmana é acolhedora, e conseguimos um pouco mais de informações sobre a palestina antes de retornarmos. Mais uma passagem pelo vergonhoso muro, corredores de grade até pegar a lotação do outro lado e voltar para Jerusalém. Tínhamos visto controles de documentos em um dos portões da cidade velha, que agora com o muro, entendemos a comparação que fazem com o Apartaid sul-africano.
Vergonha!

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Em Jerusalém fizemos a procissão com os freis franciscanos pela via crucis, passando pelas diversas estacoes. Chamou atenção a estacão 4, onde diz na Bíblia, Jesus encontrou sua mãe. Neste local a procissão encontrou um grupo de jovens soldados altamente armados, e ao mesmo tempo ocorria o chamado das mesquitas. Dava para sentir a diversidade da cidade. A procissão terminou na Igreja do Santo Sepulcro, onde Jesus foi crucificado e ressuscitou. A igreja e meio sombria, e seu controle e disputado entre Católicos Apostólicos Romanos, Gregos Ortodoxos, Ortodoxos Etíopes, Armênios, Ortodoxos Sírios e Maronitas.

ortodoxos

Fomos também ao Monte Moria, onde andamos pela gigantesca plataforma de pedra onde já esteve erguido o templo de Salomão. Não consegui entrar na Mesquita do Domo da Rocha, que e só para muçulmanos. Depois que a mãe, Clau, Bibi e Mara saíram ainda tentei insistir com segurança, falar com pessoas, mas não teve jeito. Dentro da mesquita tem a rocha onde Abraão ia sacrificar seu filho Isaac, a pedido de Deus. Foi ali também que Maomé teria subido aos céus para encontrar com Alah em um sonho. Para os Judeus esta é a pedra fundamental do mundo, e tudo teria acontecido a partir dali.

Vista panoramica de Jerusalem

 

foto daqui, foto dali

 

Domo da Rocha

Eu e a Bibi fomos convidados para jantar na casa de uma família ortodoxa judia através do couchsurfing. Foi muito bom para ver a cultura de dentro, e obter mais informações alem de tirar duvidas. A Bibi e meio azarada com o couchsurfing, e apesar dos 3 amigos convidados do casal serem gente boa, o anfitrião era pra la de esquisito. Se bem que ela não pode reclamar, pois ela e um para raio de loucos durante a viagem. Aparece cada um…Loucuras a parte, foi bom ver todo o ritual do Shabbat, ler o Torah, escutar os cantos e descobrir mais sobre esta complicada e regrada religião.
Ainda fomos em museus, como o Israel Museum para ver os pergaminhos do mar morto, museu do holocausto e teve ate dia para descansar, rodar a cidade e ir a restaurantes gostosos. Da para acreditar? Falei que o ritmo tinha mudado com a chegada deles!! Mas quando saíram ficamos meio de ressaca de saudades. Tiramos um dia para descansar e nos outros dias fomos para mais alguns lugares que ficaram faltando, como o museu das terras bíblicas, nova Jerusalém (onde pudemos conviver mais um pouco com a antipatia de muitos) e Jerusalém Oriental, parte palestina da cidade.
Fiquei surpreso e feliz quando fui pagar o hotel. Já tinha negociado um desconto, e o dono palestino deu um outro desconto ainda maior que eu pedi. No caminho para a fronteira da Jordânia pararam para revistar o carro. Perguntaram até se estávamos armados, mas só era rotina. A saída foi super rápida, e carimbaram em outro papel separado. Estávamos entrando na Jordânia, mas a cabeça já estava na Síria.

soldado israelense observando o muro das lamentacoes

O primo rico

O Omã era muito poderoso, muitas das batalhas que houveram na Africa dos Árabes com os Portugueses eram eles. O Sultão dominava ate Zanzibar, e foram muito ativos no trafego de escravos. Hoje e um pais muito rico, devido ao petróleo e ao gás. O Omã e um Sultanato, e o Sultão manda em tudo. Apesar de grandes riquezas, não existe uma divisão de dinheiro com a população, que os deixa descontentes (Outros países pagam “mesadas”para seus cidadãos).

Ainda no Iêmen, voamos da Ilha Socotra para Mukalla. O aeroporto e bem afastado da cidade, e pistas modernas mostravam que nada de muito antigo por aqui. A cidade e cortada por um canal, e tem um morro bem no meio. Totalmente diferente de Sanaa, desde o clima, que e bem mais quente, ate todo o estilo, que e mais moderno. Fomos direto numa cia de ônibus, para comprar a passagem para o dia seguinte. Chegamos la e só tinha três ônibus por semana. Não tínhamos tempo para esperar. tinha um ônibus que ia ate outra cidade, a poucas horas da fronteira que saia naquela noite. Parecia perfeito, mas só tinha um lugar e não estavam aceitando nossa autorização da policia de Sanaa, tinha que ter carimbo da policia de Mukalla. Segundo eles, só abriria as 8 da manha do dia seguinte. Falaram de outra cia e fomos tentar. Tinha lugar, e comentaram que a policia tinha um plantão 24 hs. Fomos la e rapidinho conseguimos a autorização. Deu tempo para tomar um sorvete em uma sorveteria dividida em área para homens, mulheres e famílias. Notei que todos os lugares que estávamos indo eram só para homem, por isto não tinha divisão. Estrada muito boa, beirando a costa. Viajamos a noite toda e de manha chegamos em Al-Gaydah (nome sugestivo). Uma batalha para se fazer entender. Parecia que não tinha transporte ate a fronteira, e não tínhamos como contratar um só para nos. Fomos ate um hotel, para tomar um cafe e encontrar alguém que falasse inglês. Conversa com um, com outro e descobrimos uma van de Sauditas que sairia dali a pouco. A van chegou, cheia de pessoas vestidas com trajes típicos, parecia que seria tenso. Não demorou 5 min e tava todo mundo cantando, batendo palmas, super divertido. Já a algum tempo tinha deixado de ser plano e passávamos por montanhas e tuneis, mas agora viajávamos na beira do desfiladeiro, e não tinha como não comparar com a paisagem da Califórnia 1. Asfalto perfeito, e placas indicando lugares para banho, crianças, tartarugas, mergulho. Muuito estranho. No meio do nada, lugar que nunca recebe ninguém, nem locais, mas a estrutura ta pronta. Visual muito bonito ate a fronteira. Chegando no pequeno posto de imigração, peguei meu visto mas queriam que eu pagasse com a moeda local. Comentei que não tinha nem entrado no pais, mas que tinha USD. Ele aceitou mas não tinha troco. O motorista acabou pagando e acertei com ele depois.

Mukalla

Mukalla

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Vista da estrada

Em Omã a paisagem de montanhas continuava, agora ate mais altas, chegando ate a ter alguma vegetação. Perto de 3 hs depois estávamos passando pelas famosas praias de Salalah. Esta região fica cheia na época das monções. A região fica mais fria, verde nas montanhas, e um verdadeiro oásis. Os Sauditas vem aos montes, assim como o pessoal da capital, Muscat. Salalah e estranha, espalhada, com construções e quadras desorganizadas. Foi nosso primeiro contato com Omã, e deu para ver que os preços eram estilo europeus, se não mais caros. Um Rial vale 2,5 USD. Para poder circular dinheiro de menos valor, não dividem o Rial em centavos, e sim em Mil!! Tivemos boa parte da manha e toda a tarde para conhecer o lugar, mas como não era época de monções, decidimos pegar um ônibus já no dia seguinte para Muscat. Jardins, postes, praças, monumentos e imponentes Mesquitas mostravam que o dinheiro tava sobrando por aqui…

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Salalah

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Mesquita em Salalah

A Viagem ate Muscat, depois que se afasta de Salalah, e monótona, deserto de areia dos dois lados, KM e mais KM sem alterar. Deu para adiantar bastante o novo livro que estou lendo, What is the What (historia da trajetória de um refugiado do Sudão ate o Exílio na Etiópia, Quênia e EUA). Um bom tempo depois, já perto de Muscat, iniciavam as autopistas, cheias de anéis rodoviários, tudo com velocidade de 120 km/h permitida, mesmo perto da cidade. Jardins, praças, e tudo mais instalados e sendo implementados. Logo apareceram Mc, Pizza Hut, papa Jones, Hardees, Star B, Subway Burger K, e tudo mais que tinha direito. Passamos ao lado da grande mesquita, onde esta o maior tapete sem emendas do mundo (adoro estas manias de grandeza…hehe). Chegamos no centrão, parte comercial. Tudo novo, não ocidental, mas sem estilo. Vimos que nenhumas das solicitações de couchsurfing tinham sido atendidas., então saímos em busca de hotéis. Não foi fácil, mesmo os mais simples (que aqui tem ate ar condicionado) estavam fora do nosso orçamento. Um pouco mais afastado achamos um que poderia ser uma opção, mas decidimos comer algo e checar o Couchsurfing de novo. Estávamos sentados na rua e acabamos conversando com um Paquistanês (ta cheio de indiano, paquistanês e filipino) que deu dica de 3 hotéis baratos perto da marina. Fomos para la e os hotéis não eram mais barato que o que tínhamos achado, mas a região bem mais simpática, entre morros com fortes antigos, e perto do mercado tradicional de Muscat. Tudo reformado, com cara de novo e iluminação colorida. Muito artificial para o meu gosto, faltava um pouco de vida, mas tinha que reconhecer que a região era muuito melhor para ficar.

Disfarcado...hehe

Dia seguinte cedo fui fazer a barba, que não cortava desde Nairóbi. Enquanto isto o Guru entrou em contato com um Couchsurfer que foi nos buscar e nos levou para cima e para baixo. Conhecemos o que restou da cidade velha, um dos palácios do Sultão, algumas praias e fomos almoçar num restaurante indiano. Ele e indiano mas mora aqui já faz mais de 15 anos. Fomos ate a casa do Suresh para conhecer a família e ficamos conversando um tempo. Ele tem uma boa condição de vida e viaja com bastante frequência, tinha se cadastrado no CS uma semana atras. Fomos para uma praia mais Up Market e paramos no Star B. caffe. Tinha perguntado sobre vilas de pescadores, algum lugar charmoso. Ele me levou numa “vila” onde 90% das casas são novas, com bons carros na garagem. Ser pescador aqui e fácil… Teve um ciclone a alguns anos atras e o governo construiu novas casas para todos os afetados, e não e coab não!! Ainda visitamos o mercado tradicional, que fora na época do final do Ramadan, e bem pra turista, e tomamos um suco no calcadão.

Noite em Muscat

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Roupas de Praia

Parece que ele gostou de ajudar agente, e arrumou um funcionário para nos buscar cedo para nos levar ate a área das embaixadas, pois o Guru tinha que buscar uns vistos. Neste meio tempo outro CS respondeu nossa mensagem e combinamos de nos encontrar. Desta vez era um Omani mesmo, que veio no seu mais tradicional traje tipico. Começamos a conversar e ele adorou nossas historias, na verdade nos achou uns malucos. Ligou para outro amigo dele, bem gente boa, que viaja bastante. Acabamos fazendo outro tour com eles, visitando nascentes de água quente que são canalizadas para banhos públicos, comendo o nosso “espetinho de gato” que e comida tipica por aqui, indo nos bares com musica onde os árabes enchem a cara sem ninguém reclamar, alem de monumentos e outras atrações mais previsíveis. Os dois são umas figuras, e tao fazendo aula de Salsa, só pra interagir com a mulherada. Haha Não adianta, no mundo inteiro e a mesma coisa, as mulheres vão dançar porque gostam e os homens por causa delas…

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Mais CSfers

Neste meio tempo passei num escritório da Emirates, para comprar passagem para Malasia, via Dubai, desta forma pegaria o mesmo voo que a Bibi. Eles comentaram que se a espera para conexão fosse maior que 8 horas, eu teria direito a transporte, refeição, hotel e eles providenciariam o visto. Que beleza. Na verdade nunca tive interesse em conhecer Dubai, mas “de graça ate ônibus errado…”

Minhas pesquisas na internet apontavam preços mais baixos que na “loja”. Ao questionar porque, falaram que deveria ser pela taxa de administração, e que na internet eles sempre tinham promoções. O preço estava bom, e comprei pela net. Chegaria em Dubai as 5:50 da manha e o voo para Malasia seria as 3:10 da madruga do dia seguinte. Fui num voo vazio para Dubai. Nem me preocupei quando não tinham o tal Voucher no chek in, pois falaram que tinha um guichê especifico la na chegada.