Primavera em Praga

Em 1968, uma serie de reformas na antiga Checoslováquia, foi chamada de Primavera de Praga. Os soviéticos não gostaram nada do estilo moderninho do partido comunista local e mandaram milhares de soldados e tanques, esmagando qualquer manifestação, além de ocupar o país. Primavera de 2014, muito tempo se passou, até mesmo da democratização da região, que alias agora se tornaram dois países, Rep. Tcheca e Eslováquia. A unica invasão que agora é possível observar é a de turistas. Milhares, deles por todos os cantos. Dominaram Praga, tomaram conta!! Fácil de entender porque. É uma cidade linda, cheia de atrativos. O Acordo de Munique, firmado entre as potencias europeias da época, entregou a Checoslováquia para os nazistas e por isto Praga foi polpada durante a invasão alemã. É a cidade da moda para os jovens europeus festarem. Terra de cerveja (a região se chama Bohemia), vimos diversos grupos cantando alto ou até fazendo “jogos” de despedida de solteiro no meio da rua.

O castelo visível de toda a cidade

O castelo de Praga, visível de toda a cidade

Primavera EM Praga - Invasão de turistas!

Primavera EM Praga – Invasão de turistas!

 

Telhados

Telhados

Gargulas na Catedral

Gargulas na imponente Catedral gótica de São Vito

No bairro judeu, além da Sinagoga Old-New (uma das mais antigas da Europa), existe um antigo cemitério. Lá se pode observar uma lapide ao lado da outra, todas amontoadas, pois faltava espaço para enterrar os corpos.

Sinagoga Velha-Nova

Sinagoga

Uma das grandes atrações de Praga  é o relógio astronômico. Antes de chegar em Praga, passamos por toda o Morávia (região leste da Rep Checa). Na cidade de Olomouc (famosa pela coluna da Santíssima Trindade) tem um relógio parecido, mas os comunistas  trocaram as figuras religiosas que aparecem nas janelas de hora em hora por camponeses e operários.

Orloj - Relógio astronômico

Orloj – Relógio astronômico

.

.

.

.

Uma agradável surpresa foi o Monastério Strahov no alto da colina, com suas bibliotecas de Teologia e Filosofia . São mais de 130 mil livros (muitos deles antiquíssimos), distribuídos em salões com os o tetos todos decorados.

Biblioteca

Mosteiro Strahov: Bibliotecas de Filosofia e Teologia

Cerca de uma hora de Praga está a cidade Kutná Hora (patrimônio da Unesco). Estávamos na dúvida se iriamos até lá, mas valeu bastante a pena! Chegamos antes dos ônibus de excursão e trens, então estava tudo muito calmo. Clima de interior, uma delícia, depois das hordas de turistas na capital. O templo de Santa Barbara, no seu estilo gótico, é tão bonito quanto a catedral de São Vito de Praga! A catedral da Assunção de Nossa Senhora, todo o centro antigo despertando pela manhã eram um charme.

Torres góticas

Torres góticas do templo de Santa Barbara

Vista para Kutna Hora

Vista para Kutna Hora

Uma atração que chama bastante a atenção na região é o Ossário de Sedlec , com 40 mil esqueletos. Dizem que um abade trouxe um pouco de terra santa de Jerusalém e por isto as pessoas preferiam ser enterradas ali. A capela medieval pode não agradar algumas pessoas, com seu estilo de arte um pouco “forte”, mas ela só mostra o mais obvio, a temporalidade da vida! Lustres, cálices, cruzes, tudo feito com ossos.

Este slideshow necessita de JavaScript.

 

A cidade imperial e o campo da morte

Fazia tempo que eu ensaiava uma viagem para a Cracóvia. Em 2004 eu troquei o leste europeu por uma viagem ao sudeste asiático. Em 2012, depois do casamento da minha irmã na Inglaterra, queria ir para Ucrânia e Polônia, mas no mesmo período aconteceria a Eurocopa nestes países, então optei por um voo barato para o Marrocos e Saara Ocidental.

Finalmente pude conhecer esta incrível cidade, capital imperial da Polônia no passado, patrimônio da Unesco. Cidade invadida pelos Mongóis (Sim o maior império do mundo chegou até a Europa), Nazistas e Soviéticos. Felizmente não foi destruída na segunda guerra e continua muito bem preservada.

Torre do palácio real

Torre do Castelo de Wawel

Igreja

Igreja de Santa Maria, com suas torres diferentes

Cidade universitária, cheia de jovens

Cidade universitária, cheia de jovens

.

.

Catedral

Catedral

Colorida

Colorida

.

Sukiennice, na praça central em Stare Miaste (Cidade Velha)

Comida de rua na Rynek Glowny, uma das maiores praças medievais do mundo - Coração da cidade velha

Comida de rua na Rynek Glowny, uma das maiores praças medievais do mundo – Coração da cidade velha

Torre do relogio

Torre do relógio

Ao sul do castelo, fica o Kazimierz antigo bairro judeu, onde ainda existem algumas Sinagogas dentre outros prédios históricos. Lugar mais calmo, com menos turistas, onde vale a pena dar uma caminhada com calma. Milhares de judeus saíram daqui para o campo de extermínio de Auschwitz. Novamente é bom lembrar o  porquê do leste europeu ter uma população tão grande de judeus. Simplesmente porque foram expulsos de diversos reinos da Europa Oriental! Se hoje o anti semitismo não é tão grande na Europa Ocidental, a xenofobia só vem aumentando. Fácil de se observar isto nas ultimas eleições do parlamento Europeu, onde a extrema direita só vem ganhando espaço.

Hitler disse “Quem fala hoje do extermínio dos Armênios?”. E os erros vão se repetindo ao longo da história. Já visitei diversos locais de guerra,  campos de extermínio, de ataques de armas químicas, como em Halabja no Curdistão iraquiano, locais do genocídio em Ruanda e até mesmo o campo de concentração de Dachau, próximo a Munique-Alemanha. Também já estive em memoriais do Holocausto. O que mais me assusta é a forma sistemática e planejada que tudo aconteceu na segunda guerra.

A morte de negros, homossexuais e Ciganos  não é tão lembrada como deveria, mas também fazia parte do plano de extermínio dos nazistas. Os ciganos continuam sofrendo preconceito e sendo colocados a margem da sociedade europeia até hoje.

Fomos visitar o campo de Auschwitz-Birkenau em Oswiecim, onde aconteceram alguns dos maiores massacres da segunda guerra. Para a Bibi, a visita tinha um significado especial, pois foi onde o Victor Frankl, objeto de estudo dela, comprovou sua teoria de “Busca de sentido”. Aquele clima pesado, onde não entendo pessoas ficarem posando para foto, mas cada um com suas manias. Achei que a longa visita guiada traria informações novas, mas neste sentido não foi tão interessante. Pelo menos para mim, vale mais a reflexão em si.

O trabalho

“O trabalho liberta”

Auchewitz

Auschwitz

 

Ofuscada por gigantes

Com o fim e separação da Tchecoslováquia, através do chamado “Divórcio de Veludo” (1993), a Eslováquia ficou meio esquecida. Sua capital, Bratislava, de certa maneira é ofuscada por Viena-Áustria, que está a somente 65 km de distância. Outras importantes e imponentes cidades também não ficam longe, como Budapeste (Hungria), Praga (Rep Tcheca) e Cracóvia (Polônia).

Em viagens anteriores não tinha ido para lá, mesmo tendo passado tão perto. Desta vez não deixei a oportunidade passar! Eu vinha de carro com meu cunhado, Jony, desde o norte da Eslovênia. Após uma estrada interrompida Eslovênia-Áustria, fizemos um desvio pelo estremo nordeste da Itália, atravessamos toda a Áustria até chegar em Viena, onde encontramos com a Bibi e minha sogra, Mara, que tinham passado a última semana em um congresso de fenomenologia por lá. De Viena seguimos até a Bratislava, onde nos hospedamos num hotel naqueles antigos blocos soviéticos, só que todo colorido.

Caminhando por lugares não muito bonitos, mesmo na beira do rio Danúbio, a Bibi me questionou por quê tínhamos ido para lá. Tudo bem, a Bratislava não é daqueles lugares imperdíveis, mas foi só nós chegarmos no centro velho que ela mudou rapidinho de opinião. Um centro movimentado, bonito, com um grande calçadão, cheio de cafés e restaurantes. Prédios históricos (chegou a ser a capital do império Húngaro, quando Budapeste foi invadida pelos otomanos) se misturam com um estilo mais industrial, além de construções mais bizarras da época do comunismo. Tudo isto junto dá um estilo para o lugar. Para quem está pela região, com certeza vale conhecer!

Cafes

Cafes na praça principal

Castelo

Castelo Bratislava

Ponte Suspensa

Ponte suspensa como o “OVNI”Comunista

Cinza

Cinza

Bratislava

Centro antigo

Igrejas e viadulos

Igreja e viaduto

Gostaria de ter explorado mais o interior da Eslováquia, a região leste, mais rural, as montanhas (Montes Tatras) e pequenas vilas devem ser bem interessante. Mas infelizmente não tínhamos tempo, era uma viagem curta. De qualquer forma deu para aproveitar um pouco o caminho até a Polônia e quando era possível, saíamos da estrada principal cara conhecer um lugar ou outro.

Castelo em Trancin

Castelo em Trencin, pouco mais de 100 km ao norte da Bratislava

 

 

A trabalho no Leste Europeu

Pouco antes da empresa que trabalhava ser vendida – e de eu finalmente conseguir sair para a minha “Volta ao Mundo”-  fui para  Budapeste-Hungria e Cluj-Napoca (Romênia), a trabalho. Se por um lado a viagem a trabalho tem a vantagem de ter custo zero (na verdade você ganha para viajar) e te colocar diretamente em contato com locais, por outro ela acaba te dando uma visão unilateral do local. Por sorte tive relativamente bastante tempo livre e pude conhecer bem estas cidades.

Como não foi uma viagem muito autentica, não vou me aprofundar muito. Os guias de viagem estão ai para isto. Mas são regiões riquíssimas culturalmente, cada uma da sua maneira.  A herança do comunismo também está presente, apesar de ser só história, deixou suas marcas.

Budapeste, majestosa, na beira do rio Danúbio,  com toda a bagagem do Império Húngaro. Pode-se observar também influencia dos Otomanos, que dominaram a região por um curto período.

.

Será que estava cinzento

.

Vai brincando com o frio da Hungria

.

Pelo menos o sol saiu dias mais tarde

Danúbio

Danúbio

IMG_0615_resize IMG_0643_resize IMG_0620_resize IMG_0619_resize IMG_0621_resize IMG_0626_resize IMG_0596_resize

As estações são modernas, já o metro...

As estações são modernas, já o metro…

Cluj-Napoca a capital da Transilvânia, é onde está a maior universidade da Romênia. Toda a região da Transilvânia já fez parte do reino da Hungria. As fronteiras mudaram muito por aqui, e as influencias também.  Por ali também existem milhares de ciganos vivendo como minoria.

IMG_0649_resize IMG_0653_resize IMG_0654_resize IMG_0655_resize IMG_0657_resize IMG_0658_resize

Será que não é banco de sangue?

Será que não é banco de sangue?

Theatrul

Teatrul National

Não é de se estranhar que em um pais chamado Romênia, a língua seja parecida com o português. Com referencia aos Romanos, é de origem latina. Frases como:

“Com um quilo de carne não se morre fome” ou “Com uma taça de vinho não se morre sede” são praticamente as mesmas: “Cun un kil de carne nu moare de foame” e “Cu o cupa de vin nu moare de sediu”

Atras da cortina de ferro

A minha geração talvez tenha sido a ultima a aprender conceitos de primeiro mundo, comunismo e terceiro mundo no ginásio. Hoje os países são desenvolvidos ou em desenvolvimento. A maior parte dos países que passamos seriam considerados de “terceiro mundo” naquela época. Entrando pelo Leste Europeu, estaríamos experimentando algo diferente (ok passamos por países comunistas e ex-comunistas antes), mas seria o grande exemplo do “segundo mundo”. E, mas chegamos uns 20 anos mais tarde. A Bulgária já faz parte da União Europeia, mostrando que muitas mudanças já aconteceram por ali. Sim, muitas mudanças ocorreram, mas ainda e muito diferente da Europa Ocidental. A imigração e feita no trem, com oficiais com lap top, e nem precisa se preocupar com corrupção ou visto, mas sabe aquelas velhinhas que ficavam esperando o pessoal chegar na estacão de trem para oferecer um quarto baratinho? Pois e, elas ainda estão por ali, e por 5 euros se consegue uma cama num quarto particular. Foi assim nossa chegada em Plovdiv. Se a principio a arquitetura e a população em geral dava uma cara mais de Europa, com o tempo observamos que o desenvolvimento da Bulgária deixava um pouco a desejar, e questionei os critérios da UE, pois a Turquia parecia ser bem mais desenvolvida, pelo menos aparentemente. E um dos países com a maior quantidade de ciganos da Europa, e vivem como uma minoria. Plovdiv e uma cidade universitária, a segunda maior cidade da Bulgária. Possui uma bela cidade antiga no topo das colinas, e um calcadão com restaurantes e cafés onde e fácil se perder no tempo. A senhora que nos hospedou lavou algumas roupas, costurou, enquanto curtimos restaurantes, cafés, sorvetes a preços mais baratos que no Brasil.

Plovdiv

Já em Sofia resolvemos fazer couchsurfing. O Stefan foi nos buscar na rodoviária e nos levou na casa da Gerie, amiga dele onde ficaríamos. Ela esta reformando o apartamento para transformar num B&B, e esta quase pronto. Fica naqueles blocos de apartamento bem no estilo comunista. Para o centro da cidade são poucas estacoes no velho trem, que já tem um leitor digital de cartões, mas o furador antigo dos bilhetes de papel ainda funciona. No centro as largas avenidas arborizadas se transformaram. Hoje alem dos trens muita gente anda de bicicleta, a pé, e ainda tem espaço para cafés e restaurantes ate chegar na calcada. Mc Donalds, lojas e muito consumismo se misturam aos grandes e esquisitos prédios da era comunista. A cidade estava relativamente vazia, pois no verão muitos vão para as praias do Mar Negro. Cheio estavam os parques e praças, com o pessoal bebendo cerveja de dois litros e meio em garrafas plasticas, e foi assim que terminamos o nosso primeiro dia, depois de muitas andanças. Se em alguns lugares da Africa uma coca-cola era mais barata que água mineral, aqui a cerveja era mais barata que refrigerante! A Bulgária já foi um reino de grande importância. Na época que a Europa estava praticamente dividida entre Impérios Romano e Bizantino ela já estava la, firme e forte. Existem diversas igrejas ortodoxas, algumas muito impressionantes (são independentes, não ligada aos gregos ortodoxos). A cidade e relativamente pequena, aconchegante, e outras vezes nos vimos em praças e parques escutando musica ao vivo.

Em conversa com o nosso anfitrião, decidimos não ir no famoso monastério Rila pois, devido as férias, estaria muito cheio de gente. Optamos por ir de carro ate as montanhas dos Bálcãs, e conhecer vilas e estradas do interior, alem de monastérios menores. Paramos para tomar banho de rio, comer comidas tipicas, e no bonito monastério dos Sete Altares a Bibi já queria ficar para passar a noite. Mas acabamos indo até o monastério de São Jorge, que fica no topo de uma montanha, com uma vista muito legal. O monge que cuida de la e meio maluco, mas nos tratou bem, apesar de ter nos acordado no meio da noite com suas cantorias, depois de tanto vinho. O monastério e do seculo 13, muito bonito, com seus telhados de pedra. A vista do nosso quarto dava direto para as montanhas verdes. Alias, como vimos verde na Bulgária. Entrou uma frente fria durante a noite, mas não impediu que fosse fazer trilha ate uma caverna que não fica muito longe. O lugar e cheio de historias e lendas, e um túnel de alguns quilômetros liga o monastério ate a vila que fica lá em baixo nos pés da montanha. Quando voltamos para Sofia, não tínhamos nosso plano do próximo destino muito certo, mas sabíamos que teríamos que decidir isto num dos parques da cidade, comendo as mega fatias de pizza que eles tem.

Monastério Ortodoxo

Carona ate a Macedônia, ônibus pela rota sul perto da Grécia, uma parada no monastério de Rila, as opções eram muitas. O Stefan gosta de viajar, já veio do Japão ate a Europa de carro (com uma maquina de lavar no porta malas!), e quando viu que o preço do ônibus daria para ele dirigir ate a Macedônia (o carro dele e a gás), se ofereceu para nos levar, e a Garie topou na hora em ir junto. Somente poucos metros antes da bifurcação da estrada e que decidimos qual o caminho que seguiríamos. Optamos por ir para Skopje, capital da Macedônia, para ir em alguns lugares no norte do pais, mesmo parte da estrada não sendo tao bonita quanto a outra. A principal estrada entre os dois países, de pista simples e sem acostamento, fez esquecer que estávamos na Europa. Entrando na Macedônia, com campos verdes, pastores de ovelhas com montanhas ao fundo (do outro lado, a 20km, fica Kosovo), e carros Yugo, foi possível imaginar como era a Iugoslávia. Mais para a frente veio uma “auto estrada” com pedágio, mas que não nos cobraram por não termos a moeda local. A Macedônia é um país novo. Por mais que queiram que associemos a Macedônia dos tempos Bíblicos, ou do Alexandre o Grande, ela não e bem esta. Aquela Macedônia podia englobar todas estas terras, mas politicamente era a Grécia, e por isto os Gregos não ficaram nem um pouco felizes com a criação da Macedônia após se separarem da Iugoslávia. Tínhamos ouvido falar mal de Skopje, e não sei se e porque a expectativa era baixa, mas acabamos gostando. O centro e estranho, com um calcadão de pedestres, prédios comunistas misturados com cafés e um prédio moderno coberto com neon azul. A frente a ponte de pedra que leva para o forte e o antigo mercado Otomano, onde hoje fica a minoria Albanesa da Macedônia. Alias, a Madre Teresa de Calcuta não e de Calcuta, mas de Skopje (na verdade e nascida em Kosovo). Não era tao tarde, mas as ruas estreitas estavam vazias e restaurantes e lojas fechadas. Acho que no verão o pessoal não gosta muito de cidade. Como nos também preferimos lugares menores, já cedo fomos para o Lago Mataka, que não fica muito longe dali. E um lago formado por uma pequena hidroelétrica. No inicio tem bastante concreto, mas passando a represa o rio e transparente, refletindo as montanhas e todo o verde que tem ao redor. A trilha e beirando a rocha cortada, e tem ate cordas em alguns pontos para ajudar. Caminhamos bastante e aproveitamos o lugar, conhecemos a antiga Igreja ortodoxa de St Andre, com pinturas muito bacanas em todas as paredes. Para o almoço fomos ate outro monastério, com bonitos jardins, aos pés das montanhas.

Yugo!

Skopje

Lago Mataka

O Stefan e a Gerie tinham que votar para a Bulgária, mas resolveram nos levar ate Tetovo, lugar onde teoricamente só passaríamos o dia. Quando falei de uma mesquita pintada resolveram ir dar uma olhada rapidinho, adiando um pouco o retorno. A mesquita e pequena, arquitetonicamente nada de mais, mas num lugar bonito, ao lado de uma praça com um riacho e toda pintada. Por fora ela já chama atenção, mas por dentro que ela se diferencia mesmo das outras. Muuito bonita, toda enfeitada, nunca foi repintada, pois como não acendem velas, a pintura se preserva muito melhor. Na parte da frente uma grande estrela de Davi mostra que o simbolo não era de exclusividade Judaica antes (ate a bandeira do Marrocos tinha uma estrela de Davi, mas foi alterada depois da criação do estado de Israel). Estávamos para nos despedir deles mas com a informação que o Tekke, Monastério Sufista, não era longe dali, então foram juntos. O guardião nos explicava a historia do lugar e não batia muito com as informações que eu tinha. A Bibi já me cobrava por ser um lugar destruído por conflitos, em pedaços, quando achamos o casarão onde ficam os muçulmanos sufis da ordem dos Bektaishis. Conhecemos um pouco sobre eles e ficamos sabendo que o Baba, líder espiritual deles iria nos receber. Resumindo a historia, o papo se prolongou, fomos convidados para jantar e dormir la. O Stefan e Gerie não tiveram como recusar e só pegaram estrada no dia seguinte. A ordem dos Bektaishis surgiu no Irã, se desenvolveu na Turquia (também são Dervishes como os que vimos la, mas com outros princípios), e hoje tem seu centro mundial na Albânia. Tetova fica na Macedônia, mas a maioria esmagadora da população e albanesa. Aqui as fronteiras étnicas não obedecem as fronteiras politicas, e por isto existem tantas guerras nesta região. O Baba Mondi que nos acolheu, e o segundo da ordem na hierarquia mundial. No local também vive um Dervishe e um “candidato a Dervishe”, o qual era chamado de candidato. Pare se entrar na ordem tem que levar vários “nãos” antes. Eles aceitam qualquer religião, e mesmo sendo muçulmanos não seguem muitas regras digamos “tradicionais” dos seus companheiros de religião. Consideram uma taca de vinho como alimento, e as rezas no meio do dia são dispensadas, pois acreditam no trabalho duro. Ficamos chocados com a recepção que tivemos. Pensavam em tudo para nos agradar, e acabamos ficando mais uns dias por ali, já estando nos sentindo em casa. Não podíamos pensar em pagar nada, de transporte ate o lanchinho da noite que foram buscar quando a Bibi comentou que estava com fome. Mesmo sendo misticos, grande parte das conversas eram no plano pratico e direto, muito direto. Final dos dias estávamos exaustos de tanta informação. Chegamos ali meio que por acaso, e foi muito especial. Não vou me prolongar muito, mas o assunto daria para escrever um post especifico.

Mesquita toda pintada

Novos amigos, os Bektaishis

O Tekke

A Macedônia e um país bem pequeno, mas algumas viagens podem demorar (relativo as pequenas distancias) por causa das montanhas e condicoes das estradas. Os ônibus com horários infrequentes também atrasam um pouco, somado com o pouco inglês que se fala na região, se tem alguns desafios por ali. Pegamos um ônibus para Struga e depois um minibus para Ohrid, pois tínhamos perdido o ônibus direto. Ao chegar,depois de ter dado uma volta completa no centro o motorista só nos olhou com uma cara “vocês não vão descer?”. Foi a unica coisa que entendemos vindo do motorista. Pulamos do minibus e logo achamos um lugar barato para ficar. Ohrid fica na beira de um lago, com uma cidade velha tombada pela Unesco. Imaginávamos um lugar calmo (não sei porque) mas ao chegarmos la em alta temporada estava muito, mas muito movimentado. Festivais, Djs, muita coisa programada para os próximos dias. O lago cercado com montanhas e muito bonito, mas inicialmente ficamos um pouco decepcionados com o lugar, muita calcada, camelos e turistas. Pegamos uma praia, não menos movimentada, e com musica alta e muvuca. Nosso sentimento do lugar só começou a mudar quando fomos para a cidade velha. Suas pequenas ruas, igrejas que não acabam, e um forte no topo da montanha. Achamos uma pousada simpaticíssima mas não tinha lugar, então só tomamos um chá. Com aquela vista decidimos que teríamos que nos mudar para aquela região para aproveitar melhor. Acabamos num quarto quitinete na casa de um motorista de ambulância aposentado e de sua esposa. Tomamos um café com eles e conversamos longamente sobre os (bons segundo ele) tempos de Iugoslávia. Foram muito simpáticos. Depois de alguns dias em Ohrid já estávamos prontos para pegar a estrada novamente. A Albânia estava ali do lado, e não viajaríamos sozinhos!

Ainda bem que tem placa bilíngue!!