Já escrevi bastante sobre a Tailândia, mas como na primeira vez que fui para lá, quase 10 anos atrás, fiz um roteiro diferente das outras viagens, resolvi postar aqui.
A viagem foi via Frankfurt, Alemanha, onde passei o dia e foi bom para quebrar a longa viagem.
Chegando em Bangkok, fui direto para Chiang Mai, no norte do país, onde fiquei um tempo treinando Muay Thai. Eu já treinava há muito tempo e fui para lutar. Mas recomendo para todos que gostam de esportes, mesmo quem nunca treinou. Não só o treino, mas o dia a dia dos campos de treinamento são fantásticos. Quem passa esta sugestão, mas gosta de coisas culturais dos países, pode optar por fazer cursos de massagem tailandesa ou culinária. Um curso de mergulho nas ilhas pode não ser cultural, mas não é nada mal também.
Como escrevi em outros posts, Chiang Mai é uma cidade super bacana, fácil de se encantar, cheia de templos, mercados de rua nos finais de semana com ótima comida a preços ridículos! Peguei um trem para Bangkok mas saltei antes, em Ayutthaya, antiga capital do país. Ruínas e monumentos fantásticos, que podem ser percorridos de bicicleta sem pressa. A cidade fica ao lado de um rio e pescadores fazem pratos típico inacreditáveis! Nada sofisticado como as feirinhas de Chiang Mai, mas num destes lugares, estilo pé sujo ( ok, baixa gastronomia) que eu comi a melhor comida tailandesa de todos os tempos!!
Acabei mudando minha logística e em vez de ir até BKK resolvi me aventurar fora da rota principal, para evitar ir e voltar pela mesma estrada. Para chegar em Kachanabury, normalmente acessada de BKK, tive que fazer 2 conexões de ônibus, por cidades que nem o nosso alfabeto utilizavam, imagine falar inglês. Viajar pela rota principal da Tailandia é muito fácil, devido a boa infraestrutura e estarem preparados para receber turistas. Mas saindo desta rota as coisas mudam um pouquinho. Levei um papel escrito em tailandês, com o nome da cidade que eu queria ir, e as principais cidades do caminho. Eu torcia para que a tailandesa que me ajudou escrevendo as informações soubesse o que estava fazendo. Não preciso dizer que foi muito divertido.
Kachanabury foi palco de batalhas importantes na segunda guerra mundial, imortalizada no filma “A ponte do rio Cay”. A ponte esta lá, ou a reconstrução dela, pelo menos. Existem barcos casas e uma região rural que pode ser explorada. O Tiger Temple, onde monges cuidam de tigres e você pode tirar fotos com eles. Hoje existem outras opções no país, mas inicialmente era só lá para brincar com os gatinhos. Tem um monte de passeios turísticos, uns bem legais, outros nem tanto. Andar de barco de bambu, de elefante ou até dar banho nos elefantes no rio. Tem um parque nacional bem bacana lá também, com caminhadas, cachoeiras e piscinas naturais. Alias os parques nacionais na Tailândia são super bem estruturados.
Indo para BKK passei rapidamente no mercado flutuante que é extremamente turístico, mas pode te render boas fotos. Depois de tantas cidadezinhas pequenas foi um choque chegar no caos barulhento e poluído de Bangkok. É uma cidade gigante, mas muito autentica!
Fiquei num quarto que era um pulgueiro, nos arredores de Kao san Road, recanto mochileiro da cidade (pelo menos era, já mudou bastante). Não acreditei quando encontrei quartos ainda mais baratos perto de china town (eu estava pagando 100 bath). Mas a região onde eu estava cumpriu bem o papel. Não é a melhor localização, mas também não é tão ruim assim. Fiz a peregrinação pelos principais templos da cidade, visitei o fantástico palácio real, fui assistir lutas de MT no principal estádio do país, oLumpine, algumas vezes, me aventurei do outro lado do rio onde dizem estar “bairros sem interesse” mas que achei bem interessante. Existem diversas coisas pare se fazer na cidade, de dia e de noite. Me diverti muito no “Ping Pong Show” que esta mais para circo que para show erótico. Alem de lançar bolas de ping pongue, soprar sarabatana em balões, soprar velas (…) as mulheres fumam charuto,e não, não é com a boca. Uma delas ofereceu para um sueco, magico profissional, que estava viajando comigo fazia uns dias. Houve aquele minuto de silencio para saber o que faria, quando ele conferiu o charuto, deu uma cheirada e fumou. Haha
Outro dia divertidíssimo foi num karaokê gigantesco, com apresentações de danças coreografadas e tudo mais. Lotado de tailandeses, todos muito empolgados dançando e cantando. Como não tinham muitos turistas, éramos alvo para as prostitutas e ladyboys. Na verdade era muito difícil de distinguir se era um ou outro!
Com uma noitada destas acabei até acordando tarde para pegar o ônibus para o Camboja. Estava meses sem beber, treinando e me preparando para a luta, e depois acabei “colocando o pé na jaca”.
Na volta do Camboja ainda passei per BKK antes de seguir para o sul, para a simpática Krabi, de onde fui para Railay. Duas pequenas praias, com rochas gigantes saindo do mar. Lugar meio resort, mas achei um chalé bacaninha, disparado a melhor pousada da viagem (também pagando 6 vezes mais que a média). Preço? vinte dólares.
Escalar pedra para curtir o visual, pegar praia, mas foi o único lugar que não fiz amigos rápido, talvez pelo estilo das pessoas que vão para lá. Acabei alugando um caiaque para ir para outras praias e ilhas, e conheci dois canadenses e um inglês que estavam viajando de caiaque entre as ilhas, dormindo nas praias. A lua cheia se aproximava e acabei combinando com eles de ir para a ilha de KO Pha-Ngan, do outro lado da península, onde tem a famosa, “Full Moon Party”. Ônibus até Suratani, barco estiloso, super carregado com bugigangas e até porcos em gaiolas. Um grande tatame onde todos dormiam um ao lado do outro.
Dividimos chalés e curtimos a ilha, de dia rodando de scooter ou jogando vôlei, e de noite na balada. Chegou o dia a grande Full Moon. Milhares de jovens na praia, bêbados, drogados ou simplesmente felizes por terem a liberdade ali que não teriam nos seus países europeus. Musica, malabares com fogo, mas eu já tava meio cansado para ser bem sincero. A pré festa tinha sido suficiente para mim. Estava mesmo é sentindo falta das pequenas cidades, da paz dos templos e longas reflexões. Foi bom conhecer, saber que existe, me divertir, mas nunca mais inclui este tipo de programa nas minhas viagens.
Nesta viagem descobri que pessoas “malucas” paravam suas carreiras e saiam para viajar por longos períodos. A semente estava plantada…
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