De Cape Town a Muscat: Uma aventura pela África

Capa

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Ficou pronto o livro da primeira etapa da viagem! Fiquei muito feliz! No livro conto em detalhes a experiencia de viajar desde a Cidade do Cabo, na Africa do Sul até Mascate, em Omã. Toda a vivência, as primeiras impressões de quem acabou de deixar a vida no Brasil, o trabalho, para realizar um sonho de viajar sem passagem de volta. São 232 páginas, com cores, fotos, mapas ilustrados e relatos de viagem.

Quem quiser adquirir o seu:

Nome – De Cape Town a Muscat: Uma aventura pela África

Editora: Pulp edições

Valor: R$ 40,00

Likestore da Pulp: http://www.facebook.com/livrosdeviagem/app_206803572685797

Livraria Saraiva: http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/4381113/de-cape-town-a-muscat-uma-aventura-pela-africa/

Livraria Cultura: http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/externo/index.asp?id_link=11095&destino=/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=30739236&uid=816050655710659&

Logo estará disponível nas principais livrarias do Brasil.

Leiam o que a Pulp Edições escreveu sobre o lançamento (Clique aqui)

Outras fotos:

Roteiro

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On a shoestring

Não fui muito original na minha passagem pela Zâmbia. Assim como a maioria, apenas passei por este país, nao explorando muito. A Zâmbia, diferente dos últimos lugares que estive, é um país muito urbano, não possuindo muitas cidades/vilas na região rural.

Da fronteira fomos direto para Livingstone, lado da Zâmbia da Victoria Falls. Cidade que vem crescendo muito, por causa do caos economico do Zimbabue, que antes recebia a maior parte dos turistas. Sempre ouvi falar muito daqui, e imaginava que a infra-estrutura seria melhor. Ficamos no simpatico Jollyboys Backpackers. Nao vou colocar fotos, mas segue o site: www.backpackzambia.com e deem uma olhada.

A quantidade de agua das quedas estava bem acima do normal, criando uma nevoa, nao dando para ver o final da cachoeira. Para chegar aos pontos de melhor vista, só se encharcando, portanto sem fotos (mas encharcado!!). Muitos turistas europeus e muitos jovens mochilando (alguns esquecendo por que vieram e ficam só bebendo na piscina.

Vic Falls

Vic Falls

Que tal um mergulho?

Que tal um mergulho?

Ponte Zambia x Zimbabue

Ponte Zambia x Zimbabue

Quando estávamos saindo para Lusaka, a Landy quebrou novamente. Ja estava claro para mim que era hora de partir. Acabava a etapa de viajar de carro e iniciava o Shoestring. A Landy foi excelente, nos levou a lugares que poucos carros 4 x4 chegariam, exploramos a Africa mesmo. Mas agora tinha que partir. Peguei um ônibus para Lusaka, e o Grahan e Tomas também partiram, mas com planos diferentes.

Eu tinha que ficar em Lusaka até conseguir o visto para o Malawi, e o Grahan também ficou para pegar o do Moçambique. O Tomas seguiu direto pro Malawi onde entraria com o passaporte italiano. Como chegamos num final de semana, o centro da cidade estava bem diferente, calmo. Foi bom para nos acostumarmos com o lugar. Domingo andamos muito, e descobrimos que teria um jogo da “suburbana”, Lusaka CC X Chipata. Fomos lá e nos divertimos muito. Eramos a atracão local. Ao tirar algumas fotos e fazer videos perguntaram se eu era olheiro.

Lusaka CC x Chipata

Lusaka CC x Chipata

A cidade não tem nada de especial, alguns marcados interessantes, mas o povo da Zâmbia como um todo dá um show a parte. São muuuito simpáticos. Chama atenção mesmo depois de ter passado pela Namíbia e Botsuana, onde eram muito legais também.

Na segunda feira, assim que a embaixada do Malawi abriu, la estava eu tentando pegar um visto. Uma senhora nem um pouco simpática me pediu varias cópias de documentos, e foi uma correria. Falou que demoraria uns 5 dias e já estava pensando em ir direto pro Moçambique. Sei que no final das contas acabou dando tudo certo, e depois de muita conversa consegui para a hora do almoço, arrancando até um sorriso da antipática senhora.

Em algum lugar em Lusaka

Em algum lugar em Lusaka

Deu tempo de comer num delicioso restaurante indiano e correr para a rodoviária onde pegaria um ônibus até a fronteira. Ônibus lotado, com direito a passageiro carregando freezer, alem de varias caixas no corredor (algumas com pessoas sentadas em cima). Na metade da viagem paramos numa vila que tinha uma feira de rua. Já estava escuro e tudo era iluminado com velas e tochas. Muitos peixes fritos e frutas diferentes. O Grahan foi no banheiro e o ônibus partiu. Eu corri e subi no ônibus em movimento. Só consegui convencer o motorista a parar uns 3 km depois. Mas deu tudo certo.

Chegamos de madrugada em Chipata. Íamos dormir no ônibus ate de manhã, mas arranjamos um jeito de ir ate a fronteira (alguns km dali). Já estávamos procurando lugar para acampar quando percebemos que a fronteira era 24 horas e não até as 18 como o guia dizia. Seguimos para o Malawi de madrugada mesmo.

Botsuana

A Botsuana é um país com uma população ainda menor que a da Namíbia  País que possui um sistema educacional, de saúde, econômico e político super desenvolvido, de dar inveja a qualquer outro país na Africa (além das ótimas carnes!!). O deserto do Kalahari toma boa parte do território, enquanto o Okavango delta é a principal atração ao norte. Entre 15 e 20 anos atrás, a Botsuana vem desenvolvendo um turismo exclusivo, de baixo impacto. Tem funcionado super bem e a procura é muito grande, apesar dos altíssimos preços. Um Lodge custa no minimo 700, 800 USD por dia para duas pessoas. Os mais refinados passam de 5000 USD por dia (com direito a safári aéreo!). Sendo assim, são muito poucas opções para quem não está disposto a gastar todo este dinheiro. Para nós, que carregamos tudo que precisamos, não é um problema, e é possível se virar bem, a custos bem baixos. Para manter o baixo impacto, mesmo com pessoas que viajam como nós, restringem o numero de acampamentos dentro dos parques para Camp sites. Excelente, ótimo acampar sem vizinhos. Ah, e parecem ter escutado as minhas reclamações dos campings nos grandes parques. Os daqui são super simples, sem estrutura e sem muros ou cercas, deixando os animais passarem livremente, inclusive no acampamento. A Botsuana é um pais com a vida selvagem super bem conservada. Aqui precisa se preocupar mais em não ser atacado por um leão ou pisoteado por um elefante do que ser assaltado. Só se tem acesso aos parques com 4×4, e se pode ate reservar algumas rotas, onde só passa um carro por dia.

Ao cruzar a pequena fronteira, que parecia um portão de fazenda, seguimos por pequenas e arenosas estradas. Mudamos um pouco nossa rota para passar por uma vila de Bushman. Estes não vivem conforme todas as tradições antigas (caçadores nômades , mas são relativamente isolados. A recepção foi super boa, e no inicio estranhamos o fato de pegarem nas nossas mãos e nos levarem para passear de mãos dadas. Era dia de festa, tinha musica e muitos estavam bêbados  Descobrimos que o time de futebol do exército da fronteira estava lá, para um jogo. Curtimos muito esta parada, dia de celebridade. Descobrimos que o caminho que estávamos indo estava intransitável, mesmo para 4 x 4, e voltamos para o plano original. No caminho a porta traseira de Landy se abriu sem que percebêssemos  dentre algumas coisas, caiu minha “day pack” com dinheiro, cartões  fotos, etc. Rodamos uns 10 km ate percebermos que tinha caído. Ao dar meia volta acabou o dísel e tivemos que pegar do galão de reserva. Neste meio tempo só passou só uma caminhonete no sentido contrário. Ao voltarmos, estava tudo lá, jogado no meio da estrada. Ufa!!

San people

San people

Maun

Maior cidade da região  onde muitos organizam seus safáris  Ficamos um tempo aqui para descansar mesmo, alem de lavar roupas e organizar o equipamento. As ultimas semanas tinham sido de muita correria. Ficamos no Old Bridge Backpackers. Lugar com um bom bar/restaurante, de frente para o rio, com almofadas e sofás espalhados, onde ficamos largados escutando jazz e lounge. De noite todas as mesas com velas, num super astral. Tinha ate uma piscina, pois no rio as vezes aparece um crocodilo ou um hipopótamo.

Old Bridge Backpackers

Old Bridge Backpackers

Moremi

Imaginem um parque onde:

–  3 vezes tivemos que parar o carro e ficar em silêncio, pois estávamos cercados por manadas de elefantes (mais de 50 elefantes cada!!)

– Corremos de um hipopótamo quando estávamos vendo o por de sol e este não gostou. No caminho no camping cruzamos com Antílopes correndo em outra direção  mas nem nos importamos e desviamos uma cobra Puff Adder (se não morrer com a picada, perde a perna) pouco antes da barraca.

– Acordamos de noite com rugidos de leões e depois com hienas.

– De manha tivemos o acampamento invadido primeiro por pequenos macacos, depois por Babuínos  que “tocaram” os macacos de lá e tomaram posse ate do carro.

Tudo isto em 24hs.

Que e que manda neste acampamento?

Quem é que manda neste acampamento?

Pathfinder

Puff Adder

Elephant Xing

Elephant Xing

Os 40 km que separam o Moremi do Chobe não são nem um pouco menos selvagens. Muito pelo contrario. Avistamos muito mais animais nesta região que nos parques. Quando estávamos fazendo um lanche numa sombra, apareceu um elefante que veio se aproximando com cara de que não gostou, e saímos um disparada. Acampamos pouco antes da entrada do parque Chobe, e pegamos muita lenha para fazer fogo suficiente para a noite toda. Criamos a linha da vida, que era a linha da luz. Onde estava escuro representava perigo. Pouco antes de dormir, subimos na Landy com holofotes  e vimos uma hiena a menos de 10 metros das barracas, só de olho. Pouco depois um hipopótamo passou por ali também.  De noite mais rugidos de leões  e uma hiena curiosa veio cheirar a barraca. Eu tive até pesadelo com tanto barulho a noite.

Africa...

Africa…

Que bela cagada!! (havaianas numero 43!!)

Que bela cagada!! (havaianas numero 43!!)

Alguem sabe qual e o lado da frente e o de tras do formigueiro?

Entrando no Chobe não muito longe dali, avistamos 7 leoas, que provavelmente foram as responsáveis pela barulheira da noite anterior. No parque do Chobe além de fazer mais safári  subimos uma pequena montanha, que e raridade na Botsuana, que é praticamente toda plana. Lá existem algumas pinturas rupestres muito antigas.

A noite em volta da fogueira, escutamos um barulho de animal a poucos metros de nós. Todos correram para o carro, e eu fiquei parado por segundos com uma cadeira de praia na mão para me defender (haha) até correr para o carro. Quando passam 3 Honey Badgers. Pequenos animais (pouco maior que um gamba), que são valentes, mas não atacam, só se defendem. Caímos na risada.

Arte

Arte

Okavango Delta

Okavango Delta

Mais Okavango

Mais Okavango

Leoas

Leoas

Restante do trajeto foi 4×4, nao passando de 25, 30 km por hora, ate chegar numa estrada asfaltada de ótima qualidade e seguirmos para Kasane, já quase fronteira com a Zâmbia. Em Kasane eles não tem muitos cachorros vira lata, mas no lugar tem Javalis largados na rua.

Seguindo para o ferry para a Zâmbia pude perceber que a Off Road Trip tinha terminado. Toda a natureza e isolamento seria trocado por caminhões, ônibus carros, gente, muita gente e diversas cores.

Etosha

Então, meio difícil escrever sobre o Etosha. E um grande zoológico  com todas as qualidades e defeitos destes. É um parque gigantesco, área suficiente para diversas espécies viverem muito bem, e conservadas de forma natural. Não é como um Kruger, mas não deixa de ser extremamente  comercial, com seus lodges refinados, piscinas e restaurantes. Claro que e um excelente lugar para ver a vida “ selvagem”, principalmente perto de vc. Os animais não se assustam, e existem os Waterholes, onde vc pode ficar tomando uma cerveja e eles vem beber água. Estes parques são meio artificiais para o meu gosto, mas talvez seja a única forma de ficar a 4 ou 5 metros de um leão.

Bota camuflagem nisto

Bota camuflagem nisto

Ta olhando o que?

Ta olhando o que?

Centenas de zebras

Centenas de zebras

Claro que agente continuou acampando, e cozinhando na fogueira, para escapar das altas taxas cobradas para estrangeiros. Um parque muito legal, totalmente recomendado, mas não é a Africa selvagem e intocada. A emoção de ver a vida selvagem livre nem se compara, mas requer tempo e paciência.

Africa!!

Africa!!

Procuramos alguns geo cache, “tesouros escondidos” com coordenadas em um site da internet. Achamos uma caixa de plastico com lembranças pessoais , alem de um caderno para colocar nome e contato. Bem divertido, pois normalmente escolhem lugares bem bonitos mas de difícil acesso.

Um elefante incomoda muita gente...

Um elefante incomoda muita gente…

Etosha depois da temporada de chuvas

Etosha depois da temporada de chuvas

Saindo do parque acampamos não muito longe, no dia seguinte paramos em Tsumeb para uma revisão no carro, comprar mantimentos e seguimos para a fronteira. Desistimos de ir pelo Caprivi, pois deveria estar alagado devido a pesada temporada de chuvas deste ano. Pena pois tem toda uma influencia de Angola que queria ver, mas acabamos passando e acampando em uma área dos San (Bushman), os primeiros habitantes do sul da África.

Foram mais de 3000 km de Namíbia, sendo que mais de 95% em Estrada de terra, e finalmente chegamos na fronteira com a Botsuana. Parecia uma porteira de fazenda, onde não passam mais que 50 pessoas por mês. Ao mostrar o passaporte Brasileiro, o Kaka foi lembrado imediatamente.

Dorp System e outras praticas

Como a África do Sul dominou a Namíbia ate 1990, exportou o regime do Apartheid para cá. Em ambos os países existiu uma prática chamada Dorp System, em que os fazendeiros e outros empregadores, pagavam parte do salario em bebidas alcoólicas  Uma forma muito clara de controlar os empregados e impedir o desenvolvimento destes. A pratica funcionou muito bem, e a herança e terrível. O alcoolismo é um grave problema, e mesmo o dorp system não existindo mais, grande parte da população menos favorecida passa todo o final de semana embriagada. Chegamos em algumas cidades na sexta feira e a fila na loja de bebidas era gigantesca.

Outra pratica legalizada no passado- e que apesar de proibida hoje- e amplamente difundida- e a punição física nas escolas. Não se comportou bem? Toma umas ripadas. Desobedeceu? Não fez lição de casa? Se atrasou? Da ate medo de pensar se na minha época fosse assim!!