Adeus Lenin!

Com tanta historia antiga, um fato da história mais recente acabou ficando em segundo plano nesta viagem pela Asia Central: talvez o Cazaquistão seja o melhor lugar para tratar deste assunto. Primeiro porque a rota da seda passou só por um pequeno pedaço ao sul do país, e segundo porque ele era como um irmãozinho da Russia, ou talvez um empregado bem obediente.

O Cazaquistão e imenso, o nono maior pais do mundo. Com um território tão grande, era fácil para a URSS esconder varias coisas. Prisioneiros políticos foram mandados aos montes para cá. Os lançamentos espaciais eram feitos daqui (o primeiro homem que foi ao espaço saiu da Cazaquistão!). Testes nucleares foram feitos aqui também  Centenas deles. Muitos subterrâneos  mas uma porção a céu aberto. O Cazaquistão era uma extensão da Russia, é fácil de associar o pais a URSS até hoje, mas não por muito tempo…

A fronteira para o Cazaquistão não fica muito longe de Tashkent. Parecia que a viagem ate Shymkente seria rápida e sem problemas, mas não foi bem assim. Sair do Uzbequistão foi relativamente tranquilo, apesar da revista nas malas. Para chegar perto da imigração do Cazaquistao, tinha um amontoado de gente, que nem de longe lembrava uma fila. Um cara que depois vimos ser amigo dos guardas (ou ate um guarda de folga) nos ofereceu para furar fila se pegássemos um táxi com ele. O valor era alto, e sempre acho meio suspeitas estas situações  Fomos pelo processo normal e foi demorado. Depois de um tempo nos liberaram para outra fila, para efetivamente entrar no prédio  Outra fila la dentro, e depois de mais espera, já com os formulários na mão  a Bibi teve seu passaporte carimbado. Eu nao tive a mesma sorte. O oficial olhava meu passaporte contra a luz, tentava descolar o plastico, saia, voltava, e assim ia ganhando tempo. Ta certo que o passaporte antigo brasileiro ‘e bem tosco (e o meu ainda foi emitido na Malásia , mas tava na cara que ele queria uns trocados. Mas ele não sabia com quem estava lidando. Me enrolou uns 40 minutos, questionou sobre as datas, do porque do meu passaporte não ter chip, e com ajuda de uma mulher que estava na fila que traduzia tudo para mim, fui respondendo. O pessoal da fila ja estava enfurecido, e sendo distribuídos para os outros guichês  A Bibi voltou para ver o que tinha acontecido, e quase barraram ela. Venci pelo cansaço e depois de um bom tempo nos liberaram. Pegamos transporte junto com a nossa amiga-tradutora, e fomos ate Shymkent, onde passamos num caixa eletrônico  coisa que não fazíamos desde a Turquia. Já havíamos combinado que não ficaríamos na cidade (pois teríamos que voltar de qualquer forma) e que seguiríamos viagem para o Turkistan. Uma estrada reta, onde as montanhas foram desaparecendo, e a paisagem ficou plana e desértica  ate com camelos ao lado da estrada.

Nosso hotel tinha vista para o belo mausoléu do Kozha Yasaui (lugar mais sagrado do Cazaquistão , além de outras edificações imponentes. Assim como grande parte de Samarkand, aqui estas construções também foram erguidas a pedido do Timur. Yasaui foi um dos maiores de todos os Sufis. Responsável pela aceitação do Islamismo na Asia central, e com seguidores em toda a região inclusive o famoso sufi Molavi.

Arranjamos um cafe onde repetimos praticamente todas as refeições  fizemos um amigo na rua que nos acompanhou nas visitas e conversamos bastante, e encontramos uma pessoa que explicou tudo sobre o lugar, da parte religiosa à histórica  o que fez com que entendêssemos muito melhor sobre o que aconteceu ali.

Já conhecíamos o caminho de volta para Shymkent, e la fomos para um hotel bem atípico  Ficava dentro de um shopping (meio galeria, mas bom). Como se tivesse um hotel dentro do shopping Batel em Curitiba. Comemos num delicioso restaurante turco e demos uma volta pela cidade.

Na manha seguinte sedo fomos no escritório de imigração  Todo estrangeiro tem que se registrar antes de completar 5 dias que chegou no pais. O oficial alegava que eu tinha que me registrar em Almaty, pois a empresa da carta convite era de la. Depois de muita insistência falou que o meu hotel poderia fazer o registro. No hotel falaram que não podiam fazer o registro, mas que dariam uma carta falando que estávamos lá. Logo apareceu uma pessoa se oferecendo para fazer por algumas dezenas de dólares (claro que ele tinha esquema com a imigração . Não desisti e encarei a burocracia e corrupção  e no final acabei vencendo!! Eba, comemoramos gastando o dinheiro em outras coisas. Shymkente ‘e uma cidade bem agradável, e gostamos da estadia.

Pegamos ônibus errado, depois ônibus certo (vcs acham que e fácil ler em russo ou cazak no alfabeto cyrilico?!), e fomos ate Sayram, pequena cidade da época da Rota da Seda que ficava ha poucos km dali, e onde nasceu o Yasaui. Não sobrou muito da cidade antiga, além de um ou outro monumento. Caminhamos um pouco, vimos a devoção no mausoléu da mãe do Yasaui e na mesquita principal, pois era sexta-feira. No final das contas, valeu mais a parada para tomar chá e bater um papo com uns tiozinhos dali, comprar umas frutas e se divertir nas Marshutka (minibus local).

Em Shymkent ja garantimos nosso lugar comprando a passagem de trem para Almaty, que prometia ser a cidade moderna do Cazakistao, para alguns dias depois, e nesse meio tempo fomos ate a cidade de Lenger, onde havia o belíssimo Parque Nacional Sayram-Ugan nas montanhas. Sabíamos o nome de uma pessoa que trabalhava em um cafe, que organizava as visitas e hospedagens por la. Chegando no cafe, o tal Alikhan não estava, e ninguém sabia se iria voltar. Pior, ninguém nem sabia do tal parque, e falavam que era em outra cidade. Detalhe que para se comunicar tivemos até que desenhar!! Depois de um bom tempo de espera e sem outra opção  decidimos tentar encontrar uma solução fora dali. Caminhamos e tentamos pegar informação com alguns locais que estavam em frente a um mercado. A pessoa que procurávamos parecia ser conhecida (a cidade é bem pequena), e gentilmente nos colocaram dentro do carro e foram procurar onde ficava a casa dele. Passamos numa casa, em outra, ligavam, e depois de um tempão chegamos ate a casa do Alikhan. Oferecemos para pagar o combustível  mas eles não aceitaram, queria ajudar só ajudar. A pessoa que procurávamos não estava, mas a filha dele sim. Ela cozinhou para nos, e esperamos a tarde inteira ate ele chegar. Estávamos a pouco tempo no Cavaquista, mas pelas experiencias que vinhamos tendo, os Kazaks eram o povo mais simpático dentre os “stãos”.

Finalmente o Alikhan chegou, e pudemos organizar nossa visita. Primeiro dormimos numa casa/fazenda de uma família  bem perto do parque, onde tivemos a possibilidade de experimentar leite de égua pela primeira vez. Não era o leite puro e sim o fermentado, que todos aqui dizem conter um pouco de álcool. O gosto era no minimo esquisito! Eles adoram leite de égua, e preferem ao de vaca.

Dia seguimos ate o parque, onde dormimos em um Yurt, aquelas barracas redondas dos mongóis  e que passaram a ser utilizadas em toda Asia Central. O lugar era muito bonito, um vale, cheio de cavalos e carneiros, com um riozinho de desgelo passando ao lado, e as montanhas ao fundo. Fizemos varias caminhadas, algumas por pastos que pareciam um tapete de flores. A Bibi encarou ate um banho gelado de rio. Longe da eletricidade, o céu era totalmente estrelado, e o topo do Yurt era aberto. Mesmo a temperatura caindo a noite, dentro continuava quente.

A volta de Lenger para Shymkent foi corrida, e fomos direto para a estacão de trem. Compramos uns mantimentos, e ao entra no vagão descobrimos que estávamos na saída de emergência  e as janelas não abriam. Nosso vagão também não tinha ar-condicionado. Eu adoro trens, mas não estávamos tendo sorte ultimamente. Não preciso nem falar que estava um calor infernal, e que só molhando a toalha para poder dormir. Estávamos num vagão sem cabine, e a interação era mais fácil  Varias famílias russas-kazaks, e nos comunicamos como pudemos. Pela manha mal deu tempo de comprar uns quilos de maca verde numa das paradas e jã estávamos chegando a Almaty, antiga capital (recentemente mudou para Astana, uma cidade projetada, meio “Dubai”), e cento econômico do país.

Almaty e uma cidade bem moderna para os padrões da Asia Central. Chegam a dizer que parece europeia, mas so se for do leste europeu. E uma cidade bem soviética  toda arborizada, com aqueles prédios em forma de bloco, tudo com as montanhas nevadas ao fundo. Por outro lado, tem bares, cafés descolados, e bastante balada. Carros modernos e caros contrastam com os onibus caindo aos pedaços, e os trens urbanos também. Caminhamos pela parte moderna, pela Igreja Ortodoxa, prédios do governo, teatros, parques e também comemos muito bem.

A pedido da Bibi fomos num restaurante italiano bem recomendado. Era daqueles caros (Almaty ‘e uma cidade cara), mas que se tomar cuidado com os “extras” se encaixa no budget da viagem. Só uma salada e pão para acompanhar o prato principal, sem sobremesa nem cafezinho. Quando o garçom abriu a garrafa de água rosqueando a tampa vi que estaria em problemas. Só a água custou 8,5 dólares!!! Teríamos que comer bastante shashlik e plov para compensar!hahah

Passamos horas nos cafés olhando o pessoal moderninho chegar com seus carros novos. Ate ensaiamos de pegar uma balada, mas nao era o dia certo e acabamos num barzinho. No cardápio cervejas com ate 15% de álcool e aperitivos que iam desde batata frita ate carne de cavalo.

As estatuas do Lenin tinham sido mudadas de lugar, mas ainda estavam por ali. Ruas como Kommunistichesky, Lenina, Karl Marx mudaram de nome, os estranhos e feios prédios blocos soviéticos ainda estão presentes, mas provavelmente não por muito tempo. Tudo parece mesmo fazer parte do passado. O Cazaquistão com suas imensas reservas de petróleo parece estar gostando bastante de um dinheirinho, do consumo. Tanto o governo como a população  Qual o futuro dos Kazaks que até pouco tempo atras eram nômades?  Não sei, só sei que Adeus Lenin!

Tchau!

Turquistão!

Se olhássemos mapas antigos, estaríamos viajando pelo Turquistão. Mas o que é antigo? A pouco tempo acabei de ler os Livros do Marco Polo e do Ibn Batuta (viajante marroquino que percorreu metade do mundo). Comparava impressões de lugares que eles tinham com as nossas. Alguns lugares já eram antigos quando eles passaram ha 700 anos atras, outros foram se formar bem depois deles, mas já são antigos para nos. De qualquer maneira são vestígios de civilizações  historia, acontecimentos e pessoas. É como se existisse um ciclo. E se tem o ciclo de acontecimentos, existe também o ciclo de curiosos, e estávamos felizes por fazer parte destes.

Depois de 22 horas em um trem sem ar condicionado, e com altas temperaturas, chegamos em Tashkent. Como era uma sexta feira, aproveitamos para ir direto na embaixada da China, que estava aberta neste dia. Não e que deu certo! Acabamos conseguindo o visto no mesmo dia. Ficamos na casa de uma família que recebe bastante estrangeiros. Os quartos super bons, mas da pena da família, que não tem espaço nenhum na sua própria casa. Como tínhamos acesso a cozinha, aproveitamos para fazer arroz, batata, e logo curar nosso problema. A guest house era um ponte de encontro com as pessoas que viajam pela Asia Central, encontramos algumas pessoas fazendo o trajeto bem parecido com o nosso, alem de algumas delas terem encontrado com pessoas que também conhecemos na estrada. O mundo parece muito pequeno para quem viaja por aqui!

A grande piada dos viajantes era que a maior atracão de Tashkent era a estacão de trem. Todo mundo ficava feliz de ir embora. Mas como tínhamos que pegar o visto para a India, resolvemos aproveitar como podíamos  A temporada de opera estava suspensa devido o inicio do verão  mas mesmo assim fomos no teatro. Ao tentarmos entender que peca estava estava em cartas, e qual eram os preços, acabamos ganhando um convite para a primeira fileira!!!

Foi um programa bem interessante, teatro completamente lotado, mas confesso que depois da primeira meia hora sem entender nada ficou um pouco cansativo, mas valeu super a pena. Ainda demos uma esticada depois num barzinho.

teatro

Passeando pelo meio dos prédios soviéticos, aproveitamos para dar uma esticada no gramado de uma sombra em um parque. Logo um policial veio nos falar que não podia. Estranhamos que tinham pessoas pulando de uma ponte e nadando no rio que passava ao lado do parque, alem de um avo com seu neto tomando banho no chafariz… mas ficar na grama nao podia. Vai entender?!

Vistos encaminhados, pegamos o metro ate a estacão de trem, onde seguiríamos viagem. Normalmente tento seguir uma logística na viagem, mas com a questão dos vistos, tivemos que antecipar a ida para Tashkent e agora voltar um pouco no trajeto, quebrando a logística  Nada demais, e os trens são relativamente bons. Como o destino não era longe, nada de cabines, e sim poltronas estilo avião  com filmes passando nas televisões  Samarkand é o destino mais famoso do Uzbequistão  Eu brincava com a Gi em Londres que o Uzbequistão era super turístico, e Samarkand era o que faltava para assinarmos embaixo da minha afirmação.

rua para os carros eletricos

Para cada mochileiro, tinha um ônibus de velhinhos visitando o lugar. Ao lado dos maravilhosos monumentos, uma rua basicamente só para um carro elétrico que levava os aposentados para cima e para baixo. Jardins, parques, tudo certinho. Monumentos todos reformados, ou sendo reconstruído  Uma pena que em um dos lugares mais interessantes para ver os monumentos – a praça Registan, estava com um palco montado para uma apresentação que vai acontecer daqui a três meses. Um guarda tentou oferecer para subirmos em um dos minaretes em troca de um dinheirinho, mas com cuidado negamos. Madrassas, mesquitas e muitos mausóleos  Um lugar que parece uma rua de mausóleos  um do lado/frente para o outro. O lugar onde o Timur esta enterrado também é aqui, e muitas pessoas veem rezar por ele.

Conhecemos um Uzbek que falava bem inglês e deu para encher ele de perguntas, e bater um longo papo. Num dia, ao procurarmos algo para comer achamos um mercado muito colorido. Grande parte do povo daqui e Tajik (o mesmo do Tajikistao). E uma etnia diferente, que fala uma língua parecida com o Farsi. Alem das roupas coloridas e chapéus, os dentes de ouro também fazem sucesso aqui.

O país e lindo, e toda hora nos questionávamos qual a cidade mais bonita, quais os monumentos mais impressionantes. Mas definitivamente tivemos uma overdose de monumentos. Precisávamos mudar um pouco. Taxi comunitário para Jiza, transporte para a cidadezinha de Yangiqislov, ate chegar na região de Florish. São algumas pequenas vilas na beira das montanhas Nurata, entrada para um parque nacional.

Nada de estrutura de hotéis  pousadas, somente algumas famílias cadastradas para receber turistas. Tínhamos um quarto só para nos, dormindo no chão  é claro, mas com colchoes bem confortáveis  As refeições eram uma atracão a parte, sempre muita comida, e era só se espichar para pegar frutas nas diversas arvores ao redor (pêssegos, amoras, peras, ameixas, etc). De um lado um planalto sem fim, onde dava para ver que tinha água la longe, do outro as montanhas belíssimas  Não imaginávamos quão longe era, e decidimos ir tomar banho no lago. Demorou uma hora e meia, mas compensou para dar um mergulho. Bandos de cabras e ovelhas dava um clima para o lugar, e a noite era espetacular com o céu todo estrelado.

Divertido foi o dia que resolvemos pegar cavalos para andar pela região  Os cavalos da Asia Central sao super famosos, como nao podia ser diferente, pois era uma terra de nômades  Já na saída o cavalo da Bibi disparou, e eu tive que cavalgar atras para conseguir fazer ele parar. A Bibi falava “para, para, help me, pleease”!! Ate agora não sei quem ela achava que iria entender, o cavalo quem sabe!!haha

Por segurança eu fui na frente puxando o cavalo dela com uma corda. O pior é que quando eles ficavam muito perto insistiam em se morder e brigar. Foi um super passeio, passando pelos planaltos, montanhas e vales. Difícil de esquecer, não só pela beleza, mas pela dor física que ficamos depois também…hehe

Muitos quilos de frutas depois, e horas de leitura debaixo das arvores, estávamos voltando para Tashkent para buscar o visto da India e nos despedir do Uzbequistão  Voltamos a mesma guest house, encontramos amigos de viagem e encontramos novos. Andamos diversas vezes pelas estacoes de metro, que apesar de ser só o nosso caminho, eram uma atracão por seus candelabros e painéis  Chato era ter que ficar mostrando o passaporte e registro toda a vez, alem de revistar a mochila. O Uzbequistão é uma ditadura, e você é obrigado a fazer um registro todo lugar que vai. Na verdade o hotel faz para você  mas quando ficamos em Nurata não tivemos este registro, por exemplo. Conversamos um pouco com as pessoas, sobre a dura vida daqui. Todos reclamaram, e teve um couchsurfer que ate mudou de assunto com medo que alguém escutasse.

Os vistos para a Asia Central tem data de entrada e saída  e já chegava a hora de partir. Ate e possível prorrogar, mas isto significaria menos tempo em outro lugar. A unica região que sentíamos por não ter ido era o Vale Fergana. Mas este vale se estende ate o Quirguistão  e passaríamos por lá, então não tínhamos com o que se preocupar. Achamos que como viemos do Irã para o Uzbequistão  acabamos comparando demais os dois países, parecia que o melhor teria sido ter ido primeiro para o Uzbequistão e depois para o Irã. Mas mesmo assim, antes de sair do pais, a caminho da fronteira, já batia aquela saudades…

Na metade do mundo!

O Uzbequistão poderia ser considerado na metade do mundo. Pelo menos na metade da mais importante rota comercial entre Europa e Asia. Muita historia se passou por ali. Alexandre o Grande marchou sentido o oriente, Gengis Khan sentido o Ocidente. Desta mesma região surgiu o Timur, que conquistou todas as regiões ao redor, e uniu todas os povos turcos, formando o Turquistão, que ia da China ate a atual Turquia. Se por um lado ele não era nem um pouco “bonzinho”, por outro era uma pessoa de muito bom gosto, e que adorava arte. Pudemos conferir algumas das belas construções feitas naquela época.

Nossa primeira parada no Uzbequistão foi na antiga cidade de Bukara. Ficamos numa guest house bem legal, aqui existem diversas guest houses em casarões típicos, tornando o lugar ainda mais característico  Ficamos no bairro judeu, onde estão a maioria destes casarões  Estávamos a poucos metros de uma sinagoga, e era muito interessante ter judeu Uzbeks andando para cima e para baixo. O numero de judeus já foi bem maior, e e muito bacana ver eles tao integrados na sociedade, mesmo o pais sendo de maioria muçulmana. Alias, a não tanto tempo atras, eles usavam ate uma mesquita como sinagoga, acreditam? Os monumentos mais impressionantes não ficavam muito longe de onde estávamos  e nos dividíamos entre os passeios, que eram no inicio da manha e final da tarde já que o calor era absurdo, e muita sombra e comida ao lado do lago Lyabi Hauz, cercado por madrassas. Nos sentimos muito bem em Bukara, parecia que estávamos num pequeno bairro, já que quase tudo dava para ser feito a pé.

Encontramos pessoas interessantes, conversamos bastante, e curtimos o lugar. Um dia fui obrigado a tomar umas doses de vodca já que o dono da pousada estava comemorando alguma coisa, que ate agora eu não sei o que era. Aqui os hospedes sempre tem que beber primeiro. Conversamos também com uns locais, fomos na feira, parques e mercados, mas parecia ter algo faltando. Os monumentos eram perfeitos demais. Lindos, maravilhosos com seus domos azuis e pinturas, mas faltava um pouco de vida.

Seguimos pela estrada de péssima qualidade ate Urgench, uns 500 km mais para o norte. Depois de muito deserto, buracos e nenhum estrutura chegamos em Khiva. Ficamos na parte velha da cidade, totalmente murada. Se achamos que Bukara estava perfeitinha demais, ali parecia que tinha sido construído ontem. A cidade ‘e impressionante, tem mesquitas, mausoléus  e mais de 40 madrassas (escolas islâmicas  só dentro da cidade murada. Mas praticamente nada está em atividade, e um grande museu. Muitos dos monumentos tem lojinhas dentro ou viraram pequenos museus. ‘E possível e bem legal, percorrer a pé parte da muralha, e a cidade ‘e mais interessante como um todo do que os monumentos individuais. Subimos por uma escada escura ate o topo de um dos minaretes, de onde tinha uma super vista. A noite caia e tudo ficava desértico  quieto, sem ninguém nas ruas. Tentei comprar uma passagem de trem sem sucesso algum. A comunicação tem sido uma grande barreira, se eu tivesse levado a serio minha ideia de ter estudado um russo básico, as coisas seriam mais fáceis.

A linguagem de sinais funciona bem, e consegui um motorista para nos levar em alguns castelos antigos mais para o norte, ate chegarmos na Republica Karakalpak. E mais um daqueles países que já existiram, mas não existem mais, apesar de ser uma região autônoma  No caminho já observávamos muitas carroças, burricos, e uma população bem simples. Tudo bem diferente dos lugares todos preparados para turistas que tínhamos passado no Uzbequistão  Algumas horas depois chegamos a Nukus, capital da Karakalpak. Uma cidade esquecida no tempo. Prédios soviéticos decadentes, um povo com língua  tradição e cultura própria  Era fácil de imaginar que estávamos em outro pais. Passamos na ferroviária e as filas (amontoado de pessoas) desanimavam. Eu não conseguia entender nada que estava escrito na placa, nem o nome das cidades. A mais bem intencionada das pessoas sabia só falar russo. Acabei dando os passaportes e dinheiro para um oficial que prometeu que tudo estaria pronto em 4 horas. Fomos ate um hotel, que não era muito agradável  e depois até o museu Savitsky. Este museu e o segundo maior acervo de obras da ex-URSS. São mais de 100 mil obras de arte, muitas delas proibidas por muito tempo. Claro que nem 2% das obras estão expostas, e depende muito de algumas exposições temporárias para mostrar mais coisas. Existe um andar do museu com uma exposição sobre a cultura de Karakalpak, onde muitos objetos, fotografias, roupas e outros itens foram recuperados, antes que a cultura toda se perdesse. Foi muito interessante, e conseguimos uma pessoa que falava bem inglês  assim podendo entender um pouco mais do lugar. Voltamos na estação de trem e ainda não estava pronto. Sera que demora tanto para emitir uma passagem? Fomos num mercado e interagimos bastante com o pessoal, que era bem simpático e curioso. A maior nota da moeda aqui vale uns 30 centavos de Dollar  então imaginem a pilha de dinheiro ao trocar 100 usd. Nos mercados algumas pessoas ficam com malas e sacolas de dinheiro. Se trocar no cambio oficial se perde bastante dinheiro, então sempre íamos nos mercados mesmos.

A passagem deu certo, e devolveram ate o troco. Nos estávamos morrendo de medo de corrupção  pois um casal de israelenses tinham nos assustado, mas tudo se mostrou ser mais simples do que parecia. Desisti de ir deserto a dentro ate o antigo Mar Aral. Eu queria ver aqueles navios encalhados na areia, sem nada de água, onde ocorreu uma das maiores catástrofes causadas pelo homem. Mas depois de ver tanta coisa perfeitinha, e descobrir que ate os navios eles alinharam e organizaram, desisti da ideia. Arranjei um restaurante bem gostoso, e a Bibi ficou surpresa. O problema e que não estávamos muito bem de estomago, e não podíamos comer de tudo (depois de quase dois anos de viagem, tive minha primeira diarreia).

milhonarios

O trem chegou no horário  e a cabine de segunda classe era para ser boa. E era, o problema ‘e que na maioria dos vagões o ar condicionado estava estragado, então a viagem não foi muito agradável  O senhor que cuidava do nosso vagão era bem legal, as nossas companheiras de cabine também se esforçavam oferecendo comida, mas era difícil não pensar na temperatura. Caminhávamos ate o vagão restaurante para ver se achávamos algum lugar mais fresco, mas não tinha muita solução  A janela abria só trés dedos, e a Bibi molhou uma toalha para conseguir dormir. Vinte e duas horas depois chegamos em Tashkent, a capital do Uzbequistão.

Vegas, Dubai, Ashgabat!!!

Quando falam em grandes desertos com construções modernas (e de mau gosto), normalmente pensamos em Las Vegas ou Dubai. Quando pensamos em uma ditadura duríssima,  um verdadeiro estado militar, uma das primeiras lembranças sera da Coreia do Norte. Não fomos para nenhum destes lugares, mas uma mistura deles, com um grande toque de Asia Central!

No Turcomenistão, jornalistas não são bem vindos, existe um controle quase que total da mídia.  Estrangeiros também não são bem vindos, acho que não querem suas opiniões.  Para se conseguir um visto, alem da carta convite, precisa de um guia te acompanhando o tempo todo, tornando tua viagem nem um pouco independente. Desta forma conseguem orientar o tipo de informação que você vai ter do lugar. A salvação são os vistos de transito. Tentamos o de três dias, e acabamos (depois de alguns problemas no consulado), ganhando 5 dias. Alteração rápida no roteiro, e poderíamos passar pela capital, Ashgabat.

O caminho de Mashhad até a fronteira não foi tão fácil  Nada de ônibus VIP, só tinha um caindo aos pedaços  sem ar condicionado num baita calor. Os últimos 100 km tivemos que percorrer de táxi  pois nada de transporte publico. Passamos por uma região montanhosa muito bonita, até chegar em mais uma fronteira lotada de caminhões  Procedimentos normais, uma pequena consulta medica (tinha um cartaz contra tatuagens muito legal) e logo estávamos na imigração do Turcomenistão.  Soldados sérios  fotos do presidente  e achávamos que sabíamos o que vinha pela frente. Aproveitamos que duas tiazinhas estavam indo na mesma direção  e fomos dividindo taxi nas conexões ate Ashgabat, não muito longe da fronteira.

Chegamos pela parte sul da cidade, e de repente, depois de uma paisagem de deserto, inicia-se um sequencia de prédios altos, novos, chafarizes  jardins com flores. Mulheres limpando com paninho o poste do sinaleiro. A primeira estatua dourada do ex-presidente Niyazov também não demorou para aparecer. Palácios de mármore  esculturas e praças.  Muitos soldados nas ruas, uns 2 de cada lado de uma quadra. O ponto de ônibus com loja de conveniência e ar condicionado chamou a atenção  A Bibi até elogiou, mas a reação da tiazinha mostrava que era só fachada mesmo.

Estatuas douradas- estilo eu me amo

Moradia para os amigos

O Niyazov tomou o poder com a queda da URSS, e se tornou um ditador com todo o sentido que a palavra pode trazer. Espalhou suas estatuas douradas por tudo, e reprimiu violentamente qualquer tipo de oposição  Destruiu apartamentos antigos onde pessoas moravam, sem pagar indenização  para construir estes novos. Quem trabalha para o governo tem regalias, como o subsidio de 50% do valor do apartamento chique que ele construiu em cima das antigas residencias, e financiamento em 30 anos. Ele era um louco, e em um momento da sua vida, escreveu um livro chamado “Livro da Alma”. Neste livro ele reescreveu a historia,costumes e espiritualidade do Turcomenistão. Questionários sobre o livro foram impostos para quem quisesse trabalhar num cargo publico ou ate fazer um exame de auto-escola. A “boa noticia” e que ele alegava era de quem lesse o livro 100 vezes iria para o Céu!!!

Com a morte do Niyazov, um dos seus ministros (e provável filho bastardo), assumiu o poder. Não existem estatuas de ouro dele, mas os posteres, outdoors e calendários dele sorridente estão por todos o lados.

Ao nos aproximarmos mais do centro, vimos que os ônibus do povão não eram nem um pouco sofisticados, e nada de ar-condicionado por qui. Nosso hotel era daqueles antigos blocos soviéticos  A recepção até que era reformada, mas os elevadores, corredores com tapetes se desfazendo e a mesinha da recepção do nosso andar (tem uma segunda recepção em cada andar!), nos assustavam um pouco. Tivemos uma grata surpresa ao ver que os quartos tinham sido totalmente reformados, pintados, alto padrão!

Moradia para quem nao e amigo

Caminhamos pela cidade, para olhar os monumentos bizarros, palácios e teatros de mármore e outras coisas bem peculiares daqui. A quantidade de policiais e soldados não deixa o clima nem um pouco agradável  Um deles nos pediu cigarro e ao falarmos que não tínhamos  pediu dinheiro na cara dura! Para tirar foto aquela tensão  pois se alguém não gostasse, com certeza teríamos que deixar uma grana para não levarem nossa maquina. Alem dos taxis comuns, quase qualquer carro funciona como um taxi não oficial. Aproveitamos para ir a lugares mais longe desta forma. Você esta andando na rua e é só olhar que eles param. Uma corrida na cidade não vai te custar mais que 35 centavos de dólar  Parece barato, mas se pensar que o litro de combustível custa menos de 25 centavos de dólar da pra ver que eles ganha dinheiro com isto.

No Turcomenistão tem tanto petróleo e gaz natural, que o gaz já foi gratuito. A população deixava o fogão aceso dia e noite, para não ter que gastar com fósforos, que não era gratuito, acreditam? Grandes contratos com a Russia fazem com que a eletricidade (trocada por petróleo), também seja muito barata. O que com certeza não é barato, mas é desperdiçada por todo o lado nas intermináveis fontes, é a água. Aqui está o maior canal artificial do mundo, e passamos por diversos outros menores desviados para a produção de algodão  Em épocas soviéticas, este foi um dos motivos de um dos maiores desastres naturais de todos os tempos, que resultou na quase destruição do mar Aral.

Nada de economia de agua

Rodamos bastante, exploramos o que pudemos nos poucos dias que tivemos. Vimos mesquitas ultra modernas e outras estilo Blue Mosque de Istambul. O povo daqui, os Turcomen, são “primos”dos Turcos, assim como muitos povos da Asia Central. Antes tudo aqui ara chamado Turquistão, e eles foram conquistando tudo até chegar na Turquia. Existe também muita influencia da Russia, como a língua russa (como segunda língua  e o gosto pela Vodka. Eu acabei ficando só na cervejinha, num biergardem bem tipico, lotado de bêbados!

Monumentos

Blue Mosque

Fomos no Tolkuchka Bazar, no subúrbio da cidade. Um conjunto interminável de barracões novos, brancos, com tudo o que e tipo de coisas para vender. Comida, roupas, chales, coisas para casa, pecas de carro e ate camelos. O mais legal foi poder ver mais do povo, mulheres com seus vestidos coloridos e dentes (muitas vezes a dentadura completa!) de ouro.

Fotos do novo presidente

Tolkuchka Bazar

Pegamos um taxi coletivo para Mary, já a caminho do Uzbequistão  Nosso motorista não era muito simpático  corria mais que o necessário  e não deixava baixar o vidro, mesmo estando mais de 40 graus. Nossos companheiros de transporte também não ajudavam, e fumavam na cara dura, com tudo fechado. A viagem foi um inferno, e ao chegarmos num hotel, a Bibi não parava de rir da péssima qualidade do quarto. Tudo que é informação que tínhamos do país não servia mais. Hotéis fecharam, ruas mudaram de nome, até a disposição das cidades era outra. Acabamos achando um hotel bom, só um pouco mais caro que o caindo aos pedaços (literalmente, tinha até buraco no chão do banheiro!).

Mary tem algumas atracões  monumentos, parques e ate uma Igreja Ortodoxa bonita, mas ela serve mesmo de base para as ruínas de Merv, uma das mais importantes cidades da Rota da Seda. Nesta região Alexandre o Grande estabeleceu uma cidade, para facilitar sua conquista do Oriente.

Nosso visto estava vencendo, e tínhamos que ir para a fronteira. Precisávamos ir ate o ponto dos taxis comunitários  e paramos o primeiro carro que apareceu, um “camaro”. Coloquei as mochilas no banco de trás e dei espaço para a Bibi entrar. Nisto, o motorista sai arrancando enlouquecidamente, tocando o carro em cima de mim com a porta aberta, e foge com as mochilas. Tentei correr atras, mas não deu nem para ver a placa. Atravessei a rua ate o canteiro, para ver se ele vinha na outra direção  mas nada… Deu aquele pensamento “fudeu”! Mas logo depois eu já pensava, pelo menos estamos com o passaporte, dinheiro e coisas de valor.

A Bibi tava indignada, inconformada. Voltamos para o hotel para contar do ocorrido, chamar a policia? Sera que adiantaria? Não sabíamos nem a placa do carro… Eu já pensava em pegar o primeiro taxi e sair dali, ir direto para o Uzbequistão  quando de repente o motorista voltou!! E nos chamou, acreditam?!!. Não entendi o porque, e nem quis entender. Não sei se ele se arrependeu, ficou com medo, ou se queria roubar nossas coisas de valor, que estavam com a gente. Também não fiquei la para descobrir. Peguei as mochilas, e mandei ele a merda. O pessoal do hotel tentou amenizar, dizendo que talvez ele não fosse ladrão  só  louco”. Mas não importa, só sei que o susto foi grande.

Queríamos ter saído bem cedo, mas isto acabou nos atrasando. Atravessamos o restante do deserto, e chegamos na fronteira pouco depois do meio dia. Fronteira fechada para o almoço  e a solução foi tentar se proteger nos 40 centímetros de sombra que fazia de um trailer. A temperatura no Turcomenistão passa dos 50 graus no verão, mas para nossa sorte tava “só” uns 45!

Vistos complicados 2

Os posts sobre vistos complicados já esta servindo mais para desmistificar alguns vistos do que outra coisa. Não sei se eu tenho viajado demais, mas já não são tao complicados. Podem ser um empenho, mas nada que nao se possa contornar.

Para viajar para alguns países  como os da ex-URSS (além de outros), muitas vezes e solicitado uma LOI, carta convite. Como ia para a região  resolvi providenciar as LOIs assim que o visto do Irã chegou. Sabia do caso de um amigo que tirou o visto do Uzbequistão sem a carta convite, mas não poderia correr o risco. A carta pode demorar semanas para ficar pronta, e se o visto fosse negado, isto custaria muito tempo a mais em Istambul.

Entrei em contato com uma agencia que providencia o convite sem outros serviços inclusos (muitas vendem um pacote com hotel, transporte…). Eu fiz o pedido para o Cazaquistão  Uzbequistão e Quirguistão  Logo descobri que o Quirguistão não esta solicitando cartas convites para brasileiros.

Visto Cazaquistão:

-Trem de 40 minutos ate a estacão de Florya. Andar 15 minutos, achar o endereço  Descobrir que o Consulado mudou. Tentar se comunicar com os vizinhos para descobrir onde e o novo endereço.  Acabar pegando um táxi até o local. Descobrir que o consulado esta fechado sem nenhum motivo aparente.

-Outro dia, retornar até o já conhecido endereço,  preencher o formulário de 3 folhas, entregar a carta convite e uma foto. Pagar uma taxa num banco perto do endereço antigo, retornar para entregar o recibo. Muita chuva e um taxista que mandou nos descermos no meio do caminho, pq recebeu uma chamada, isso nos atrapalhou também, alem de nos molharmos bastante.

-Retornar no Consulado dois dias uteis depois. Perguntar sobre o passaporte e a mulher não achar. Esperar uns 15 minutos enquanto ela faz diversas ligações.  Chega a pessoa que nos atendeu no outro dia. Procura o nosso passaporte e entrega com o visto (mesmo tendo deixado partes do formulário em branco, como dados dos vistos da sequencia da viagem).

Quirguistão:

-Tram, subida e uma ladeira, Consulado fechado. Espera. Abre. A mulher passa por nós varias vezes e não fala nada. Arruma a mesa dela. Vai para a cozinha. Faz chá  Toma chá enquanto vê os emails. Nos chama na frente de uma família que chegou antes. Formulário de uma só pagina e foto. Pagar taxa no banco ali perto. Escritório do banco (que não é no banco). Entregar o recibo. Falaram para voltar em 4 dias uteis. Dei uma chorada pois tinha que pegar o visto do Uzbequistão  Deixou eu ficar com o passaporte e entregar no dia seguinte, e prometeu o visto para 3 dias uteis (antes do fds).

Uzbequistão:

Carta convite atrasou sem motivo. Preenchi formulário na internet e imprimi copia. Coloquei “ainda esperando” no local onde pedia o numero da carta convite (não imprimia se não estivesse preenchido). Tram, funicular em vez de subir a ladeira pois estava chovendo, metro, descobrir qual micro-ônibus vai ate o bairro do Consulado. Ao chegar, subir uma escadaria na chuva. Aguardar a vez. Entregar o formulário e foto. Torcer para não falarem nada da carta convite. Descer a escadaria (uma quadra de escada) na chuva e ir ate o banco. Pagar a taxa, levar o comprovante. Esperar (com os pés molhados) 4 hrs num cafe/restaurante. Pegar o visto mesmo sem carta convite. Comemorar, descer as escadas com o novo amigo viajante que estava pegando visto. Pegar micro-ônibus  pegar metro. Ir até o consulado do Quirguistão  Entregar o passaporte. Escutar que vai demorar 4 dias mesmo, e não 3 ( e com isto perder o trem do final de semana).

Então, pode ser empenho, complicado neste sentido, mas difícil também não é. Achei que até foram fáceis  Claro que não se comparam ao vistos que pegamos nas fronteiras, mas aquele mito de “sera que vão me dar o visto”  nestes casos é um pouco de exagero.

Caso alguém precise dos endereços  preços  nomes dos transportes de tudo isto em Istambul, é só falar. Não coloquei, pois ficaria meio chato para quem não vai usar.

Bem, logo a viagem propriamente dita começa, e ainda existem algumas embaixadas para serem visitadas.

 

How I posted in Lonely Planet forum:

Hello, I just want to share my experiences about getting Central Asian visas in Istanbul.

Kazakistan (with Loi):
The Consulate is no longer at Florya Caddesi 62. It is on the corner of Konakli and Germeyan, not far from there.
Get the train from Sirkeci to Florya station, takes about 30 to 40 min (1,75 lira). It’s about 15 minutes walking, or 4,5 lira by taxi (it was raining a lot).
You have to fill the 3 page application, one photo, and pay at the Bank (another 15 min walk or 5 lira taxi). The cost of visa depends of your nationality. Brazilians have to pay 30 usd, and some Canadian had to pay 100 usd. You have to pay 6 lira commission to the bank. You co back and give the recite to them, and have to wait 2 working days.
On the application asked about the next country visa or Loi. I left it blank, but got the visa.
Open 9-12 and 15:30 to 16:30

They didn’t talk much there, but was easy process.

Kyrgystan:
The Consulate is on La Martin Caddesi, 7. Going out of the funicular exit, make a diagonal on your right side. Very easy to find.
Got the one page form, gave them a picture an no Loi was required. Payed the 80 usd for the visa at a bank 5 min from there. Went back, and she said to pick up the visa 4 working days later. I Begged for 3 working days and she agreed. She let me stay with the passport one more day so I could get the Uzb visa. Had to give back the passport before 17 of the following day.

Open everyday 10-12 and 14 to 17.

The lady took her time to start to work in the morning. Had tea, checked emails, but after was extremely friendly and helpful.

Uzbekistan:
I had appied for the Loi 3 weeks before, but since it had not arrived, decided to try without it.

Take the metro (1,75 lira)on Taksim and stop at 4 Levent. Exit on “Yeni Levent” and catch the minibus (1,50 lira) to Istiniye (ask to be dropped at “Devlet hastanesi”. The consul is on a parallel street as the one you will go down. You have to go up on the hill. (thanks Cam & Noemi!)
Sehit Halil Ibrahim Caddesi, 23 .
You MUST apply at www.evisa.mfa.uz and bring one copy with you.
Open Mon, Wen, Fri 10-12 and 15-17
Payed the 80 usd at the bank, plus 6 lira commission and got the visa in the same day, without Loi.

Not much talk there. They want you to have everything on hands and ready. Not that friendly but very straightforward.

If you buy the akbil, you will pay less every transport in a row that you get.

I hope it helps.