Surf em terras Incas (2003)

Em 2003 fui para o Peru com uns amigos. Era uma surf-trip, mas claro que a barraca e afins estavam na mochila para fazer a caminhada até Machu Picchu.

Chegamos no dia 28 de Julho, dia da independência peruana e as ruas estavam um caos. Fomos direto até Punta Hermoza, praia que utilizamos como base para explorar a região. Cada dia era uma praia, com ondas para todos os gostos. De manhã bem cedo sempre encontrávamos um senhor, Paco Del Castillo, que ficamos sabendo mais tarde ser um dos pioneiros a surfar no Peru. Ficamos amigos dele e do seu filho, Roberto, que sempre estava na água.  Revesávamos entre as ondas de “Herradura”, “Caballeros”, “Señoritas”, “Punta Hermoza” e nossa predileta,  “Punta Rocas”, que estava grande. Bem, pelo menos achávamos até então. Com a ondulação chegando, a gigantesca onda de “Pico Alto” começou a “funcionar”. Mas segundo nosso amigo local, Roberto, com aquele vento o lugar ideal era a tal de “Peñascal”.  Pegamos o ônibus sentido sul, e lembro de olhar a praia e pensar, “é até que tem onda”. Mas ele riu, falando que não era aquela “ondinha”. Apontou lá para o fundo, onde devido a distância não dava para ter noção do tamanho da onda, mas já imaginava que era a maior onda que já tinha encontrado até ali.

Punta Hermoza

Punta Hermoza

Como é um blog de viagens, não de surf, não vou entrar em detalhes, só contar que literalmente quase morri. A cordinha arrebentou, quase me afoguei, lutando contra a corrente durante mais de meia hora, ainda tendo que pisar em ouriços para sair do mar. Pelo menos peguei uma ou outra onda com mais de 10 pés!

Com aquela ondulação chegando, decidimos ir mais ao norte do Peru. Um amigo do Paco alugaria um carro por um preço camarada se o Roberto fosse junto. Topamos na hora, mas como ele não sabia dirigir, mal sabíamos da encrenca que estávamos nos metendo.

Mal sabíamos o que vinha pela frente...

Mal sabíamos o que vinha pela frente…

Fomos extorquidos a cada posto policial, na ida e na volta. Parecia que combinavam e passavam um radio para o posto seguinte “tem uns trouxas brasileiros indo…”. Tínhamos verificado que não era necessária a carteira de motorista internacional, mas eles alegavam que precisava. Nas cidades maiores parávamos para verificar e confirmávamos que tínhamos razão. De nada adiantava, teve um guarda que disse que a regra tinha mudado na “semana anterior”. Tentávamos de tudo, mas no final só eramos liberados deixando um dinheirinho.

Fomos até Pacasmayo, passando antes em “Chicama”, uma das ondas mais compridas do mundo. Apesar do estresse com os policiais, foi uma road-surf-trip muito divertida!

Nesta internet recebi informações que meu sobrinho tinha nascido.

Nesta internet, no meio do nada, recebi informações que meu sobrinho tinha nascido.

Após devolver o carro em Punta Hermoza na volta, ainda exploramos Lima e pegamos umas baladinhas. Uma coisa que achávamos muito engraçado era que o cobradores iam empurrando as pessoas do ponto para dentro do ônibus falando “Lima, lima, Lima” sendo que muitas vezes elas nem queriam ir para lá.

Chegava ao fim a etapa litoral da viagem e partimos para as montanhas, em um voo até Cusco. Naquela época, não tinha tanta informação quanto hoje. Não era só entrar na internet e saber bem certinho sobre como ir até Machu Picchu. Eu tinha amigos que tinham feito a trilha Inca na década de 90. Tinha que carregar tudo, falavam da dificuldade de encontrar o inicio da trilha e tal…

Chegando em Cusco. A mesma mochila me acompanha até hoje!

Chegando em Cusco. A mesma mochila me acompanha até hoje!

Cusco

Cusco

Mas tudo tinha mudado. Minha barraca, fogareiro e equipamentos em geral pareciam supérfluos.  Para chegar até Mache Picchu somente através de agencias. Não era o ideal, mas tudo bem, fomos atrás. Nos surpreendemos quando vimos que estava tudo lotado para as próximas semanas. Mas não desistimos tão facilmente. Depois de revirar Cusco atrás de um pacote, sem sucesso, encontramos uma guia Quechua, que se dispôs a nos ajudar.  Fomos com ela encarar filas em um escritório oficial de turismo, e depois de uma longa tarde saímos com as autorizações. Tudo certo então? Mais ou menos. A trilha liberada era outra, portanto tínhamos só 3 dias (2 noites) e não 4 (3 noites) para chegar até Machu Picchu.

Início da Trilha Inca

Início da Trilha Inca

Combinamos com a guia que tentaríamos passar os postos de controle da trilha original, e aumentaríamos o ritmo, para ganhar um dia. A desculpa que demos era que que na trilha do trem (que tínhamos autorização) haviam muitas cobras , não sei como, colou e seguimos pela trilha desejada. Na longa caminhada íamos conhecendo pessoas, mas deixando para trás, para poder completar o percurso a tempo. Até que não foi ruim acampar em um lugar sozinhos, ainda mais quando saiu uma lua cheia que iluminava os picos nevados. Quem diria que todo o equipamento que eu levei seria utilizado, já que não fizemos parte de nenhum grupo, com carregadores de barracas, comidas, etc,

A trilha é muito legal, realmente vale a pena! A incrível paisagem, os passes que chegam a 4200 metros e os diversos sítios arqueológicos  (Runkurakay, Phuyupatamarca…) todo o conjunto é tão legal quanto Macchu Pichu em si.

Devido a altitude, muitas vezes o ritmo da caminhada era lento e as subidas pareciam intermináveis. A segunda noite se aproximava e ainda estávamos longe do ultimo local permitido para acamparmos (onde inclusive tem uma construção). Fui com a guia na frente ver se conseguíamos  um lugar para a barraca e meus dois amigos ficaram para trás. No final das contas acabou anoitecendo e ficaram perdidos no meio da trilha. Víamos somente algumas luzes das lanternas no alto da montanha, contrastando com a escuridão do lugar. O jeito foi contratar um guia para ir resgatar eles e outros retardatários. Pelo menos eles estavam caminhando ha umas 17 horas, mas não fugiram das minhas piadas. rs

Mas nem todas as dificuldades haviam sido superadas. Como não tínhamos autorização para estar nesta trilha, não tínhamos lugar para acampar, pois estava tudo lotado. Acabamos dormindo nas escadarias, junto aos carregadores, que pouco mais tarde nos acordaram, quando o refeitório foi liberado. Quando todos das excursões foram para suas barracas, aproveitamos para entrar e dormir nos bancos entre as mesas. Sono profundo mais curto, pois quando arrumavam o café da manhã para o pessoal tivemos que acordar (a caminhada inicia as 4 da manhã).

Comemos o pouco que restava das comidas que carregávamos e não encaramos os altos preços do cardápio. Quando o pessoal saiu para a trilha, alguns carregadores logo foram pegando as sobras. Nos ofereceram claro que não negamos. A sorte é que tinha sobrado muita comida!

Seguimos a trilha e logo estávamos chegando na Puerta Del Sol, avistando Machu Picchu pela primeira vez!! Depois de tento esforço, acho que acabamos valorizando ainda mais aquele super visual!

Primeiro contato com Machu Picchu

Primeiro contato com Machu Picchu

Não só as ruínas, mas todo o lugar da um astral.

Não só as ruínas, mas todo o conjunto é um astral.

Caminhada até lá com a sensação de dever cumprido, visita guiada pelas ruínas e um merecido descaço no gramado. Incrível todas as construções e conhecimentos que os Incas tinham!  Ficamos curtindo o lugar e eu ainda encarei uma subida até Wayna Picchu! Novamente valeu muito a pena!

Em Aguas Calientes tomamos aquele banho quente nas termas e mal reclamávamos do cheiro de enxofre. Dormimos feito pedras e pela manhã pegamos um trem de volta até Cusco. Depois de uma boa noite de sono (mais ou menos, rolou uma baladinha!) exploramos mais a bela cidade.

Já tínhamos explorado Ollantaytambo e o vale sagrado, então foi bom passar mais uns dias em Cusco, cidade muito interessante.  Além das atrações mais obvias, gente do mundo inteiro para bater papo, ruelas e mercados para andar sem destino.

Logo estávamos pegando o voo para Lima, onde ficamos uma noite na casa de amigos de amigos. Voltando para o Brasil, já fazia planos para uma próxima viagem, melhor forma de curar uma ressaca pós viagem!

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Mídia, novo livro, palestras e próximas viagens.

A viagem, o livro e o blog tem sido destaque em diversos meios de comunicação. Nem sempre publico aqui, mas quem se interessar pelas matérias e entrevistas tem toda a relação na pagina “Mídias” (Clique Aqui).

Recentemente saiu no Jornal O Dia, Revista Viajar e na semana passada teve matéria na Folha de São Paulo. Para ler Clique aqui.

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O novo livro está bem adiantado e logo vou postar mais sobre ele.

Fechamos uma serie de palestras, treinamentos e workshops até o final do ano.

O próximo é dia 24 de Setembro, no Hub Curitiba. Para saber mais: http://hub-curitiba.com/a-viagem-transforma-o-homem/

Neste curso tentaremos responder algumas perguntas:

Por que e para quê viajar?  Como uma viagem pode transformar o homem?   Há tipos diferentes de viagens?   Como se planeja uma viagem de longa duração? E como se administra?   Todos os roteiros levam ao mesmo lugar, ou existem roteiros melhores de acordo com o que se busca em uma viagem?

Enquanto não marcamos a nossa próxima viagem, vou escrevendo sobre os países que visitei mas que nunca publiquei nada. Deve ter pelo menos uns 20 faltando.

 

 

Sobre qual região deveria ser o próximo livro??

Meu primeiro livro foi De Cape Town a Muscat: Uma aventura pela África. Já estou com material bem adiantado para o próximo livro. Se tudo der certo, fica pronto nos próximos meses. Mesmo já sendo “carta marcada” fiquei curioso para saber qual região os leitores tem maior interesse, então resolvi criar a enquete. Se puder, comente sua opção! 🙂

Road trip pelo Canadá

Confesso que não tinha planos de viajar para o Canadá tão cedo, mesmo sabendo das belezas naturais do país. Mas meus pais tinham um sonho de fazer uma viagem de Motor Home toda a família junta e não foi difícil de aceitar 😉

Viajamos antes para a parte leste, eu a Bibi e meus país, e percorremos Toronto, Niagara Falls, Tousand Islands e Montreal. Quase 1000 km em um carro alugado.

Em Toronto, o que mais gostamos foi o Kensington Marquet, que fica perto de Chinatown. Inicialmente uma região de imigrantes do leste europeu, hoje bastante ocupada por portugueses e neo-hippies.  Um taxista canadense tentou nos falar que lá era lugar de drogados, jovens e imigrantes, tentando nos desanimar. Adoramos o lugar, cheio de brexós, arte de rua, pequenas confeitarias, lojas, todas com estilo. Tinha um pub tocando um bom e velho rock e paramos para tomar uma cerveja e curtir o lugar. Voltamos lá para nos abastecer de comidas, frutas, queijos para a viagem do dia seguinte.

Kensington market

carro todo pintado e com uma horta de temperos.

As famosas cataratas de Niagara foram nossa próxima parada. Muito bonito o que a natureza fez, mas não se pode falar do que os homens fizeram ao lado. Cheia de hotéis, uma poluição visual gigante. Me surpreendeu de não precisar pagar para entrar. Para curtir tem que olhar numa só direção, e esquecer o que está ao lado.

Niagara Falls

Niagara Falls

Nossa piada preferida quando estávamos indo para as Thousand Islands era que pediríamos uma salada com molho local. Diz a lenda que a receita foi inventada em uma das mansões das quase duas mil ilhas que ficam na fronteira dos USA e Canadá. Fizemos um passeio de barco pela região para conhecer as ilhas, mas o tempo não ajudou. De qualquer forma todas as estradas secundárias e cidadezinhas ao lado do rio são muito charmosas e ótimas para um piquenique. Dormimos em uma pousada na pequena cidade de Ananoque.  Bela cidadezinha!

tousands islands

thousand islands

Montreal é uma daquelas cidades grandes agradáveis. Mas achei que forçam demais o lado europeu dela, apesar de ter uma ou outra referência. Quando fomos na Basílica de São José estavam tocando um órgão que produzia sons com sinos de diferentes tamanhos, muito bacana. Mas o show (literalmente) ficou mesmo com o festival de Jazz que estava acontecendo. Os artistas de Mali Amadou & Marian fizeram que o pessoal esquecesse que estava chovendo e pulasse sem parar.

Voamos para Vancouver, onde encontramos minha irmã Pati, cunhado Nuno e sobrinhos, Pedro e Luiza. Minha outra irmã/cunhado (Gi/Dan) que moram em Londres não puderam ir desta vez, e fizeram falta.

Depois de rodar a cidade com montanhas de pano de fundo, repetimos a dose da Tailândia (onde andamos de bicicleta por Sukothai), pedalando em família pelo parque Stanley entre totens e jardins.

Existem muitos imigrantes morando no Canadá. O Canadá é uma terra de oportunidades, incentivam trabalhadores de diversas categorias a emigrar para lá. Sei que foi muito divertido encontrar indianos de Punjab e falar para eles que havíamos ido para o Golden Temple duas vezes, discutir sobre a história do Guru Nanak e sobre o Sikhismo (religião deles). Um paquistanês disse que conhecemos mais do país dele do que ele mesmo. Mesmo discurso de um marroquino que pouco viajou pelo seu país. Agora quem ficou chocado foi um curdo, quando soube que eu tinha visitado sua cidade natal no norte do Iraque. Nos olhava incrédulo e queria saber mais sobre o que fomos fazer lá.

Pegamos um carro, atravessamos de ferry, e fomos para a ilha Vancouver, fazendo algumas paradas como em Chemainus, com seus painéis, até chegar na simpática Victória. Cidade gostosa, clima mais de interior, com um museu incrível (Royal BC Museum) e o famoso Butchart Gardens. Muitos hidro aviões subindo e descendo e barcos para fotografar as Orcas. Ainda visitamos um amigo de um amigo que nos recebeu super bem. Seu filho mora no Laos com uma Uzbeque e estavam visitando os pais, então papo não faltou.

Voltando para Vancouver a Bibi me perguntou o que eu estava achando da viagem até ali. Como sempre, usei uma das minhas histórias com duplo sentido.

Disse: “É como ir num cinema super moderno, assistir uma comédia romântica”. Você vai se divertir, ser bem atendido, comer bem, mas no futuro vai mais se lembrar da companhia do que do filme e dos serviços” (risos).

Mas está viagem teria uma experiência nova. De Vancouver alugamos dois Motor Home e seguimos sentido Montanhas Rochosas.  A primeira parada foi em Salmon Arm, em um camping na frente de um lago. Precisava ver a alegria do meu sobrinho cortando lenha (comprada na recepção) para fazer fogo. Estávamos ainda entendendo todos os “esquemas” dos Motor Home, mas tudo dava certo no final. Apesar do verão, de noite esfriou bastante, mas era só ligar o aquecimento para em instantes estar tudo ok. Com banho garantido, não precisar arrumar mochila, a Bibi passou a gostar bastante da brincadeira também.

Logo estávamos chegando nas Montanhas Rochosas propriamente ditas. O Lake Louise, o mais famoso cartão postal de Banff foi nossa porta de entrada. Lindo, não é um cartão postal, é uma pintura. O problema é que tem que olhar numa só direção, pois ao redor já tem hotel, estacionamento (…) já perde bastante a graça e a autenticidade do lugar. Se não tivessem matado todos os índios, quem sabe ainda teria um pequeno aspecto cultural por ali. Mas não sobrou nada, apenas algumas referências nas placas explicativas dos parques. Quase todos nós achamos o outro lago que fica ali perto, o Moraine, mais bonito. O fato de estarmos com dois Motor Home ajudou, pois para subir estas montanhas utilizávamos somente o pequeno, que facilitava para estacionar.

Lake Moraine

Lake Moraine

Dormimos perto do Jhonston Canyon, num camping bem simples na Bow Valley Parkway, estrada secundária que liga o Lake Louise até Banff. Muito bonita, calma, dava vontade de estar com uma bicicleta. Toda esta área das Montanhas Rochosas tem diversas trilhas, lagos cachoeiras. Dá para gastar um tempo explorando a região.  Banff é uma cidade gostosa, centro deste parque nacional, que recebe 5 milhões de turistas todo ano (mais que o numero de turistas estrangeiros no Brasil). Ficamos num camping belíssimo e super bem estruturado, com vista para as montanhas.

Mas a estrada tira o folego mesmo mais ao norte, a caminho de Jasper, quando é chamada de Icefilds Parkway. Diversas opções de paradas, para curtir o visual, fazer trilhas e tomar banho nos lagos de desgelo. Eu, o Nuno e o Pedrinho encaramos água gelada, que estava de doer!! Com uma vista tão bonita ao longo da estrada, não tem por que ir rápido. O trajeto de Banff até Jasper pode ser completado em 3 horas, mas acabamos dormindo pelo caminho. Um dos campings menos estruturados que ficamos, não tinha ninguém para atender. Colocava o dinheiro num envelope com número, e o número no Motor Home. No meio do mato, com montanhas iluminadas pelo pôr do sol e um rio de desgelo passando ao lado. Vimos um pequeno lince que gerou uma empolgação geral.  Mas olhando as fotos com zoo estamos achando que está mais para um gato grande! Ou não rsrs

Uma das paradas da Icefilds

Uma das paradas da Icefilds

Eu e a Bibi ficamos no motor Home menor, e os seis no grande. Mas revesávamos para curtir a bagunça do outro motor home, com música e bate papo. Revesávamos para dirigir o Motor Home grande também, apesar de não existir grandes segredos.

No meio do caminho uma grande parada onde existem ônibus que levam os turistas até um glaciar. Os canadenses não são americanos, mas sabem como ganhar dinheiro.  Para quem gosta de facilidades e uma boa foto, pode ser uma boa, mas novamente, a experiência ou qualquer aspecto cultural,  não fazem do parte do pacote.

Seguimos pela estrada maravilhosa, com aquelas montanhas e lagos azuis. Muitas placas sobre a vida selvagem e cuidado com os ursos. Como existe este grande numero de turistas, no passado houve problemas com ursos, que vinham revirar lixeiras em busca de comida fácil. Hoje desenvolveram lixeiras inteligentes, a prova de urso, praticamente solucionando os problemas.

Jasper é outra cidadezinha gostosa, menor que Banff. Mas o parque ao seu redor é bem maior, e as possibilidades infinitas. Deve ter canadense que cada verão vai para um lugar diferente. Se bem que encontramos trailers fixos em alguns campings, com jardim, deck e tudo!

Ainda fizemos uma parada no meio do caminho para Vancouver na volta. O início da estrada ainda estava bem bonito, mas depois virou simplesmente uma auto estrada. Escolhemos um camping todo estruturado, onde deixamos os motor home prontos para a devolução, já que na noite seguinte dormiríamos no estacionamento da locadora, para entregar de manhã bem cedo e seguir para o aeroporto (2000 km nesta parte da viagem).

Uns foram, outros ficaram e comentava com a Bibi: como é bom ter uma família que gosta de viajar!

Família reunida

Família reunida

O Haiti “turístico”?!

No domingo, o transito de Porto Príncipe não era o mesmo. As ruas estavam vazias, sem congestionamento. Filas só nas igrejas, onde pessoas se amontoavam do lado de fora para escutar a missa. A informação que tínhamos é de que a viagem da capital, Porto Príncipe, até Cap-Hatien, segunda maior cidade, duraria cerca de 5 horas, trafegando pela C-1, principal estrada do país. Saímos cedo para o dia render, ainda bem! No posto de gasolina passageiros se amontoavam em velhos ônibus. Algumas vans na esquina oposta ofereciam o mesmo destino. Não iriam até Cap-Hatien, mas chegam perto, diziam. Poucos quilômetros de moto completariam o trajeto. Pagamos os sete dólares e resolvemos encarar, já que nossa chegada em PaP também foi na periferia. Fomos viajando por terras devastadas e entendemos da onde vinha lenha para todo o carvão consumido para cozinhar. Depois de um tempo a pequena estrada foi se estreitando até parecer uma simples rua. Não estávamos na estrada principal do país e sim na C-3. Sei que num momento chegamos a uma pequena cidade e atravessamos um cemitério. Acho que não erra uma grande rota!haha Não muito depois a van parou, ponto final, ainda bem longe de onde queríamos chegar. Já estávamos amigos do Pascal, uma passageiro gente boa que nos ajudou a comunicar. Por aqui só se fala creole.

Cacamba

Cacamba

CARRO QUEBRADO

Carro quebrou pela primeira vez

Poderíamos ir até Cap-Hatian do moto, mas a estrada era sem asfalto dali para a frente e ainda estava longe.  Resolvemos pegar motos só até a próxima cidade, não tão longe dali. Numa moto fui eu, o motorista e o nosso novo amigo e em outra o Marcelo e outro motorista. Incrível como mesmo com a pobreza do país a região rural é bem mais estável. Não que a vida seja fácil, mas pelo menos tem terra para plantar, melhores condições de higiene, dentre outras coisas. Uma vida humilde, mas que não choca. A urbanização e aglomerações com certeza geram grandes problemas, isto e fácil de observar em diversos pa’ises .

interior

interior

Cercas vivas com roupas estendidas para secar, carros de boi, aquele ritmo de vida lento. Poucos quilômetros para frente chegamos até uma pequena cidade onde tinha uma caminhonete com varias pessoas na caçamba. Nos juntamos a eles e fomos atravessando rios onde pessoas lavavam roupa, motos e usavam como banheiro numa distancia de poucos metros. O carro quebrou, quebrou novamente, e chegamos a Saint Raphael. Devíamos ter acompanhado nosso amigo, que optou por pagar por uma moto. A caminhonete parecia mais segura, mas quase não chegamos. Alguns quilômetros mais para frente quebrou de vez. Ficamos interagindo com a criançada curiosa que sempre aparece nestas horas. Estávamos levando na esportiva, mas nos preocupava o fato de termos progredido poucos quilômetros nas ultimas horas. Ainda tínhamos um longo caminho pela frente e quem sabe não completaríamos o trajeto naquele dia. O povo era simpático e sabia que alguém iria nos oferecer abrigo, então no final das contas até que seria uma boa experiência.

Passou outra caminhonete e tentamos pegar. O motorista da nossa ficou revoltado, queriam que pagássemos a passagem inteira, mesmo tendo viajado poucos km. O Marcelo discutiu um pouco com ele, mas tudo se acalmou depois que fiz umas brincadeiras. No sentido contrario passa uma caminhonete moderna, baixam o vidro e era um missionário, com seus filhos adolescentes arrumados no banco de trás. Perguntam se estava tudo ok, e  quando viram que estávamos somente viajando por ali arregalaram os olhos.  Não estávamos tão longe, mas segundo as novas informações, a viagem demoraria mais algumas horas. A estrada de terra era lenta. Decidimos pagar o nosso passe. Negociei de só um pagar já que não tínhamos rodado quase nada. Vimos que não era uma pratica só com estrangeiros. Os locais que nos acompanharam na nova caminhonete também foram cobrados e alguns revoltados discutiram bastante. Horas depois voltávamos para o asfalto e chegamos em Cap-Hatien. Na parada estava muito movimentado, mas ao andar pelas ruas tudo estava deserto por ser domingo. Demos uma olhada em 2 hotéis, caros e pulgueiros e fomos tomar algo para pensar melhor. Para quem estava viajando desde cedo, não faria diferença pegar mais uma moto até o outro lado da montanha e mais um barco até a vila de Labadie. Ficamos amigos do barqueiro que nos levou numa pousada, que era bonita, com praia particular, mas cara e sem vida. Explicamos o que queríamos e fomos levados até a vila de pescadores, numa enseada linda, onde conseguimos um quarto por 10 usd, num bar-karaoque. Ainda deu tempo de mergulhar aquele mar azul e ficar ali até escurecer, mesmo com a chegada da chuva!

Tudo acontecia na pequena praça na frente de onde estávamos. A noite pratos de arroz, feijão e peixe eram servidos por 1 usd. Cerveja gelada, salgados e doces também eram fáceis de conseguir. Uma noite fomos convidados para jantar, tendo como cardápio os mesmos pratos vendidos na rua. Ficamos muito contentes com a hospitalidade. O pessoal batendo papo e o ritmo do dia a dia não mudava muito. Todos se encontrando, crianças indo para escola todas arrumadas, com um borbulho maior quando chagavam os pequenos barcos de pesca. Algumas praias muito bonitas no final de pequenas tilhas. Não muito longe dali tem uma praia particular da Royan Cribean, e um dia parou um navio gigantesco. Pensamos que poderiam invadir a “nossa praia”, mas o máximo que fizeram foi se aproximar da vila com um barco e fazer um safari fotográfico com lentes tele objetivas.

Indo para a escola

Indo para a escola

Personalidade

Personalidade

Jet skis e barcos levavam o pessoal para algumas ilhas, tudo exclusivo. Se é melhor para nós, que com isto tivemos paz, o mesmo não acontece com a população local, que deixa de receber uma receita. Nos falaram que pagam para o governo 10USD por turista, mas não acredito que este dinheiro seja aplicado localmente. De qualquer maneira a vida ali é bem diferente de Porto Príncipe. Condição de vida digna e um estilo de vida parecido com tantos outros lugares que vivem da pesca.

O banho de caneca não nos incomodava, mas a musica alta tarde da noite não era muito agradável. De qualquer forma a luz caia com frequência, então nunca chegou a atrapalhar totalmente a nossas noites de sono.

Nos despedimos desta vila gostosa e das praias e voltamos para Cap-Hatien. Arrumamos um hotel e fomos pegar um Tap-Tap até Milot. Ali esta Sans Souci, ruínas de um antigo palácio. Num sol forte, seguimos uns sete quilômetros montanha acima, até chegar na Henri´s Citatele. Chegamos cansados e molhados de suor por nao parar em nenhum momento. Para nos era só um passeio, mas fomos conversando com crianças que faziam este trajeto todos os dias para ir para a aula. O forte foi uma grata surpresa. Patrimônio da Unesco, muito bem preservado, todo rodeado por montanhas com uma super vista. Maravilhoso!!

Palacio Sans Soiusi

Palacio Sans Soiuci

Canhões e munição dava todo um estilo para o local. Novos centros de visitante sendo construídos mostram que sabem o potencial turístico do lugar, que é incrível!

Henri's Citatele

Henri’s Citatele

Patrimonio da Unesco

Patrimonio da Unesco

Fomos encarar a ladeira abaixo quando nos ofereceram carona. Fomos surpreendidos quando descobrimos que iriam  até Cap_Hatian, e com isto ganhamos um bom tempo. Com mais tempo exploramos bastante o mercado local. Na verdade o mercado já começa com uma grande feira de rua algumas quadas dali. O mercado coberto contrastava com a “calma” de Cap-Hatien ( calma comparado com Porto Príncipe). As manifestações de voodoo não eram tão presentes, apesar de estarem em algumas barraquinhas. Comidas, roupas, mas tudo muito desorganizado e caótico. Uma água suja no chão me fazia lembrar que o meu tênis tinha furado, e o cheiro de peixe e carne sem refrigeração  nos fazia temer sobre nossa alimentação. Temer mais ou menos, pois no dia seguinte lá estávamos nós tomando um suco com gelo que nos ofereceram no ônibus que ia para a Republica Dominicana. Uma coisa que ficou faltando fazer no Haiti foi assistir as brigas de galo, paixão nacional.

Cap Hatien

Cap Hatien

Cap Hatien

Cap Hatien

Na Republica Dominicana aquele contraste. Longe de ser um país rico, mas com um fluxo intenso de turismo, tudo é preparado para estes. Fizemos nossa base no norte do país, Sossua, Cabarete e região. Ficamos numa pousada gostosa, com café da manha e jantar inclusos, com bom preço. Aproveitei para surfar e bater papo com estrangeiros. Mas nossas cabeças ainda estavam no Haiti. Algumas pessoas tinham morado/trabalhado lá, então foi legal discutir nossas impressões com eles.

A antiga pequena vila de Cabarete já virou um polo turístico, impulsionados pelos vendos do wind e kite-surf. Não e uma praia só de resorts como Punta Cana, mas muitos já estão sendo construídos. Muitos condomínios de casas, todas para estrangeiros, que tem diversos voos para aeroportos da região. A noite baladas descoladas com musica internacional, cheias de prostitutas. No final de semana achamos um karaokê onde o pessoal jogava sinuca, dominó e cantava muito mal. Talvez o único lugar que não tinham prostitutas, ou pelo menos não estavam trabalhando. Tomamos umas como despedida e no dia seguinte fomos até Santo domingo, onde pegaríamos o voo de volta para o Brasil. Ainda deu tempo de dar mais uma caminhada e jantar. Fomos com bastante antecedência para o aeroporto, então a blitz do exercito, que queria um dinheiro para não nos enrolar muito, não nos assustou.

Santo Domingo

Santo Domingo

No voo de volta, sentado durante toda a madrugada numa poltrona que não reclinava, pensava como eu era uma pessoa de sorte.