Benvindo novamente!!!

Nosso loop pelo leste da Africa estava completo e estávamos novamente na Tanzânia. Em Kiswahili existe uma frase que se traduzida literalmente significa “bem vindo novamente”. Em português ou inglês não faz muito sentido, mas aqui faz… Felizmente estávamos de volta neste país fantástico, que possui muito a oferecer do que somente os belos parques do circuito norte dos safáris, Monte Kilimanjaro e Zanzibar.

Kigoma e uma cidade super tranquila, entrada e saída para o Congo, Burundi e não tão distante de Ruanda. Possui um porto onde os navios descem todo o Tanganika até a Zâmbia, e muitos pegam o navio para ir ate o Malawi. Clima de interior, e alem do pequeno porto tem uma ferroviária, de onde e possível pegar um trem que atravessa o pais em 48 horas ate chegar em Dar. Minha ideia inicial era pegar o barco ate Tabora, quase fronteira com a Zâmbia/Malawi e de la pegar um trem. Como a experiencia anterior de barcos da Bibi não foi das melhores, e acabamos nos enrolando no caminho, só teríamos tempo para pegar o trem. Inicialmente pegaríamos um trem “especial” que só tem segunda classe dormitório, e que sairia no dia seguinte. Aqui, homens e mulheres tem que ficar em vagões diferentes, então teria que comprar todas as 6 camas da cabine para podermos ficar juntos. Não sei se comentei, mas a Bibi conseguiu ficar mais, e dia 20 em vez de voar de volta para o Brasil, voaríamos para Madagascar. Antes de confirmar o bilhete do trem, recebi a noticia do aumento das tarifas para Madagascar, e resolvemos esperar ate dia 22 para pegar a passagem com preço reduzido. Gostamos tanto da região que resolvemos ficar mais, e a viagem de Dar para Lushoto (montanhas) seria cancelada. Assim poderíamos explorar melhor o lugar, e pegar o trem antigo, que possui uma primeira classe, só com 2 camas.

Kigoma

Kigoma

Vista do nosso Hotel

Vista do nosso Hotel

A poucos minutos daqui,  fica Ujiji. Uma cidade esquecida no tempo, mas que era de muita importância na região antes da construção da ferrovia com estacão em Kigoma. Belas construções, hoje decadentes, com todo aquele povo com cultura Kiswahili. Dificil imaginar que estamos tao longe do mar. Caminhamos pelas pacatas ruas, brincamos com criancas ate chegarmos ao museu no local onde supostamente o Stanley encontrou o Dr Livingstone (lembram que em Burundi afirmam que foi lá). Independente se mas para cima ou mais para baixo do lago Tanganika, a questão e que o Dr Livingstone estava desaparecido. Ele era um missionário Escocês que veio para a Africa pregar o Cristianismo, descobrir novas oportunidades de negocio e acabar com a escravidão. Ele fez diversas expedições, durante vários anos cada uma delas. Ele que “descobriu” a cachoeira de Victoria Falls, por isto a cidade do lado da Zâmbia leva seu nome.

Ujiji

Ujiji

 

Ujiji 2

Ujiji 2

Aproveitamos para atualizar o Blog que estava atrasado e nos surpreendemos com uma rápida internet, coisa não muito comum por aqui. Sabendo da velocidade, baixei o programa do skype e em 3 minutos já estava falando com o Clau. No meio da conversa tremeu a velha casa que estávamos. A Bibi me perguntou se era vento, mas antes de eu pensar numa resposta um local afirmou tranquilamente: ” E um terremoto.” Não tive outra reação a não ser rir muito ( de nervoso). O Clau do outro lado do Skype me perguntava se a construção era nova quando eu contei o que acabara de acontecer. Por sorte foi só um tremorzinho rápido…

Arranjei uma tiazinha para lavar as roupas, um restaurante bacana, e o tempo parou enquanto estávamos lá. Unica hora de correria foi para achar o caderninho da Bibi, que ficou na internet e estava fechada quando fomos buscar antes de pegar o trem. Mas ela vai contar com detalhes o empenho que foi.

Tínhamos tempo para pegar o trem, mas as noticias era de que sempre atrasava para chegar e, a viagem em si. O nosso atrasou só umas 5 horas, praticamente pontual para os horários africanos. Ficamos no hotel ate a hora do check in, e a Bibi aproveitou para tomar o seu ultimo banho dos próximos 2 dias, coisa que a estava incomodando muito. Duas horas antes do embarque já estávamos la, com mantimentos e muita água. Tinha falado que nas milhares de paradas daria para comprar tudo que precisássemos, mas a Bibi quis garantir. Deu tempo de fazermos amizade com um casal que estaria numa cabine ao lado da nossa. O inspetor, que ficou meu amigo de tanto eu ir verificar o horário que o trem realmente chegaria, nos acompanhou todo o tempo e fez questão de se despedir só na cabine, antes de trocar fones e emails.

A Bibi gostou da cabine, que apesar de velha, decadente, tinha ate uma pia com água. Ha 60 anos atras deveria ser um super trem!!  O vagão ao lado já era o vagão restaurante, mas como não tínhamos como trancar a cabine por fora, só por dentro, fazíamos as refeições la mesmo. Cerveja gelada era uma raridade, só no final da viagem que nos ofereceram. As refeições eram estilo RU, portanto valia mais a pena comprar frutas e coisinhas nas rápidas paradas. Nas paradas mais longas dava para descer, mas nunca se sabia quando o trem ia sair. Para segurança, ficávamos na frente da janela da nossa cabine nestas paradas mais longas. Num determinado lugar, fui comprar uns espetinhos e umas batatas fritas e a Bibi ficou de guarda. O trem começou a se mexer (na verdade no sentido contrario) e eu só vi o trem em movimento com a Bibi correndo desesperadamente para alcançar a porta e me procurando ao mesmo tempo. Sai em disparada, passei ela e me segurei na porta. Com a outra mão a agarrei a Bibi e puxei para dentro no melhor estilo Indiana Jones ( antes dela segurar minha mão teve que jogar uma laranja no chão). Poucos metros depois o trem parou, e os locais riram muito.

Fim de tarde

Fim de tarde

 

A paisagem do primeiro dia decepcionou um pouco, pois devido a vegetação não deu para ver muito longe. No segundo dia a paisagem melhorou, mas ainda não foi possível avistar animais selvagens, o que tinham nos falado que poderia ser visto. Passamos por regiões remotas, vilas isoladas cercadas de arvores Boabab, muito legal. O trem, super lento, poderia entediar alguns, mas achei super legal a experiencia. Só de estar ali já era o suficiente. Alias, toda a viagem tem sido assim. Nunca quero estar em algum lugar, sempre onde estou. Só reparo nas datas quando tenho que encontrar alguém. Quer coisa melhor que isto?!

Paisagem

Paisagem

Chegando em Dar (48 hs depois da partida) fomos para dois hotéis, mas estavam lotados. Acabamos ficando no mesmo da chegada da Bibi. Tínhamos algumas atividades do dia a dia para fazer como mercado, confirmar passagem, gravar CD de fotos (…) e aproveitamos para rodar Dar um pouco. Não tinha nenhum guia de Madagascar e resolvi que compraria um. Vi onde estavam as melhores livrarias e partimos para a busca. Pegamos ônibus e atravessamos a cidade ate uma praia, que fica na península norte. La tem um tipo de shopping com muitos restaurantes e a tal livraria. Nao tinha o guia que queria, apesar de ser uma excelente loja. Almoçamos e aproveitamos para conhecer esta região com embaixadas e casas de praia muito bonitas, então valeu o passeio. A Gi (minha irma mais nova) me mandou um guia de Madagascar de Londres ano passado. Com a crise politica deste país no inicio do ano achei que não iria para la. Tinha algumas informações básicas, alem de outras dicas da internet, então depois de alguns dias de bobeira em Dar pegamos o voo para Madagascar.

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Family Trip – Safáris

Chegamos em Arusha na noite anterior da chegada dos meus pais. Deu tempo de arranjar um hotel bacana para a recuperação da Bibi e terminar de negociar o Safári, que estava engatilhado em varias agencias, mas faltava bater o martelo.

Hotel ajeitado, safári negociado, partimos para o aeroporto de Kilimanjaro (entre Arusha e Moshi) para receber a Mãe e o Clau, que não sabiam que iriamos. Foi uma surpresa legal, e a distancia do aeroporto ate a cidade foi boa para ficarmos grudados e batendo papo. Coisas ja no hotel, caminhamos ate o gostoso cafe Via-Via onde ficamos conversando por horas. Dia seguinte ja sairíamos para o Safári, onde ficaríamos toda hora juntos, podendo matar ainda mais a saudades.

Primeiro dia fomos para o Lake Manyara Nat. Park. Parque bem bacana, com uma vegetação alta, cheio de arvores, diferente das savanas. Logo vimos Zebras, Wild Beast, Girafas, Hipopótamos, Elefantes, Babuínos e ate uma família de Leões. Tava fácil de mais. Nem tinha graça. Impressionante algumas nuvem de moscas/mosquitos, que faziam um barulho muito alto, mesmo ao longe. No final do dia um Lodge bacana, com uma vista sensacional, em cima do Rift Valley.

Lake Manyara NP

Lake Manyara NP

Segundo dia fomos ate o Serengeti, passando rapidamente pelo Ngorongoro (deu para sentir o que nos esperava), e por uma vila Masai. Paramos nesta vila ” tradicional” Masai. Legal, mas bem coisa pra turista. Paga para entrar, dai pode tirar fotos, entende como funciona tudo, vê as danças, cantos e tentam te vender (pressionam mesmo) artesanato. Enquanto a Bibi tava com as mulheres, eu fiquei junto com os “Guerreiros Masais”. Tem aquela competição de quem pula mais alto, enquanto ficam ” cantando”. Claro que o Masai pulava bem mais alto que eu. Mas depois ele te pergunta algo que traduzindo seria: “Ta cansado?” Eu respondia que não, e continuava pulando. Ficamos assim um tempinho, quando eu passei a perguntar para ele. Pra encurtar, o Masai desistiu, e todos os outros riram dele. Foi divertido, mas coisa pra Europeu ver…

Quem pula mais alto?

Quem pula mais alto?

Masai Bianca

Masai Bianca

No Serengeti vimos Cheeta e Leopardo, que eu não tinha visto em meses de africa. Nosso motorista e outros foram totalmente politicamente incorretos e saíram da estrada (o q e proibido) para ir perto da Cheetas. Pediu para não contar para ninguém, mas tava feliz por ter nos ” Agradado”. Fiquei pensando: Por que mesmo que existem os parques nacionais? Para nos divertirmos ou para conservação?

Cheeta no Serengueti

Cheeta no Serengueti

Terceiro dia mais Serengeti. Mais alguns leões, que são muito comuns aqui. Mais comuns só o “Bicho Turista”. Para cada animal tem mais de uma duzia de Land Cruisers. Uma hora contamos 18. Os animais já tão acostumados que nem se importam. São varias gerações de animais que já nasceram dentro do parque. Vimos ate um leão usando um carro para se esconder das zebras antes da cacada. Não e necessário fazer silencio pois não se assustam com a gente. Não precisa se preocupar que eles são praticamente inofensivos. Legal ver tantos leões e outros bichos, mas muito artificial para meu gosto. Deu saudades da Botsuana…

Casal

Casal

Noite chegamos no Lodge da Ngorongoro Crater. Todo de vidro, com vista para a imponente cratera do vulcao extinto. Friozinho para dar o charme, devido a altitude. Ficamos conversando com a Mãe e Clau, excelentes companhias, e tomando uma cerveja.

Mae e Clau no Ngorongoro

Mãe e Clau no Ngorongoro

Quarto dia Ngorongoro. No cafe, com aquela vista já dava a expectativa. Depois, descendo  pela estreita estrada, dava para ver aquelas nuvens escorrendo pelos paredões do extinto vulcão. São 600 metros de paredão, e em torno de 20 km se traçarmos uma diagonal. Que lugar incrível!!!! Mesmo vendo muitos animais (ate o raro rinoceronte negro), confesso que esperava mais do safári la dentro, mas só o visual em si já vale a pena. Vale muito a pena. Um dos lugares mais bonitos que já vi.

Ngorongoro

Ngorongoro

Ngorongoro 2

Ngorongoro 2

Quinto dia foi no simpático Tarangire NP, com todas suas Baobab e vários elefantes. Muito bacana, mas o highlight ficou para o  visual também. Para quem viu tantas manadas de elefantes, parecia um zoológico. De qualquer forma muito legal ficar bem pertinho, observando.

Tarangire NP

Tarangire NP

Sexto dia- Arusha NP. Já na chegada houve um mal estar, pois todos estavam acostumados com os bons lodges que estávamos ficando e este era uma simples cabana. Nestas horas a gente tem que se adaptar ao ” grupo”.

O Parque e legal, mas principalmente para montanhistas. O Imponente Mt Meru saiu de trás das nuvens algumas vezes. De alguns pontos deu para ver o Kilemanjaro (Montanha mais alta de toda a África). Também passamos por outra cratera de vulcão, mas esta não podia descer.

Fizemos um “Walking Safari”, que deve ter sido projetado para os mesmos turistas europeus que amam a visita aos Masais. Caminhamos com um guia devidamente armado (no parque não tem leões) e passamos por búfalos, javalis e uma girafa. Caminhada gostosa, ao pé da montanha, mas acredito que o tempo poderia ter sido melhor aproveitado em outro lugar.

Walking Safari

Walking Safari

Kmjaro!

Kmjaro!

De volta em Arusha, mais algumas visitas aos caixas eletrônicos (tivemos vários problemas para sacar dinheiro, mesmo sendo um lugar bem turístico) e nos preparamos para ir para Mombasa. Para voar teríamos que ir para Nairóbi e de la pegar outro voo para Mombasa. Levaria tempo, e de qualquer forma não tinha voo disponível para o dia seguinte. Decidimos ir de ônibus mesmo. Via Tanga a estrada e boa, mas a distancia fica o dobro. Fomos por Voi, e teríamos que enfrentar alguns km de estrada ruim da fronteira ate a estrada principal. Para ajudar não tinha o ônibus Executivo… Ainda bem que a decisão não foi só minha!!!

Lua de Mel/ Escolinha de Mochila

Cheguei em Dar alguns dias antes da Bibi, para ja ir comprando a passagem para Zanzibar e ir me acostumando com o lugar. O Joska veio comigo e o Samuel ficou pelo caminho. Foi bom que ele ja tinha vindo para ca e deu varias dicas. Rodamos todo o centro, que ate e interessante, depois de passar por todos aqueles suburbios, que parecem com sujas vilas.

Na Tanzânia, ao contrario dos outros países da Africa daqui de perto, não existem tantas línguas assim. Ate existiam, mas apos a independência na década de 60 (Tanganica se associou a Zanzibar e formaram a Tanzânia) foram feitas vilas que funcionavam num sistema de cooperativas. Para evitar a rivalidade entre as tribos, vários lideres tiveram que trabalhar em regiões diferentes de onde moravam. Apesar de fracassado este movimento, surgiu um sentimento nacionalista, e o Kiswahili, língua africana mas de influencia árabe, foi adotada como oficial. O Inglês também é oficial, mas muito pouco falado nas regiões rurais e não turísticas. As minhas aulas de swahili com as crianças no barco do Malawi e com os alemães no Moçambique foram muito importantes.

A Bibi chegou depois de ter alguns problemas no aeroporto. Os relatos dela são muito mais ricos e engraçados que eu poderia colocar, portanto leiam o ” Tambem Sai”. Eu tava nervoso, só esperando ela chegar. Tentei decorar o simples hotel com flores para ela não achar tao ruinzinho. Ate que deu certo. Levei ela para jantar, e ela não gostou de algumas opções que eu achava super boas. Vi que eu teria que ir com calma, ela tinha acabado de despencar no Leste da Africa, e não é tão fácil assim viajar por aqui.

Muito mais fácil seria a ambientação na paradisíaca Zanzibar. Depois de um rápido cafe da manhã, no restaurante onde o Samora e sua Trupe da Frelimo se reuniam para organizar a tomada de Moçambique (estavam no exílio) e consequente expulsão dos portugueses, e pegamos o ferry para Stone Town-Zanzibar. Ficamos na primeira classe, mas sempre via a Bibi de olho nas outras, de olho arregalado com tudo que estava vendo. Era muita informação para pouco tempo de chegada. Batemos papo com outros gringos e trocamos informações e dicas. O jet leg pegou e ela capotou boa parte da viagem. Na chegada na quase medieval StoneTown, seguimos por estreitas ruelas ate chegar ao simpático hotel. Parecia tudo perfeito e ela tinha gostado muito. Logo soubemos que a cidade estava sem luz, e o gerador do hotel estava com problemas. Saímos para caminhar torcendo para que consertassem. Tava tudo movimentado com o “Dhow Festival”, antigo festival de cinema de Zanzibar, mas que agora abrangia musica, arte e muitas outras coisas. Quando me dei conta ela já estava ate experimentando as comidas das barraquinhas de rua (se bem que torceu o nariz quando o cara deu o troco com a mesma mão que preparou a comida). Em poucas horas já tínhamos conversado com uma galera, e todo mundo sabia que eramos do Brasil. De volta ao hotel, ainda não tinha energia. A Bibi já estava se preparando para seu primeiro banho de balde (que seria aquecido) quando escutamos o barulho do motor…. (ufa!!).

Zanzibar - Stone Town

Zanzibar – Stone Town

Ruas estreitas

Ruas estreitas

Porta e Crianca

Porta e Crianca

Mercado Noturno

Mercado Noturno

Porta talhada

Porta talhada

Stone Town é o máximo, e ate adiamos a ida para praia, aproveitando todo o movimento por causa do festival. Se perder pelas ruelas com aquelas portas sensacionais e uma delicia. Vi que a Bibi tava se empolgando com a viagem cada vez mais, e em alguns momentos ate pediu para parar um pouco para escrever, organizar as ideias e algumas vezes se emocionar…

Fomos ate o centro para ver onde era o transporte publico para a primeira praia, mas consegui um ótimo preço com um transfer direto, e achei que era melhor para a Bibi ir se acostumando.

Primeira praia que ficamos foi Jambiane, no leste de Zanzibar. Lembro da Bibi ter ido dar uma olhada enquanto eu esperava e voltando falando: Parece Photoshop… Eu falei: Tipo nordeste? Ela: Não, tipo Maldivas, Thaiti… Bem, não se deve comparar lugares, sei que o mar em Jambiani é show, muito lindo e com várias cores.

Jambiani

Jambiane

Jambiani 2

Jambiane 2

O lugar e meio isolado, calmo. Já sabia, e achava que era o ideal para começarmos, tendo bastante tempo junto, tranquilo, podendo botar o papo em dia e se curtir, a uns 4 metros da areia. A pequena vila e meio sem graça, sem grandes atracões como mercados ou simplesmente cultura local. O tempo não ajudou, ficando nublado quase todos os dias, saindo sol só de vez em quando. Uma pena. Aproveitei para achar uma pessoa para lavar todas minhas roupas. Comemos bem todos os dias e na lua cheia tomamos uma cerva num bar de Rastafáris.

Partimos de Dala-Dala (transporte local, tipo lotação) para a próxima praia,  Paje. Lugar já mais estruturado, com um chalezinho mais simpático que a pousada de Jambiani. O lugar do cafe da manha era “na cara do gol”, quase no mar quando a mare tava cheia.  Lugar bem gostoso, alto astral, mas o tempo ainda não tava perfeito. Ficamos muito amigos de uma família espanhola que tínhamos conhecido antes, e saímos ate para jantar juntos.

Paje

Paje

Inicialmente nem iriamos para a parte norte da ilha, e seguiríamos para Lushoto, entre Dar e Arusha. Como teríamos 50 dias para viajar antes da Bibi voltar, decidimos ficar mais por aqui e ir para Kendua.  Voltamos para STown so para fazer conexão para Nuongui, e descemos um pouco antes, na estradinha que vai para a turística Kendua. Uma família Tcheca deu carona para a Bibi e Mochilas, e eu segui na pernada, mas nem era muito longe. Ficamos num chalé bem bacana, e a Bibi adorou. E um lugar mais cara de ferias, estruturado, cheio de jovens turistas.

Jovens europeus em Kendua

Jovens europeus em Kendua

E eu nao podia estar mais feliz...

E eu não podia estar mais feliz…

De noite pegamos ate uma baladinha, onde jovens europeias dançavam junto com guerreiros Masai (que vendem artesanato aqui). Viva a globalização!!! Haha, mas tava hilario, e entramos no embalo e dançamos muito hip-hop, eletrônico e anos 80 juntos. Como não tínhamos reservado a pousada, só pudemos ficar um dia nesta cara pousada. Como nada acontece por acaso, não demorei muito tempo para achar um lugar bem legalzinho por menos da metade do preço. A Bibi fez massagem um dia, e em pouco tempo já tava super amiga de muçulmanas, que ficavam sem véu e abracavam e beijavam ela. Figura…

E a Bibi, ne...

E a Bibi, ne…

Fim de tarde em Kendua

Fim de tarde em Kendua

Tinha um restaurante local bem gostoso, e comemos sempre la. Fui treinando mais ainda o kiswahili, e ganhando descontos e amigos com isto. Infelizmente tínhamos que partir, pois meus pais voariam para Nairobi, e nos encontraríamos em Arusha. Zanzibar foi uma Lua de Mel, com praias lindíssimas, sem ter muito o que fazer, só ficar largado. Stone Town, com suas portas entalhadas, ruas que pareciam corredores de tão estreitas, e todo o mundo Swahili foi fantástico… Seguimos então para Dar onde pegaríamos o ônibus para Arusha. Ops, não tao fácil assim. Hehe

Tinham me recomendado de pegar o Catamarã noturno. Isto seria ideal, pois se esperássemos o da manha, não chegaríamos a tempo te pegar o ônibus “executivo” da Scandinavian Express. Os outros ônibus a Bibi poderia ainda não estar preparada (e não queríamos perder um dia em Dar)… Bem, sabia que apesar de ser primeira classe no Catamarã, não seria tao tranquilo assim, pois os colchoes seriam jogados no chão, entre os sofás. Mas como sempre carrego um lençol e um saco de dormir, achei que taria tudo bem.

Bem, para reduzir a historia, que sera contada pela Bibi com muita mais entusiasmo e  emoção (além do lado feminino), apelidamos esta viagem de “Barco do Terror”.

Barco do terror, ainda de dia...

Barco do terror, ainda de dia…

Quando tava tudo bem, perfeito, a Bibi começou a reclamar de pequenas baratinhas que apareceram na primeira classe. Eu, baseado naquele filme do Will Smith, Em busca da felicidade, comecei a falar que eram só besourinhos africanos (hehe). Ate me irritei com a ” frescura dela”. Deitamos e logo dormimos. Acordamos com uma Sra “vomitando as tripas”, devido ao balanco do barco que só aumentava. Ela levantava a cabeça, vomitava, e voltava a dormir, segurando o saquinho. O marido dela nem acordava, para a revolta da Bibi. Logo a Bibi começou a ficar enjoada. Pediu para ir para o deck, pegar um ar. Vcs viram o filme ” Ensaio sobre a cegueira”? Pois e, o corredor da classe que levava ate o deck era igual ao do filme. Pessoas vomitando ou dormindo (algumas com a cara no chão) segurando um saquinho de vomito. Sinnniiiiistro. Total filme de terror, trash mesmo!!! Bem, no ” tambem sai” vcs vão ler detalhes mais ricos de todos estes momentos. Depois de sobrevivermos ao ” Barco do Terror”, pegamos o ônibus a tempo, e seguimos na longa viagem ate Arusha (A Bibi só tomava sopa nestas alturas).

Explorando as Ilhas Querimbas

Decidimos que não iriamos de ônibus/ caminhão até a recomendada praia de Pangane, para depois pegar o barco para Ibo, voltando para o Sul. Tinha muito mais lógica subir pelas ilhas e depois voltar para o continente. Ok, mas como fazer isto? Na pousada que estávamos falaram que era complicado e tal. Um dia estávamos explorando a cidade baixa de Pemba, e fomos falar com alguns pescadores. Descobrimos um Dhow (tipo de Jangada) que iria levar mantimentos para pequenas ilhas e depois  navegar ate Ibo. Não tivemos duvida, acertamos com o pescador (mais barato que o táxi de Wimbe para Pemba) e a meia noite já estávamos lá, dormindo no Dhow, esperando a mare certa para iniciarmos a viagem.

Aguardando a saida

Aguardando a saida

As 3 da madruga estávamos partindo, em meio a algas verde fluorecentes (pareciam neon), iluminadas pela Lua. Dormimos poucas horas sobre os sacos de arros e varias bugigangas. O sol nascendo foi um momento a parte, assim como os golfinhos que logo apareceram. Tentei dividir uns pães e amendoins que tinha com a tripulação  mas eles não deram muita bola. Logo percebi porque. Acenderam um fogareiro portátil  prepararam um delicioso chá (servido com pimenta) e aqueceram um pão tipo ” sonho”. Depois de um tempo descobrimos que existia um banheiro improvisado, e rimos muito quando o Samuel utilizou. Passamos por diversas ilhas, algumas muito pequenas, e eramos atracão turística.

Banheiro

Banheiro

Dhow igual ao nosso

Dhow igual ao nosso

Pronto para a chuva

Pronto para a chuva

Desde o inicio da viagem, peguei ” chuva” (chuvisco na verdade, suuuper leve), só dois dias. Um em Cape town e outro em Nampula. Claro que Murphy ia aparecer ali. Nuvens pretas começaram a se formar, e nem o lençol improvisado como vela auxiliar foi suficiente para fugirmos da tempestade. Vento forte fez o Dhow disparar, mas logo chegou a chuva. Quem ta na chuva e para se molhar… Não durou mais que uma hora e meia, e deslizamos sobre ondas que aumentaram consideravelmente de tamanho. Passamos por mais ilhas, contornamos um manguezal ate chegarmos em Ibo, principal ilha do arquipélago  Foi paixão a primeira vista. Totalmente isolada, com seus casarões portugueses espalhados pelas largas ruas. Luz só das 18 as 20, e quando tem gasolina para o gerador. Restaurante? Um ou outro a não ser os das duas “luxuosas” pousadas de franceses. Alias, algumas das ilhas são de propriedade de um árabe  que construiu resorts, com pista de pouso e tudo (como que os turistas ricos chegariam la?). Os poucos dias que tínhamos programado para a ilha principal se transformaram em uma semana, ao descobrirmos que o dia de São João estava próximo  e era o Padroeiro da Cidade alem do aniversario da própria  Com isto teríamos que cancelar a recomendada e isolada praia de Pangane, o  que fiz sem do. Praia bonita tem muita no Brasil, mas aquela ilha era um caldeirão cultural, e com a festa que se aproximava estava melhor ainda. Nunca trocaria os papos de final de tarde com o Sr João Batista (de 82 anos, conselheiro da ilha, que estudou muito e trabalhou com os Portugueses) para ficar largado numa praia bonita.

Ibo!!

Ibo!!

Já no primeiro dia preparamos uma Garoupa de 18 Kg. Deu um trabalhão. Fizemos grelhada, frita e ensopado, como não tem geladeira (eletricidade), comemos, demos para os amigos que já tínhamos feito, e almoçamos no dia seguinte. O peixe custou menos de 30 reais, a mais alguns trocados para os temperos e acompanhamentos. Com a falta de restaurantes tivemos que nos virar, mas sempre preparávamos coisas gostosas. Quando dava preguiça  corríamos para o centrinho e comprávamos peixe frito (vinha enrolado em folha de caderno), salgados, doce de amendoim, pé de moleque, tentáculos de polvo, vários tipos de pães e ” sonho” (na verdade e sem recheio). Eu gostava de comprar os tentáculos de polvo, já com molho apimentado, e misturar com arroz. Teve um dia que fiz uma Caranguejada,   sirizada na verdade. Comprei quase 10 kg para 4 pessoas e cada um tinha direito a 4 siris. Imagine o tamanho do bichinho. Se bem que consegui umas patolas extras.

Garoupa

Garoupa

Patola

Patola

Quer farinha? Tem que moer mandioca...

Quer farinha? Tem que moer mandioca…

Um dia fomos caminhando na mare baixa para a ilha vizinha, Querimba. Foram duas horas de caminhada, no inicio entre mangues e depois por areia. Na mare cheia fica com 4 metros de profundidade em certas partes. Nas outras ilhas, só 20 % da população fala Português  devido a forte influencia dos árabes  Conhecemos um Moçambicano descendente de Alemão que nos mostrou sua impressionante plantação de cocos (exporta para a Tanzânia  que toma grande parte da ilha. Tomamos água de coco, comemos o doce broto que germina dentro do coco de fomos para as praias. Ele contou das dificuldades de se investir no Moçambique  que não era como no Brasil (que visitou a 20 anos atras) onde tudo funcionava, tinha infraestrutura… Da para acreditar?

Querimba

Querimba

Visual

Visual

Teve dias que fomos para o banco de areia da Ilha Matemo, teve dia que fomos fazer mergulho, com uma suuper visibilidade e direito a ver mais golfinhos.

Banco de areia perto de Matemo

Banco de areia perto de Matemo

Mas gostamos mesmo de nos “perder” em Ibo. Com as festas a ilha tava borbulhando. Cheio de gente de outras ilhas, do continente e alguns turistas. Inclusive encontramos os portugueses novamente alem de outras pessoas que conhecemos no caminho. O dia da festa foi uma atracão a parte. Cedo já tinha musica, danças tipicas, e ate o governador do distrito apareceu para falar no palanque. As crianças engomadinhas, nos seus melhores vestidos de festa, com cabelos devidamente arrumados e penteados. Muitas comidas e a noite colocaram ate um telão com filmes de Bollywood, que era o suprassumo para quem não tem nem tv. Alguns cantores e muita festa e bebedeira antes de pular a fogueira. Na verdade, fora o santo a festa não tem nada a ver com o nosso São João (só algumas bandeirinhas). No dia seguinte, dia da independência de Moçambique  já tava tudo mais calmo. Acho que era a ressaca. Moçambique conquistou a Independência só em 1975, quando as forças revolucionarias (Frelimo) chutaram Portugal do pais. Não foi a mesma moleza que no Brasil.

Dia de Festa

Dia de Festa

Sao Joao

Sao Joao

Corrida de Dhow

Corrida de Dhow

Estilos

Estilos

Ibo tb possui alguns fortes e também foi palco de guerras contra os árabes  local de venda de escravos, e região estratégica para os portugueses. Mas e bem diferente da Ilha de Moçambique.

Dificuldade da Independencia estampada na bandeira

Dificuldade da Independencia estampada na bandeira

Casa de Cha

Casa de Cha

Entardecer em Ibo

Entardecer em Ibo

Aqui nao pode!!!

Aqui nao pode!!!

Aqui pode...

Aqui pode…

Vendedoras com as "comidinhas de rua"

Vendedoras com as “comidinhas de rua”

Achamos um Dhow que iria ate a Tanzânia  em 3 dias de viagem. Acertamos com o proprietário e nos despreocupamos. Menos de 10 horas antes de sair ele nos falou de um problema que teve e cancelou. Estava com o tempo contado para chegar a Dar Es Salam (Tanzânia) para esperar a Bibi (primeira dama). Foi uma correria ate achar um barco que sairia de madrugada, fazer diversas  conexões em cruzamentos, primeiro utilizando pau de arara e depois caçambas de caminhonetes. Esta fronteira e uma das mais desafiadoras da Africa, muito cansativa. Região sem estrutura, de pequenas vilas, de onde o Frelimo veio conquistando território ate chegar em Maputo. No caminho fizemos paradas forcadas devido um problema da ultima caminhonete. Em algumas vilas fui cercado, queriam saber como sabia português, se tinha morado em Angola ou em Moçambique. Quando falava que era do Brasil, alguns nem sabiam onde era, um comentou: América do sul, né?! Perguntavam se estava a trabalho, em busca de ouro. Contei do meu trajeto até ali e dos meus planos para o restante da viagem pela África, quando uma pessoa sabiamente comentou: Ah, você viaja em busca de conhecimento então…

Cacamba

Cacamba

E mais cacamba...

E mais cacamba…

Ta com fome?

Ta com fome?

Depois de mais de 12 hs e viagem, chegamos a Mocimboa da Praia. Recebemos o convite que uma pessoa da caminhonete para dormir na casa dele. Ficamos na sala, numa estera de palha. Dia seguinte, perto das 4 já estávamos recolhendo gente na Land Cruise para seguir pela difícil estrada ate a fronteira. Em um momento contei 28 pessoas na caminhonete. Não dava para se mexer. A estrada de terra virou arreia, e foi uma longa viagem. Na hora de carimbar a saída quase tivemos problemas com os guardas (novamente), mas conseguimos se safar. Dai foi só pegar um barco e atravessar para a Tanzânia  Dormimos não muito longe dali, e logo seguiríamos pelo sul da Tanzânia até chegar em Dar Es Salam

Barco na fronteira Moz x Tanzania

Barco na fronteira Moz x Tanzania