Ilhas Andaman!

As ilhas Andaman pertencem a India. Mas meio que por acaso, pois estão no meio do mar Andaman, localizadas bem mais próximas do Myanmar, Tailândia e Indonésia  Não é um daqueles paríisos desconhecidos, pois já é o sexto lugar mais visitado de todo o pais. Florestas, praias e vilas. Infelizmente Andaman esta mudando muito rápido, portanto era uma prioridade para nos. Depois de tanta montanha, foi o lugar perfeito para encerrar a viagem!

nada mau, não?

Apos o voo ate Delhi, tínhamos definitivamente acabado nossa rota terrestre. Pegamos um avião  de Delhi para Chenai/Madras, e outro para Port Blair, capital das Ilhas Andaman. Chegando la, seria fácil pegar um barco para a ilha de Havlock, principal destino do arquipélago  Mas no fizemos isso. A Bibi diz que eu só gosto das coisas se cair uma gota de sangue, então pegamos um ônibus, caindo aos pedaços que iria para a ilha norte. Estrada estreita, não passavam dois veículos ao mesmo tempo, portanto sempre que vinha um carro no sentido contrario, boa parte do ônibus tinha que ir para fora da estrada, que não tem acostamento, e claro.

Não demorou muito para a floresta ficar fechada, muito fechada, praticamente intocada a poucos metros da beira da estrada. Do lado de fora, caia uma chuva torrencial. Paramos num posto de controle, onde existem horários específicos para seguir viagem, são comboios organizados e escoltados pela policia local. Estávamos passando por área dos Jawaras, povo indígena que ate hoje vive da caca, pesca e coleta de frutos e raízes. Havia lido no livro do Ibn Batuta que no seculo XIV descreviam a ilha como sendo habitada por canibais. Mas agora era claro que a escolta era para proteger eles de nos. Uma placa orientava para não jogar comida, tirar fotos ou tentar interagir com os jawaras. E uma tentativa nobre, mas fadada ao fracasso ao longo do tempo. Logo serão que nem os índios brasileiros, com celular e shorts da addidas. Difícil proteger uma cultura com a pressão da modernidade ao lado. Ainda vimos alguns jawaras perto da estrada, o primeiro foi o mais marcante, passando com seu arco e flecha, totalmente nu, e olhando com cara de quem nao estava entendendo nada para o comboio que passava.

A estrada ‘e longa, e existem outras áreas de proteção, onde a cena do comboio/escolta se repetia. Pegamos alguns pequenos ferris para atravessar canais entre as ilhas, e 10 horas depois, e embaixo de muita chuva, chegamos a Mayabunder. Não tenho como descrever muito Mayabunder, alem de ser uma pequena vila, bem isolada, na beira de manguezais  A chuva estava tao intensa, que não pudemos fazer nada nos arredores, não tendo visitado nenhuma praia ou ilha. Sabíamos que setembro era o ultimo mês das monções  mas em tempo de mudanças climáticas isto pouco importa. Nos contaram que este ano tem chovido desde janeiro, praticamente sem parar. Faltava só 20mm de chuva para bater o record histórico de chuva no mês. Chegou a dar um desespero, pois a chuva era grossa, tempestade tropical continua  ar úmido  pareciam que não ia passar. Aproveitamos para desfrutar da culinária local. Se em nossa ultima viagem para a India só comemos comida vegetariana, desta vez abusamos dos deliciosos frutos do mar.

ônibus de luxo!

Como uma medida de desespero, fomos para a ilha norte, a algumas horas dali. A principal “cidade”, Diglipur, nao tem nada de mais, a não ser o fato de existir transporte para a vila de Kalipur. La existem dois “resorts”. Um decadente controlado pelo governo, e outro com diversas opções de cabanas/chales, e um ótimo restaurante. Não nos surpreendemos em saber que eramos os únicos hospedes. A chuva aliviava pouco, mas tínhamos um cardápio inteiro com deliciosos peixes e camarão com temperos super diferentes. Era o lugar perfeito para fazermos o encerramento da viagem, organizar a prateleira das ideias, rever os conceitos a partir das novas experiencias, e fazer planos para a volta para casa. Nos surpreendemos quando a chuva parou, e apareceu um sol tímido entre as nuvens. Mas já era o sinal que poderíamos ir para a praia. Praia isolada, com muitas arvores e uma montanha que é o ponto mais alto de todo o arquipélago  Aquela vista da floresta com “nuvens” evaporando, mostrava que a chuva deveria continuar nos próximos dias. A umidade era grudenta, mas a água do mar refrescante. Com os raios de sol o verde começou a aparecer, aumentando o clima do lugar.

chuva dando uma tregua

Era uma praia só para nos, com uma ilha bem na frente, e corais espalhados por boa parte da costa. Os dias de sol e chuva se alternavam, ou sera que eles se alternavam ao longo das horas, ja que choveu quase todo dia. Mas quando dava, saiamos correndo para a praia, no nosso cantinho onde podíamos entrar no mar sem pisar nos corais. No dia que saiu sol forte, resolvemos ir fazendo snorkling ate a ilha que ficava em frente da praia, só seguindo os peixes coloridos e desviando das água vivas azuis, que insistiam em nos “atacar”.

Uma semana ja tinha se passado, e para completar a missão  faltava conhecer as vilas da região  Na verdade não tem uma vila em si, e uma região rural, com as propriedades bem espalhadas. Caminhamos pela “estrada” principal, beirando as plantações de arroz que pareciam fosflorecentes de tao verdes. Búfalos se banhavam em poços de lama, e saris coloridos contrastavam com a mata verde escura. Existem canais laterais que levam ate as outras casas da vila. O caminho ‘e calcado, pois seria impossível transitar por eles depois de tanta chuva. Conversamos com algumas pessoas, observamos a vida passar lentamente na região  o pescador voltar com o jantar, a menina impecavelmente arrumada para a escola tirar os sapatos e meias para caminhar na trilha enlamaçada. A Bibi olhava para tudo aquilo fascinada, e eu pensava comigo com “um pouco de sangue” as vezes vale a pena…

estrada principal

Cardápio do restaurante zerado, passeios e praia aprovados, tínhamos que pensar como sair dali. O ferry que ia ate Port Blair cancelou escala, o ônibus que saia ainda de madrugada estava lotado devido ao festival Durga Pujja que estava para chegar, então arriscamos ir ate o meio do caminho, na cidadezinha de Rangat, de onde poderíamos pegar um ferry direto para Havlock no dia seguinte.

Horas na estrada num ônibus daqueles e ao chegar descobrimos que os horários do ferry tinham sido alterados, e que não teria transporte no dia seguinte. Arranjamos um lugar para dormir, e saímos para comer no mercadinho central. Estavam todos se preparando para as festividades e tudo estava super movimentado. Comemos num restaurante estilo pé sujo, e novamente veio aquela frase: como pode um lugar destes ter comida tao boa? O preço não vou nem falar. Se os peixes e camarão já estavam baratos, agora se aproximava do “de graça”.

Mas a vida não estava fácil  os ônibus estavam todos lotados, e mesmo acordando pouco depois das 4 da manha, não conseguíamos transporte. Tentamos carona, mas o jeito foi pegar um jipe, fazendo um acordo de que se alguém subisse pagariam a passagem para nos.

Passamos pelos comboios, vimos mais jawaras e aquele visual fantástico de floresta tropical, que me lembrava o interior da Indonésia  Chegamos a Port Blair e conseguimos conectar com o ultimo ferry que ia para Havlock. Duas horas e meia depois estávamos la. A’i as coisas foram mais fáceis  Isto não quer dizer que existe uma super infra-estrutura, existem dezenas de “resorts” um ao lado do outro, mas acho que 80% são cabanas bem simples, feitas de bambu.

elefantas carregando troncos de arvores

Escolhido o melhor cantinho, com praia fantástica na frente, largamos as mochilas. Apesar da praia paradisíaca da frente, as que ficavam nos arredores eram ainda mais belas. Alugamos uma scooter para percorrer todos os caminhos possíveis  ir para todas as vilas, ver pobres elefantes trabalhando carregando troncos de arvores, ver o por de sol na “praia 7” e descobrir uma praia só para nos.

melhor nem saber…

na frente da nossa pousada

Muitas pessoas tinham nos avisado que, dependendo da época do ano, Havlock podia  ficar cheia demais. Por nossa sorte não foi o caso. Existiam alguns estrangeiros, inclusive fizemos algumas amizades, mas o maior numero de pessoas eram turistas indianos, que aproveitavam o feriado do festival para viajar. O sol finalmente veio para ficar, e passou a chover super pouco, só em horas que não atrapalhava.

festival

Aproveitamos muito, e até paramos de reclamar que estávamos para voltar, e passamos a relembrar historias e agradecer por ter podido fazer uma viagem tao fantástica! Ha, sem falar do restaurante delicioso que fomos todos os dias.

Com aperto no coração  pegamos o barco para Port Blair, de onde pegaríamos voo para Calcuta e depois Delhi. Em Delhi foi aquele clima de enterro, pois alem do fim da viagem, eu e a Bibi nos separaríamos por algumas semanas. Eu voltaria para o Brasil, e ela ia para Rishckesh para mais uma temporada de ashram…

Indo para o moderno aeroporto de Delhi lia a reportagem de que quem ganhava 32 rupias (0,64 dolares) por dia na India não era considerado pobre, e olhando para fora da janela centenas de pessoas dormiam nas ruas ou nos seus rickshaws. A India era um pais de contrastes. O mesmo não podíamos falar da nossa viagem, que foi perfeita do inicio ao fim!!!

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A diversidade da Índia!

A Índia não pode ser vista como um único pais, mas como vários países juntos. Cada estado e infinitamente diferente do outro. Nesta viagem mais do que nunca pudemos observar isto.

Era a terceira vez que viajava pela Índia, já tinha passado alguns meses no país, mas ao chegar na parte velha de Amritsar, me perguntei: Porque mesmo que eu gostava da Índia? E isto que o estado de Punjab era um dos que eu mais gostava, devido a deliciosa comida e hospitalidade do povo. Mas no primeiro momento o que sobressaia era um barulho ensurdecedor de buzinas, lugar cheio de gente e imundo. Não parecia ser a mesma Amristar que eu estive no ano passado. E não era, pois da outra vez, fiquei todo o tempo dentro do templo, inclusive hospedagem e refeiçoes  Passamos uma noite infernal com muito barulho, e no dia seguinte nos mudamos para um outro lugar mais calmo. Paz mesmo só conseguimos no Golden Temple. O Jony e Marco adoraram, foi um bom lugar para fechar a viagem deles. Era a primeira vez da Bibi ali também  e fomos todos comer no movimentado refeitório do templo. Bandeijão de qualidade, só o Jony que não encarou pois estava meio mal do estomago.

O Golden Temple e fantástico  não e um lugar para ser visitado, é para ser vivido. Sentar na beira da “piscina”, ver o entardecer e aprender mais sobre a cultura local com uma das pessoas que vai acabar parando para bater papo com você.

Nos despedimos dos “Idis”, que pegaram um trem para Agra, onde visitariam o Taj Mahal e voltariam para Delhi, para o voo de volta ao Brasil. No nosso dia de folga fomos tentar conhecer uma região da “Índia rica”, mas a rua tão falada, apesar de lojas internacionais, era imunda e cheia de vacas. Pelo menos a Bibi pode ir num bom salão.

Desde que saímos para viajar, alem da família (que veio), muitos amigos falavam que iriam nos visitar. Muitos gostariam, outros falavam por falar. Mas a Jami, grande amiga nossa, não se importou com uma recém transferência pela empresa para São Paulo, mudança de apartamento, e mesmo assim veio nos encontrar.

Ela nunca tinha feito uma viagem do nosso estilo, muito menos para algum lugar parecido com a Índia (se é que existe). Fizemos questão de busca-la de autorickshaw e foi muito legal ver a cara dela pelo caminho ate a cidade. Desde o inicio ela já quis conhecer as comidinhas, andar pelas ruas secundarias, e tive certeza que seria uma ótima companhia de viagem. Se emocionou no Golden Temple, fez amigos, foi com a Bibi na cerimonia da fronteira (desculpem mas eu sou Jula, Jula Pakistan!haha).

Qualquer viagem pela Índia não esta completa sem uma experiencia com os trens. Pegamos um trem para Jamu, capital de verão do estado Jamu & Caxemira. E chamada de cidade dos templos. Se em Amritsar a religião predominante era dos Sikhs, em Jamu é o Hinduísmo  Na frente dos templos tinham grandes barricadas, com arame farpado e exercito. O clima não era muito amistoso, e recalculando os dias que a Jami ficaria na Índia, decidimos não ficar muito tempo ali. Uma forte tempestade a noite, queda de energia, e trovoes que acordaram a Bibi, achando que eram bombas haha. Demos umas voltas, comemos num gostoso restaurante, e estávamos preparados para encarar a estrada até Srinagar.

Estrada longa, cheia de curvas e temperatura caindo com o passar do tempo e com a subida. Muitos Gujards no caminho, povo pastor nômade, que ocupava parte da estrada com suas criações.

Depois de muitas horas de viagem, entramos num túnel estreito, escuro, com 2,5 km de comprimento. Logo na saída do túnel uma placa: “Bem vindos a Caxemira, o paraíso na terra.” Ao fundo uma vista para o magnifico vale, com arvores, plantações  flores e rios. Espetacular!

Passamos por pequenas vilas, e já observamos mulheres com véu cobrindo o rosto. Agora estávamos em região muçulmana.

Chegando em Srinagar, nosso plano era de ficar num hotel uma noite, para no outro dia bem cedo ir procurar e comparar os barcos-casas do lago Dal. Acontece que os caxemirianos são ótimos negociantes (para o lado deles) e acabamos cedendo de ir conhecer um barco-casa oferecido, e nos demos super bem!

Os barcos de luxo ficam bem perto da avenida, tem bastante barulho, alem de insistentes vendedores passando de shikara (canoa local) oferecendo coisas. O nosso era meio decadente, mas bem acolhedor. Ficamos mais afastados, num lugar tranquilo, para dentro do lago, cercado de flores de lótus.

Ao contrario dos barcos de Aleppey, que navegavam todo o tempo, os de Srinagar ficam ancorados. Para se conhecer o lago e todo o “waterworld” só de shikara. Pensamos em fazer um passeio curto, no máximo de duas horas, mas foi tao legal que nos empolgamos, e ficamos umas cinco horas explorando os canais, passando por mercados flutuantes, as vilas sobre palafitas com o dia a dia sobre as canoas. Um passeio fantástico,  belíssimo !! Existem shikaras simples, mas muitas delas são todas preparadas para passeio, com almofadas e encostos. Tem uma infinidade de shikaras por todo o lado e quase dois mil barcos-casa. A região já foi muito turística  mais devido ha algumas guerras e frequentes conflitos, as pessoas passaram a ter medo de viajar por lá. Este ano teve um boom de turismo, dos próprios indianos, e saiu reportagem ate no NY Times (clique aqui).

flores de lotus

Shikara

Barco casa

equipe!

A Caxemira é mais uma daquelas questões polemicas. Na divisão do subcontinente indiano, os ingleses previam só dois países  um hindu (Índia), outro muçulmano (Paquistão). Nisto Punjab (Sikh) ficou chupando dedo, e Caxemira também  A Caxemira era de maioria muçulmana  mas tinha um Marajá hindu, colocado pelos ingleses. Na época da divisão  ele ia optar pela Índia (talvez até tentaria uma impossível independência), e por isto foi invadido pelo Paquistão  No final da historia ficou 1/3 com o Paquistão e 2/3 com a Índia. No tratado de paz da ONU, teoricamente a população que deveria ser ouvida para definir quem teria direito sobre a Caxemira. Claro que a Índia nunca aceitou esta decisão.

Isto não quer dizer que todo mundo gostaria de ficar com o Paquistão,  muito pelo contrario. Conversando com um estudante universitário  que participa de protestos pacíficos  ele me disse que 70% dos caxemiris querem ser um país independente ( e acreditam que um dia vão conseguir), 25% querem ficar com o Paquistão (a maioria destes são de pequenas vilas) e apenas 5% querem ficar com a Índia (ricos comerciantes de olho na economia indiana).

A Índia está apostando muito na ocupação da Caxemira, e é fácil de ver. Na estrada até lá é muito comum se ver comboios de caminhões com milhares de soldados. Muitos postos de controle e soldados por toda a cidade. Isto quebra um pouco o charme do lugar, mas existem algumas “ilhas” de tranquilidade.

A cidade velha de Srinagar é uma delas. Tranquilidade por causa da ausência do exercito, não pela falta de bagunça  O exercito não vai muito lá, pois os locais se reúnem e jogam pedras neles, e sempre da confusão  muitas vezes tomando grandes dimensões  As ruas são muito estreitas, e as casas possuem uma arquitetura única. Muitas delas com sacadas em madeira toda trabalhada. As mesquitas também tem um estilo próprio  sem minaretes, e com o telhado lembrando estupas budistas. Fomos diversos dias nos perder pelas ruas. As grandes atracões  não tem endereço certo, elas são as cenas do cotidiano. Lojas de especiarias, carneiros sendo pendurados e carneados no meio da rua e por ai vai. Em volta da mesquita principal aquela sensação de que o tempo parou. Diversas pontes cortam a cidade e dão uma vista fantástica para as construções.

Notamos um templo hindu todo cercado por arames, e ao olharmos curiosos por algum tempo, soldados nos convidaram para entrar. Fizeram uma base militar ali. Estrategicamente protegiam o antigo templo, e controlavam uma ponte bem em frente, que dava acesso para o miolo da cidade velha.

Outro grande refugio são os jardins Munghals. Uma dinastia descendente dos mongóis persas, que dominou boa parte do sul da Asia. Existem diversos jardins, todos floridos, muitos deles com vista para as montanhas ou para o lago Dal.

Jardins

Na noite anterior a nossa partida, mudamos os planos. Fomos convidados para um casamento e não poderíamos perder esta oportunidade. Na verdade tiveram três casamentos bem perto da nossa casa- barco. Os casamentos demoram dias, e fomos acompanhando os barcos chegando com as decorações  os mais de 30 carneiros mortos, e todos os vizinhos passando horas preparando a comida. Musica ja de dia, a noiva tendo sua mão pintada com henna, muita comida e festa ate de manha! Bem de madrugada distribuíram cobertores e todos ficaram largados no chão enquanto um homem vestido de mulher fazia um show de musica e dança  brincando e provocando os convidados estilo Nei Matogrosso. Nos divertimos muito quando ele tirou a Jami e a Bibi para dançar!!! Demais! Um grupo de músicos tocou a noite inteira e tinham narguilés por todos os cantos.

os preparativos

A noiva

A festa

Quando madrugamos para pegar transporte a musica ainda estava rolando, e ainda teria mais um dia de festa ate o noivo chegar para buscar a noiva. As festas são separadas.

Sabíamos que a viagem seria longa, mas foi ainda mais demorada que o esperado. No total acho que passou de 17 horas viajando pelos Himalaias, passando pelas milhares de curvas, no topo de altíssimos passes com vistas espetaculares. Paramos em Kargil, cidade bem próxima a linha de controle, onde os paquistaneses invadiram a pouco tempo, mostrando que os milhares e milhares de soldados indianos talvez não estejam tao preparados quanto pensam. Na estrada vários acampamentos do exercito, muitos deles fazendo treinamentos de escalada nas montanhas. Saindo da região da caxemira entramos em Ladak. A paisagem ia ficando mais desértica  pois estávamos cada vez mais altos. As bandeirinhas de orações budistas passaram a aparecer por tudo que ‘e lado, e as vilas estavam cheias de estupas e monges. Paramos em algumas delas, e gostaríamos de ter podido ficar mais tempo por ali. Chegamos já bem tarde em Leh, e por acaso acaso acabamos ficando numa pousada super bacana. Tinha um jardim todo florido com vista para as montanhas de um lado, e para monastérios e fortes do outro.

A caminho de Leh

Leh fica a mais de 3500 metros de altitude. Confesso que devido a dificuldade para chegar, esperava um lugar mais intocado. Sabia da fama do lugar entre os viajantes, mas não esperava tantas lojas uma perto da outra e restaurantes vendendo pizza e comida ocidental. No meio de tudo isto muitas internet cafés. Por outro lado, a energia elétrica faltou com muita frequência  mostrando que ainda existe um certo isolamento.

Chegamos para o ultimo dia do festival de Ladakh, onde teria musica, dança  alem das apresentações com mascaras. A partida de polo tinha sido ha dois dias, e perdemos novamente. O final do festival, mostra o termino da temporada. A partir de agora, pode nevar nos passes mais altos. Os viajantes overland saem as pressas sentido Manali (22 horas de estrada terrível , e era para Leh estar tranquila. Mesmo assim acho que vimos mais turistas do que monges.

Na cidade tem um bonito palácio real, um forte com uma super vista para o vale, alem de uma cidade velha e diversos monastérios  mas o mais interessante mesmo esta nos seus arredores.

Partimos para as montanhas, caminhando entre vales e bonitas formações rochosas, atravessando rios ate a vila de Rumbak. Uma vila de não mais que 12 casas e um monastério  Muitas plantações  yaques, e um grande espirito comunitário  Região muito bonita, um vale realmente especial. Passamos a noite numa das casas, fomos super bem recebidos. Aproveitamos um monte o lugar, mas na hora de seguir viagem fui voto vencido. Seriam mais 8 horas de caminhada, desta vez passando a 5 mil metros de caminhada. Acabamos voltando pelo mesmo caminho, e encontramos um casal de espanhóis viajando com seu filho de 3 anos. Iam fazer um treking de 25 dias!! Já era o oitavo pais que o moleque conhecia, e sempre ia caminhando, com seu óculos espelhado e todo animado. Pra quem acha que não da para viajar com criança ta ai:

Quem disse que não da para viajar com

criança

A tal da Delhi-belly acabou atrapalhando nossos planos. Não conseguimos explorar tanto a região como gostaríamos  mas fizemos o que pudemos. Se tínhamos chegado um dia depois da partida do nosso amigo Koich, por outro lado acabamos encontrando novamente os franceses la do Paquistão.

Depois de tantos meses viajando pela rota da seda (que também passava por aqui), pegamos o primeiro avião  Daria para seguir por terra, mas isto mostrava que o tempo estava acabando, e nossa viagem também  No pequeno aeroporto parecia uma operação de guerra, com centenas de soldados, burocracia e segurança. O voo foi rápido, com uma super vista de montanhas pela janela.

Em Delhi decidimos não ficar no Pahaganj, barulhento “ camelódromo” onde fiquei nas outras viagens. Ficamos no Manju ka tilla, bairro tibetano, um pouco mais afastado mas bem mais calmo.

Como era a primeira vez da Jami em Delhi, fomos em diversos lugares, muitos deles que eu só tinha ido na minha primeira viagem a Índia em 2005. Foi muito legal, ate porque hoje sou uma pessoa diferente, e vejo os mesmos lugares de forma diferente. Sem contar que e muito legal a cara de alguém que esta andando de rickshaw pela primeira vez pelas ruas de Old Delhi. Comemos no indicado restaurante Karim, fomos ver filme em hindi e não demorou ate nos despedirmos da Jami. Ela foi uma super companheira de viagem, pegou bem o espirito da coisa.

old Delhi

Já estava chegando nossa hora também  mas depois de tanto viajar, acho que merecíamos umas ferias da viagem, um pouco de “ descanso”. Se a rota da seda tinha chegado ao fim, tínhamos que pensar em alguma outra coisa…