Algumas fronteiras na África são distantes entre si, e e o caso do Malawi e Moçambique, onde existe alguns KM de ” Terra de ninguém”. Para percorrer estes km fomos na garupa de bicicletas, com nossas mochilas, apostando corrida. Muito divertido. Os Alemães iam subir o Malawi por terra (depois de ter descido de barco), mas quando me conheceram viram uma oportunidade de viajar comigo, por falar português. Viajar no norte do Moçambique já não é fácil sem saber a língua fica tudo ainda mais difícil O Moçambique e praticamente dividido em dois países O sul e mais ” moderno” com muita influencia da Africa do Sul. Muitos sul-africanos tem negócios lá, casa de veraneio nas bonitas praias. Lá que ficam as industrias e tem uma relativa boa estrutura. Já o norte ( e ate dividido fisicamente pelo rio Zanbezi) e selvagem, isolado. Em toda a minha estadia, não tomei banho nem um dia com água encanada. Só de balde! Transporte? Carona, Caçamba de caminhão e poucas ” lotações sempre bem cedo, saindo entre 3:30 e 4 da manha. A expectativa era muito grande, primeiro pais estrangeiro que visito podendo falar português.
Ainda antes da fronteira encontramos um casal, Todd- Americano, e Eva- Espanhola, super legais, que seguiram viagem com a gente. Apos uma pequena conexão em Mandimba seguimos para Cuamba. Poucas horas de viagem e o pneu furou, e não tinha estepe. Ficamos um tempo perto de umas casas, num lugar super isolado, ate arrumarem o pneu. Neste lugar elogiaram meu português e queriam saber onde aprendi. hahaha Comedia. Conversando com um senhor que trabalha no Correio Moçambicano perguntei sobre um boné da ” Vale” que ele usava. Contou que estavam investindo muito no Moçambique e que ele ganhou um premio do correio e foi para o Brasil. Perguntei se tinha ido para o Rio, e ele me respondeu que não, que tinha ido para Curitiba. Mundo pequeno!!!! Foi até no Bar do Alemão no Largo da Ordem!!!! Seguimos viagem e algumas horas depois estourou o pneu, desta vez sem conserto. Como ja estava meio tarde, não passou mais ninguém na estrada, e tivemos que dormir por ali. Eu, Graham, Todd e Eva tínhamos barracas, mas o restante das pessoas tiveram que se abrigar num barracão de pau a pique que deveria ser um mercado. Comemos batata doce, unica comida disponível No outro dia cedo já passou uma caminhonete e seguimos para Cuamba. Cidade no meio do nada, pequena, com um certo charme, ruas largas e algumas casas com arquitetura portuguesa. Parecia abandonada no tempo. Tomamos um bom “mata-bixo” (cafe da manha) e arrumamos uma pousada. Achei que depois de tanto tempo dormiria numa cama, mas para dividir custos acabei ficando no chão mesmo (a pousada era bem ruinzinha, e acho que o saco de dormir era melhor que a cama). O banho era de balde, mas aqueciam um recipiente com uma fogueira, então o banho era quente!

Estrada…

Banho de balde, mas água quente.
Compramos algumas coisas num mercado de rua, e comemos por lá mesmo. Um prato de arroz, feijão e carne, na feira custava menos de meio dólar Tinham me falado que o Moçambique era meio caro, mas depende aonde vc vai. Se bem que os preços das pousadas eram bem caros em relação a qualidade oferecida. As 5 saia o “Comboio” (trem) sentido Nampula.
Colocam até um ou outro carro nos vagões de tao ruim que são as estradas. Pegamos uma cabine para nos 6, com 2 triliches. O ” Comboio” e lento, mas passa por paisagens exuberantes. Vilas remotas, com dezenas de vendedores de tudo, galinha viva, assada, mandioca, bolos, frutas… O comboio quebrou, e esperamos algumas horas ate vir uma outra locomotiva. Passamos por lindas montanhas, e deu vontade de parar numa das pequenas vilas e explorar a região Pena que ainda existam tantas minas terrestres, herdadas dos tantos anos de ” Guerra civil”, que terminou a 15 anos. Guerra Civil entre parenteses, pois a Renamo, apoiada pelos EUA e Africa do sul, era uma guerrilha mercenária, que atuava em diversos países.

Comboio quebrado

Vendedores
Chegamos em Nampula ja de noite. Ao procurar um hotel, encontramos com 4 oficiais do exercito moçambicano, devidamente armados. Sabia que teríamos problemas, e rapidamente andei na direção deles e simpaticamente pedi informações Enquanto falava com um deles, outro já foi recolhendo os passaportes, falando que teríamos que acompanha-los e blablabla. A corrupção da policia moçambicana e famosa. Depois de eu contar algumas historias tristes, que tínhamos sido roubados, que não tínhamos nem cartão de credito, acabamos sendo liberados. Ficamos num hotel, mas novamente dividimos um quarto e continuei sem dormir em cama.

Aha-Uhu, Moz e nosso!!

ta em casa!
Nampula é uma cidade bonita, relativamente “moderna”, não tem cara de vila. Mas quando descobri que e a terceira maior cidade do Moçambique descobri a dificuldade que o norte do pais passa. Pegamos um” Machimbombo” (ônibus) para Ilha de Moçambique com direito a ver camelos darem um corridão em policiais. Na viagem conheci um simpático casal de portugueses que estão morando em Maputo (capital) e estavam de ferias. Conversamos todo o longo trajeto, e me segurei pra não contar nenhuma piada de português…hehe
Não acampamos propriamente na ilha, mas sim de frente para esta, que tinha uma praia mais bonita. Para a ilha, era só caminhar pela estreita ponte, curtindo todo o visual. A Ilha e um museu a céu aberto. Patrimônio da Unesco, já foi a capital dos territórios portugueses na africa. Devido as frequentes guerras com os Árabes imponentes fortificações foram construídas. Posteriormente, estes fortes foram utilizados para aprisionar os escravos, antes de serem levados da África e mais recente como prisão na época da independência e da guerra civil. Para construir os fortes, utilizaram pedras da própria ilha, o que fez com que uma parte seja muito mais baixa, como se fosse um buraco mesmo.

Ilha de Moçambique
As ruas são super estreitas, e e uma pena que as construções estejam em péssimo estado de conservação salvo algumas exceções Os locais reclamam que devido o isolamento não recebem muitos turistas, e os que vem, ficam pouco tempo, não deixando muito dinheiro. O potencial do lugar e incrível, mas tem muito ainda a ser feito.
A Ilha já não tem muitas praias, e as que tem, são usadas como banheiro pelos locais. Uma pena. Ate vi alguns mais higiênicos andando com suas pás para enterrar as necessidades… Hilário!!
Perto do camping tinha uma pequena vila, onde descobrimos um mercado noturno. Comemos frutos do mar, batata doce, mandioca, salgados e pães, tudo por menos de 1 us$. Os locais riam muito, pois eramos brancos e estávamos comendo com a mão sentados no chão e eu falava ate português. Muitos vinham conversar e ficamos um bom tempo la.Tínhamos que fazer uma conexão em Namialo, para pegar o Machimbombo que saia cedo de Nampula para Pemba. O problema era que as lotações param a cada km, e provavelmente não chegaríamos a tempo. Decidimos alugar um caminhão só para gente, e para reduzir custos, acertamos que só pararíamos quando quiséssemos e o dinheiro seria para abater o que pagamos. Deu certo, chegamos a tempo, pagando um preço razoável. Seguimos para Pemba, importante cidade portuária da região norte. Da cidade pegamos carona ate um cruzamento e outra com um motorista de van da Universidade Católica ate a praia de Wimbe. Inacreditavelmente não tivemos que pagar, coisa incomum aqui. A bonita praia de Wimbe já tem alguns Resorts, mas ficamos mais no canto sul, onde e mais isolado e calmo.