Ano novo chines na terra dos livres.

A Tailândia, passou por diversas guerras e invasões no passado, quando ainda era chamada de reino do Sião. Eram batalhas com o Império Kremer, hoje Cambodja, e com a Birmânia, alem dos chineses. Tudo isto, junto com a grande esperteza do rei, fez com a Tailândia moderna nunca fosse colonizada por países europeus, ao contrario de todos os seus vizinhos. Não e a toa que e chamada de terra dos livres (Thai + Land). Com isto, a cultura do pais e unica, e não segue os padrões ocidentais.

Existe uma grande tolerância para as diferenças, e um fato muito interessante e a integração dos LadyBoys na sociedade. O país é o numero um na cirurgia de troca de sexo, e os ladyboys atendem nos restaurantes, caixas e em qualquer cargo publico ou privado, sem nenhuma discriminação.

O rei, que com sua hábil negociação, cedeu algumas terras para um, fez acordos com outros, e foi se acertando com todo mundo. Depois de mais de 60 anos no poder ele continua quase uma unanimidade. Na verdade existe uma oposição, mas a massa o adora e existem posteres e quadros dele em qualquer biboquinha. Teoricamente ele só tem um poder figurativo, assim como a rainha do Reino Unido, mas na pratica não e bem assim. Em 2006 o exercito deu um golpe de estado, derrubando o primeiro ministro, que não se acertava muito com o rei. Adivinhem quem comanda o Exercito? Pode não ser algo muito democrático, mas que todos os tailandeses devem muito a vossa majestade, devem, e eles sabem disto.

O voo de Yangon era para Bangkok, mas só faríamos uma conexão seguindo para Chiang Mai. A espera no aeroporto acabou sendo muito prazerosa, pois encontramos o Vicente, sócio da Pati na Pulp e nosso amigo ha muuitos anos. Ele estava vindo do Vietnã, rumo a Hong Kong e deu tempo de almoçarmos juntos e batermos papo. Nos meus links da para ir direto para os videos de viagem da Pulp, que são muito legais, cliquem la.

Nos com o Vicente almoçando no aeroporto de BKK

Em Chiang Mai, do aeroporto ate a pousada foi tranquilo, pois já era a terceira vez que chegava na cidade. Ficamos na mesma pousada que fiquei em 2004, com um super jardim e musica ambiente. A pousada e bacana, uma quadra do Thapa Gate. Um ponto desagradável, mas curioso, foi que um rato roeu a mochilinha da Bibi para pegar comida que tinha dentro. Quando a Bibi foi reclamar para o dono ele falou que tinha ratos sim, devido tanto mato no jardim, mas a linha do Budismo que ele seguia, fazia com que não pudesse praticar nenhum mal contra os animais. Contou que antes tinham cobras, e ele tinha que conversar com elas para irem embora.

Foram dias tranquilos, aproveitando o Festival das Flores que estava acontecendo, e com isto a feirinha de final de semana estava muito maior, e tinha ate um palco com apresentação de danças. As comidas da feirinha são algo a parte. Dezenas de pratos diferentes a preços baixíssimos. A partir de 30 centavos de real já dava para comer alguma coisa. Aproveitei para ir em mais uma luta de Muay Thai, mas não era num ginásio próprio, e sim no meio de bares, onde turistas bebiam e se preparavam para a noitada. Nesta região de bares vi os insetos fritos para vender, que degustei na primeira vez que vim para cá. Se engana quem acha que tem em tudo que e canto. O lugar mais fácil de achar e justamente onde estão os estrangeiros bêbados, provavelmente os maiores comedores de insetos da Tailândia!!

Comida boa!

Comida de bêbado!

Mais Muay Thai

Tínhamos vindo pra Chiang Mai para dar entrada no visto para a Índia, pois o consulado aqui era bem mais tranquilo que a Embaixada em Bangkok. Mesmo o motorista do tuk tuk tendo se perdido com a mudança de endereço do consulado, conseguimos chegar cedo la e encaminhar tudo. Demoraria 5 dias uteis, portanto uma semana. Pegamos o primeiro ônibus que conseguimos para Pai, um cidadezinha mais ao norte do pais, já próxima da tríplice fronteira (Tailândia-Myanmar-Laos). Pai já foi um daqueles segredos, cidadezinha super gostosa no meio das montanhas, mas foi descoberta, e esta crescendo bastante. Hoje e bem turística, mas preserva seu charme. Muitos estrangeiros vem para cá e ficam, portanto virou meio que um lugar Hippie. Muitos vivem de pintura, musica, artesanato e por ai vai. Cada um se vira como pode e vai ficando. Lojinhas descoladas estão surgindo aos montes, e os padrões dos hotéis também estão aumentando com o fluxo de turismo. O ponto alto do lugar e a natureza, pois o visual e incrível. Todos vem para fazer treking, rafting, visitar vilas de minorias étnicas, cachoeiras, etc. Nos tínhamos outros planos. Eu já tinha entrado em contato com o campo de treinamento de Muay Thai e ficaria treinando boa parte do dia. A Bibi ia fazer yoga e para não ficar entediada arranjamos uns cursos para ela. Meu dia a dia era treinar, descansar e treinar de novo. O da Bibi era Yoga e curso de culinária tailandesa, Yoga e curso de massagem tailandesa, ou Yoga e mais Yoga. Claro que de noite dávamos umas voltas pelo centrinho, que e todo movimentado, mas nada de dormir tarde. O treino era bom, mas bem menos puxado que os que fiz da outra vez, mas mesmo assim passava de cinco horas de treino diarios. São vários treinadores, sendo que o principal já foi campeão no Lumpinee em Bkk. Tinha desde iniciantes que estavam tendo o primeiro contato com o Boxe Tailandês, ate lutadores profissionais que vieram aprimorar suas técnicas. Claro que eu não tava na melhor forma física, pois na viagem não pratico nenhum esporte regular, mas me empenhei. Pra ser sincero depois de uns dias, com os muculos todos doloridos, e já sem os pelos na canela, pensei: Porque estou me empenhando tanto se poderia só me preocupar com a parte técnica? Até dei uma relaxada depois disto. No sábado é dia de sparring, coisa que não e muito comum nos treinos tailandeses (pois eles lutam muito e não podem estar machucados), mas devido ao grande numero de estrangeiros que tem por aqui. Fui lá e foi bacana. Só teve um lutador francês que quis “ver o lado”, e posso dizer que ele ganhou o que queria…haha Comecei a soltar o jogo e o pessoal elogiou bastante. Ponto alto para quando derrubei o treinador ex-campeão duas vezes. Recebi uma proposta firme para ficar dando aula de MMA e BJJ ali, mas recusei. Mandei um email para alguns amigos no Brasil, para ver se alguém se candidata, mas ate agora nada. Não sabem o que estão perdendo…

treino duro

Lugar astral

Rango da hora!!

Sera que aprendeu?

No meio das montanhas…

Etapa treino superada, os deliciosos chás de gengibre que sempre tomávamos a noite foram trocados por geladas cervejas. Voltamos pelas dezenas de curvas ate Chiang Mai, para o Ano Novo Chines. E o terceiro ano novo que passo em menos de cinco meses (ano novo etíope, o nosso e agora o chines). O ano novo chines tem calendário móvel, pois e baseado nas fases da lua. A Tailândia segue outro calendário, mas devido o grande numero de imigrantes e descendentes chineses, comemoram o evento aqui também. Nosso visto para a Índia ficou pronto e deu para se despedir da comida tailandesa com as trocentas opções da feirinha. Ficamos mais um dia para eu ver dois dos meus companheiros de treino lutarem. Em tantas lutas que tinha assistido aqui, ainda não tinha apostado nenhuma vez, pratica muito comum. Já tinha gastado um dinheirinho em cerveja quando decidi recuperar numa aposta na luta principal da noite. Quando não tava colocando dinheiro, estava acertando todos os palpites, baseado na aparência dos lutadores e pelo primeiro round. Na ultima luta conhecia o irlandês, que lutaria com um tailandês. Não que achasse ele um super lutador, mas tinha nocauteado nas suas duas ultimas. Apostei nele só por ter treinado junto, e perdi!! A cerveja que eu queria “recuperar” acabou saindo o dobro…haha Como a Bibi citou o livro da Elizabet Gilbert “Comer rezar e amar”, não tive como não lembrar do livro “versão masculina” “Beber, jogar e foder”. Depois que o cara descobre que e corno vai para a Irlanda para beber, Las Vegas para jogar e Tailândia para o resto. Mal ele sabia que poderia fazer os três na Tailândia!!hahaha

Muvuca na rua

Se não tivéssemos que pegar o visto para a Índia, poderíamos ter ido direto de Pai para o Laos já que era pertinho. De qualquer forma não estávamos muito longe, e pegamos um ônibus até a fronteira, onde passaríamos a noite.

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