Belezas e desastres naturais

Existe aquela clássica piada de que quando Deus criou o Brasil, fez tudo bonito, mas não colocou nenhum desastre natural. Já na Indonésia, a coisa foi diferente. Se recapitularmos só alguns incidentes vamos ver que teve o Tsunami em 2004, um terremoto em Nias 3 meses depois, outro em 2006 em Yogyacarta, e mais um tsunami em Java. Em 2007, mais da metade de Jakarta (capital do pais, com 10 milhões de habitantes) ficou debaixo da água, devido a enchentes causadas por fortes chuvas. Poucos meses atras novo terremoto na ilha de Sumatra, que fez com que desistíssemos desta região. Isto sem contar com os atentados a bomba em 2002 e 2005, que não foram nada naturais. O problema de todos estes desastres naturais e que o pais e muito populoso (quarta maior população do mundo), e pobre (apesar de ter uma taxa de crescimento duas vezes maior que a do Brasil). Um terremoto aqui tem consequências muito mais graves que um no Japão, por exemplo.

A Indonésia era um pais que eu sempre quis visitar. Talvez fosse o lugar que eu iria caso tivesse que escolher só um pais. Para conhecer a Indonésia, da forma que gostaria, precisaria de pelo menos uns 3 meses. O transporte fora da região turística e lento, muitos ferris tem horários alterados devido as condições climáticas, mas como na Africa, e tudo muito recompensador. As praias são mundialmente famosas, pela beleza e por suas ondas. Existem vulcões, montanhas, lagos, templos, muita cultura e diversas tribos e línguas. Tudo isto espalhado pelo maior arquipélago do mundo, com suas mais de 13000 ilhas.

Como não tinha tanto tempo disponível só para cá, tivemos que adaptar o roteiro. Estaríamos viajando também no inicio da temporada de chuvas, o que poderia complicar (ou não, com tantas variações climáticas).

De Borneo viajamos para Jakarta, uma super metrópole com tudo que uma cidade deste porte pode te oferecer, de bom e de ruim. Não era bem o que nos interessava, portanto já tínhamos um voo direto para Yogyacarta, algumas horas depois. Chegamos no aeroporto, pegamos uma pequena fila para o visto, que da para tirar na hora. Pagamos, fomos com o comprovante no outro guichê para carimbar. O oficial pediu estranhamente 5 USD por passaporte, pois como era a primeira vez que entravamos no pais, tinham que colocar os dados no computador. Só olhei para a Bibi, fui pegando o dinheiro mas ia pedir um recibo. Nisto apareceram outras pessoas no guichê, e eu fiz questão de mostrar bem o dinheiro. O oficial falou desesperadamente para eu ir embora, que tava tudo certo. Quase que ele perde o emprego. Na hora de carimbar a entrada, novamente o cidadão me pede uma “lembrança” do Brasil. Falei que não tinha e ele pediu um dinheiro brasileiro. Não tínhamos papel, mas oferecemos uma moeda. Ele olhou e falou que não, queria dinheiro, ou podia ser USD, Euro… Eu ri, como se ele tivesse brincando e fomos saindo. Depois de pegar a bagagem, ao sair pelo portão de desembarque, fomos cercados por pessoas oferecendo táxi, hotel, troca de dinheiro… Confesso que o primeiro contato com o pais não foi dos melhores.

Tinha um fuso horário de uma hora a menos, fato que não estava marcado na nossa passagem. Já estava perto da maia noite, e como nosso check in era as 4 da manha, resolvemos ficar no aeroporto mesmo. Fomos ate o outro terminal, que ficava a poucos km de onde estávamos, e nos surpreendemos ao encontrar tudo fechado. Tinham alguns bancos que logo se transformaram em camas. Ja tava achando que em Borneo a Bibi tava entrando no esquema da viagem, mas agora tive certeza. Eu dei umas cochiladas, mas a Bibi capotou. Bem cedo estávamos aterrissando em Yogyakarta. Não fomos para a conhecida região mochileira de Sosrowijayan mas para Prawirotaman, rua com pousadas um pouco melhorzinhas. Depois de uma noite no aeroporto, merecíamos um lugar melhor, e tínhamos uma boa indicação. Pousada descolada, cheia de decoração, piscina grande e um gostoso jardim com mesas para o cafe da manha. Claro que tudo isto só seria usufruído depois, pois precisávamos dormir.

Hora de dormir

Saímos para comer alguma coisa e conhecer o Kraton, “casa” do sultão, que e só uma figura simbólica por aqui, sem muitos poderes, e veneração apenas regional. Interessante o lugar, muitos objetos expostos, em pequenas salas-museu. Depois nos falaram de uma ala que tinha musica alem de outras coisas interessantes, mas quando perguntei falaram que estava em reforma, o que parece que não era verdade. Ali tivemos nosso primeiro momento de “famosos” quando pediram para tirar fotos com a gente. Paramos para almoçar propriamente e descobrimos que e possível comer bem por menos de 1 USD por aqui. A simpatia do povo começou a aparecer também, e batemos altos papos com o rapaz que nos atendeu no restaurante. Ainda fomos para o Palácio das Águas, antiga piscina do Sultão, e andamos pelas ruazinhas, curtindo o novo lugar. Paramos num lugar onde produzem marionetes de madeira ou de couro, muito famosos por aqui. A Bibi estava encantada com o lugar e de noite tomamos uma cerveja para brindar a chegada.

Marionetes

Como o aluguel de uma scooter aqui e em torno de 2 USD por dia, nada de pegar ônibus para visitar os templos, saímos cedo de moto! Borobudur, o maior templo Budista da Indonésia, fica a uns 40 km de onde estávamos. Chegamos sem muita dificuldade, mas com muita cautela, pois são centenas de motocicletas nas ruas. Já mais perto do templo, aquele clima de região rural, com plantações e montanhas ao fundo, que dava todo um clima para o lugar.

Borobudur e impressionante. São 9 níveis, que representam o mundo material, espiritual e o nirvana. O templo deve ser percorrido no sentido horário, de forma ascendente. Muitas gravuras entalhadas na pedra vão contando a historia de Buda. Pegamos um guia para entender melhor os detalhes e valeu muito a pena. No nível que representa o Nirvana não existem gravuras, só estupas. E um “vazio”, muito bonito. Apesar de ser Budista, outras religiões visitam o tempo, e alguns ate veneram, devido a forte energia do lugar. O calor era muito forte e o sol estava nos cozinhando. Gostaríamos de ficar mais, mas era humanamente impossível. A Bibi ate alugou uma sombrinha para se proteger do sol forte. A entrada custa para os estrangeiros 15 vezes mais caro que para os indonésios. Para não ficar tao chato nos colocam numa sala vip, com ar condicionado, água gelada e cafe.

Borobudur!!

Estupas

Passamos num outro templo ali perto, e tinha um Buda bem grande, bonito, mas depois de Borobudur, muitos templos vão perder a graça.Voltamos para Yogya e pegamos o contorno da cidade, para ir no Prabanam, templo Hindu bem perto da cidade. Parada para abastecer ao lado da estrada, onde tem garrafas de vodka absolut com gasolina.

Abastecendo a “poderosa”

O Prambanam também e imponente, mas infelizmente esta bem destruído, devido a terremotos. O ultimo deles, em 2006, foi logo apos uma restauração. Das 240 torres existentes, hoje só existem 18. A principal delas e um templo de Shiva, com templos de Vishnu e Brahma ao lado, alem de seus veículos de locomoção na frente. Mesmo na Índia são pouquíssimos templos de Brahma, Deus não muito venerado. Nosso guia tinha bastante conhecimento, não só da religião Hindu, mas das tradições javanesas e de outras religiões. Ficamos discutindo vários assuntos e nossa visita se prolongou ate o final do dia. Novamente algumas pessoas pediram para tirar foto comigo e com a Bibi, tanto homens como mulheres. São pessoas que vem de cidades do interior e só viram ocidentais na tv. Lembro que quando estive no Tibet, no bairro budista, eu queria tirar fotos dos monges e eles de mim… O final de tarde com aquele céu rosado e só a sombra do Prabanam, foi show. Voltamos para o centro, no meio das chamadas das iluminadas mesquitas. Só tinha um mapa turístico, aqueles com desenhos, e foi fácil de se perder. Tivemos que parar varias vezes para pedir informação.

Buda

Prambanam

Chegando no hotel estávamos muito cansados para continuar fazendo coisas. Íamos numa apresentação de dança tipica mas conversamos e decidimos ficar um dia a mais. Foi bom pois no outro dia deu para organizarmos melhor o roteiro do viagem, pegar uma piscina, rodar o centro e de noite ir no Balett Purawisata. Como choveu foi num lugar coberto. Todos os artistas com mascaras ou muito bem pintados, interpretando uma historia local. Movimentos rápidos e lentos, tudo com musica tipica tocada por um batalhão de pessoas. Normalmente não sou muito deste tipo de apresentação, mas esta estava muito bem montada e com certeza valeu a pena. Pra quem gosta, e imperdível.

Apresentação Purawisata

De Yogya fomos para o leste de Java, sentido a Probolinggo. Viagem não das mais agradáveis, pois tava muito quente. Metade da população da Indonésia mora em Java, e no trajeto deu para perceber, pois era uma cidade do lado da outra, quase não tinha estrada, parecia uma megalópole. Conhecemos vários estrangeiros, que assim como nos iriam no vulcão Bromo, mas depois cada um tinha destinos diferentes. Tinha tudo que e tipo de gente, dos gente fina aos “ malas”. Paramos o microonibus e fomos divididos em vans. A medida que íamos se afastando da cidade e subindo a montanha ia torcendo para que o hotel fosse ok, para a Bibi não reclamar. Não era nada de especial, mas longe de ser ruim. Já separamos as roupas de frio, pois como estávamos a já alguma altitude, e sairíamos de madrugada, tínhamos que nos preparar.

As 4 da manha já estávamos indo de Jeep montanha acima. Decidimos ir no vulcão só depois, e um mirante seria nossa primeira parada. Logo vimos que não estaríamos sozinhos. Dezenas de Jeepes de todas as cores, numa fila continua, parados dos dois lados da estradinha. Quando não deu para ir mais de carro, fomos a pé, e vimos que alem de muitos turistas, tinham ainda mais indonésios. Chegamos a conclusão que era por causa do final do semana. No tal mirante, muito bonito, não tinha espaço para ninguém. Tivemos que esperar as pessoas cansarem e saírem de seus lugares para podermos aproveitar. Já tava claro, mas deu para ver o sol ainda bem baixo. O Vulcão Bromo ali na frente, saindo ate fumaça, com montanhas ao redor davam todo um clima para o lugar. Depois desta vista de cima, fomos ate a base, onde subimos o vulcão. A Bibi teve que fazer um esforço extra, mas ate que se saiu bem. Aquela fumaça tinha um cheiro forte de enxofre, e ficamos na beira da cratera. Fomos entrevistados por curiosos adolescentes e ficamos conversando ate chegar a hora de mais fotos. Contamos para eles que no Brasil existem lugares para sair a noite que se chamam Bali Hai e Warung, eles davam risada.

Vulcão Bromo e sua “fumacinha”…

De volta a pousada deu tempo de tomar o famoso cafe javanes (não tao bom quanto o etíope, mas saboroso), um banho quente, arrumar as coisa e pegar estrada. Um casal americano/alemã pegou o mesmo ônibus que agente e conversamos um pouco sobre a viagem e sobre como foi largar a rotina nos respectivos países, coisa que também fizeram. Muitos Km depois estávamos no ferry que liga a Ilha de Java ate a Ilha de Bali.

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4 comentários em “Belezas e desastres naturais

  1. Qdo Deus criou Lamenha Grande e conseqentemente chacara, criou um pedaço do paraiso aqui na terra.Nesse lu7gar tem um pouco de tudo: animais, muitas flores,horta, shiitaki, crianças,amigos, filhos, netos,etc e vento e chuva q as vezes se tornam desastres naturais. Eis q cai a estufa da horta virada do avesso,o teto do shii desaba,dos dois, o galho caem no banheiro da Pati e a chuva entra casa ´`a dentro…Logico q o Nuno ñ consegue chegar pois ta tudo alagado…Pedro ajuda a mãe no escuro a limpar tudo. A Luiza dorme enquanto o tanque transborda cheio de galhos arrancados c a furia do vento…dessa vez sem exageros …bjs mamynha

  2. E dai Caniggia, pelo que li hoje voce esta muito bem. Fui almocar com Stefan e ele falou sobre viagem e do blog. Alucinante, as historias, as fotos, tudo muito legal. Acho que ja li uns 6 meses hoje. Parabens por tudo!!!
    Um grande abraco e boa viagem.
    Machadinho

    • Faala Machadinho!!
      Legal que vc ta lendo. Bom saber que o pessoal ta gostando e recomendando…
      Ta tudo muito show!!
      Continue acompanhando e comentando

      Abracao

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