Soy loco por ti America.

O Equador funciona como uma espécie de porta de entrada da América do Sul. Não foram poucos os estrangeiros que iniciaram suas viagens pela América pelo Equador. Fácil de entender porque. Um país bem pequeno, com boa infraestrutura e uma grande diversidade, além de bem barato. Muitos viajantes ficam um tempo no país aprendendo espanhol, para depois se aventurar pelos  vizinhos. Um país onde as praias, as montanhas e vulcões e, a floresta amazônica estão há poucas horas entre si, sendo bem convidativo para uma viagem curta.

Meus amigos estavam indo surfar no Equador, como um deles logo seria pai insistia que eu fosse junto, já que depois seria mais complicado. Eu tinha milhagem, portanto não precisaria pagar a passagem aérea. Era só questão de organizar as coisas no Brasil para poder sair por algumas semanas.

O vôo era via Lima, onde passaríamos uma noite antes de pegar o avião para Guaiaquil. O Peru foi justamente o ultimo país da América do sul que eu viajei. Bem, fui para o Chile a trabalho, com final de semana estendido, mas daí não é uma viagem propriamente dita. Não deu tempo para fazer muita coisa em Lima a não ser comer no delicioso restaurante Punto Azul.

Em Guaiaquil o Rolando, equatoriano que meus amigos conheceram ano passado, ja estava nos esperando, e fomos de van até La Punta, pouco depois de Montañitas. No caminho todos que tinham estado lá ano passado se surpreendiam de como estava verde ao longo da estrada, pois antes era desértico.

Turma

O lugar em si não tem nada de mais. Pra falar a verdade não curti muito. Tipo de lugar que talvez a uns 5 anos atras deve ter sido legal, mas agora tá bem “over”. Mas como estava ali para curtir os amigos e surfar,  cumpria bem a função. Já no primeiro dia uns 2.5 metros de onda. Nos divertimos, demos muita risada, e me fez lembrar de quantos finais de semana e feriados viajamos juntos. Não é fácil juntar seis pessoas para viajar hoje em dia.

La Punta

Um dia fomos para a praia de Rio Chico, super astral, com falésias, visual e direito a por do sol com arco-íris enquanto surfávamos sozinhos. Um detalhe que tenho que mencionar é que surfei mal pra caramba! Muito tempo sem praticar e só me empenhando depois que voltei da viagem não foi o suficiente. De qualquer maneira me diverti, e em La Punta até que me virei bem.

Já estava para fazer uma semana que tinha saído do Brasil, o mar tinha baixado, então estava na hora de eu seguir a estrada, agora sozinho. Peguei um ônibus até Guaiaquil, e não tive que esperar nem 5 minutos para pegar outro até Riobamba. Perguntei preocupado se teria alguma parada, pois estava com fome. O motorista disse para não me preocupar e logo entendi porque. Nas paradas para pegar passageiros, subiam muitos vendedores, vendendo tudo que é tipo de comida, mas principalmente muitas opções de milho e frango. Tinha até vendedores de sorvete, bola mesmo, na casquinha, não picolé. Vendedores de pedras, bijouterias e até remédios, me lembraram bastante os ônibus no leste da África.

Riobamba não tem grandes atrativos, mas achei uma cidade bem simpática. Consegui um hotelzinho simples por 5 USD e, fui logo atrás do meu objetivo: Chimborazo, o maior vulcão do Equador, anunciado por aqui como o ponto mais perto do sol, já que a terra é elíptica. Meu objetivo não era escalar, e sim descer o vulcão, de bicicleta! Arranjei uma agência e no dia seguinte me levaram até o primeiro acampamento. Ainda caminhei até o segundo acampamento, a 5000 metros de altitude onde o tempo estava encoberto e logo começou a nevar. Logo percebi que seria “divertido”! Se não estava um dia bonito, com ceu aberto, pelo menos que tivesse emoção. Foi quase uma tarde inteira descendo de bicicleta, onde entendi o conceito de “mountain bike”. No inicio estava bem conservador, só observando as vicunhas e montanhas, mas depois não tem como não dar seus saltos. Já na parte mais baixa do vulcão, iniciam estradas rurais, por algumas das regiões mais indígenas do país. Muito legal! Encontrei três franceses que fizeram parte da descida comigo. Já no final do dia, o carro de apoio veio oferecer para voltarmos, pois faltavam só 5 km, e estava escurecendo. Eu insisti para pedalar mais, e paguei caro por isto. Muita chuva! Detalhe que só viajo com um tenis, então teria que achar alguma alternativa ou comprar um novo no dia seguinte, pois estava encharcado!

Chimborazo

Downhill!

Vicunha

Chegando nas vilas

Não é que secou!!!

De noite acordei com os estrondos do vulcão Tungurahua que está ativo há muitos anos. Meio assustador. Já com o tenis seco, fui para o mercado La Merced para provar um dos pratos típicos da região. O Hornado, porco assado, servido com milho. Muito gostosa a comida, conversei um pouco com algumas pessoas e fui pegar um ônibus para Baños, um dos principais destinos turísticos do Equador, estilo meca dos esportes radicais.

Hornado

O lugar é bonito, no meio das montanhas, com bastante verde, já que se aproxima da Amazonia. Mas por ser um destino tão conhecido paga seu preço. Dezenas (ou seriam centenas?) de agencias por todos os cantos, todas oferecendo outras centenas de atividades. Pode-se alugar quadricículos, escalar montanhas, fazer trilhas, bunge jump, rapel, tiroleza e por aí vai. O pessoal fica um bom tempo por aqui, já que tem algumas opçoes de restaurantes, cafés, sorveterias e baladinhas, além de centenas de hoteis baratos. Mas eu não consigo entender porque os mochileiros ficam em albergues com quarto comunitário só porque esta indicado no Lonely Planet, se tem hoteis bem melhores e mais baratos com quartos individuais.

A cidadezinha é bonitinha, com a igreja na praça central, ruas com lojinhas, mas o tipo de lugar que eu aproveitaria melhor se tivesse com a Bibi. Em vez de ir num restaurante descolado fui comer Cui, tipo de porquinho-da-Índia que é muito apreciado por aqui. Sabe que a carne é bem boa? Tipo frango? Não, muito melhor!

Porquinho da Índia ou Porcão da Índia?

Aprovado

Aluguei uma bicicleta para ir até Puyo, que já fica na área de floresta. Foram uns 60 km, vendo a transição dos andes até a Amazônia. Muitos rios, cachoeiras, todos com estrutura para atividades de “esportes radicais” para quem quisesse parar para conferir. Na minha opinião perde um pouco o charme, e a descida do Chimborazo foi bem mais legal. Para voltar peguei carona com uma caminhonete até metade do caminho e fiquei um bom tempo esperando um onibus para me levar até Baños novamente.

Cachoeiras

Pegando carona de volta!

Para descansar fui nas banhos, onde valeu mais pela experiência cultural do que pelo banho em si. Era final de semana e tinham vários locais. Famílias inteiras chegando com suas roupas típicas, chapéus e tranças para tomar banho nas aguas termais. Muito legal.

Peguei um ônibus para Latacunga, novamente cheio de vendedores e com bonitas paisagens. Ah, as passagens custam menos de 1 usd por hora de viagem e muitas vezes tem filme passando. Assim que cheguei um vento gelado e forte soprava, e no fundo da cidade dava para ver parcialmente o vulcão Cotopaxi. Esta não é a melhor época para se viajar pela região, pois chove e as montanhas muitas vezes ficam encobertas. Assim que cheguei no hotel iniciou uma fortíssima chuva de granizo, que escapei por pouco.

Vulcão Cotopaxi e a chuva de granizo vindo

Ainda tinha quase uma semana de viagem e,  o melhor do Equador estava por vir.