Colômbia, o último país da América do Sul.

Uns vinte anos atrás (estou ficando velho!) fiz intercambio nos EUA. Um dos meus melhores amigos nesta época era o Maurício, um colombiano. Eu, imaturo e pouco viajado, me enchia para falar sobre “Minha Curitiba” e “Meu Brasil”. Tudo bem, era quase uma defesa para aquela época pré internet que perguntavam se tinha geladeira e animais selvagens atravessando a rua no Brasil. Meu amigo Maurício tinha o mesmo sentimento sobre a Colômbia – o melhor lugar do mundo. Para ele o Brasil era só mais um paíszinho da America do Sul. Eu não acreditava que ele poderia pensar assim e o mesmo acontecia com ele.

Viajando pelo mundo, encontrei diversas pessoas que tinham estado por longos períodos na América do Sul. Em geral os países favoritos delas no nosso continente era ou a Colômbia ou a Bolívia. Poucos tinham outro país como xodó. Os que gostavam da Bolívia tinham um perfil bem definido, mas a Colômbia caía no gosto de muitos tipos de viajantes. Alguns deles consideravam um dos países mais legais de todo o mundo. Mas por quê então este título no post? Simplesmente porque é o ultimo país na América do Sul que conheci!

Chegamos em Bogotá já tarde da noite. A primeira impressão da cidade foi boa, acho que pareceu até mais moderna que de dia. Ficamos na região da Candelária, que é o centro histórico da cidade. Hotelzinho simples, numa casa colonial, mas com um excelente preço para uma capital. É muito fácil de se localizar na cidade, que tem calles (ruas perpendiculares a montanha) e carreras (paralelas a montanha) numeradas.

A arquitetura é muito bonita, cheio de prédios históricos e igrejas.  É uma região meio suja, assim como o centro, mas bem movimentada e um clima gostoso. A região do Chorro de Quevedo fica cheia de estudantes a noite, formando uma cena cultural bacana com música, teatro, poesia dentre outras atividades. Comemos uma parrillada (prato para 3) por menos de 8 USD e logo descobrimos que a comida na Colômbia é muito mais barata que no Brasil.

Chorro, Candelaria

Chorro, Candelaria

Usamos o transmilenio, sistema de ônibus (inspirado no de Curitiba), para ir até o Portal Norte, onde pegamos outro ônibus até Zipaquira. Cidadezinha simpática que fica uns 50 km ao norte de Bogotá. A grande atração de lá é a Catedral de Sal. Tinha escutado falar muito bem, o que talvez tenha influenciado negativamente na nossa experiencia. A tal da expectativa. Resumindo, não gostamos, a ponto que talvez nem teríamos ido se soubéssemos como era. É uma mina, deveria ser vendida como tal. Criaram todo um apelo turístico (muito bem feito por sinal!) com luzes e música. Inventaram uma via sacra e tal, mas não nos pegou. O salão principal é impressionante, gigante, mas como uma mina, não como igreja. Adoramos lugares com devoção, mas este não é o caso, bem longe disto. Se estivesse indo para conhecer uma mina desativada pode ser que tivesse gostado.

Catedral de Sal

Catedral de Sal

Em Bogotá estava um friozinho gostoso, mas infelizmente choveu e o Cerro Monserrate estava encoberto. Antes de pegar o ônibus para San Gil, ainda fomos no museu do Ouro (muito bem montado!), onde encontramos com meus pais que também estavam viajando pela Colômbia, mas por outro trajeto.

San Gil é daquelas cidades que tentam vender para os estrangeiros como centro de esportes radicais. Nada que nos atraia muito, além do mais me choca ver que albergues cheios de estrangeiros custam mais caros que hotéis só com colombianos. Nossa passagem pela região era para visitar a vila de Barrichara, a poucos quilômetros dali. Uma cidadezinha colonial toda perfeitinha, com suas ruas de pedra. Dizem ser uma das cidades coloniais mais bonitas da Colômbia. Depois de andar ao léu pela cidade e tomar um delicioso café em uma confeitaria, fomos até o início do “Camino Real”, trilha de pedra de uns 10 km que leva a outra pequena vila, Guane. Caminhada gostosa pela região rural, com uma vista bonita. Num momento a Bibi achou que pegamos a trilha errada, mas encontramos um professor de fotografia com seus dois alunos e seguimos todos juntos. Deu para conversar bastante e aprender um pouco mais sobre a região e país em geral.

Barichara

Barichara

Barichara

Ruas de pedra na pacata cidadezinha.
Colombianos Camino Ral

Colombianos Camino Ral

A pequena Guane é também é um charme, e possui um pequeno museu paleontológico/arqueológico. Pegamos a próxima buceta que passou (assim chamam os pequenos ônibus por aqui) e tivemos que negar o jantar em Barrichara, pois não teríamos transporte para San Gil mais tarde.

Guane

Camino real, chegada em Guane

Em todo o estado de Santander apreciam um aperitivo um pouco estranho, as Hormigas Culonas. É possível comprar em diversos lugares. Com a curiosidade dos turistas os preços da iguaria subiu um pouco. Acho que ainda sou mais os tatu-bola de jardim que comia quando pequeno 🙂

Fome?

Fome?

A ideia inicial do nosso roteiro era de conhecer o muito recomendado parque El Cocuy. Montanhas e pequenos pueblos pareciam perfeitos. Só não imaginava que as conexões de ônibus seriam tão demoradas. Todas as montanhas faziam a viagem ser muito lenta. Como era época de carnaval em Barranquila, os voos de Bucarananga (para seguirmos norte depois do parque ) também estavam caros. Acabamos cancelando a ida e encarando a longa estrada até Cartagena direto de San Gil, com direito a atravessar o belíssimo canyon no parque Chicamocha

Cartagena das Índias é uma das mais bem conservadas cidades coloniais da América. A parte velha da cidade é murada, com casas todos reformadas e transformadas em lojas, restaurantes e hotéis. Alguns bons museus, fortes, mas o gostoso mesmo é andar meio que sem rumo e ver o por do sol em cima da muralha. Hordas de turistas por todos os lados, de todos os estilos e nacionalidades. Existe uma piada que diz que a Colômbia é muito parecida com o Brasil, “cheia de brasileiros”.

Cartagena das Índias

Cartagena das Índias

Cartagena das Índias

Muitos terraços floridos

Tem a parte nova da cidade, Boca Grande, que é meio estilo “Miami”, mas nem passamos por ali. Também não fomos para as ilhas, já que os próximos destinos seriam praias – e bem mais calmas.

Cartagena das Índias

Vista da parte moderna de Cartagena , de cima do Forte San Felipe.

Foi o único lugar da Colômbia que não achamos hotéis baratos. Até achei um, mas a qualidade era péssima. A comida também é um pouco mais cara, mas nada que assuste um brasileiro. Com tantas opções bacanas, este é um lugar para gastar um pouco mais para fazer um programa.

De Cartagena fomos sentido Santa Marta, com direito a passar por Barranquila em pleno carnaval. Não vimos os desfiles principais, mas muita bagunça e pessoas fantasiadas e se divertindo na rua. Como planejávamos ir até Cabo La Vela no dia seguinte, nos recomendaram passar umas duas horas de Santa Marta, para evitar  ter que madrugar  para conseguir fazer as conexões de ônibus. A Bibi não gostou nem um pouco quando embarcamos num ônibus velho em Santa Marta, com a ideia de descer em Palomino para dormir. Gostou muito menos quando ficamos sabendo que o motorista esqueceu de nos avisar para descer. Ficamos sabendo só uns 40 quilômetros depois, num posto policial. Ela queria me matar quando tivemos que andar uns 300 metros na beira da estrada para chegar na cidadezinha mais próxima, San Miguel, já bem de noite. Mas meu Santo é forte e em uma cidadezinha minúscula, naquelas poucas quadras na beira da estrada que vai para a Venezuela, tinha um hotel bom, um dos melhores que ficamos na viagem! Ufa, estava salvo!

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