Os soviéticos conseguiram fazer uma bagunça nas fronteiras de seus países Existem territórios descontínuos dentro de outros países Verdadeiras ilhas de um pais dentro do outro. Existem regiões do Uzbequistão e Tajiquistão dentro do Quirguistão Sem contar que no sul do Quirguistão existe uma maioria Uzbek. Claro que isto não terminaria bem. Confrontos ocorrem com uma certa frequência No ano passado, logo após a revolução centenas de pessoas morreram em um destes conflitos. Nossa viagem agora era pela parte oeste do pais, seguindo para o sul. Nos mantivemos no Quirguistão, mas culturalmente parecia estarmos no Uzbequistão.
Os irmãos da Bibi chegaram cedo, vindo de Istambul Tínhamos agilizado um taxi para buscar eles e nos encontramos no hotel. Foi aquela festa. Conversamos um pouco e dormimos, mas acordando cedo, para eles poderem entrar no horário local.
Sabíamos que a viagem iria proporcionar momentos difíceis que eles não estão acostumados. O primeiro dia foi bem tranquilo, fazendo poucas coisas, e com comida não tao exótica O João sentiu mais o jetlag, mas o Marco já topou umas caminhadas mais longas pela cidade. Fomos também no museu, ver uns painéis soviéticos além de muitas fotos da revolução do ano passado. Impressionante ver a cidade tao calma em chamas e sangue no ano passado.
Tínhamos ficado amigos de umas pessoas de um cafe, e fomos la novamente para apresentar meus cunhados. Acabou tendo mais cerveja que cafe, mas a interação foi bem legal. Quando chegou a hora de pegarmos estrada, fomos num taxi mega antigo, mas reformado, ate o lugar onde saiam os taxis comunitários Negociamos, e depois de acharmos que tínhamos nos dado bem, tivemos que esperar um tempão, nos trocaram de carro, esperamos ainda mais. Nos colocaram numa minivan, foram levar um passageiro em casa buscar as malas, e acabamos perdendo bastante tempo. Foi um alivio pegar a estrada.
Tudo ficou bem quando o visual começou a aparecer. Iniciamos por um vale, subimos, subimos, ate nem sentirmos mais o calor. Pelo contrario, tivemos ate que nos agasalhar. Passamos por tuneis, vimos intermináveis montanhas, e as horas foram passando. O problema e que a viagem era longa, e tinha chão pela frente. Paramos para comer, mas sem perder muito tempo. Outras paradas eram só para pegar água ou tirar foto.
Rodeamos um belíssimo lago azul, e depois acompanhamos um rio da mesma cor, que depois vimos ter sido represado. Depois de descer de mais um passe de 3500 mts, o clima foi ficando mais desértico Estávamos ao lado da fronteira do Uzbequistão onde seria uma continuação do Fergana Valley.
Saímos da estrada principal (que liga as três maiores cidades do pais) e fomos sentido Arslanbob, pequena vila ao lado de uma imensa floresta de nozes. Chegando la gostamos de cara. Um lugar cheio de vida, bem tradicional. Ficamos numa casa que tinha um deck com vista para a floresta, e tinha uma porção de Uzbks, de uma outra cidade do Quirguistão, hospedados la.
Tiramos um dia só para conhecer o lugar, conversar com os nossos amigos, e aproveitar a vista do deck, tomando muito chá e comendo frutas. Mais de 90% da vila e Uzbek, e dos bem tradicionais. Todos vestidos a caráter com seus chapéus e botas, e mulheres com lenços na cabeça e vestidos. Mercado de rua, e muitas carnes penduradas mostravam que a refrigeração não era muito comum por aqui.
Nesta região não utilizam muito os yurts, então resolvemos acampar. Saímos todos a cavalo, parecia uma expedição Ainda passamos numa cachoeira de 80 mts, antes de iniciar uma forte subida. Todo o trajeto era fantástico desde saída da cidade ate os pequenos barracos improvisados ao longo da montanha. Na hora do almoço tivemos a grata surpresa de que nosso cozinheiro sabia muito bem o que fazia. Comemos muito bem antes de descansarmos um pouco e seguirmos viagem montanha acima. Nuvens apareceram (esta ficando comum, não !) no topo da maior montanha (4500 mts), quando chegamos num jailoo. Ainda demos uma cavalgada para tentar fugir da chuva. E deu certo, tinha uma casa de pau a pique que parecia estar estrategicamente colocada para nos. Deu tempo de entrarmos para logo iniciar a tempestade. Mas do mesmo jeito que vem, vai, e logo o tempo limpou novamente. Armamos as barracas ali mesmo, pois o lugar era perfeito
O pessoal ficou conversando com o guia e o cozinheiro, enquanto eu brincava com umas crianças que moravam ali perto. Ainda decidi subir uma montanha ao lado, com companhia das crianças La em cima tinha a vista da floresta de nozes de um lado, e o jailoo com a maior montanha do outro.
Aproveitamos o lugar, comemos bem, vimos ate uma briga de cavalos. Veio outra tempestade, passou, e depois de uma noite razoável de sono, estávamos levantando acampamento.
Montanha abaixo entramos na floresta de nozes. As guerras de nozes foram inevitáveis e o Marco sofreu um pouco, pois um piazinho acabava me abastecendo de munição, enquanto ele tinha que pegar das arvores.
Almoçamos na floresta, e depois de um tempo pelas trilhas, iniciamos uma subida novamente. Passamos por vários trabalhadores rurais, muitos deles mulheres. Alias as mulheres da região constroem casas, cortam mato, cortam comida para os animais, alem de cuidar da casa é claro.
Chegamos a um lugar com uma super vista, e a guerra de nozes acabou, até porque os caminhos ficaram estreitos, e tava ficando perigoso.
Voltamos a vila, e ficamos na mesma casa. O banheiro não era nem um pouco acolhedor, mas o nosso deck compensava. Quase teve briga por um banho quente. Nos divertiamos pois pediamos uma comida e vinha outra, a comunicacao era bem complicada, mas tudo dava certo no final.
De Arselambob pegamos estrada para Jalalabad, passado por varias carroças de burricos, e um visual bem parado no tempo. Esticamos ate Osh, segunda maior cidade do Quirguistão.
Osh não tem muitas atracões Tem um mercado super movimentado, com Kirgs, Uzbeks, Tajiks dentre outros povos. Eram incontáveis o numero de pessoas com olhos claros, sejam elas com cara de asia central ou mais orientais.
O parque da cidade, que fica ao longo do rio, e muito legal. Cheio de gente, com brinquedos antiquerrimos, casas de chá e pessoas cantando em pequenos karaokes. Uns jogavam xadrez enquanto outros surravam o boneco “bob” para ver quem batia mais forte. Fomos algumas vezes no Cafe Califórnia pois o pessoal tava querendo comida ocidental. Ficava bem ao lado do prédio principal da universidade.Arranjamos transporte para atravessar a fronteira com a China, e apesar do calor subimos a montanha sagrada da cidade, o Salomon Throne.
Aproveitamos o mercado para nos abastecer de frutas e comida e cedo pegamos a estrada ate Sary Tash. A viagem foi bem mais tranquila que imaginávamos e ainda mais bonita. Paramos só numa vila no caminho, e ao avistar uma cordilheira, com belíssimas montanhas (de mais de 7 mil metros), sabíamos que tínhamos chegado. Ficamos numa casa simples, e aproveitamos para andar pelo pasto, com aquele visual incansável ao fundo. Brincamos com crianças nos comunicamos como podíamos Comemos bem, caminhamos um pouco mais, e sentimos cansaço por causa da altitude.
No outro dia saímos cedo, pois sabíamos que teríamos alguns desafios pela frente. Paisagens incríveis ate chegar ate o primeiro check point. Outros controles ate a imigração propriamente dita. De la não podíamos seguir de carro. Com passaportes carimbados, nos dividimos e pegamos carona em caminhões. Não demorou muito ate surgir uma imensa fila, não tendo outra possibilidade a não ser ir a pe. Mais um controle, mais caminhada, agora com subida, ate chegar num controle chines. Não entendiam o que falávamos nem nossa nacionalidade. Mesmo com o visto olhavam numa lista de países e finalmente apontamos Brasil. Poucas dezenas de metros depois, outro controle, agora com revista de mochilas. Tudo certo, pegamos mais um caminhão para rodar os 7 km ate a imigração propriamente dita. Tudo indicava que tínhamos chegado na China, mas será que era China mesmo?
Grande gui!!! Vcs tao cada vez mais roots!! Hehe..
Cavalo, barraca… Massa pra kct!! Ta td bem ai?
Abracao
Dalhe Betney!!!
Po, mas na Africa acampei mais de 2 meses seguidos…hehe
Ta Roots mesmo. Espera ate saber da historia dos talibans…
Abracao
Ufaa chegaram seus cunhados!!
Gui foi dada a largada …só registrar na memoria as vivencias destes dias singulares…
guerrinha de nozes, faz lembrar as bagas das arvores da praia,tadinho do Marco sem assessoria…se cuidem!
Altos huts o passeio!
Guilherme,
Continuo acompanhando sua aventura, cada vez mais empolgante. So que agora estou na Etiopia. Cheguei fazem 10 dias, ja fiz o circuito historico, amanha vou para Harar. Obriagdo pelas dicas do seu blog, foram muito uteis. Tambem criei um blog, so que mais modesto, claro Se quiser acessar : africatrip2011.wordpress.com
Boa viagem pra voces, quando voltarem, se quiser teremos muito o que conversar.
Abs, Marcelo
Show de bola Marcelo!! Na viagem entramos pouco na internet, e sempre temos muitos emails para responder e os posts para publicar, mas prometo que vou ler e comentar!!!
Ja entrei, marquei nas favoritos. Ficou muito bacana!
Boa viagem por ai!!!
Abs
Acho que vocês estão com saudades dos sobrinhos, nunca vi um post onde você tala tanto de “brincar com crianças”
😉
beijos
Muita saudades. Falei hj no skype com eles!!
Vou reler o post, na verdade nao lembro de ter escrito sobre isto. perguntei para a Bibi e ele disse ” deve ter escrito, vc sempre brinca com as criancas…” haha
bjs
Olhando as palavras escritas no alfabeto Cirilico (Kirilik) dá uma emoção. Aqueles caminhos tudo me é famíliar. Como podemos esquecer não dá.
O povo ali geme por uma politica ostil que lhes é imputada. As vezes penso: como visitante ao Quirguiquistão as pessoas não perseguem ver muita coisa. Elogiar a paisagem é facil, agora viver o dia-a-dia não é nada facil para este meus queridos quirguizi. Mas o que fazer a vida é assim. Hoje o lema é: “Salve-se quem puder”. A lingua deste modesto povo é linda, kYRGYZ TILI. Um rude falar ( grasne), mas que expressa sentimentos de amor e coração aberto. Terrinha, ah terrinha onde ainda mora o meu coração.
” EU AMO O KIRGIKIZTAN”.
Luiz
Oi Luiz, tudo bem?! O Kirguistao e meu pais favorito na Asia Central. A vida realmente nao e facil, mas pelo menos eles conseguem fazer revolucoes, e tentar mudar alguma coisa. Nos paises ao lado, a coisa e mais complicada. Um povo simples, rural, nao pareceu se importar tanto com o governo, ao contrario da populacao urbana.
Continue por aqui e sempre traga informacoes adicionais, que so inriquessem o blog!!!
Obrigado,