Anatólia!

Viajando a tanto tempo, passando por tantos lugares, sempre tive que explicar onde era Curitiba. Alguns estrangeiros que se aventuraram pelo sul do Brasil conheciam, mas a referencia sempre era as Cataratas de Foz do Iguaçu ou “ao sul de São Paulo”. Conhecemos também algumas pessoas que sabiam de Curitiba pois tinham visto uma reportagem sobre a “cidade modelo” de Jaime Lerner (mal sabendo dos problemas existentes la hoje me dia), e ate um cara que tinha estudado sobre a cidade na faculdade. Mas sempre eram estrangeiros, e não locais. Mas esta historia mudou ao chegar na Turquia. Não estou falando de Istambul, ou grandes centros. No meio de Anatólia, parte asiática da Turquia, sabiam exatamente onde era Curitiba. O culpado? Alex!
Alexandro de souza, “curitibano de Colombo”, revelado pelo Coritiba, ídolo da torcida, jogou diversas vezes pela seleção, e também teve passagens por times menores como Palmeiras, Flamengo, Cruzeiro. Atualmente joga no Fenerbahce da Turquia, e é Rei!

Ainda cedo pegamos um táxi comunitário até Antakya, ja na Turquia. Na moderna imigração demorou só o tempo de carimbar o passaporte. Não adiantou nada termos chegado cedo, pois o próximo ônibus só sairia a uma da tarde. Fazia tempo que não percorríamos longas distancias, e logo deu para ver que a Turquia era um pais grande. Aparentemente não era tao longe, mas a viagem demorou, mesmo o ônibus sendo moderno e as estradas de excelente qualidade. As montanhas podem ter nos atrasado um pouco, mas embelezaram, e muito, a paisagem. Já na chegada nos rendemos a beleza natural da Turquia.
Chegamos em Aksaray já tarde, e teríamos que fazer uma conexão até Goreme, na Capadócia. O problema e que todos os ônibus que passavam neste sentido estavam lotados. O jogo do Brasil e Portugal já estava para começar. Poderíamos assistir no ônibus, pois todos tem tvs com programação ao vivo, mas acabamos ficando num restaurante do posto de gasolina. Entre comemorações, ficava de olho nos ônibus que estavam passando. A Bibi tomava uma sopa e falava com uma Turca, só não sei em que língua, pois ela não falava uma palavra em inglês. O jogo terminou já passava das onze meia da noite, e as possibilidades de pegar um ônibus ficavam menores. Chegamos a cogitar de procurar um hotel e ir no dia seguinte, mas vi um furgão/van parado no posto, e com ajuda de um pessoal consegui descobrir que o motorista estava indo entregar sua carga de alho em Nevsehir, bem próximo de Goreme. Pagamos a passagem de ônibus para ele e fomos. A comunicação tava muito difícil, mas deu para saber quantos filhos tinham e coisas do tipo. No final, depois de ter suplicado para nos levar um pouco mais adiante ate a cidade que estávamos indo, ele topou. A chegada foi muito show, com todas aquelas formações rochosas iluminadas, alto astral. Ate nos presenteou com um “olho turco” pendurado no retrovisor que tínhamos elogiado. Ufa, finalmente poderíamos dormir. Foi só escolher a nossa caverna e capotar. Sim, muitas das pousadas oferecem cavernas, todas estruturadas, com banheira de hidro e tudo.
A Capadócia esta para os cristãos, assim como Ajanta/Ellora esta para os budistas/hindus/janeistas. Aqui eles se organizaram e viveram por centenas de anos, em comunidades que estudavam a religião, e escavavam igrejas nas pedras, alem de fazer pinturas. Muitas das pinturas tem os rostos raspados, pois se tornaram residencia de muçulmanos, que não podem rezar na presença de imagens. A região e muito bonita, com vales, cânions e pedras de diversos formatos. Existe um museu a céu aberto, onde se concentram muitas destas igrejas, mas por toda a região e possível encontrar muitos lugares interessantes. Existem diversas trilhas, cidades e lugares para se conhecer. As mais curtas a Bibi foi comigo, mas algumas mais longas fui sozinho. Depois de horas de caminhada era muito bom chegar na pousada e tomar um banho de piscina com aquele visual. A cidade e pequena e super estruturada para o turismo. E os turistas sabem disto, e chegam em bandos nos ônibus de excursão. Junto com Israel, foi o lugar que vimos mais brasileiros. No jogo com a Holanda tinha muita gente, e a decepção foi grande. Para piorar tinham alguns holandeses vendo o jogo junto. Um final de tarde a Bibi foi ver os Dervishes, turcos sufis, braco mistico do islamismo. Eu não fui pois achava que seria muito turístico, mais ela gostou muito.


De Goreme acabamos indo para Konya, antiga capital dos turcos Seljuks, uma cidade grande, moderna, mas com muita tradição, uma bela arquitetura e um certo misticismo. Muitas mesquitas, e um museu onde viviam os Dervishes. Existe uma grande exposição de livros do Corão, alem de uma caixa onde supostamente esta a barba do profeta Maomé. Ao lado o mausoléu do grande poeta Rumi. Como era um sábado, tinha uma apresentação no centro cultural, e pude ver também a musica, tradição, e forma de meditação – que parece um transe – com eles girando sem parar. Conhecemos um casal de americanos que estavam na mesma pousada que nos na Capadócia, e eles estão dando a sua segunda volta ao mundo, agora já perto dos 60 anos de idade. A primeira foi antes do filho nascer e a segunda com o filho já bem crescido. Bastante inspirador, pois achávamos que essa nossa viagem seria a ultima, mas depois de ver casais com filhos pequenos viajando por meses e agora os sessentões, entendemos que não precisamos parar por aqui. Muito legal conhecer esta cidade, que mesmo com seus modernos trens elétricos, ainda preserva a tradição e a cultura. Falar em cultura, fui experimentar um dos pratos típicos locais, que e uma especie de pizza com carne moída. Digamos que uma esfirra engordurada em formato de pizza. Mais ou menos. Mas a comida da Turquia em geral tem nos agradado bastante.

Dervishes

Seguimos para mais algumas, na verdade muitas, horas de ônibus e conexões. Ônibus super confortáveis, com tvs individuais com diversas programações, serviço de bordo (inclusive com sorvete!), e aquela paisagem surpreendente fora da janela. O povo tem se mostrado muito atencioso, e sempre tentam nos dar informações, nos ajudar em alguma coisa, mesmo que não saibam falar inglês direito. No final da tarde chagamos a Olympus, praia que a muito tempo estávamos querendo ir. Ouvimos falar deste lugar a primeira vez a mais ou menos um ano atras, quando uns companheiros de viagem (japoneses) na Africa fizeram ate um mapa de como chegar la. Falavam maravilhas do lugar, como sendo uma fuga do litoral super urbanizado, cheio de resorts, que estava se tornando a Turquia.
O lugar e muito tranquilo, e nossa pousada fez com que nos sentíssemos em casa. Uma delicia! O lugar e meio hiponga, no meio das montanhas, com ar de isolado. Isto não impedia que turistas chegassem para ver as ruínas que ficam na beira da praia. Nos nem precisávamos visitar, pois passávamos por elas no nosso caminho para a praia. Só um dia que subimos num pequeno morro para ver o visual que passamos por umas ruínas no meio do mato. Definitivamente e uma praia musical, e existem muitos bares, tocando rock, reggae e jazz. A praia e de pedras e não de areia, e o mar mediterrâneo e muito limpo na região. Um pouco gelado, mas o que era bom, devido ao calor. Na volta da praia revesávamos entre comer frutas uns dias e melão com bolas de sorvete em outros. Era para visitarmos outras praias bem recomendadas da região, mas estávamos ocupados não fazendo nada! Alias tem um ditado que diz algo assim: “O problema de ficar sem se fazer nada e que nunca se sabe quando terminou…”. Esta foi nossa frase durante o tempo que ficamos por ali, mas não podíamos reclamar.

Olympus


Uma semana tinha se passado e cedo fomos ate Antalya, onde teoricamente faríamos só uma conexão. Ficamos sabendo que todos os ônibus estavam lotados ate a metade da tarde. Deixamos as mochilas no guarda volumes e fomos conhecer a cidade. A parte velha da cidade e totalmente renovada, ficando artificial demais. As ruas estreitas, arquitetura que poderiam ser interessantes parecem de mentira. Dezenas de turistas para cima e para baixo, um sol e calor infernal e pessoas tentando vender passeios de barco, fizeram com que não aproveitássemos tanto o lugar. Optamos por sentar num restaurante, tomar alguma coisa e bater papo. O lugar e bonito, alto com vista para o mar, mesquitas e bastante estiloso, mas na verdade não nos conquistou. Pegamos mais um moderno trem elétrico (o desenvolvimento da Turquia tem nos impressionado!) para voltar para a rodoviária, e seguir viagem.

Antalya

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