A volta para casa e o mito da caverna.

Há muitos meses atras estávamos conversando com um casal de amigos nossos no Skype, e veio a famosa pergunta: Como vai ser voltar para a realidade? A resposta foi de bate e pronto, a realidade e aqui! Esta mesma pergunta nos foi feita varias vezes, mas a resposta para mim e bem clara. O que faz a vida no Brasil ser real? Consigo ver muito mais argumentos para dizer que ela não e, que e uma bolha, não pela rotina, mas por outros diversos aspectos, e so e real para quem esta dentro dela, como no filme “O show de Truman”.

Um ano e meio atras estava escrevendo sobre a dificuldade de sair para viajar, mesmo sendo para realizar um sonho. O mais difícil de tudo, como muitos ja diziam, foi o primeiro passo, o para fora de casa. Deixei mulher, trabalho e toda a vida na bolha, e hoje tenho um sentimento muito contrario, o medo de voltar. A vantagem de uma viagem longa, e que da para se purificar, percorrer caminhos que diversas viagens curtas nunca vão fazer com você, pelo menos não tao a fundo. A perda de diversas aprendizagens  sentimentos, pensamentos e tantas outras coisas, vai acontecer, isto eu já tenho bem claro. Acho muito difícil não se corromper ao entrar em contato com o “sistema”, na verdade impossível  Poderiam dizer que são mundos paralelos. Mas na verdade a bolha esta dentro do mundo real e não ao contrario (o mundo real dentro da bolha) como se pensa, ou se afirma . A luta vai ser tentar se manter são o máximo possível, e lutar para a perda não ser tao grande.

O Mito da Caverna Platão

Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para a frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior.
A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela e os prisioneiros – no exterior, portanto – há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas.
Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros enxergam na parede do fundo da caverna as sombras das estatuetas transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os homens que as transportam.
Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras, nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda a luminosidade possível é a que reina na caverna.
Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele adentraria.
Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira na verdade é a luz do sol, e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois, acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas, descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens (as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente agora está contemplando a própria realidade.
Libertado e conhecedor do mundo, o priosioneiro regressaria à caverna, ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria libertá-los.
Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim, ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna, certamente acabariam por matá-lo.


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