Quando decidimos que a continuação da viagem seria pela Rota da Seda/Asia Central, não tínhamos ideia alguma de qual seria o trajeto em si, mas tínhamos uma certeza: iniciaríamos por Istambul. A cidade era perfeita por diversos aspectos. Historicamente era o inicio (e fim) de diversas caravanas, um caldeirão cultural, que unia o Ocidente e o Oriente. Em termos práticos era um ótimo lugar para pegar os vistos, e uma agradável cidade para esperar por eles.
Da ultima vez que estivemos por aqui fizemos couchsurfing, mas nosso anfitrião estava viajando quando chegamos. De qualquer forma foi bom ficar em um lugar central, bem estratégico para transportes ate as embaixadas. Como vocês leram no post passado, os vistos deram um certo trabalho, mas muitas vezes só em um período do dia, sem contar os intervalos que tínhamos que ficar aguardando. Chegamos até a pensar em fazer alguma viagem para algum lugar perto, mas decidimos não ficar enfiados num ônibus por 5 hs só para um final de semana.
Aproveitamos a cidade com calma. Alguns dos cartões postais mais tradicionais da cidade eram nossos vizinhos. Sabe aquela coisa de ir comprar um iogurte e uma fruta de manhã e passar pela mesquita azul? Então mais ou menos assim. Tinham alguns lugares famosos que não fomos da outra vez. Fomos na ex-Igreja e Mesquita de Chora, com seus lindos mosaicos (onde Nossa Senhora já tem o manto azul desde criança , no palácio Otomano Dolmabace e no Museu de Antropologia. Mas tipo, um programa por dia, entre as embaixadas e restaurantes. Em um sábado de sol (choveu muito quando estávamos aqui) fomos ate a Prince Island, local onde já foram exilados muitas famílias Bizantinas e Otomanas. A ilha que escolhemos nem tinha tantos casarões assim, mas foi muito bom sair um pouco da “cidade grande” (e tinha uma super vista).
Fomos em vários restaurantes, repetimos outros tantos, fomos para o lado asiático, ficamos amigos do cara do mercado, do que vende morango mais barato que banana, do tiozinho do suco… Já nos chamavam pelo nome e com o tempo já ganhávamos sobremesa, cafe, chás e descontos até sem pedir!
Com as eleições chegando vimos vários protestos, muitos deles de minorias étnicas, partidos políticos e ideologias… A policia sempre por perto, com seus carros blindados. Nada muito agradável Por outro lado, tinham bandeiras da Turquia em tudo que é canto, pois era o dia nacional deles.
Ficamos amigos de um casal que vai fazer um roteiro bem parecido com o nosso. Trocamos dicas, saímos para tomar um chã jantamos juntos. Nosso Couchsurfer chegou, saímos com ele. Fomos na missa na pascoa, e numa mesquita na hora da cerimonia. Deu tempo ate pare eu terminar de ler o primeiro livro. O que nos arrependemos (e não nos perdoamos) foi de não ter aprendido um pouco mais de turco.
Se da outra vez saímos de Istambul seguindo a bussola, rumo ao norte, desta vez era só seguir o sol nascente, em direção ao Oriente.