A reunificação do Vietnã aconteceu ha 35 anos atras, mas o norte e o sul do pais continuam bastante distintos. As diferenças vem desde a temperatura, que e bem mais baixa no norte, passa pela estrutura das cidades e se consolida na diferença do povo. No sul as pessoas são mais workaholics, enquanto no norte pode-se encontrar a cultura vietnamita mais facilmente. Em Hanoi ainda se encontra vestígios do “socialismo”. Conversei com varias pessoas e questionei se não tinham a intenção de mudar o sistema, transitar para uma democracia. Me falaram que o Socialismo era só um nome para um governo autoritário, que tinha suas próprias regras. Me apontaram fatos e dados para mostrar que estava muito bem assim. Democracia? No futuro, eles falavam. Antes o país tem que transitar de agrícola para industrial, alem de ampliar a infraestrutura. Uma pessoa me falou que o povo vietnamita é muito paciente, pois é descendente de pescadores (que esperam o peixe morder a isca) e agricultores (que esperam a semente germinar e o produto crescer).
Chegamos em Hanoi bem cedo, e e claro que o pessoal do ônibus já nos levou direto num hotel deles. Como a região do Old Quarter e onde tudo acontece, foi fácil de achar um lugar para ficar. A Bibi ficou descansando e eu fui levar o computador para arrumar, sem me dar conta que era domingo!! Bem, valeu o passeio, e já me localizei na região. Como estamos bem para o norte, estava bem frio. Busquei a Bibi e saímos para rodar a cidade, visitar templos, ver a catedral com decoração de natal. A cidade e muito bacana, com casarões antigos (mas descendentes), ruas arborizadas. A unica semelhança com HCMC são as milhares de motocicletas, se não poderia ser outro país.
Perto de Hanoi, no litoral, fica a principal atração do Vietnã, Halong Bay. Iamos conhecer o lugar, passar uma noite la e voltar, mas acabamos ficando 2 noites. São dezenas de barcos, de diferentes níveis que saem sentido a Halong Bay. Os horários de refeição são estrategicamente marcados, parece cronometrado. Terminamos o almoço estávamos chegando nas cavernas (dentro daquelas pedras), primeira parada não muito longe da costa. Muito grandes, impressionantes, e devidamente preparadas para receber milhares de pessoas, com suas passarelas e luzes coloridas. Infelizmente em vez de explicarem a historia do lugar, ou da formação geológica, ficavam mostrando o que as estalactites pareciam. Era olha um coelho, uma águia, blablabla. Parecia que estávamos olhando para nuvens e imaginando coisas. O mesmo aconteceu quando fomos visitar as cavernas de Ubajara no Ceara.
A partir dali passamos a navegar entre as pedras, que formavam as baías. Que lugar impressionante!!! Fácil de entender porque e a atração numero um do país. Sentei numa parte do deck do barco e fiquei um tempo só curtindo a paisagem. Um dos lugares mais bonitos do mundo, com certeza. São mais de 3000 ilhas com aquelas pedras saindo direto do mar. Pena que o tempo não ajudou, pois estava nublado. Paramos numa das baías e ainda deu tempo de dar uma volta de caiaque, apesar do frio. Existem casas flutuantes e fomos dar uma olhada como estas pessoas vivem. Após o jantar iniciaram um karaoke. Não nos enturmamos muito com o pessoal, e passamos mais tempo com umas Sras alemãs divertidas que com os mais jovens. Nossa cabine era ajeitada e pequena, mas o banheiro tinha ate água quente.
No outro dia fomos para Cat Island, a unica ilha habitada. Subimos uma montanha em um parque nacional antes de ir para o hotel. Muita gente foi para a Monkey Island, mas achamos que era roubada e preferimos alugar uma moto para rodar a região. Andamos por diversas estradinhas, mas o ponto alto foi quando pegamos uma que contornava uma parte da ilha. A cidadezinha surpreendentemente e “grande” e achamos ate um Café para reaquecermos depois de tanto vento gelado. Final da tarde fiquei jogando peteca com os pés (tipo embaixadinha) junto com um pessoal que tava na frente do hotel. Nos enturmamos com algumas das pessoas e o bate papo depois do jantar foi longe. A volta para o continente foi por outro trajeto, passando por mais ilhas, tao impressionantes quanto as da ida. Algumas horas de ônibus e estávamos de volta a Hanoi. Desta vez não ficamos por ali. Andamos um pouco para conhecer mais o lugar e fazer hora, pois a noite pegávamos um trem para Lao Cai.
Chegamos na estação ferroviária com certa antecedência, e logo conhecemos nossos companheiros de cabine. Jimi e Marta, são um casal espanhol, desculpem Bascos, Ele de San Sebastien e ela de Pamplona. Cinco minutos depois estávamos tomando uma cerveja e dando risada juntos. Eu fui dormir logo que o trem saiu, mas a Bibi ficou junto com eles ate tarde. Chegamos em Lao Cai antes do sol nascer, e todos juntos fomos para Sapa.
Sapa e uma cidadezinha nas montanhas. Tem um super estilo, com restaurantes, cafés e ruazinhas estreitas. Ao redor vivem diversas minorias étnicas do Vietnã. Representantes destas minorias estão aos bandos, com suas roupas coloridas, para vender artesanato ou para se abastecer de mantimento nos mercados. Não gosto de comparações, mas vendo estes povos, não teve como não lembrar dos nossos queridos países vizinhos, Peru e Bolívia.
Ficamos em hotéis separados, mas sempre dávamos um jeito de nos encontrar com nossos amigos Bascos. Passamos ate a noite de natal juntos. Tínhamos combinado, acabamos nos desencontrando e depois nos achamos por acaso. Jantamos num restaurante muito gostoso, com direito a vinho e lareira para escapar do frio que fazia a noite. Natal longe de casa sempre da aquela saudades, mas por acaso acabamos passando num lugar super simpático.
O natal e celebrado por aqui, e tinha ate presépio na igreja. Crianças com seus trajes típicos faziam apresentações no patio da paroquia. Um pouco bizarro, mas grande parte destas minorias étnicas foram convertidas ao cristianismo, devido ao grande numero de missionários que atuou na região.
Durante os dias andamos muito pelas ruazinhas, praça, lago. Conversamos bastante e curtimos o lugar. Teve dia que alugamos moto e fomos aproveitar o visual de montanha, alem de ir ate algumas das vilas da região.
Algumas delas se paga até entrada, o que faz parte do “socialismo Vietnamita”. Por sorte acabamos indo numa vila mais rural, e não no centrinho. Encontramos uma senhora muito simpática que se ofereceu para mostrar a região para nos, se comprássemos algum artesanato depois. Como estávamos com fome fizemos a contra proposta dela cozinhar para a gente. Acabamos tendo um banquete, acho que foi a vez que mais comemos em toda a viagem. Tinha um porco defumando em cima do fogão a lenha, alem de noodles, arroz, ovos, verduras… Ficamos batendo papo e cada vez aparecia mais gente. Depois de tanta comilança ainda tomamos um chá para digerir melhor, antes de ir embora. A casa era simples, um quarto e sala cozinha com chão batido. As paredes eram feitas de tabuas com frestas enormes. Um poster do Ho Chi Min enfeitava uma das paredes. Pegamos o contato dela e prometemos recomendar a todos nossos amigos que forem a Sapa. Passamos pelo centrinho da vila, mas depois da super experiencia cultural que tínhamos tido não era a mesma coisa.
Em Sapa e difícil de saber se existem mais artesanatos a venda ou jaquetas falsificadas (lideradas pela North Face). Juram que são originais, que as fabricas são aqui e que os preços são mais baratos porque não tem impostos.
No trem de volta para Hanoi tinha somente um Vietnamita na nossa cabine. Oficial do exercito, foi abandonado pela mulher, e criava o filho sozinho. Comprou duas garrafas de vinho e fez questão que tomássemos com ele. Tomamos e tentamos nos comunicar, mas nem sempre funcionava. Depois de um tempo nos já estávamos ate falando vietnamita…haha Pelo menos assim conseguimos dormir sem problemas.
De volta a Hanoi fomos para algumas regiões que ainda não tínhamos ido ainda. Andamos um monte ate chegar no Mausóleo do HCM. O coitado queria ser cremado e construíram um prédio horrível para ele!! Lojas, museu, muita caminhada e novamente estávamos no hotel arrumando as coisas, pois dia seguinte cedo iríamos para a Tailândia.